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Leguminosas Forrageiras
da Caatinga:
Serviço de Assessoria a
Organizações Populares Rurais
DFID
de Apoio à Instalação Department for
de Doutores
International
do Estado da Bahia
Development
PRO DOC 2002
Colaboradores
Adailton Nunes dos Santos – “Nita” (Técnico/GARRA)
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 5
Ananias Pereira Dias (Agricultor/Gameleira do Assuruá)
Anderson Carlos Silva Rocha (UEFS)
Apresentação
Anderson dos Santos Carneiro (UEFS)
André Torres (Técnico/IPETERRAS, Irecê)
Antonio Lucas Evangelista da Cruz (Agricultor/Gameleira do Assuruá)
Benedito Marques da Silva (UEFS)
Bruno Silva Andrade (UEFS)
Cosme Correia dos Santos (UEFS)
Cornélio Alves de Almeida - “Neli” (Agricultor /Gameleira do Assuruá)
Débora Geane Dourado Matos (Técnica/GARRA)
Sumário
Introdução 9
O Projeto Guias de Campo na Bahia
Sobre o conteúdo do Guia
Quadro de características das leguminosas do Guia
Referências 117
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 9
Introdução
À medida que o guia tomava corpo, realizaram-se testes junto aos Na caatinga predominam árvores e arbustos espinhentos e com
agricultores e técnicos envolvidos no processo. Os elementos norteadores folhagem decídua, ou seja, que perdem as folhas na estação seca.
dos testes foram os mesmos pesquisados no início do processo: sistemas Muitas espécies apresentam folhas compostas (divididas), reduzidas ou
de acesso, ilustrações, informações textuais e aspectos físicos. A diferen- ausentes, como nos cactos. Tanto a queda quanto a redução das folhas
ça é que no início do processo testou-se guias já prontos. Dessa forma, têm um papel importante na sobrevivência das plantas, pois diminuem a
estes testes foram feitos a fim de permitir correções no formato do guia, perda de água por transpiração. Há também espécies suculentas, aquelas
objetivando atender as necessidades do público a que se destina. Através que apresentam tecidos que armazenam água como, por exemplo, os
destes testes foram escolhidos como deveriam ser as ilustrações, qual seria cactos (mandacaru, xique-xique e cabeça-de-frade) e bromélias (caroá).
a melhor linguagem, qual o tamanho apropriado, quais índices deveriam As plantas herbáceas (rasteiras) desaparecem na seca e reaparecem
conter, como deveria ser a capa, que informações deveria trazer, etc. rapidamente na estação chuvosa.
Todo o processo foi sistematizado e fará parte do manual metodológico, A queda das folhas e o desaparecimento das ervas na estação seca
assim como as experiências dos outros três guias. estabelecem um forte contraste com a estação chuvosa. O nome caatinga
é originado dessa característica, pois a palavra deriva do tupi caa-tinga,
Bem, aqui está o guia! O próximo passo agora será a avaliação do seu que significa “mata clara”, em relação à claridade propiciada pela ausência
impacto junto aos seus usuários. da folhagem.
Na subfamília das mimosoídeas, onde estão a jurema e a unha-de-gato, Uma pequena amostra dessa diversidade é apresentada neste livro.
as flores são pequenas e muito agrupadas. Este conjunto de flores As 21 espécies nativas e usadas como forrageiras em três comunidades
é chamado de inflorescência e, como as flores são tão pequenas e tradicionais na caatinga são descritas, juntamente com informações de
agrupadas, muitos pensam que a inflorescência é a própria flor. Se a uso e manejo.
16 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 17
Orientações de
QUADRO DE CARACTERÍSTICAS DAS LEGUMINOSAS DO GUIA
HÁBITO
Procurando a planta pelas fotos Outras informações – Este item apresenta informações adicionais
Se o usuário conhece bem as espécies pode procurar as informações folhe- sobre assuntos diversos que foram encontradas sobre cada uma das
ando o guia, pois as fotos das plantas estão, no guia, sempre do lado direito espécies do guia.
do leitor. Assim, é possível encontrar todas as fotos das espécies do guia Fotos das espécies – Cada espécie possui um conjunto de fotografias
sempre do mesmo lado e comparar com a espécie que deseja encontrar. para facilitar a sua identificação.
Usos – Este item traz as informações que foram obtidas dos agricultores
e técnicos e de outros livros sobre a utilidade de cada espécie deste guia.
Plantas com
flores amarelas
26 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 27
Catinga-de-porco
Também conhecida como mané-ventura, pau-de-bica, pau-de-rato, catingueira
e estaladeira.
Fenologia
A catinga-de-porco tem folhas durante todo o ano, havendo
grande diminuição no período mais seco. Inicia a florada após
as primeiras chuvas, geralmente no mês de novembro com outra
florada em março. Durante o período das chuvas, enquanto o solo
estiver úmido, a planta possui flores. Frutifica sempre durante o
período das chuvas.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Flor; 5. Ramo frutificado
28 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 29
Manejo
Quando verdes, as folhas da catinga-de-porco possuem um
odor desagradável. Por isso, só são consumidas por cabras,
ovelhas e bovinos, quando caem da planta e começam a secar.
As folhas devem ser colhidas, secadas e guardadas pelos agri-
cultores.
No período seco, quando falta forragem no campo, são exce-
lente fonte de forragem nutritiva para os animais.
Canafístula
Também conhecida como canafista, canafístula-de-bezerro, são-joão, cássia-
do-nordeste e pau-de-ovelha.
Características morfológicas
Árvore de 4 a 5 metros de altura. A largura do tronco pode
variar de 20 a 30 centímetros. O caule da canafístula é liso, sem
espinhos. As folhas são pinadas (paripinadas), com 10 a 20 pares
de folíolos, não possuem pêlos e não são quebradiças. As flores
são amarelas. A vagem é comprida e cilíndrica. As sementes são
achatadas e esverdeadas.
Fenologia
Em alguns lugares pode ter folhas o ano todo. Segundo de-
poimento de agricultores: “é um pau que depende do lugar em
que é criado, se for lugar frio tem o ano todo”.
Floresce durante os meses de abril e maio. Segundo os
agricultores quando a canafístula flora, o “inverno” (período de
chuva no sertão) está chegando ao fim. Frutifica de maio a julho.
Dependendo do lugar, pode estar totalmente sem folhas de maio
a novembro.
Folhas
Flores 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Ramo florido; 4. Folha; 5. Frutos
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
32 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 33
Feijão-de-rolinha
Características morfológicas
Erva prostrada (rasteira) que atinge cerca de 30 a 50 centímetros
de altura. O caule é sem espinhos. As folhas são trifolioladas, com
pêlos. As flores têm pétalas amarelas. O fruto é uma vagem peque-
na de cor escura, quando madura, e com pêlos. As sementes são
marrons ou negras, em forma de rim (reniformes).
Fenologia
O feijão-de-rolinha brota depois das primeiras chuvas e flo-
resce cerca de dois meses depois, normalmente entre janeiro a
abril e frutifica a partir de fevereiro até maio ou junho.
O feijão-de-rolinha é uma planta que tem o ciclo de vida pa-
recido com o do feijão.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Flores; 3. Frutos
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Plantas com flores amarelas 37
Manejo
Para os animais que são criados em cochos pode-se cortar
a planta e dar ainda verde.
Alguns agricultores colhem as sementes um pouco antes das
plantas começarem a secar. Segundo eles, as sementes podem
ser plantadas diretamente no chão, na época própria, que em
aproximadamente oito dias a planta começa a nascer.
Essa planta também é utilizada para cobrir o solo. Assim, a
terra fica mais úmida e fértil nestes locais.
Mata-pasto-peludo
Também conhecido como mata-pasto, mata-pasto-verdadeiro, mata-pasto-
cabeludo, mata-pasto-com-pêlos e mata-pasto-fêmea.
Características morfológicas
Erva ou subarbusto com cerca de 1,5 a 2 metros de altura, de
crescimento ereto. O caule não apresenta espinhos e sua casca é
áspera. As folhas são paripinadas com 3 a 5 pares de folíolos, com
muitos pêlos e não são quebradiças. As flores possuem pétalas
amarelas. As vagens são retas e pilosas, possuindo cerca de 4
a 7 centímetros de comprimento. Suas sementes são pequenas
e quase quadradas.
Fenologia
O mata-pasto-peludo brota nas primeiras chuvas, normalmen-
te no mês de novembro. Está coberto de folhas de novembro a
maio. Após o terceiro mês de brotação a planta está com flor,
aproximadamente em fevereiro. Os frutos aparecem um mês
depois da florada, normalmente a partir de março, persistindo
até maio, juntamente com algumas flores.
Segundo depoimento dos agricultores, o mata-pasto-peludo
segue o ciclo do feijão.
1. Hábito; 2. Flor; 3. Folha; 4. Frutos
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
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40 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 41
Mata-pasto-liso
Também conhecido como fedegoso, mata-pasto-sem-pêlos, mata-pasto,
fedegoso-branco, mata-pasto-de-ovelha e mata-pasto-macho.
Características morfológicas 2
Erva ou subarbusto, com cerca de 1,5 a 2 metros de altura,
de crescimento ereto. O caule é sem espinhos e sua casca é
áspera. As folhas são paripinadas com 3 pares de folíolos, sem
pêlos e não são quebradiças. As flores são em cacho, com pétalas
amarelas. As vagens são compridas, finas e curvas, possuem
cerca de 10 a 12 centímetros de comprimento. Suas sementes
são pequenas e alongadas.
Fenologia
O mata-pasto-liso brota nas primeiras chuvas, normalmente
no mês de novembro. Está coberto de folhas de novembro a
maio. Após o terceiro mês de brotação a planta está com flor,
aproximadamente em fevereiro. Os frutos aparecem um mês
depois da florada, normalmente a partir de março e seguem até
maio, juntamente com algumas flores.
Segundo o depoimento dos agricultores, o mata-pasto-liso
segue o ciclo do feijão.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
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1.4Hábito; 2. Folhas; 3. Ramo florido; 4. Frutos
44 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 45
Pau-de-birro
Também conhecido como birro.
Características morfológicas
Árvore que atinge de 3 a 8 metros de altura. O tronco geral-
mente é reto, varia de 30 a 40 centímetros de circunferência e
é revestido por casca grossa e fissurada que se solta. As folhas
são pinadas (paripinadas), com 2 a 6 pares de folíolos sem pê-
los e quebradiças. As flores aparecem em cachos, com pétalas
amarelas. As vagens apresentam pêlos e a cor varia de castanha
a marrom. As sementes ficam contidas em um estojo fino com
cor de palha.
Fenologia
O pau-de-birro está coberto de folhas de novembro até junho
e quase sem folhas de julho a outubro, mas antes de caírem
apresentam uma bela coloração vermelha. Está com flores de
novembro a dezembro e com frutos em janeiro. O pau-de-birro
é uma planta importante na caatinga porque tem folhas na
época seca.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
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1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folhas; 4. Frutos e sementes
48 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores amarelas 49
São-joão
Também conhecido como manduirana, pau-fava, aleluia, cabo-verde, fedegoso,
mamangá.
Características morfológicas
Árvore que atinge de 2 a 3 metros de altura. O tronco não larga
a casca, é liso e tem de 10 a 20 centímetros de circunferência. As
folhas são paripinadas com 2 pares de folíolos, possuem pêlos e
são quebradiças. As flores possuem pétalas amarelas. Apresenta
muitas flores abertas por dia em cada planta. O fruto é um legume
comprido de cor marrom quando maduro.
Fenologia
O são-joão está coberto de folhas de novembro a junho. Está
com flores de dezembro a maio e frutos de fevereiro a junho.
Apresenta-se sem folhas de julho a outubro.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Usos
As folhas e vagens do são-joão são consumidos por cabras,
jumentos e bovinos, na planta e no chão. Segundo depoimento
dos agricultores, percebe-se aumento de peso dos animais e na
produção de leite, após o consumo da planta. 1. Folhas; 2. Flores; 3. Ramo florido e frutificado; 4. Fruto
O são-joão é uma planta de uso medicinal para frieira, micose
e coceira.
52 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 53
Manejo
Sua raiz é rasa, mesmo assim, rebrota quando a planta é
Plantas com
queimada e cortada.
Seus frutos devem ser, preferencialmente, coletados nas
flores brancas
plantas, no início de sua abertura, ou recolhidos no chão. Depois,
estes frutos devem ficar expostos ao sol, para facilitar a abertura
e liberação das sementes.
Para uma melhor germinação, as sementes devem ser esca-
rificadas mecanicamente antes da semeadura.
Outras informações
Produz, anualmente, grande quantidade de sementes viáveis.
Um quilo de sementes de são-joão contém aproximadamente
vinte e sete mil e seiscentas sementes.
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Plantas com flores brancas 55
Angico
Também conhecido como angico-branco, cambuí-angico e moró.
Características morfológicas
Árvore que atinge uma altura de 12 a 15 metros. Seu tronco
é rugoso, apresentando “calos”, às vezes dispersos, às vezes
muito próximos uns dos outros. A casca é de cor pardo-escura.
A largura do seu tronco pode variar de 30 a 50 cm de circunfe-
rência. As folhas são bipinadas, com 12 a 20 pares de pinas e
15 a 20 pares de folíolos por pina. As flores são bem pequenas e
estão reunidas em glomérulos (“pompons”), formando panículas
na parte de cima dos ramos. A cor das flores varia do branco
ao creme. Os frutos são alongados, achatados, com ligeiras
entradas, onde estão alojadas as sementes que são redondas
e achatadas.
Fenologia
De novembro a abril o angico está coberto de folhas. Floresce
na estação seca, antes das primeiras chuvas, entre novembro
e dezembro, e os frutos aparecem entre os meses de março e
novembro. De maio a outubro está, quase sempre, sem folhas.
Folhas
Flores
Frutos
1. Hábito; 2. Tronco; 3. Fruto; 4 e 5. Ramo florido
Sem folhas
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Plantas com flores brancas 57
Angico-de-bezerro
Também conhecido como rama-de-bezerro, sabão, quipé, catanduva, estralador,
angico-surucucu e pau-branco.
Características morfológicas
Árvore que cresce de 4 até 9 metros e tem copa arredondada.
A largura do tronco da planta adulta pode variar de 20 a 30 cm. O
tronco tem a casca fina e um pouco rugosa. As folhas são bipina-
das com 2 a 4 pares de pinas e 9 a 13 pares de folíolos. As folhas
apresentam pêlos e quebram com facilidade. A inflorescência
tem a forma de espiga. As flores têm cor branco-esverdeadas
quando novas, ficando amarelas ou quase marrons quando
velhas. O fruto tem forma bem característica: ela apresenta um
estreitamento entre as sementes, e se abre por apenas um dos
lados. Sua cor é marrom e a forma é achatada. As sementes são
esbranquiçadas.
Fenologia
O angico-de-bezerro está coberto de folhas de agosto a junho.
Floresce nos meses de chuva, normalmente entre janeiro e abril.
Está com frutos entre os meses de fevereiro a setembro, porém
suas vagens só ficam maduras entre os meses de julho a setem-
bro. Fica totalmente sem folhas em julho.
Folhas
Flores
Frutos 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Frutos
Sem folhas
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60 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores brancas 61
Imburana-de-cheiro
Também conhecida como amburana, amburana-de-cheiro, cerejeira-rajada,
cerejeira, cumaré, cumaru-das-caatingas, cumaru-de-cheiro, cumaru-do-ceará,
cumbaru-das-caatingas, carvalho-branco, imburana e umburana.
Características morfológicas
Árvore que cresce de 4 a 10 metros com tronco de circunfe-
rência que varia de 40 a 80 centímetros; quando jovem mostra-se
liso e quando adulto apresenta uma casca muito fina que se solta
com facilidade. A copa é arrendondada e espalhada. As folhas
são imparipinadas com 11 a 15 folíolos, não possuem pêlos e não
são quebradiças. As flores são alvas ou de coloração amarelo-
pálida, pequenas e aromáticas. O fruto é do tipo vagem, achatado
e escuro, o qual contém uma semente alada.
Fenologia
A imburana-de-cheiro está coberta de folhas de novembro a
maio. A floração inicia no período seco, normalmente entre os
meses de maio e junho. Seus frutos surgem de julho a setembro.
Fica totalmente sem folhas entre os meses de junho a outubro.
Usos
As cabras comem suas folhas e vagens, tanto na planta como
no chão.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folha; 4. Fruto; 5. Ramo florido
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Plantas com flores brancas 65
É indicada para o tratamento de gripe, bronquite e asma, Problemas ou restrições de uso
podendo ser usada na forma de xarope ou pelo cozimento da
Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores
casca e das sementes. Suas sementes são utilizadas para facilitar
e técnicos alguma restrição de uso a essa planta.
a digestão e combater enxaqueca.
Suas folhas são utilizadas para a produção de sabão.
Plantas parecidas com a imburana-de-cheiro
É utilizada também contra cólicas, através do uso da semente
in natura ou em forma de chá. A imburana-de-cheiro (Amburana cearensis) diferencia-se por
Tanto a casca quanto as sementes são postas de infusão para possuir o tronco com casca fina, lisa e avermelhada, a qual vai se
o preparo de cachaça, dando um ótimo aperitivo segundo os soltando continuamente. Além disso, as flores têm apenas uma
agricultores. pétala e a semente é alada.
As sementes possuem odor agradável e eram usadas no
passado para perfumar as roupas. Outras informações
Sua madeira, conhecida como cerejeira, é empregada na
Árvore nativa do Nordeste do Brasil, podendo ser encontrada,
confecção de móveis de luxo, faqueados decorativos, balcões também, na floresta pluvial do vale do Rio Doce, nas matas dos
e na tanoaria, escultura e marcenaria em geral. estados do Sudeste e no Paraguai.
A árvore é muito ornamental, principalmente pelos ramos e
Segundo informação de agricultores, a cada ano que passa di-
pelo tronco, que são lisos e de cor vinho ou marrom-avermelhado. minui a quantidade de imburana-de-cheiro. Eles temem que seja
É muito utilizada no paisagismo de várias cidades. “alguma doença atacando as plantas na própria caatinga”.
Suas flores são bastante visitadas pelas abelhas.
Um quilo de sementes de imburana-de-cheiro contém apro-
ximadamente mil seiscentas e cinqüenta sementes.
Manejo
Sua propagação é feita através das sementes. Para se obter
as sementes, os frutos devem ser colhidos diretamente das ár-
vores quando iniciarem a queda espontânea e colocados para
secar. É necessário que a colheita seja feita rapidamente porque
seus frutos são muito apreciados pelos animais. Os frutos de-
vem ser secos ao sol para facilitar a abertura e a liberação das
sementes.
66 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores brancas 67
Jatobá
Também conhecido como jataí, jataí-amarelo, jataí-peba, jitaí, farinheira e
imbiúva.
Características morfológicas
Árvore que cresce de 6 a 20 metros de altura. O seu tronco
pode atingir até 3 metros de circunferência, não tem espinhos e
sua casca é lisa, de cor marrom com estrias esbranquiçadas e
não larga do tronco. As folhas são bifolioladas, brilhantes, não
têm pêlos e são quebradiças. As flores são brancas. O fruto não
se abre (fruto indeiscente) e tem o formato de grossas vagens,
com poucas sementes, preenchidas por uma massa (“farinha”)
amarelo-clara, que é comestível.
Fenologia
O jatobá está sempre coberto de folhas mesmo na época
seca. Floresce em dezembro e frutifica entre os meses de maio
e julho.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Fruto
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Plantas com flores brancas 69
Usos secos ao sol, depois devem ser quebrados para tirar as semen-
tes. O excesso de “farinha” que envolve a semente deve ser
Sua madeira é empregada na construção civil, como ripas,
retirado.
caibros e vigas; para acabamentos internos como “marcos” de
As sementes de jatobá são duras, porém germinam rapida-
portas, tacos e tábuas para assoalhos; peças torneadas, esqua-
mente, levando cerca de dezesseis dias. Devem ser semeadas
drias e móveis; para confecção de artigos de esportes, cabos de
em canteiros contendo substrato argiloso e cobertas com um
ferramentas e rodas de carro de boi.
centímetro de terra. É preferível semear em recipientes individu-
A árvore é de fácil multiplicação, por isso é muito comum
ais. As mudas devem ser levadas a campo quando tiverem seis
utilizá-la na composição em reflorestamentos e arborização de
meses.
parques e jardins.
Seus frutos contêm uma “farinha” comestível, que é consumida
Problemas ou restrições de uso
crua ou cozida no leite e na forma de geléias, licores, farinhas para
pães, bolos e mingaus. O valor protéico da “farinha” de jatobá é Os agricultores costumam dizer que os animais podem se
alto, equivale ao do fubá de milho. Além de ser consumido pe- engasgar com seus frutos.
las pessoas, o fruto do jatobá também é consumido por alguns
animais, como por exemplo, porco, boi, papagaio, periquito e Plantas parecidas com o jatobá
roedores. O jatobá (Hymenaea martiana) pode ser confundido com
Da resina de sua casca faz-se xarope contra bronquite. A cas- outras espécies de jatobá como a Hymenaea courbaril e Hyme-
ca também é usada contra dor de estômago, contusão, fraturas, naea stigonocarpa e com espécies do gênero Peltogyne. Difere
inflamações, anemias, vermes e diarréia. das espécies do gênero Peltogyne porque estas possuem frutos
Além de seus usos na culinária e na saúde, conhecidos pelos deiscentes. A diferença entre Hymenaea martiana e Hymenaea
indígenas há séculos, o jatobá é empregado, também, na fabri- courbaril é que esta última não possui pêlos nas folhas. Já Hyme-
cação de verniz, pois seu tronco contém a resina adequada para naea stigonocarpa possui os folíolos bem maiores que as outras
esse produto. e com muitos pêlos.
Jurema-branca
Também conhecida como jurema-vermelha, jureminha e jurema-de-imbira.
Características morfológicas
Fenologia
Flores
Frutos
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1.4Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Frutos
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Plantas com flores brancas 73
Essa planta é usada como forrageira. As folhas e vagens são A jurema-branca (Mimosa ophthalmocentra) pode ser mais
consumidas no chão e na planta por cabras, ovelhas e bovi- facilmente confundida com duas espécies conhecidas como
nos. jurema-preta (Mimosa tenuiflora e Mimosa acutistipula).
A madeira da jurema-branca também é usada pelos agricul- A Mimosa tenuiflora possui entre 5 a 7 pares de pinas nas
tores como lenha e estacas. folhas e pontuações glandulares escuras nos folíolos que, por
A resina é comestível, saborosa, sendo recomendada no isso, ficam pegajosos. Já Mimosa acutistipula possui 4 a 6 pares
combate à gripe. de pinas nas folhas e o fruto é estipitado (com pequena haste
que prende o fruto ao ramo).
Manejo
Jurema-preta
Também conhecida como unha-de-gato.
Características morfológicas
Arbusto ou arvoreta que varia de 4 a 7 metros de altura. O
caule é reto ou levemente inclinado, com muitas ramificações
e apresenta espinhos retos ou ligeiramente curvos. Os ramos
verdes e as folhas são viscosos (pegajosos) por causa da pre-
sença de glândulas minúsculas. A casca é marrom, rugosa e se
desprende do tronco. As folhas são bipinadas, com 5 a 7 pares
de pinas e 18 a 36 pares de folíolos por pina; os folíolos são bri-
lhantes, sem pêlos e não são quebradiços. As flores são reunidas
em inflorescências com forma de espiga; a cor varia de branca
a creme. O fruto, quando está maduro, se parte em pequenos
pedaços (fruto tipo craspédio). As sementes são ovóides e de
cor castanha a marrom.
Fenologia
A planta está coberta de folhas durante todo o ano. A flora-
ção ocorre de novembro a fevereiro, com frutificação de março
a maio.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Ramo florido; 4. Folhas; 5. Frutos
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Plantas com flores brancas 77
Manejo
Outras informações
A jurema-preta é considerada como uma boa opção para o
Há autores que descrevem a jurema-preta como a espécie
semi-árido nordestino pois, além da adaptação às condições
lenhosa de maior freqüência na região semi-árida dos Estados
climáticas adversas, apresenta alta capacidade de rebrota após
do Rio Grande do Norte e Paraíba.
o pastejo.
A jurema-preta é, geralmente, hospedeira de uma planta que
Para a obtenção das sementes, seus frutos devem ser cole-
é chamada pelos agricultores de “enxerto”, conhecida em outras
tados nas plantas.
regiões como erva-de-passarinho, que é consumida por pássaros
Colocar as sementes para germinar, logo após a coleta, em
e bodes.
plena luz do sol. Escarificar a semente para melhorar a germi-
Um quilo de sementes de jurema-preta contém aproximada-
nação.
mente cento e dez mil unidades.
Unha-de-gato
Também conhecida como cassaco, jurema, jurema-branca e toca-d’onça.
Características morfológicas
É um arbusto ou árvore pequena, de 2 a 4 metros de altura,
com casca castanho claro. Apresenta espinhos escuros, ligeira-
mente recurvados, tanto em ramos novos quanto em ramos mais
velhos. As folhas são bipinadas com 6 a 11 pares de pinas e 27
a 30 pares de folíolos. As flores estão reunidas em espigas isola-
das, de cor alva, na extremidade dos ramos, onde se encontram
até três espigas por axila de folha. O fruto é uma vagem de cor
castanho pálida, com superfície ondulada nas áreas onde ficam
as sementes. Contém de 2 a 12 sementes pequenas, ovais, de
cor marrom. A madeira é de cor clara.
Fenologia
Perde as folhas na estação seca. A floração ocorre na estação
chuvosa, mas pode também ser encontrada na estação seca, se-
guida pela frutificação que se estende de abril a agosto.
Folhas
Flores
Frutos 1.3Hábito; 2. Tronco; 3. Frutos; 4. Espiga;45. Folha
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
80 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores brancas 81
Unha-de-gato-do-miolo-vermelho
Também conhecida como calumbi-branco, calumbi-preto, calumbi-de-fuso,
pau-de-fuso, coração-de-mulato, espinheiro-branco-de-âmago-vermelho e
arrebenta-foice.
Características morfológicas
Árvore que cresce de 3 a 5 metros de altura. O tronco é
coberto de espinhos que soltam-se facilmente do tronco, com
casca cinza-clara, lisa e com listas escuras, longitudinais, que
acompanham os espinhos retos, quase pretos. Os ramos também
apresentam esses espinhos. As folhas são bipinadas, com 3 a 5
pares de pinas e 7 a 12 pares de folíolos por pina; não têm pêlos
visíveis a olho nu. As flores são reunidas em glomérulos, de cor
branco-amarelada quando jovens e creme quando velhas. Os
frutos são vagens de cor castanha a marrom, sem pêlos. Cada
fruto tem em torno de 7 sementes ovóides a arredondadas e
achatadas, de cor castanha a negra.
Fenologia
A unha-de-gato-do-miolo-vermelho tem folhas durante todo o
ano. Está com flor durante a época seca, que normalmente vai
de março a outubro. Quando chove, geralmente a planta perde
a florada. Frutifica durante todo o ano.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 1. Hábito; 2. Ramo florido; 3. Frutos; 4.Tronco
84 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores brancas 85
Usos principalmente nos ramos mais novos, enquanto nas outras as es-
típulas são pequenas, pouco visíveis ou que caem facilmente.
É consumida por cabras e ovelhas no chão, e por bovinos,
A diferença marcante da unha-de-gato (Piptadenia stipulacea) é
jumentos e cavalos na planta. Em geral, jumentos e cavalos
que esta possui a inflorescência em espiga, enquanto a unha-de-
quando não alcançam as folhas, mordem e puxam a casca para
gato-do-miolo-vermelho possui a inflorescência em glomérulo.
comer.
Sua madeira é resistente, utilizada com bons resultados, para
Outras informações
estacas de cerca.
Suas flores são perfumadas e muito visitadas por abelhas
A casca da unha-de-gato-do-miolo-vermelho larga facilmente
(melífera). quando o animal puxa.
No tronco, os espinhos ficam mais esparsados à medida que
Manejo a planta fica mais velha. Já nos ramos, pode-se observar os
espinhos mais próximos uns dos outros, o que os agricultores
Essa planta rebrota quando é cortada e seu crescimento,
chamam de “cacho de espinhos”.
após a rebrota, é rápido.
Segundo os agricultores, a madeira não é muito resistente,
É uma planta interessante para manejo no sertão porque pro-
por isso os grampos têm que ser colocados invertidos (trocados),
duz alimento (folha, flor, vagem e sementes) na época seca.
caso contrário, a madeira quebra (abre).
Produz grande quantidade de sementes e com alto percentual
de germinação, o que facilita a obtenção de mudas.
Monzê
Também conhecida como munzê.
Características morfológicas
Árvore sem espinhos, quando adulta atinge uma altura que
varia entre 4 a 6 metros, mas podendo alcançar até 20 metros. O
tronco é liso, mas a casca cai naturalmente depois de velha, com
circunferência que pode atingir até 1 metro. A copa é esgalhada.
As folhas são bipinadas, com 6 a 7 pares de pinas e 7 a 19 pares
de folíolos por pina. As flores estão reunidas em glomérulos de
cor branca. A vagem não possui pêlos. As sementes são arre-
dondadas, de cor castanha a marrom.
Fenologia
O monzê floresce aproximadamente um mês após as primei-
ras chuvas, normalmente em janeiro ou fevereiro. A florada tem
curta duração (é bastante rápida). Esta espécie está com frutos
nos meses de março a abril e totalmente sem folhas nos meses
de julho a outubro.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1. Hábito; 2. Folha; 3. Fruto; 4. Ramo florido
88 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 89
Usos
O monzê tem suas folhas e vagens consumidas por cabras,
Plantas com flores
ovelhas, bovinos, jumentos e cavalos, sendo que os bovinos
normalmente comem as folhas e vagens quando estão verdes e
esverdeadas
na própria planta.
As folhas secas dessa planta são utilizadas como enchimento
de sela. Põe-se para secá-las ao sol e depois retira-se as folhinhas
para encher a sela.
Manejo
O monzê rebrota quando cortado e também quando quei-
mado.
Surucucu
Também conhecido como jacurutu e espinheiro.
Características morfológicas 2
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 1. Hábito; 2. Frutos; 3. Tronco (casca); 4. Ramo com espinhos; 5. Espigas
92 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores esverdeadas 93
ocorre normalmente, de abril a maio, e os frutos aparecem, ge- Problemas ou restrições de uso
ralmente, durante o mês de agosto. Em algumas regiões essa
A planta é tóxica quando murcha. O espinho é difícil de sair
espécie possui flor de setembro a outubro e tem frutos o ano
quando entra em uma pessoa e, por isso, pode causar inflama-
inteiro, mesmo que estes estejam velhos.
ção.
Usos
Plantas parecidas com o surucucu
Suas folhas e vagens são consumidas por cabras, ovelhas e
O surucucu (Piptadenia viridiflora) pode ser confundida com
bovinos na planta.
a unha-de-gato (Piptadenia stipulacea) e a coronha (Acacia far-
Os agricultores preferem dar aos animais essa planta ainda
nesiana). Piptadenia viridiflora é facilmente distinguível da unha-
verde, pois, após o murchamento, a planta se torna tóxica.
de-gato (Piptadenia stipulacea) porque esta apresenta acúleos
Tem uso veterinário caseiro, sendo a garrafada recomendada
distribuídos por todo o ramo e estípulas herbáceas, diferenciando-
para animais com catarro.
se assim do surucucu.
A madeira é utilizada para fazer carvão e lenha, e as cinzas
A coronha (Acacia farnesiana) também possui espinhos aos
servem para sabão.
pares, como o surucucu (Piptadenia viridiflora), mas tem flores
É utilizada também como antiinflamatório.
amarelas e agrupadas em glomérulo e fruto cilíndrico e indeis-
As flores são apreciadas pelas abelhas.
cente, o que a diferencia do surucucu que tem flores esverdeadas
e em espigas e frutos compressos e deiscentes.
Manejo
O surucucu rebrota quando é cortado e às vezes quando é Outras informações
queimado.
O surucucu é comum nas caatingas e no Pantanal Mato-
Seus frutos devem ser coletados nas plantas, no início da
grossense.
abertura ou logo que caírem. Depois os frutos devem ficar expos-
A planta é chamada de surucucu, nome de uma cobra, por
tos ao sol até abrirem totalmente e liberarem as sementes.
causa da forma de seus espinhos.
Logo depois as sementes devem ser plantadas em canteiros
Um quilo de sementes de surucucu contém aproximadamente
de semeadura, isso porque, com o passar do tempo, elas perdem
trinta e uma mil sementes.
o poder de germinação. O melhor é plantar as sementes direto
nos saquinhos, para ficar mais fácil o plantio no local definitivo.
O desenvolvimento das plantas no campo é considerado muito
rápido.
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 95
Plantas com
flores vermelhas
a roxas
96 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores vermelhas a roxas 97
Angambira
Também conhecida como guanhambira, guanhambira-branca, guanhambira-
roxa, guambira, guarambira e inhambira.
Características morfológicas
Árvore ou arvoreta que atinge uma altura que varia entre 4,5
a 6 metros (podendo atingir até cerca de 20 m). Apresenta o
tronco reto, com circunferência que pode variar de 40 cm a 1
metro. A casca é rugosa depois de velha e cai naturalmente. A
copa é esgalhada. As folhas são bipinadas, com 3 a 4 pares de
pinas e 5 a 9 pares de folíolos por pina. As flores estão reunidas
em espigas e possuem cor vinácea. O fruto é um legume sem
pêlos. As sementes são suborbiculares, mas adaptadas para
serem carregadas pelo vento.
Fenologia
A angambira possui folhas no período das chuvas, geralmente
de novembro a abril. Fica totalmente sem folhas na seca, que
normalmente é nos meses de junho, julho e agosto, nos locais
onde ocorre de forma espontânea. Floresce nos meses de no-
vembro a dezembro e frutifica depois deste período.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1.4 Hábito; 2. Tronco; 3.
5 Folha; 4. Frutos; 5. Sementes
98 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores vermelhas a roxas 99
Sete-cascas
Também conhecido como espinheira, sete-capotes, angico-gambá e mau-
vizinho.
Características morfológicas
Árvore que cresce até 7 metros de altura. A circunferência do
tronco pode variar de 20 a 30 centímetros. A casca é rugosa e
solta do tronco. Apresenta espinhos eretos localizados na base
da folha. A copa é arredondada. As folhas são pinadas (imparipi-
nadas), com 31 a 45 folíolos. As flores são reunidas em cachos,
com corola papilionóide e pétalas roxas. Os frutos são do tipo
sâmara com pêlos.
Fenologia
A planta está coberta de folhas de novembro a julho. Floresce
logo após as primeiras chuvas, normalmente em novembro, cerca
de 5 a 10 dias depois das chuvas. Está com frutos geralmente
cerca de 15 a 20 dias após as primeiras chuvas. Está totalmente
sem folhas de agosto a outubro, ou um pouco antes das primei-
ras chuvas.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 1. Hábito; 2. Flores; 3. Frutos; 4. Ramo florido
102 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores vermelhas a roxas 103
Manejo
A planta rebrota quando é cortada.
Seus frutos devem ser coletados nas plantas no início da
queda espontânea. Os frutos, assim obtidos, podem ser direta-
mente utilizados para a semeadura como se fossem sementes,
uma vez que a abertura e retirada das sementes é praticamente
impossível.
Feijão-bravo
Também conhecido como feijão-brabo, feijão-de-nambu, feijão-branco, paca-
rosa e mostardinha.
Características morfológicas
Erva de 30 centímetros a 2 metros de comprimento. O caule
não possui espinhos. As folhas são trifolioladas, não possuem
pêlos e não são quebradiças. A haste (pedúnculo) que sustenta
as flores possui brácteas que estão cerca de 1 cm acima da base.
As flores são cor-de-vinho e escuras. Seu fruto é um legume, com
pêlos esbranquiçados. As sementes são reniformes.
Fenologia
O feijão-bravo brota após as primeiras chuvas, normalmente
em novembro. Está coberto de folhas de dezembro a junho. A
partir de 30 dias após as primeiras chuvas, começa a florescer,
geralmente de março a abril. Está com frutos de abril a maio.
Está totalmente sem folhas de julho a novembro.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Usos
A planta é consumida por cabras, ovelhas, bovinos, jumentos e
cavalos. As partes consumidas são folhas, ramos, flores, vagens
e sementes. São consumidas diretamente na própria planta.
É utilizada para fenação e como adubo verde.
Também é uma planta melífera.
Manejo
Rebrota quando queimada ou cortada. Para fenação, recomen-
da-se o corte das plantas com cerca de quatro semanas quando
se obtém elevada produção e bom valor nutritivo.
Outras informações
Apresenta bom desenvolvimento vegetativo, livre de doenças
ou pragas.
108 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Plantas com flores vermelhas a roxas 109
Carqueja
Também conhecida como alecrim e alecrim-de-bandeira.
Características morfológicas
Arbusto que cresce de 50 centímetros a 1 metro. Seu tronco
é muito ramificado, sem espinhos. As folhas são bipinadas, com
1 a 2 pares de pinas e 8 a 10 pares de folíolos por pina. As flores
estão reunidas em inflorescências com forma de pincel e são
1
avermelhadas. Os frutos são legumes que se abrem de cima
para baixo, são achatados, variando de 3 a 7 centímetros e têm
cor marrom, com pêlos. As sementes são comprimidas.
Fenologia
A planta está coberta de folhas de novembro a junho. Está
florida em janeiro, com frutos de fevereiro a março e totalmente
sem folhas de julho a outubro.
Folhas
Flores
Frutos
Sem folhas 1. Hábito; 2. Flor; 3. Fruto
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
110 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 111
Usos
As folhas e ramos da carqueja são excelente forragem para
Glossário ilustrado
bovinos, caprinos e ovinos. Ala: É o mesmo que asa. Quando se
encontra numa planta uma porção
que parece asas, se diz que são alas.
Manejo (Fig. 1)
Sua melhor forma de propagação é por sementes, mas esta Alado: Provido de alas, isto é, de expan-
2 cm
é bastante prejudicada pelo ataque de insetos (gorgulhos). sões em forma de asas. É dito, por
exemplo, de frutos providos de asas Ala
(como as sâmaras). (Fig. 1)
Problemas ou restrições de uso Figura 1
Arbusto: Vegetal lenhoso, ramificado
Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores desde a base e, em conseqüência
desprovido total ou quase totalmente
e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta.
de um tronco. (Fig. 2)
2 cm
te as espécies umas das outras, tais
como a forma, a cor, o tamanho das
Figura 4
flores, folhas, frutos etc.
112 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Glossário Ilustrado 113
Casca: É formada pelos tecidos que Estípula: É uma formação parecida com
estão por fora, revestindo as plantas pequenas folhas que se encontra na
ESPIGA
no caule, nos galhos e na raiz, e que base dos pecíolos das plantas; em
geralmente é lenhosa. geral há duas em cada folha, mas elas
podem estar unidas, formando uma só
Caule: Haste das plantas. É a parte inter- peça. (Fig. 11)
mediária entre as raízes e as folhas.
2 cm
Fenologia: São as fases do ciclo de
Corola: Parte da flor que está por dentro vida das plantas, ou seja, é quando
2 cm
Pina
do cálice. É geralmente a parte mais podemos observar se elas estão com
vistosa da flor, de cor variada e é cons- Figura 5 flores, com frutos ou apenas com
tituída pelas pétalas. (Fig. 6) folhas, etc.
PEDICELO
Craspédio: Fruto seco, que se parte em Folíolo: Cada uma das partes laminares Figura 9
pequenos pedaços. Após a queda de uma folha composta.(Fig. 13)
destes, fica presa ao pedicelo uma 1 cm
armação formada pela sutura e pela Forrageira: Diz-se das plantas utilizadas
nervura. (Fig. 7) PÉTALA na alimentação animal. ESPINHO
2 cm
ESTÍPULA
folha ou uma estípula. (Fig. 10)
2 cm
Figura 11
Figura 8
114 Leguminosas Forrageiras da Caatinga
Glossário Ilustrado 115
Indeiscente: Que não se abre; aplica-se Piloso: Provido de pêlos. (Fig. 15)
por exemplo a frutos.
Pinado: Diz-se da folha composta cujos
Inflorescência: Nome dado a um folíolos estão presos em uma raque.
grupo de flores; qualquer sistema de (Fig. 14)
ramificação terminado em flores.
5 mm
2 cm
(Figs. 9 e 11) Pina: Cada unidade de uma folha
bipinada que contém os folíolos. (Fig.
Legume: É o mesmo que popularmente 5)
é chamado de vagem. Fruto seco, Figura12 Figura 16
geralmente deiscente, com número Reflorestamento: É o replantio em uma
variável de sementes. (Fig. 12) área, especialmente com árvores e
arbustos.
Melífera: É a planta que fornece alimen-
tos para as abelhas transformarem em FOLÍOLO Reniforme: Em forma de rim. (Fig. 16)
2 cm
mel. Estes alimentos são, em geral,
pólen e néctar. Rugosa: Que possui a casca irregular,
Raque
não lisa.
Néctar: É uma substância líquida e
2 cm
açucarada encontrada nas flores que Sâmara: Fruto simples, seco, indeis- Figura 17
são visitadas por abelhas e/ou outros cente, provido de uma ou mais alas.
organismos. (Fig. 1)
Figura13
Pa r i p i n a d a : É a f o l h a c o m p o s t a Subarbusto: Diz-se do vegetal que ocupa
(pinada) que termina em um folíolo. o meio-termo entre arbusto e erva,
FOLÍOLO
(Fig. 14) possuindo caule lenhoso apenas na
base.
Pecíolo: Haste que sustenta as folhas.
Trifoliolada: Diz-se das folhas que são
Pedicelo: Haste que segura a flor. (Fig. formadas por três folíolos. (Fig. 17)
2 cm
6)
Vagem: O mesmo que legume. Denomi-
Figura 14
Pedúnculo: Haste que sustenta as flores nação genérica para fruto seco, que
ou inflorescências. geralmente se abre, contendo várias
sementes, comum nas leguminosas.
Pêlos: Formação epidérmica encontrada (Fig. 12)
na superfície das plantas. (Fig. 15)
Figura 15
Leguminosas Forrageiras da Caatinga 117
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http://www.trip.com.br/jardimbotanico/calend.htm
http://www.iac.br/~braganti/index.htm
http://www.agridata.mg.gov.br/forragei.htm
Imagens das oficinas de testes realizadas durante o de-
http://www.capritec.com.br/art15.htm senvolvimento do Projeto Guias de Campo na Bahia: 1. Pôr
do sol na caatinga em Campo Alegre de Lourdes (Remanso); 2.
Teste verificando a eficiência de outros guias campo já publicados;
http://www.umbuzeiro.cnip.org.br/db/pnerev/index.html 3. Testando qualidade e eficiência das fotos para os guias de legu-
minosas forrageiras; 4. Testando a funcionalidade do guia em
campo com técnicos que assessoram agricultores; 5. Validando
a diagramação do guia; 6. Identificação pela comunidade das
características diferenciais entre espécies de plantas parecidas;
7. Grupo de trabalho presente em umas das oficinas em Irecê; 8.
Testando chaves de identificação e ilustrações botânicas na UEFS.
Por Índia, Marilza Pereira da Silva.
Irecê, fevereiro de 2001.
Nosso guia não mostra tudo Pau-de-rato também se chama A Angambira é Parapiptadenia zenht-
Mas você pode estudar Catinga-de-porco, pau-de-bica neri
Forrageiras leguminosas E o famoso mané-ventura Birro é Diptychandra aurantiaca
E o que se pode utilizar Êta planta fabulosa! Canafístula Senna spectabilis
Sua espécie é Caesalpinia E só mais dois informes
Madeira nobre, cipó fino bracteosa Monzê é Albizia polycephala
Plantas diversas medicinais E o sabão Piptadenia moniliformis
Pois o guia só mostra Algumas abelhas fazem a festa
O que serve de alimento Com a flora do verão Foi bom demais com vocês
Para os nossos animais Olha o que nosso guia diz Esse trabalho partilhar
Abelha não passa fome Precisando do Ipê Terras
Os agricultores que participaram Onde tem são-joão Para juntos força somar
Por favor queiram desculpar Não se acanhe, é só nos procurar
Pois todos os nomes aqui Outra planta pra ter nome
Não dá para citar É o espinheiro, jacurutu I mportância ao nosso guia
Agradecemos a todos Ou se quiser surucucu N ão se pode dispensar
Que puderam colaborar Mas por esses nomes D ez para a equipe que está a coordenar
Ninguém conhece lá fora I dem para quem deu sua colaboração
Os nomes que cito aqui Lá fora é bom se falar A té a próxima se Deus quiser com o
Foi os que pude lembrar Da Piptadenia viridiflora Guia em mãos
Pois teve muita gente
Que deu sua colaboração A caatinga nordestina
Gente dessa região É digna de seu valor
E da região de lá A coisa que é mais bonita
É o angico, jurema-branca e
Outra participação vermelha
“Índia”
Essa ninguém esqueceria Se despontando em flor Moradora e agricultora da Roça
Foi das agricultoras Permanente – Sede Rural do
Que teve grande valia Na estação chuvosa Ipeterras, Irecê-BA, desenvol-
Teve Zélia, D. Anízia e a D. Fica verde nosso chão ve trabalhos com a formação de
Maria Sai planta de toda espécie jovens e técnicos recém formados
De ciclo longo e curto pela ESAGRI-Escola Agrícola de
Irecê, objetivando a fixação do
Um exemplo vou citar Como é o caso do feijão
jovem no campo, desenvolvendo
Pois achei super bacana práticas agrícolas apropriadas ao
Foi a D. Maria semi-árido.
Que informou precisamente
Sobre a espécie imburana