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Áries tomou a dianteira e declarou: "Sem mim, nada no Universo poderá ser
iniciado".
E assim começou um período onde crianças permaneciam presas no útero,
nenhuma semente brotava e nem surgia nas plantas, ninguém saía mais de
suas casas, não havia mais nada que interessasse na Terra, pois sem a energia
e a iniciativa de Áries a realidade se tornara estagnada, sem movimento. Além
disso, não era possível decidir coisa alguma, tal era a dificuldade de optar por
um caminho a seguir. Todos esperavam a aprovação de todos, o que levava a
mais e mais estagnação. Ninguém conseguia sacrificar-se o suficiente para
reverter a situação, não havia mais honestidade nem nobreza para enfrentar as
vicissitudes. A falta de energia era tão grande que os planetas pararam de se
movimentar. Na Terra, em um dos hemisférios só havia dia e calor causticante.
No outro só a noite e o frio congelante. A locomotiva do Zodíaco parara.
Com o mundo à beira da destruição devido à inatividade total, os arquétipos se
reuniram e decidiram afagar o ego do Carneiro pedindo-lhe para retornar a seu
posto. Orgulhoso, ele atendeu o pedido.
Touro então inicia sua greve. Logo tudo passa a cheirar mal, a terra seca e as
pessoas empobrecem. Miséria espalhada por todo canto, colapso econômico,
ganância e falta de contenção de impulsos geraram ondas de violência sem
igual. A paz taurina havia sido banida. Todas as coisas mudavam
repentinamente e sem parar. Não se podia mais esperar nada do futuro. As
crianças nasciam e morriam logo em seguida, devido à dificuldade de manter as
coisas por um certo período. Aliás, os organismos perdiam a resistência tão
rapidamente que qualquer alteração (e havia muitas), provocava uma
catástrofe.
Os arquétipos, convencidos do problema, pediram o retorno de Touro, que se
recusou a fazê-lo. Depois de muitas vezes e com muita insistência, os
arquétipos se reuniram e pediram o retorno de Touro, que, relutante, sentou-se
em seu lugar.
Virgem não gostou muito da idéia de interromper suas atividades, mas seguiu
as ordens. Sem ele, todas as ações terminavam em obras extremamente mal
feitas, perigosíssimas para a saúde e integridade física de todos no Universo.
Ninguém mais se importava se havia necessidade de trabalhar, todos só
queriam as coisas boas sem nenhum sacrifício. Isso gerou sérios problemas,
pois novamente não havia comida. As pessoas ficaram doentes e não havia
médicos. As crendices sem sentido imperavam. O caos tomou conta de tudo e
nenhum ser existente conseguia mais digerir o que restou dos alimentos, que
por sinal estava muito sujo e estragado. Nenhum conhecimento era
aprofundado, tudo era fútil e sem sentido. Não se estabeleciam rotinas nem
mesmo no corpo dos seres viventes, pois a química do organismo estava
suspensa. Houve mortalidade sem igual pela falta de higiene.
Terrivelmente arrependido pelo engano, resmungando muito e se criticando (e
também ao Supremo, por fazer as coisas de um jeito que ele não achava certo),
Virgem voltou correndo a seu lugar.