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Yemanjá – ÌYÈMÒNJÁ

ASPECTOS PARTICULARES DE YEMANJÁ:


Nomes: Yemanjá; Panda; Aziri; Yaboto (jêje); Dandalunda; Kaiatumbá (angola).
Elemento: Água salgada e água doce que corre para o mar.
Domínios: Mares, enseadas, lagoas, pororocas e oceanos (profundezas das águas). Educação
materna. Saúde mental e psicologia. Fertilidade e fecundidade.
Instrumento: Abebé prateado (abano branco).
Número: 05
Cores: azul-claro, rosa, verde-claro, prata, branco, branco com azul, cristal. Cores translúcidas e
transparentes.
Saudações: Odo Iyá (Mãe do Rio). Odo fé Iabá; Erú Yia Abana, abana (saudação a Mãe das
espumas das águas); Omi ô.
Dia da Semana: Sábado.
Dia da Semana Yorubá: ojo awo (dia do segredo).
Dia: 02 de Fevereiro (Bahia).
Símbolo: Opa Olokun (instrumento de palha) / peixe.
Comida: melado de cana / arroz uaiz / feijão / milho branco (ebô Iyá) ou ebô com
mel ou ebô com camarão e azeite / pescada branca / manjar branco com leite de
coco e açúcar / acaçá / bolo de arroz / mamão / canjica amarela.
Metais: prata, e outros metais prateados.
Região da áfrica: egbá e abeokuta.
Pedras: cristal e água-marinha.
Folhas: pata de vaca, umbaúba, mentrasto.
Odu que rege: yorosun.
Partes do corpo: cabeça (inconsciente e equilíbrio mental), cérebro (comanda o corpo).
Força emanada (axé): Purificação, família e saúde mental.
Sincretismo – Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes.
Sephira: Binah.

Etimologia:
YEMANJÁ = Ye + Omo + eja = mãe dos filhos peixes, ou, Yèyé Omo ejá (Mãe cujos filhos são
peixes). Yemanjá: Ye-Omo-Yá - mãe de todos os peixes, que são seus filhos e estão contidos em
suas entranhas de água. Ye = Mãe, Omo = Filha, Ejá= Peixe = Mãe filha do peixe.

Representação:
Orisa yorubano da concepção e da maternidade. O cristal representa seu poder genitor e sua
interioridade (filhos contidos em si mesma). Representa a gestação e a procriação.

É maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio. Mesmo sabendo ser
delicada, mantém-se de espada em punho para defender seus filhos.
Ela é o sentimento familiar, está presente no nascimento humano. Exu fecunda, Oxum cuida da
gestação e Iemanjá recebe a nova vida e entrega ao Orixá regente. Numa Casa de Santo,
Iemanjá organiza o grupo transformando em uma espécie de família. Ela é a família.
Divide com Oxum o domínio sobre a maternidade, mas ela não é a mãe das crianças, mas dos
jovens e adultos que já formaram personalidade e individualidade. Sua função é a maternidade
como orientadora. Yemanjá sintetiza o instinto de mãe, não aquela que dá à luz, mas a que está
ligada à educação dos filhos, à casa e à família. Yemanjá é a mãe que não faz distinção entre os
seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Yemanjá faz parte do grupo
das mães maiores. Na mitologia, ela foi mãe de Ogun e Ode, além de adotar como filhos outros
orixás, como Obaluaiê e Omolu, que foram rejeitados por sua verdadeira mãe. Yemanjá
possui um grande instinto maternal, sabendo cuidar com muito zelo de seus protegidos.
Orixá responsável pela concepção da vida, pela fertilidade, é totalmente ligada às águas, sendo
denominada a mãe dos filhos peixes. Como sabemos, tanto pelas descobertas científicas como
pelas antigas lendas africanas, a vida desenvolveu-se primeiro na água. Por isso, Yemanjá é
detentora do poder da criação, ou concepção dos seres vivos.
Ela é a mãe das águas primeiras, que precedem a forma e sustentam à criação. A água que é
uma energia feminina por excelência, possui outros deuses e encantos, como Avereque, o
príncipe jêje das espumas do mar, que garante riqueza e prosperidade àqueles que lhe oferecem
um orobò em sua morada. Sereias, marinheiros e inúmeros encantados residem nessas águas
sagradas, mas é Yemanjá, a força da cabeça e do princípio, a sua rainha.
Foi lhe dado o governo do litoral. Ela é a rainha de todas as águas do mundo, seja das águas
doces do rio, seja das águas do mar. Yemanjá é a água que não se prende, é a água que se
estende na amplidão, que une os povos. Nem o poderoso rei de Ifè, Olofin, conseguiu manter
Yemanjá perto de si.
É, muitas vezes, associada às sereias, mas, na verdade, é um orixá, e, como tal, não tem forma
humana nem animal. Em todo mundo, diversos povos cultuam essas divindades que habitam as
águas do mar, assumindo as mais diversas formas.
Ela é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças.
Erú Iyá! Yemojá, mãe de todos os filhos, é capaz de comandar todas as cabeças do mundo, ela é
a mãe do mundo.

Origem:
Na África Yemanjá filha de Olokun (Deus do mar), cujo nome deriva de Yeye oman ejá, "Mãe
cujos filhos são peixes", é o Orixá dos Egbá, uma nação yorubá estabelecida outrora na região de
Ibadan, onde existe ainda o rio Yemanjá. As guerras entre nações yorubás levaram os Egbá a
emigrar, em direção oeste, para Abeokuta, no inicio do século XIX. Evidentemente, não lhes foi
possível carregar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo objetos os sagrados,
suportes do Axé da divindade, e o rio Ogun, que atravessa a região, tornou-se a partir de então,
a nova morada de Yemanjá.
A partir de então na Nigéria ela é cultuada como deusa do Rio Ogum, em Abeokutá, sendo um
orixá de rio. Porém, no Brasil, ela é cultuada como deusa das águas salgadas, confundida com
sua mãe. Também é a deusa do encontro das águas do rio e do mar. Deusa das marés, da foz
dos rios (pororoca). Deusa das águas, mares e oceanos, esposa de Osalá e a mãe de todos os
Orixás, é a manifestação da procriação, da restauração, das emoções e símbolo da fecundidade.

Ritual:
O templo principal de Yemanjá fica em Ibará, bairro da cidade de Abeokuta. Os fiéis desta
divindade vão procurar, todos os anos, as águas sagradas para levar os Axés, suportes de seu
poder, não no rio Ogun, mas na fonte de um de seus afluentes, chamado Lakaxá. Esta água,
recolhida em jarras, é trazida em procissão para seu templo.
Está associado ao poder genitor, a interioridade, aos filhos contidos em si mesma. Seu abebé
(leque) simboliza a cabeça mestra. Ela é muito bonita, vaidosa e dança com o abebé (espelhinho)
e pulseiras.
No Brasil, Olokun é praticamente desconhecido, ao passo que Yemanjá é a grande senhora dos
mares. Os pescadores brasileiros têm por ela verdadeira adoração, sendo uma poderosa protetora
nos momentos de perigo, e companheira, quando a solidão do mar os invade. Eles acreditam que,
se morrerem no mar, Yemanjá, em pessoa, irá conduzi-los para sua derradeira morada, e, nessa
hora, poderão apreciar a deslumbrante beleza dessa mãe das águas.

Uma das divindades mais populares no Brasil. A Rainha dos Mares, a Grande Mãe. Na Nigéria ela
é também patrona da sociedade Gelede, sociedade feminina ligada ao culto das Yami’s, as
feiticeiras.

No Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre, o culto a Yemanjá é muito intenso durante a última
noite do ano, quando centena de milhares de adeptos vão, cerca de meia noite, acender velas ao
longo das praias e jogar flores e presentes no mar.
O culto a Yemanjá é bastante difundido no Brasil, ela protege marinheiros e pescadores,
assegurando pescarias sempre abundantes. No último dia do ano, uma multidão de fiéis vestidos
de branco invade as praias a fim de pedir proteção à "rainha do mar", entregando-lhe flores,
jóias, perfumes, sabonetes e muitos outros presentes, rogando paz e prosperidade.
Muitas vezes, porém, a imagem que essas pessoas têm de Yemanjá, ou seja, aquela mulher
branca; com longos cabelos negros e vestida com uma túnica azul, está muito distante da figura
da grande mãe africana de seios chorosos que realmente é.

Culto:
Por ser a Iyá Ori (mãe da cabeça), acompanha todos os rituais no Candomblé. É ela que autoriza
a iniciação de qualquer filho-de-santo por isso deve ser evocada na cerimônia do "Bori" (comida à
cabeça).
Yemanjá é a mãe que quer os filhos sempre perto de si, aquela que tem uma palavra de
carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando perde seus filhos queridos é capaz de
desequilibrar-se completamente.
Nossa cabeça divide-se em quatro partes, da mesma forma que a terra divide-se em quatro
pontos: norte, sul, leste, oeste, o centro é a referência, cada pessoa deve colocar-se como centro
do mundo, à sua volta, os pontos cardeais, as direções a seguir.
A divisão da cabeça é a seguinte: oju ori, acima dos olhos (testa), icoco ori (a nuca), opa ossi
(lado direito), opa otum (lado esquerdo).
O centro é chamado de Ori, ou Eleda, é por onde começa toda a iniciação, onde reside o Orisà
de cada um. No entanto, a dona do Ori é Yemanjá, a Iyá Ori, mãe de todas as cabeças.
Toda iniciação no Candomblé deve começar por Yemanjá, que precisa ser evocada
na cerimônia do Bori, pois o Bori é, na verdade, a grande iniciação, sem a qual ninguém pode
passar pelo ritual de raspagem. Primeiramente, antes de qualquer ritual que envolva a cabeça, o
abiàn deve ser levado ao mar para lavar com as águas sagradas de Yemojá o Okutá do seu Ibá
Ori, e pedir à Grande Deusa Mãe autorização para ser iniciado no Candomblé. Em muitas casas
não se assenta o Ibá Ori, pois se acredita que quando se faz isto, ou seja, numa tigela coloca-se
Okutá, moedas, búzios e outros objetos rituais e consagra-se com sacrifícios, na verdade,
assentou-se Yemanjá. De fato esse pensamento tem lógica, o Ibá Ori pode ser considerado um
assentamento de Yemanjá, que está intimamente ligada à cabeça. Ela dá o equilíbrio e a paz
indispensável ao Ori para que o Orisà possa se manifestar em sua plenitude.
Assentar ou não o Ibá Ori é um procedimento que compete a cada babalorixás, nação, ou à
maneira que cada um aprendeu. O importante é que o Bori seja feito e Yemanjá, juntamente
com Osalá, seja evocada; sendo o Obi, fruto africano, tão importante para o Candomblé quanto
à hóstia para a Igreja Católica, imprescindível a esse ritual. Errados estão aqueles que fazem um
iawó sem antes submetê-lo ao Bori.
Quando um filho não tem boas relações com sua mãe, ele certamente será uma pessoa
psicologicamente desestruturada. Da mesma forma, um Iawó que não tiver Yemanjá, a grande
mãe, no seu Ori, muito bem assentada através do Bori, não possuirá equilíbrio em sua vida
espiritual, e conseqüentemente não terá uma boa iniciação.
A palavra iawó significa "esposa de Orisà", é uma redução da expressão iawórisá. Todo iniciado
no Candomblé é esposa de Orisà, mas não no sentido literal, e sim como uma idéia de submissão.
Segundo essa lógica, a iniciação no Candomblé, que é por excelência um nascimento, pode ser
considerada um casamento do iniciado com o Orisà, uma aliança, uma união. Yemanjá, como
grande matriarca, consente este enlace.
Os laços espirituais passam a dominar a vida do neófito, e imprescindível a esse "casamento" o
consentimento (bênção) de Yemanjá, pois a paz entre a Iyá Ori e o iawó é que determina uma
vida tranqüila e equilibrada dentro do Asé.
Nós, seres humanos, também somos formados por água, possuindo uma pequena parte desse
elemento de Yemanjá em nosso corpo. Por causa disto, é que no obori (dar comida à cabeça),
ritual realizado tanto para fortalecimento do corpo da pessoa (que irá receber a energia do orixá)
como para compensar o adiamento de uma obrigação do Candomblé serão feitas oferendas
também para Yemanjá, além do próprio orixá da pessoa. Todos os seres têm uma grande
ligação com esse orixá, inclusive os filhos de orixás pertencentes ao elemento fogo, como Xangô.

Os iyawôs têm sua cabeça e os pés pintados de azul em homenagem a Yemoja, porque ela,
segundo algumas lendas, queria que todo ser humano fosse azul, como a cor de suas águas, ao
invés dessa cor que se assemelha à terra.

Yemanjá tem dias especiais de culto no calendário brasileiro, onde são realizadas muitas festas
religiosas, com oferendas de barcos enfeitados, flores, espelhos, pentes, etc.

O domínio de Yemanjá compreende a zona de arrebentação das ondas ou quebra-mar, e não a


praia. O mar despeja todo o seu lixo na areia da praia, que é um lugar onde não devem ser feitas
oferendas.

Yemanjá é o orixá da paz, da ausência de conflitos e da fartura.

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