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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Gabriel Frederic Mello Pereira


Rafael Couto França Motta Santos
Santiago Alves Eler Ramos
Vitor D’Assunçao Leite Pimenta
Vitor dos Santos Rios Lopes

Crise na Líbia

Belo Horizonte
18 de Junho 2019
Sumário

1 A Geografia da Líbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1 Demografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Recursos bélicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Historia da Líbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1 Pre-Gaddafi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Era Gaddafi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Primeira guerra Civil da Líbia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3 O Conflito Atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.1 A Câmara dos Representantes e o General Haftar . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Questão Islãmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.3 ONU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4 Crise Migratoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
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1 A Geografia da Líbia

O Estado da Líbia é um país norte-africano localizado na região do Magrebe, conhecida


como a África Menor. Seu território corresponde a uma área total de 1,759,541 km², fazendo dele
o 16º maior país do mundo. Cerca de 90% de sua área é composta pelo Deserto da Líbia, uma
extensão do famoso Deserto do Saara, que cobre grande parte da região da África Setentrional.
A Líbia é banhada ao norte pelo Mar Mediterrâneo, possuindo a maior região costeira dentre
todos os países norte-africanos. O formato geográfico do território Líbio pode ser definido como
compacto. Além da fronteira com o Mediterrâneo, a Líbia também faz fronteiras com a Argélia,
Tunísia, Egito, Chade, Níger e Sudão.

1.1 Demografia

7% desta vive em áreas urbanas e a média de idade é de 28 anos. A média de expectativa


de vida é 76 anos. A disparidade populacional é de 1,07 homens para cada mulher. O crescimento
populacional é 1,58%, e o da urbanização 1,64%.
Em etnia: 97% da população, considerada a “nativa” da Líbia, é uma mistura das
etnias árabe e berbere. Os outros 3% correspondem às minorias grega, maltesa, italiana, indiana,
egípcia, paquistanesa, turca e tunisiana, que habitam o país. A religião oficial, Islamismo Sunita,
é praticada por 96,6% da população, existindo também 2,7% de cristãos, 0,3% de budistas e
outras crenças com menos de 0,1% de seguidores cada.
No final dos anos 90, foi constatado um grande número de imigrantes no país, sendo a
maior parte destes árabes vindos do Egito e do Sudão. Em 1998, Gaddafi adotou uma política
de abertura à entrada de imigrantes da África Subsaariana, para trabalho nas regiões agrícolas.
Porém não funcionou e vários foram expulsos.
Por ter sido colonizada pela Itália, a Líbia possuía uma população italiana considerável,
mas diminuiu após a independência, em 1947, e também após Gaddafi ter passado a governar o
país.
O idioma oficial é o árabe, porém o italiano e o inglês costumam ser usados nas maiores
cidades. Em algumas, do interior, também se usa o berbere.
Desde a intervenção da OTAN, em 2011, há uma estimativa de que mais de dois milhões
de líbios tenham saído do país. Ao mesmo tempo em que dados recentes dizem haver centenas de
milhares de sudaneses e dois milhões de egípcios residindo na Líbia. Desse modo, a população
imigrante somaria 30% do total no país.
A bandeira nacional tem três cores, representando as três grandes regiões históricas do
país: vermelho para Fezzan, preto para Cyrenaica e verde para Tripolitania. A Líbia possui duas
grandes etnias, árabe e berbere, o que é considerado uma força centrífuga para a unidade de um
Capítulo 1. A Geografia da Líbia 3

país. Durante o governo de Muammar Gaddafi, de origem árabe, os árabes tiveram sua cultura
imposta sobre as minorias.
Os berberes (ou Imazhigen) são um conjunto de povos predominantemente nômades
que habitam a região do Magrebe, na qual está inclusa a Líbia. Eles têm sua própria língua e
sistema de escrita. Assim como os árabes, são seguidores da fé islâmica.
Sendo seguido por 97% da população, o Islã é um elemento-chave na constituição
nacional, atuando como uma força centrífuga de unidade do Estado.
Devido à colonização feita pela Itália, há influência do país na culinária, nos esportes e
no dialeto local, como o uso de algumas expressões italianas na linguagem.

1.2 Economia

No que se refere a aspectos econômico, a Líbia possui um PIB estimado em cerda


de US$ 49,3 bilhões, se enquadrando como a 87° economia do mundo. É um dos membros
da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), sendo o 9° maior exportador de
petróleo do mundo e antes das sucessivas crises governamentais, essa commoditie correspondia
a 97% das exportações do país e a mais da metade seu PIB, o que refletia no setor industrial
petroquímico, que era muito forte no país, assim como a presença da indústria têxtil e alimentícia.

1.3 Recursos bélicos

A Líbia é o 77º país em poder bélico. Tem cerca de 3 milhões de pessoas prontas para
serviço armado (manpower), e 30 mil militares ativos. Sua força aérea é a 66ª mais poderosa do
mundo, com 118 aviões e 27 helicópteros. Em poder terrestre tem 300 tanques de guerra, 530
veículos armados, 75 lança-foguetes, 155 de tipos diferentes de artilharia. Não há dados sobre
seu poder naval.
Tendo sido classificada como uma unidade política “não estatal” pela ONU em 2014,
após a segunda guerra civil ter se iniciado, as forças armadas se encontram divididas. O Exército
Nacional Líbio, comandado por Khalifa Haftar, está aliado à Câmara dos Representantes da
Líbia, junto às Brigadas de Zintane e as milícias tribais de Warshefana. No lado do Governo
do Acordo Nacional encontram-se a Guarda Presidencial, as Brigadas de Misurata, o Conselho
Militar de Sabratha, a Terceira Força de Misurata e as Guardas das Instalações de Petróleo.
É importante ressaltar que, além das forças bélicas já existentes dentro do território
nacional, ambos os lados estão sendo supridos de apoio estrangeiro, como a França, Rússia e
Egito, que apoiam a CRL, e EUA, Reino Unido e OTAN, que apoiam o GAN. Além disso, o
Estado Islâmico também controla algumas áreas do país, então tem acesso a alguns recursos,
como recrutamento de pessoas locais às suas forças.
O poder militar da Líbia está mais focado no setor terrestre, semelhante às ideias
Capítulo 1. A Geografia da Líbia 4

de Halford Mackinder, e é atualmente o mais importante na Guerra Civil. O país tem sua capital
e grandes cidades no Mar Mediterrâneo, porém sua marinha já era pequena desde antes da crise,
e se tornou ainda menor após boa parte ter sido destruída por forças da OTAN em 2011. Nos
últimos dados, possuíam 2800 militares ativos nesse setor, e está sendo controlada em totalidade
pelo GAN.
A força aérea também cumpre um papel relevante na guerra civil, pois ambos os lados
fazem uso de bombardeios às bases inimigas. Ela está sendo um fator importante no conflito
mais recente, a Ofensiva Ocidental da Líbia, uma tentativa da CRL de tomar Tripoli. Tendo
4500 combatentes, o setor aéreo do exército se encontra dividido na guerra civil. Ambos os
lados, especialmente o GAN, sofrem com falta de qualificação de profissionais. A maioria de
seus pilotos tem mais de cinquenta anos de idade, e boa parte destes foi morta durante a guerra.
Por conta disso, o poder aéreo é atualmente suprido por mercenários de lugares diversos, o que
atrapalha sua organização.
Em suma, as forças dos dois lados são compostas principalmente de militares e maqui-
nário de guerra em solo, milícias locais com participação expressiva e apoio estrangeiro.
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2 Historia da Líbia

2.1 Pre-Gaddafi

A Região da Líbia é datada desde o século II A.C, quando os colonos gregos nomearam a
região. Durante sua história, as regiões da Tripolitania, Cirenaica e do Fezã foram domidadas por
Fenícios, Gregos, Romanos e Otomanos, sendo até motivo de interesse norte-americano no
século XIX. Após a Guerra Ítalo-Turca, o território líbio ficou sob controle dos Italianos. O
Território Líbio foi um grande alvo de conflitos durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma das
principais batalhas da guerra, o Reino Unido confrontou o Eixo Alemanha Itália em o que ficou
conhecido como a Campanha da Líbia. Com a vitória da Aliança, o território líbio foi dividido
entre o Reino Unido e a França, porem a Assembleia Geral das Nações Unidas permitiu que o a
Líbia se declarasse independente. Assim, em 24 de dezembro de 1951, o Rei Idris I declarou o
Reino da Líbia, reunindo as antigas regiões em um único Estado. Inspirado da estrutura política
britânica, foi instaurado uma Monarquia Parlamentarista.
Com a criação da Liga Árabe e a admissão da Líbia, o Rei Idris permitiu a instalação
do bases militares dos Estados Unidos e do Reino Unido. Essa política americana seguia a
proposta de Spykman em deter uma presença nos territórios dentro e próximos do Rimland, com
o objetivo de manter influência e controle, para assegurar os interesses americanos. Porém, depois
da descoberta do petróleo na região, o governo líbio exigiu a retirada das bases estrangeiras
no território, o que causou um conflito com essas duas potencias e o seu vizinho, Egito.

2.2 Era Gaddafi

Em 01 de setembro de 1969, um grupo de oficiais militares radicais islâmicos, liderado


por Muammar Gaddafi, planejaram e executaram um golpe de estado, removendo o sistema
monárquico parlamentarista e instituindo a Jamairia (República) Árabe Popular e Socialista da
Líbia. Suas primeiras atitudes foram expulsar qualquer influência estrangeira presente na Líbia,
nacionalizando empresas, industrias e bancos.
Com as relações com os Estados Unidos ficando cada vez mais tensas e também devido
a sua ideologia socialista, o governo de Gaddafi alinhou-se próximo ao Comunismo da URSS.
Suas reformas econômicas de caráter socialista mudaram radicalmente a cara da Líbia.
Com leis que que universalizavam o acesso à educação, moradia, assistência media e medidas
que limitavam a posse de propriedade, o PIB per capita da Líbia chegou US$ 11.000, o quinto
maior de toda a África. Porém, ele também tomou medidas repressivas que transformaram a
Líbia em uma certa “ditadura”.
Seu governo foi marcado por projetos ambiciosos como a criação do Grande Rio
Artificial, que trouxe água para regiões desérticas. Ele também possuía ambições políticas. Em
Capítulo 2. Historia da Líbia 6

1972, em uma tentativa de arabizar a região, ele criou a Legião Islâmica. Durante sua história,
Gaddafi apoiou vários movimentos de independência, não só pacíficos como o Congresso
Nacional Africano de Nelson Mandela, mas também movimentos radicais como a causa Palestina
e o IRA na Irlanda. Além disso, Gaddafi era alvo de críticas internacionais devido a seu apoio a
movimentos terroristas ao redor do mundo, o que causou a Líbia várias sanções internacionais
durante o período Gaddafi. Porém, após os ataques de 11 de setembro de 2001, Gaddafi passou a
mudar sua abordagem quanto ao terrorismo.

2.3 Primeira guerra Civil da Líbia.

Em 15 de Fevereiro de 2011, uma parte da população civil, influenciados pela Primavera


Árabe, organizaram uma série de protestos contra o governo autoritário de Gaddafi. Em resposta
aos protestos, o Ditador ordenou que suas tropas abrissem fogo contra os civis rebeldes. Milhares
de civis foram mortos, feridos ou ainda estão desaparecidos. Centenas de militares desertores,
que se recusaram a matar civis, foram executados por traição. Gaddafi foi acusado pela ONU
de Crime contra a Humanidade. As forças rebeldes contrarias ao governo Gaddafi formaram o
Conselho Nacional de Transição (CNT), para organizar as regiões controladas pela oposição e
formalizar a guerra contra as forças Pro-Gaddafi. Diversos países oficializaram a CNT como o
governo legitimo da Líbia. Composta majoritariamente por civis, ex-soldados do Exército que
desertaram e grupos rebeldes como Grupo de Combate Islâmico Líbio (GCIL).
A intervenção militar foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, com o apoio
das tropas da OTAN, principalmente da França, do Reino Unido e dos EUA. A tensão de combate
militar físico passou a ocupar espaço também das disputas diplomáticas quando a Otan começou
a objetivar Trípoli como alvo dos disparos. Com os ataques à capital, na qual Gaddafi mora,
ergueu-se a dúvida de uma intervenção da Otan não humanitária, mas política, e cujo ápice seria
a derrocada do coronel.
A Otan respondeu às ameaças bombardeando as forças de Gaddafi, além de fornecer
apoio aéreo a milícias rebeldes, ajudando-as a expulsá-lo do poder. A ação militar, iniciada com o
argumento de que era preciso proteger civis da repressão do governo de Muamar Gaddafi durante
a Primavera Árabe, acabou se transformando numa operação de mudança de regime. Após meses
de conflito, a CNT capturou a capital, forçando Gaddafi a fugir para o interior. Mais tarde, o
ex-líder líbio foi encontrado, torturado e morto. Depois da CNT assumir o governo, surgiram
uma série de divergências internas que aumentaram a instabilidade política, polarizando grupos
e eventualmente levando à nova guerra civil em 2014.
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3 O Conflito Atual

Após a queda do ditador Muammar Gaddafi em 2013, a Líbia começou seu processo de
democratização, porém a democracia encontrou diversos problemas após a primeira guerra civil,
já que varia das milícias que ajudaram na derrubada de Gaddafi acabaram adquirindo muita força
e influência no país, assim dificultando o governo do Congresso Geral Nacional a ter autoridade
e força na região.
Em 2013 o presidente do país Mohammed Magariaf renuncia seu cargo de chefe de
estado e colocou no poder Nouri Abusahmain, o qual iria se manter no poder até o final de seu
mandato. Porém, o mesmo foi acusado de abuso de poder e corrupção, e ao final de seu mandato,
em uma manobra política, declarou a aplicação da Xaria, a lei islã, que o permitiria ficar mais
tempo no poder, gerando grandes revoltas da população.

3.1 A Câmara dos Representantes e o General Haftar

Em fevereiro de 2014 o general do Exército Nacional da Líbia, Gn. Khalifa Haftar,


junto do atual governo eleito, a Câmara dos Representantes da Líbia, não concordando com
as ações do partido do Congresso Geral Nacional, pediu o fim do governo e propôs uma nova
eleição supervisionada por um comitê, a fim de evitar fraude. Porém o Congresso Geral Nacional
ignorou seus pedidos.
Com isso, em maio, após ser ignorado, Haftar anunciou uma operação militar com o
objetivo de retirar o atual governo da CGN e ,ao mesmo tempo, eliminar milícias, da qual o
governo da época tinha se aliado, e grupos terroristas pelo país. Essa tentativa de revoluçao foi
levada como uma tentativa de golpe pelo atual governo. Isso gerou novos conflitos no país,
começando com os confrontos em Bengasi onde Haftar invadiu através do mar mediterrâneo
tomou total controle. Em julho do mesmo ano, houve uma tentativa de assassinato contra Haftar.
O atentado deixou 4 mortos vários feridos. Um pouco antes, em maio, houve um ataque ao
congresso de Trípoli feito por uma milícia aliada a Haftar com armas antiaéreas e foguetes
forçando a todos dos congressistas a saírem do local. O general assumiu o ataque e declarou que
o congresso havia sido “suspenso”. Porém o Congresso disse que nada havia sido suspenso e
que eles apenas mudaram seu lugar de encontro.
Em 13 de julho de 2014, ocorreu umas das piores batalhas do conflito. O grupo Sala de
Operações dos Revolucionários Líbios (SORL) posteriormente agrupados com as milícias em
Trípoli lançaram uma ofensiva chamada de “Operação Amanhecer”, com a intenção de tomada
dos aeroportos das cidades de Qaaqaa, Sawaiq e Tripoli que, supostamente, estavam nas mãos de
milícias aliadas ao congresso. O Aeroporto Internacional de Trípoli teve suas pistas destruídas
com bombardeios, além de destruir ou danificar cerca de 90% das aeronaves que estavam no
local, deixando 47 mortos. O governo fez um apelo internacional para uma interferência da
Capítulo 3. O Conflito Atual 8

ONU.
Haftar tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, e fez uma visita à Arábia
Saudita uma semana antes de lançar a ofensiva em Trípoli. O general Haftar fez várias viagens
à Rússia, foi recebido em um porta-aviões russo na Líbia e no domingo a Rússia vetou uma
declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando seu avanço sobre Trípoli.
A França, que assumiu um papel de mediação, negou tomar partido apesar das suspeitas
sobre sua relação com o general. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder
ocidental a convidá-lo para a Europa em conversações de paz, e a França lançou ataques aéreos
em apoio às forças do general Haftar em fevereiro.
Eles atacaram as forças da oposição chadiana que lutavam contra o NLA no sul. Obser-
vadores dizem que a participação de Haftar em conversas na França, Itália e Emirados Árabes
Unidos buscava mais posicioná-lo no cenário internacional do que buscar um acordo. Recen-
temente o general também recebeu o apoio do presidente americano Donald Trump causando
uma reviravolta no cenário internacional e é mais provável que vários países sigam a mesma
tendência, assim pressionando as nações unidas na tentativa de legitimar o NLA e o General.

3.2 Questão Islãmica

No ano de 2013, o governo de Nouri Abusahmain tornou a Líbia um Estado secularizado


após a implementação da Sharia - um sistema de leis detalhadas pautadas na religião islâmica, que
visa seguir os preceitos do Corão -, tal medida trouxe a insatisfação de grande parte da população
por vários motivos, pois além de ser um conjunto de leis extremamente radicais, conservadoras e
fundamentalistas, esta decisão foi tomada com o propósito de se alinhar à Irmandade Muçulmana,
um grupo fundamentalista islâmico radical de orientação Sunita que atua em cerca de 70 países
e tem sua sede em Cairo no Egito, fator que causou muito descontentamento na população, uma
vez que Líbia e Egito possuem várias rixas entre si.
Após a implementação da lei, o Conselho da Shura de Revolucionários de Benghazi,
uma coligação militar composta por milícias islamistas e jihadistas, se posicionou fortemente
contra o ocorrido, o que causou novas divisões no Estado líbio, tornando este cada vez mais
enfraquecido.
Com o Estado muito enfraquecido e o território com severas divisões entre o exército e
vários grupos paramilitares, fossem eles islamistas ou jihadistas, o Estado Islâmico do Iraque
e do Levante (ISIS) se infiltrou no país e começou a realizar uma série de atentados terroristas
com o objetivo de ampliar seu califado para o território líbio e rapidamente já estava presente em
grandes cidades do país, como Benghazi e a capital Trípoli.
Mesmo com a forte presença no país, a organização vem perdendo muita força na Líbia,
seguindo a tendência que vem acontecendo em outros conflitos onde a mesma é presente, como
por exemplo a Guerra da Síria.
Capítulo 3. O Conflito Atual 9

3.3 ONU

Desde seu apoio a tomada de poder contra Muammar Gaddafi, as Nações Unidas tem
dado apoio ao governo que atualmente comanda o país o Congresso Nacional Geral (CGN).
O atual secretário-geral afirmou em Abril deste ano, afirmou estar muito preocupado
com a questão Líbia declarando que “não há solução militar” para restaurar paz e estabilidade no
país. Em março, Guterres expressou esperança de uma solução para a instabilidade da Líbia, para
o conflito civil e para a turbulência econômica, decorrentes da queda do ex-ditador Muammar
Gaddafi, em 2011.
Segundo o chefe da ONU, a solução poderia ser encontrada após um encontro histórico
entre o primeiro-ministro, Faiez Serraj, e o comandante Haftar, que aconteceu no final de
fevereiro. Os dois líderes concordaram em realizar eleições nacionais e democráticas, e em
“maneiras de manter estabilidade no país e unificar suas instituições”. Ainda sua visita a libia
o chefe da ONU quando vistou o Centro de Detenção em Trípoli, Guterres disse que estava
“profundamente chocado e comovido com o sofrimento e o desespero” que viu no local, “onde os
migrantes e refugiados estão detidos por tempo ilimitado e sem qualquer esperança de recuperar
as suas vidas.”
Em 18 de abril 2019 de acordo com o site de noticias G1 filiado a rede globo. Segundo
a Reuters, as forças de Haftar repeliram o ataque, que ocorreu na base Tamanhint, perto da
cidade de Sabha. Existe, no país, o risco de “uma conflagração generalizada”, advertiu o enviado
da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, em uma entrevista concedida à AFP “Depois dos primeiros
êxitos do LNA, do marechal Khalifa Haftar, há duas semanas, observamos um impasse militar”,
disse Salamé.
Nos últimos tempos o General Haftar é apoiado pelo Egito, Emirados Árabes Unidos,
Rússia e França. Seus defensores o veem como a melhor esperança de estabilizar o país e
combater extremistas.
A ONU cre que o dialogo entre as partes facciosas da libia seja a única solução para o
país ainda não reconhecendo, de forma alguma, apoio ao general Khalifa Haftar.
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4 Crise Migratoria

Por ser um pais do norte africano e sua proximidade da Itália e França através do
mar mediterrâneo vários refugiados tem tentado chegar a estes países outros destinos também
são Tunísia e Argélia. Nos últimos anos, o número de pessoas que cruzou o mar do norte da
África para o sul da Europa aumentou consideravelmente. Ao que tudo indica, a tendência é
de que continue nesse ritmo, de acordo com o ACNUR. Das três principais rotas utilizadas por
refugiados e migrantes para chegar à Europa.
De acordo com o estudo, refugiados e migrantes na Líbia são predominantemente
homens jovens (80%), com idade média de 22 anos e que viajam sozinhos (72%). Na Líbia,
refugiados e migrantes costumam ter um baixo nível de escolaridade, sendo que 49% deles
tiveram pouco ou nenhum acesso à educação. Apenas 16% recebeu formação profissional ou
educação superior. Eles vêm de diferentes contextos, mas podem ser agrupados em quatro
diferentes categorias.
Além da localização estratégica da Líbia, o conflito e a instabilidade no país contri-
buíram para criar um ambiente onde o tráfico de pessoas e redes criminosas se expandam. Ao
mesmo tempo, o colapso do sistema de justiça e a reincidência da impunidade levaram muitos
grupos armados, criminosos e indivíduos a participar da exploração e do abuso de refugiados e
migrantes. Os relatórios da ONU constatam condições insuportáveis nos lugares de concentração
de imigrantes e práticas terríveis como a compra e venda de pessoas como força de trabalho,
escravas sexuais ou instrumento de chantagem para obter dinheiro de suas famílias. Agora as
máfias adotaram uma nova forma de atuação para tirar proveito dos dispositivos de resgate no
Mediterrâneo: elas sobrecarregam as embarcações e, quando chegam a águas internacionais,
retiram o motor para reutilizá-lo.
Desde 2015, chegaram às costas da Itália 385.000 migrantes da Líbia e, em quatro
anos, 12.064 morreram no mar. Não se sabe quantos migrantes morrem em território líbio ou no
deserto. A comunidade internacional não pode permitir esta espantosa deriva e não haverá forma
de pará-la sem uma ação coordenada para reparar o erro que cometeu em 2011: não preparar um
plano para estabilizar o país depois do desaparecimento de Kadafi.
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Referências

BBC. Por que a Líbia volta a ser tomada pela guerra civil. 09/04/2019. Site. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47870201. Acesso em: 11/06/2019.

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publications/the-world-factbook/geos/ly.html.

DW NEWS. Libya: Who is Khalifa Haftar and why does he want to take Tripoli? | DW
News. 06/04/2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j91STBXHgRI. Acesso
em: 17/06/2019.

EL PAIS. O vulcão líbio. 21/05/2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/


27/opinion/1495899844_170504.html.

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Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/otan-na-libia-objetivos-se-confundem-
intervencao-se-alonga,f47a4af60c6ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html.

G1. Por que há uma nova escalada de conflitos na Líbia? 09/04/2019. Disponí-
vel em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/09/por-que-ha-uma-nova-escalada-de-
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chefe-da-onu-expressa-preocupacao-com-relatos-de-avancos-militares-no-pais/.

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vel em: https://www.terra.com.br/noticias/da-revolucao-a-guerra-civil-na-libia,
b963bc2b02ddb2bf460c9a130ab6fe55n01msrht.html.

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Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/guarda-costeira-libia-intercepta-quase-mil-
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wiki/Guerra_Civil_L%C3%ADbia_(2014%E2%80%93presente). Acesso em: 17/06/2019.

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17/06/2019.

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