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Universidade de Pernambuco - UPE

Departamento de Nutrição

Avaliação Nutricional Bioquímica

Profa. Andréa Marques Sotero.


Art. 1º. Compete ao nutricionista a solicitação de
exames laboratoriais necessários à avaliação, à
prescrição e à evolução nutricional do cliente-
paciente.
Art. 2º. O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve
avaliar adequadamente os critérios TÉCNICOS E CIENTÍFICOS
de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade
frente aos questionamentos técnicos decorrentes.

MEIA VIDA
MUDANÇAS
SIGNIFICATIVAS

EXAMES DE
ROTINA

INTERVENÇÃO
DIETÉTICA
Parágrafo único. No contexto da
responsabilidade que decorre do disposto no
caput deste artigo, o nutricionista deverá:
I - considerar o cliente-paciente globalmente,
respeitando suas condições clínicas, individuais,
sócio-econômicas e religiosas, desenvolvendo a
assistência integrada junto à equipe
multiprofissional;
II - considerar diagnósticos, laudos e pareceres
dos demais membros da equipe multiprofissional,
definindo com estes, sempre que pertinente,
outros exames laboratoriais;
III - atuar considerando o cliente-paciente
globalmente, desenvolvendo a assistência
integrada à equipe multidisciplinar;
IV - respeitar os princípios da bioética;
V - solicitar exames laboratoriais cujos métodos e
técnicas tenham sido aprovados cientificamente.
OS EXAMES BIOQUÍMICOS PARA O NUTRICIONISTA
Exames laboratoriais de interesse
para a avaliação nutricional

DESNUTRIÇÃO
TESTES BIOQUÍMICOS DO ESTADO
PROTEICO

 Proteínas somáticas/esqueléticas – ~75% da


PTN corporal

 Proteínas viscerais/séricas (proteínas


circulantes, fígado, rins, pâncreas e
coração)
Sintetizar enzimas e hormônios
Resposta imune
Cicatrização de feridas
~ 25% da PTN corporal
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO ESTADO
PROTEICO

□ “Nenhum teste bioquímico isolado pode ser


recomendado como indicador conclusivo do
estado proteico”

Exame
físico

Bioquímicos

Dietéticos Antropométricos
PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
SINTETIZADAS NOS HEPATÓCITOS:

Redução na [ ] sérica dessas proteínas pode


indicar desnutrição

Falta de substrato energético


e proteico para síntese

Principais proteínas que avaliam o estado


proteico visceral

Proteína
Albumina transportadora
Transferrina Pré-albumina
de retinol
TESTES BIOQUÍMICOS DO ESTADO
PROTEICO
 Sintetizadas

• Pode refletir a função hepática

• Redução da [ ] nas hepatopatias


 A inflamação e infecção leva a reduções nos
níveis de proteínas viscerais (-).

Lembrar que: na baixa oferta calórica, a


proteína é usada para produzir glicose!
AVALIAÇÃO DO ESTADO PROTEICO
VISCERAL

 Albumina

 Transferrina

 Pré-albumina

 Proteína Ligadora de Retinol (PLR)


ALBUMINA
• A proteína mais abundante do plasma
sanguíneo produzida pelo fígado (50-60%)

• Meia-vida de 18 a 20 dias

Funções:
-Manutenção da pressão
coloidosmotica.
-Funciona como ptn transportadora: Zn,
Mg, Ca, ácidos graxos, enzimas e
hormônios
ALBUMINA (-)
Limitações com a determinação de albumina:

□ Não é muito sensível, meia-vida longa


□  níveis refletem depleção prolongada
□ Mudanças agudas do estado nutricional
podem não ser detectadas
□ Níveis são afetados pela taxa de síntese
(doença hepática pode  as [ ])
□ Pode refletir nível de stress fisiológico
• Diminuído durante fase catabólica aguda
□ Lembrar que a [ ] pode ser afetada pelo
volume plasmático, assim:  na
hiperhidratação e  na hipohidratação.
ALBUMINA

□ Valor normal em adultos: > 3,5 – 5,0 mg/dL

Nível de desnutrição Concentração de


albumina (mg/dL)

Nutrido > 3,5


Leve 3 a 3,5
Moderada 2,4 a 2,9
Grave <2,4
TRANSFERRINA (-)
• Betaglobulina de síntese hepática
• Responsável pelo transporte do Fe para
células
• Controle da síntese de acordo com as [ ] de
Fe corporal
• Níveis de transferrina aumentam na
deficiência de Fe

• Mais sensível no caso de desnutrição aguda


• Meia-vida de 7 – 8 dias (responde mais
rápido que albumina as alterações do estado
proteico).
TRANSFERRINA

Interpretação dos resultados

AUMENTO DIMINUIÇÃO

Anemia ferropriva Desnutrição proteico-calórica

Perda sanguínea crônica Retenção hídrica

Desidratação Inflamação/Infecção
PROTEÍNA LIGADORA DE RETINOL (PLR)
10 a 12h
 Produzida pelo fígado e catabolizada pelos rins

 Responsável por transporte do retinol (vit. A)

 Sofre diminuição de acordo com a carência de


vitamina A e de zinco, nos casos de doenças
hepáticas e nas infecções graves.
• Insuficiência renal – elevada.
Valores:
PRÉ-ALBUMINA (-)

 Produzida pelo fígado com ação no


transporte de tirosina.
• 2 a 3 dias (meia-vida)

•↓ Na desnutrição e nas enfermidades


hepáticas e renais
• $$$
PROTEÍNAS SÉRICAS QUE PODEM SER
UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO DO ESTADO
NUTRICIONAL
PROTEÍNAS SÉRICAS DE FASE AGUDA (+)

 Não reflete reserva proteíca do estado


nutricional;
•Estado de inflamação e infecção.

Proteína aguda +
Ptn C reativa Fibrinogênio
Amilóide sérico A Ferritina
Haptoglobina Ceruloplasmina

Alfa 1 glicoproteína
ácida
Análise da massa muscular
esquelético somática
□ Através dos produtos finais do catabolismo
proteico, colaboram na identificação das
condições do compartimento muscular do
indivíduo.

Índice Creatinina altura 3 metil histidina


ÍNDICE CREATININA-ALTURA
Hipercatabolismo e Desnutrição:

Degradação intensa do músculo esquelético, que pode


ser medida pela dosagem da creatinina urinária:

Fosfocreatina muscular
(creatina fosforilada)

Creatinina

 Equipe multidisciplinar deve garantir coleta da urina de


24 horas
Restrições (Ex: Nefropatas)/ Idosos : Redução da massa
magra corpórea
ÍNDICE CREATININA-ALTURA

ICA: * Excreção de creatinina urinária (24 horas) x 100


** Excreção de creatinina urinária de 24 horas de
um indivíduo normal da mesma altura

Orientações:

24 a 48 horas antes de ser iniciada a


coleta de urina para determinar o ICA,
deve-se ofertar dieta restrita em carnes e
derivados.
% de adequação de ICA Classificação
>80 Normal
60 a 80 Depleção proteica
moderada
< 60 Depleção proteica grave
3 metil-histidina

□ Muito útil na avaliação do catabolismo proteico.

90% da 3 metil histidina

Provém da quebra da actina


e miosina

↑ Hipercatabolismo ↓ idosos e
desnutrição

Detectado através do exame de urina:


Valor recomendável: 15 mL
Balanço nitrogenado (BN)

□ O BN consiste na diferença entre quantidade de


nitrogênio ingerido pela dieta e o nitrogênio
excretado por suor, fezes e urina.
□ (+) Quando a quantidade de proteína da dieta é
necessária para manter a demanda de nitrogênio
para o organismo.
□ (-) As perdas superam a ingestão proteica.

BN = (proteína ingerida) – (ureia urinaria) + 4* + outras perdas**

6,25 2,14

□ (*) perdas insensíveis: fezes, pele, pulmão e outros.


□ (**) Outras perdas: diarreia (2,5 g) e fístula gastrintestinal (1g)
Balanço nitrogenado (BN) interpretação do
resultado

Valor Interpretação
0 (zero) Equilíbrio
> 0 ou positivo Anabolismo
< 0 ou negativo Catabolismo
AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA
IMUNOLÓGICA: CONTAGEM TOTAL DE
LINFÓCITOS
 Pacientes desnutridos apresentam
comprometimento na produção das células
de defesa.
↓ CTL na desnutrição = ↑ mobimortalidade de
pacientes hospitalizados.

CTL = %linfócitos x leucócitos (mL)/100

Classificação do estado nutricional segundo a


contagem de linfócitos totais:
CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS

 Indicador não específico do estado


nutricional;

INFLAMAÇÃO

AIDS

RADIOTERAPIA
CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS

Situações onde ocorrem alterações dos linfócitos


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os exames bioquímicos, em associação com métodos


antropométricos, dietéticos e exame clínico enriquecem o
diagnóstico do estado nutricional. Sua análise, no entanto
deve levar em conta a condição clínica do indivíduo e outros
fatores que podem influenciar a sua interpretação.

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