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MANCAIS DE

DESLIZAMENTO

Prof. Dr. Julio Cézar de Almeida


1
ATRITO EM VELOCIDADES
ELEVADAS

Rolamento Deslizamento

Rolamento e deslizamento

2
Prof. Julio Almeida
Deslizamento
ATRITO EM VELOCIDADES ELEVADAS

3
Prof. Julio Almeida
ATRITO EM BAIXAS VELOCIDADES

Mancal de Nylon

Mancal de bronze

Mancal sinterizado
(auto-lubrificante)
Prof. Julio Almeida Lubrificação com graxa 4
TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO

- Hidrodinâmica
- Hidrostática
- Contorno (mista)
- Filme sólido (a seco)
- Elastoidrodinâmica

lubricants and bearings

https://www.youtube.com/watch?v=KGgIvDNDuYc

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LUBRIF HIDRODINÂMICA

- separação completa do eixo e do mancal pelo filme lubrificante


(espessura de 0,008 a 0,02mm);
- perdas por atrito são exclusivas do contato entre partículas do
lubrificante;
- a lubrificação não depende da introdução do lubrificante sob
pressão, mas sim da existência de um suprimento adequado e
constante;
- a pressão do filme é criada pela superfície móvel puxando o
lubrificante para uma região de cunha a velocidades elevadas;
- coeficiente de atrito varia entre 0,001 e 0,01.

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LUBRIF HIDRODINÂMICA

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LUBRIF HIDROSTÁTICA
– apresenta superfícies completamente separadas pela presença
de um fluido pressurizado (ar, água, óleo) introduzido na área
de carga do mancal, não necessitando assim do movimento de
uma superfície em relação à outra. Tem por inconveniente o
custo adicional da fonte de alimentação externa e as
dimensões envolvidas.

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LUBRIF HIDROSTÁTICA

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LUBRIF MISTA (DE CONTORNO)
- combinação de lubrificação hidrodinâmica e operação a
seco;
- parte da carga é sustentada por áreas localizadas de
lubrificante pressurizado e o resto é suportado pelo contato
entre o eixo e a superfície de deslizamento;
- o coeficiente de atrito e o desgaste dependem do grau de
apoio hidrodinâmico desenvolvido;
- situações externas tais como redução de velocidade da
superfície móvel ou diminuição da quantidade lubrificante
enviado ao mancal podem acarretar essa situação.

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LUBRIF A SECO (FILME SÓLIDO)

- o eixo desliza sobre o mancal, sem que haja lubrificante


para separar as duas superfícies;
- a seleção do mancal é fundamental para garantir um bom
desempenho do sistema;
- o coeficiente de atrito dinâmico fica entre 0,02 e 0,3.

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LUBRIF ELASTOHIDRO-
DINÂMICA
– o lubrificante é introduzido entre as superfícies em contato
rolante, normalmente numa condição de cargas elevadas,
tais como: engrenagens, cames e mancais de rolamento.
Baseada na Teoria de Hertz.

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TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO

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TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO
Exemplo comparativo

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TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO
Gráfico comparativo

 .n 
 T        f  T 
 P 

região estável
(autocorretiva)
1,7.10-6
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TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO
Gráfico comparativo

Coefficient of
Friction, Ff
Boundary Lubrication

Mixed Lubrication

Full-Film
Lubrication

Bearing Characteristic Number, N/p


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TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO
Comparativo de valores

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MANCAIS DE DESLIZAMENTO

18
Prof. Julio Almeida
MANCAIS DE DESLIZAMENTO
Mancais – dispositivos utilizados para suportar cargas
e dar apoio adequado e necessário aos eixos e
componentes gerais de uma transmissão. Dois
são os tipos mais comuns de mancais: mancais de
deslizamento (escorregamento) e mancais de
rolamento (anti-fricção).

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COMPONENTES

buchas cilíndricas buchas com flanges

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anéis de encosto placas deslizantes
COMPONENTES

21
MANCAIS DE DESLIZAMENTO -
TIPOS
Mancais radiais (munhão):

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MANCAIS DE DESLIZAMENTO -
TIPOS
Mancais axiais (encosto):

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PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

- o funcionamento de um mancal de deslizamento depende da


formação de uma película de lubrificante (contato eixo x
mancal), a qual somente será formada a partir do movimento
relativo de escorregamento entre as partes. Tal condição se
traduz em coeficientes de atrito sensivelmente mais elevados e
um elevado consumo de lubrificante.

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GENERALIDADES

• maior atrito na partida;


• maior amortecimento de vibrações, choques e ruídos em
função de uma maior área de lubrificação;
• fácil fabricação e mais baratos para grandes potências;
• exige um movimento relativo entre as partes, motivo pelo
qual os coef.atrito envolvidos são sensivelmente mais
elevados;
• permitem esforços radiais ou axiais;
• grande consumo de lubrificante, exigindo cuidados
especiais com o sistema de circulação e
conseqüentemente com a manutenção;
• mais silenciosos;
• limitações nos materiais envolvidos;
25
LUBRIFICANTES

a) Objetivos Principais -

- reduzir o atrito;
- reduzir o desgaste;
- reduzir o aquecimento - das superfícies em contato.

b) Objetivos Complementares -

- proteger as superfícies contra a ferrugem; e


- efetuar uma vedação adequada.

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LUBRIFICANTES
Divisão geral:

- óleos minerais – destilação do petróleo;


- óleos orgânicos – óleo de oliva, óleo de rícino, etc;
- misturas – óleos minerais/orgânicos – óleos “engordurados”;
- óleos sintéticos;
- soluções aquosas de álcalis; e
- lubrificantes grafíticos.

“quando os mancais devem ser operados a


temperaturas extremas, um lubrificante de filme sólido,
como grafite ou dissulfeto de molibdênio, deve ser
utilizado, pois os óleos minerais não são satisfatórios”
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VISCOSIDADE ABSOLUTA
a) Viscosidade absoluta (dinâmica) (µ) – grandeza
associada às tensões cisalhantes presentes quando da
deformação de um fluido newtoniano. Tais tensões
aumentam com a velocidade de deformação.

du
  .
dy

U
  .
h

28
VISCOSIDADE ABSOLUTA OU DINÂMICA
UNIDADES USUAIS

 .h
 N m   Ns 
  2.    2   Pa.s 
v m m s m 

sistema unidade

N m N.s
ISO  2.  2  Pa.s
m m/s m
dyn cm dyn.s
CGS  2.   Poise
cm cm/s cm 2

lbf in lbf.s
Ingles  2.  2  reyn
in in/s  in
29
VISCOSIDADE ABSOLUTA OU DINÂMICA

Fatores de conversão:

30
VISCOSIDADE CINEMÁTICA
b) Viscosidade cinemática ( ) –
viscosidade medida num viscosímetro
padrão (Saybolt), relacionando-se o
tempo necessário para certa
quantidade do fluido escoar por um
orifício, mediante o efeito da gravidade.
Matematica-mente:



 31
massa específica do fluido
VISCOSIDADE CINEMÁTICA
UNIDADES USUAIS
cm2
  visc cin   STOKE(St)
s

 180 
Z k   0,22.t ( s )   ( cSt )
 t ( s) 
  106.Z k ( cSt )  s
m2


   0,22.t ( s ) 

180  6
.10
t ( s) 
 s
m2

32
VISC. CINEMÁTICA x VISC. DINÂMICA

 N .s 
  Pa.s    2  (viscosidade dinâmica)
m 
 m2 
  (viscosidade cinemática)
 s 
N .s
 m 2 N .s s m s 2 kg
 2  2 . 2  kg . 2 . 4  3  
 m m m s m m
s
   .
33
VISCOSIDADE –
FLUIDOS DIVERSOS

34
35
CLASSIFICAÇÃO SAE

36
EQUAÇÃO DE PETROFF

- publicada em 1883;
- considera um eixo concêntrico;
- definiu grupos de parâmetros adimensionais utilizados
posteriormente;
- definiu um coeficiente de atrito bastante razoável para estudos
37
futuros.
EQUAÇÃO DE PETROFF
W
P
2rl

f – coef.atrito
N – rotação eixo
P – carga projetada (carga radial sobre a área projetada)
r – raio do eixo
l – comprimento do mancal v 2rN
c – folga radial   .  .
(r/c) – taxa de folga (500 – 1000)
h c 38
EQUAÇÃO DE PETROFF

   F   .A T   .A r
F
A
 2rN  4 r lN
2 3
T   . 2rlr 
 c  c

concomitantemente: T  fWr  f(2rlP)r

Coeficiente de atrito do mancal:


4 r lN
2 3
.N r
 f(2r 2lP) f  2 2
.
c P c 39
EQUAÇÃO DE PETROFF
Coeficiente de atrito do mancal (equação de Petroff):
.N r
f  2 2
.
P c

S = Número característico de um mancal


(número de Sommerfeld):

 r  .N
2

S 
c P
razão de folga radial
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LUBRIFICAÇÃO ESTÁVEL

 T      .n   f  T 


 P 

região estável
(autocorretiva)
1,7.10-6
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LUBRIFICAÇÃO DE PELÍCULA ESPESSA

Posição do eixo Posição do eixo


na partida em movimento
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LUBRIFICAÇÃO DE PELÍCULA ESPESSA

N = rotação do eixo (rps)


O = centro do eixo (munhão)
O’ = centro do mancal (bucha)
r = raio do eixo
c = folga radial
e = excentricidade do eixo
𝑒
𝜖= - taxa de excentricidade
𝑐
h = espessura da película
em qualquer ponto
h0 = espessura mínima da
película
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LUBRIFICAÇÃO DE PELÍCULA ESPESSA

N - rotação do eixo (rps)


O - centro do eixo (munhão)
O’ - centro do mancal (bucha)
r - raio do eixo
c - folga radial
e - excentricidade do eixo
𝑒
𝜖= - taxa de excentricidade
𝑐
h - espessura da película
em qualquer ponto
h0 - espessura mínima da
película
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TAMANHO DO MANCAL

MANCAL PARCIAL MANCAL COMPLETO


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TEORIA HIDRODINÂMICA
EQUACIONAMENTO MATEMÁTICO

• descoberta por acaso em 1880, por Tower;


• desenvolvida matematicamente, na seqüência,
por Osborne Reynolds;
• válida para fluidos Newtonianos.

46
MANCAL PARCIAL USADO POR TOWER

DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO OBTIDA

47
EQUACIONAMENTO
MATEMÁTICO – TEORIA
HIDRODINÂMICA

48
TEORIA HIDRODINÂMICA

Equacionamento matemático desenvolvido por Reynolds


Hipóteses

• Mancal plano deslizante

49
TEORIA HIDRODINÂMICA
Hipóteses

v
1. O lubrificante obedece ao efeito de viscosidade de Newton.   .
2. As forças devidas à inércia do lubrificante são desconsideradas. h
3. O lubrificante é tido como incompressível.
4. A viscosidade é considerada constante por toda a película.
5. A pressão não varia na direção axial.
6. A bucha e o eixo estendem-se de forma infinita na direção z; isso significa
que não pode haver fluxo de lubrificante na direção z.
7. A pressão da película é constante na direção y. Assim, a pressão depende
apenas da coordenada x.
8. A velocidade de qualquer partícula de lubrificante na película depende apenas
das coordenadas x e y. 50
Estabelecendo o equilíbrio do elemento
dp   
 Fx  p.dy.dz  ( p  dx )dy.dz   .dx.dz    dy dx.dz  0
dx  y 

dp 
p.dy.dz  p.dy.dz  dx.dy.dz   .dx.dz  dx.dz  dy.dx.dz  0
dx y
dp 
 dx.dy.dz  dy.dx.dz  0
dx y
 dp  
   dy.dx.dz  0
 dx y 
dp  
 
dx y  dp  2
u
   2
du
  .  dx y 51
dy 
TEORIA HIDRODINÂMICA

dp  2u u 1 dp
integrando 2x em y:  2   y  C1
dx y y  dx
1 dp 2
u y  C1 y  C2
2  dx

condições de contorno: y  0; u  0  C2  0
U h dp
y  h; u  U  C1  
h 2  dx

52
TEORIA HIDRODINÂMICA

resultando em: u
1 dp 2
2  dx
 y  h. y   y
U
h

53
TEORIA HIDRODINÂMICA
Volume de fluido na direção “x” por unidade de tempo:

 1 dp 2 
h
Q   u.dy  Q   
h

0 2  dx
 y  hy  
U
y dy
0
 h 
3
U .h h dp
Q 
2 12  dx

54
TEORIA HIDRODINÂMICA

Para a condição do lubrificante ser incompressível, tem-se:

dQ U dh d  h dp  3
0     0
dx 2 dx dx  12  dx 
d  h dp 
3
dh
   6U
dx   dx  dx
- Equação clássica de Reynolds para escoamento
laminar unidimensional.
55
- Sem fluxo na direção z.
TEORIA HIDRODINÂMICA
Considerando também fluxo na direção z, tem-se:

  h p    h p 
3 3
h
      6U
x   x  z   z  x

- Sem solução analítica...


56
TEORIA HIDRODINÂMICA
Solução aproximada proposta
por SOMMERFELD
 2

r  
f   
r  . N 
 
 c 
c P


• Número característico do mancal (S),


2

S
. N  r
. 
P
c
• Consulta a diversos ábacos que relacionam aspectos gerais
a serem considerados no projeto de um mancal radial sob
57
lubrificação hidrodinâmica.
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

Variáveis de entrada (independentes):


- Viscosidade: µ
- Carga por unidade de área projetada de mancal: P
- Velocidade: N
- Dimensões do mancal: r, c, β e l

Variáveis dependentes (fatores de desempenho):


• Coeficiente de atrito: f
• Aumento de temperatura: ΔT
• Taxa de fluxo em volume de óleo: Q
• Espessura mínima da película: h0

• Definir limites 58
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
Rotação:
N  N j  N b  2. N f
Nj = rotação do eixo (munhão) (rps)
Nb = rotação do mancal (rps)
Nf = rotação da carga (rps)

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CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
Critério de projeto de Trumpler para mancais de deslizamento:
• espessura mínima da película (para evitar a influência das
partículas em suspensão)
ℎ0 ≥ 0,00508 + 1,01603. 𝑑 (𝑚𝑚)

• temperatura máxima do lubrificante (prever formação de


vapores):
𝑇𝑚𝑎𝑥 ≤ 121 𝑜𝐶

• carga de partida (minimizar contato metálico na partida):


𝑊𝑠𝑡
≤ 2068 𝑘𝑃𝑎
𝑙.𝐷

• fator de projeto para a carga de operação (prever


sobrecargas):
60
𝑛𝑑 ≥ 2
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
Consulta aos ábacos completos:
A. A. Raimondi e John Boyd, “A Solution for the Finite Journal
Bearing and its Application to Analysis and Design, PartsI,II and
III”, Trans. ASLE, v. 1, n. 1, Lubrication Science and Technology,
Nova York, Pergamon, 1958, p. 159-209.

John Boyd e Albert A. Raimondi, “Applying Bearing Theory to the


Analysis and Design of Journal Bearings, Part I and II”, J. Appl.
Mechanics, v. 73, 1951, p. 298-316

Faixa de aplicação:
• razões comprimento / diâmetro (l/d) de 1:4, 1:2 e 1
• ângulos β de 60o a 360º

• os gráficos do livro se aplicam somente a mancais completos


(β=360º) e infinitos (sem vazamento lateral).
62
63
64
65
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

Gráficos de Raimondi e Boyd

Variáveis:
• Espessura mínima de película (Figuras 12–16 e 12–17).
• Coeficiente de atrito (Figura 12–18).
• Fluxo de lubrificante (Figuras 12–19 e 12–20).
• Pressão na película (Figuras 12–21 e 12–22).

66
67
Figura 12–16: Espessura mínima de película e taxa de excentricidade.
A extremidade esquerda da zona define o h0 ótimo para atrito mínimo;
a extremidade direita é o ótimo h0 para a carga."

68
Figura 12-17: Posição da espessura mínima da película

69
Fig.12.17
Figura 12-18: Coeficiente de atrito

70
Figura 12-19: Fluxo de lubrificante
(não se aplica para a mancais de
alimentação sob prerssão)

71
Figura 12-20: Razão do fluxo lateral para o fluxo total

72
Figura 12-21: Pressão máxima da película
(não se aplica para a mancais de alimentação sob prerssão)

73
Figura 12-22: Posição de término da película lubrificante e a posição
de máxima pressão na película.

74
Interpolação

75
12-17

76
77
78
79
Aumento da temperatura do lubrificante

80
Aumento da temperatura
do lubrificante

81
Aumento da temperatura
do lubrificante

Ver gráfico a seguir


82
83
Desempenho de um mancal com a variação
da folga radial.

84
Exercícios

85
Exercícios

86
Exercícios

87
BIBLIOGRAFIA DE
REFERÊNCIA

- JUVINALL, Robert – Fundamentos do Projeto de


Componentes de Máquinas, LTC;
- HAMROCK, Bernard J. – Elementos de Máquinas –
McGraw-Hill;
- SHIGLEY, MISCHKE e BUDYNAS – Projeto de
Engenharia Mecânica, editora Bookman;
- NIEMANN – Elementos de Máquinas – LTC.

88

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