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Crise na Líbia
Belo Horizonte
18 de Junho 2019
Sumário
1 A Geografia da Líbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1 Demografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Recursos bélicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Historia da Líbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1 Pre-Gaddafi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Era Gaddafi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Primeira guerra Civil da Líbia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3 O Conflito Atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.1 A Câmara dos Representantes e o General Haftar . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Questão Islãmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.3 ONU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4 Crise Migratoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
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1 A Geografia da Líbia
1.1 Demografia
país. Durante o governo de Muammar Gaddafi, de origem árabe, os árabes tiveram sua cultura
imposta sobre as minorias.
Os berberes (ou Imazhigen) são um conjunto de povos predominantemente nômades
que habitam a região do Magrebe, na qual está inclusa a Líbia. Eles têm sua própria língua e
sistema de escrita. Assim como os árabes, são seguidores da fé islâmica.
Sendo seguido por 97% da população, o Islã é um elemento-chave na constituição
nacional, atuando como uma força centrífuga de unidade do Estado.
Devido à colonização feita pela Itália, há influência do país na culinária, nos esportes e
no dialeto local, como o uso de algumas expressões italianas na linguagem.
1.2 Economia
A Líbia é o 77º país em poder bélico. Tem cerca de 3 milhões de pessoas prontas para
serviço armado (manpower), e 30 mil militares ativos. Sua força aérea é a 66ª mais poderosa do
mundo, com 118 aviões e 27 helicópteros. Em poder terrestre tem 300 tanques de guerra, 530
veículos armados, 75 lança-foguetes, 155 de tipos diferentes de artilharia. Não há dados sobre
seu poder naval.
Tendo sido classificada como uma unidade política “não estatal” pela ONU em 2014,
após a segunda guerra civil ter se iniciado, as forças armadas se encontram divididas. O Exército
Nacional Líbio, comandado por Khalifa Haftar, está aliado à Câmara dos Representantes da
Líbia, junto às Brigadas de Zintane e as milícias tribais de Warshefana. No lado do Governo
do Acordo Nacional encontram-se a Guarda Presidencial, as Brigadas de Misurata, o Conselho
Militar de Sabratha, a Terceira Força de Misurata e as Guardas das Instalações de Petróleo.
É importante ressaltar que, além das forças bélicas já existentes dentro do território
nacional, ambos os lados estão sendo supridos de apoio estrangeiro, como a França, Rússia e
Egito, que apoiam a CRL, e EUA, Reino Unido e OTAN, que apoiam o GAN. Além disso, o
Estado Islâmico também controla algumas áreas do país, então tem acesso a alguns recursos,
como recrutamento de pessoas locais às suas forças.
O poder militar da Líbia está mais focado no setor terrestre, semelhante às ideias
Capítulo 1. A Geografia da Líbia 4
de Halford Mackinder, e é atualmente o mais importante na Guerra Civil. O país tem sua capital
e grandes cidades no Mar Mediterrâneo, porém sua marinha já era pequena desde antes da crise,
e se tornou ainda menor após boa parte ter sido destruída por forças da OTAN em 2011. Nos
últimos dados, possuíam 2800 militares ativos nesse setor, e está sendo controlada em totalidade
pelo GAN.
A força aérea também cumpre um papel relevante na guerra civil, pois ambos os lados
fazem uso de bombardeios às bases inimigas. Ela está sendo um fator importante no conflito
mais recente, a Ofensiva Ocidental da Líbia, uma tentativa da CRL de tomar Tripoli. Tendo
4500 combatentes, o setor aéreo do exército se encontra dividido na guerra civil. Ambos os
lados, especialmente o GAN, sofrem com falta de qualificação de profissionais. A maioria de
seus pilotos tem mais de cinquenta anos de idade, e boa parte destes foi morta durante a guerra.
Por conta disso, o poder aéreo é atualmente suprido por mercenários de lugares diversos, o que
atrapalha sua organização.
Em suma, as forças dos dois lados são compostas principalmente de militares e maqui-
nário de guerra em solo, milícias locais com participação expressiva e apoio estrangeiro.
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2 Historia da Líbia
2.1 Pre-Gaddafi
A Região da Líbia é datada desde o século II A.C, quando os colonos gregos nomearam a
região. Durante sua história, as regiões da Tripolitania, Cirenaica e do Fezã foram domidadas por
Fenícios, Gregos, Romanos e Otomanos, sendo até motivo de interesse norte-americano no
século XIX. Após a Guerra Ítalo-Turca, o território líbio ficou sob controle dos Italianos. O
Território Líbio foi um grande alvo de conflitos durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma das
principais batalhas da guerra, o Reino Unido confrontou o Eixo Alemanha Itália em o que ficou
conhecido como a Campanha da Líbia. Com a vitória da Aliança, o território líbio foi dividido
entre o Reino Unido e a França, porem a Assembleia Geral das Nações Unidas permitiu que o a
Líbia se declarasse independente. Assim, em 24 de dezembro de 1951, o Rei Idris I declarou o
Reino da Líbia, reunindo as antigas regiões em um único Estado. Inspirado da estrutura política
britânica, foi instaurado uma Monarquia Parlamentarista.
Com a criação da Liga Árabe e a admissão da Líbia, o Rei Idris permitiu a instalação
do bases militares dos Estados Unidos e do Reino Unido. Essa política americana seguia a
proposta de Spykman em deter uma presença nos territórios dentro e próximos do Rimland, com
o objetivo de manter influência e controle, para assegurar os interesses americanos. Porém, depois
da descoberta do petróleo na região, o governo líbio exigiu a retirada das bases estrangeiras
no território, o que causou um conflito com essas duas potencias e o seu vizinho, Egito.
1972, em uma tentativa de arabizar a região, ele criou a Legião Islâmica. Durante sua história,
Gaddafi apoiou vários movimentos de independência, não só pacíficos como o Congresso
Nacional Africano de Nelson Mandela, mas também movimentos radicais como a causa Palestina
e o IRA na Irlanda. Além disso, Gaddafi era alvo de críticas internacionais devido a seu apoio a
movimentos terroristas ao redor do mundo, o que causou a Líbia várias sanções internacionais
durante o período Gaddafi. Porém, após os ataques de 11 de setembro de 2001, Gaddafi passou a
mudar sua abordagem quanto ao terrorismo.
3 O Conflito Atual
Após a queda do ditador Muammar Gaddafi em 2013, a Líbia começou seu processo de
democratização, porém a democracia encontrou diversos problemas após a primeira guerra civil,
já que varia das milícias que ajudaram na derrubada de Gaddafi acabaram adquirindo muita força
e influência no país, assim dificultando o governo do Congresso Geral Nacional a ter autoridade
e força na região.
Em 2013 o presidente do país Mohammed Magariaf renuncia seu cargo de chefe de
estado e colocou no poder Nouri Abusahmain, o qual iria se manter no poder até o final de seu
mandato. Porém, o mesmo foi acusado de abuso de poder e corrupção, e ao final de seu mandato,
em uma manobra política, declarou a aplicação da Xaria, a lei islã, que o permitiria ficar mais
tempo no poder, gerando grandes revoltas da população.
ONU.
Haftar tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, e fez uma visita à Arábia
Saudita uma semana antes de lançar a ofensiva em Trípoli. O general Haftar fez várias viagens
à Rússia, foi recebido em um porta-aviões russo na Líbia e no domingo a Rússia vetou uma
declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando seu avanço sobre Trípoli.
A França, que assumiu um papel de mediação, negou tomar partido apesar das suspeitas
sobre sua relação com o general. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder
ocidental a convidá-lo para a Europa em conversações de paz, e a França lançou ataques aéreos
em apoio às forças do general Haftar em fevereiro.
Eles atacaram as forças da oposição chadiana que lutavam contra o NLA no sul. Obser-
vadores dizem que a participação de Haftar em conversas na França, Itália e Emirados Árabes
Unidos buscava mais posicioná-lo no cenário internacional do que buscar um acordo. Recen-
temente o general também recebeu o apoio do presidente americano Donald Trump causando
uma reviravolta no cenário internacional e é mais provável que vários países sigam a mesma
tendência, assim pressionando as nações unidas na tentativa de legitimar o NLA e o General.
3.3 ONU
Desde seu apoio a tomada de poder contra Muammar Gaddafi, as Nações Unidas tem
dado apoio ao governo que atualmente comanda o país o Congresso Nacional Geral (CGN).
O atual secretário-geral afirmou em Abril deste ano, afirmou estar muito preocupado
com a questão Líbia declarando que “não há solução militar” para restaurar paz e estabilidade no
país. Em março, Guterres expressou esperança de uma solução para a instabilidade da Líbia, para
o conflito civil e para a turbulência econômica, decorrentes da queda do ex-ditador Muammar
Gaddafi, em 2011.
Segundo o chefe da ONU, a solução poderia ser encontrada após um encontro histórico
entre o primeiro-ministro, Faiez Serraj, e o comandante Haftar, que aconteceu no final de
fevereiro. Os dois líderes concordaram em realizar eleições nacionais e democráticas, e em
“maneiras de manter estabilidade no país e unificar suas instituições”. Ainda sua visita a libia
o chefe da ONU quando vistou o Centro de Detenção em Trípoli, Guterres disse que estava
“profundamente chocado e comovido com o sofrimento e o desespero” que viu no local, “onde os
migrantes e refugiados estão detidos por tempo ilimitado e sem qualquer esperança de recuperar
as suas vidas.”
Em 18 de abril 2019 de acordo com o site de noticias G1 filiado a rede globo. Segundo
a Reuters, as forças de Haftar repeliram o ataque, que ocorreu na base Tamanhint, perto da
cidade de Sabha. Existe, no país, o risco de “uma conflagração generalizada”, advertiu o enviado
da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, em uma entrevista concedida à AFP “Depois dos primeiros
êxitos do LNA, do marechal Khalifa Haftar, há duas semanas, observamos um impasse militar”,
disse Salamé.
Nos últimos tempos o General Haftar é apoiado pelo Egito, Emirados Árabes Unidos,
Rússia e França. Seus defensores o veem como a melhor esperança de estabilizar o país e
combater extremistas.
A ONU cre que o dialogo entre as partes facciosas da libia seja a única solução para o
país ainda não reconhecendo, de forma alguma, apoio ao general Khalifa Haftar.
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4 Crise Migratoria
Por ser um pais do norte africano e sua proximidade da Itália e França através do
mar mediterrâneo vários refugiados tem tentado chegar a estes países outros destinos também
são Tunísia e Argélia. Nos últimos anos, o número de pessoas que cruzou o mar do norte da
África para o sul da Europa aumentou consideravelmente. Ao que tudo indica, a tendência é
de que continue nesse ritmo, de acordo com o ACNUR. Das três principais rotas utilizadas por
refugiados e migrantes para chegar à Europa.
De acordo com o estudo, refugiados e migrantes na Líbia são predominantemente
homens jovens (80%), com idade média de 22 anos e que viajam sozinhos (72%). Na Líbia,
refugiados e migrantes costumam ter um baixo nível de escolaridade, sendo que 49% deles
tiveram pouco ou nenhum acesso à educação. Apenas 16% recebeu formação profissional ou
educação superior. Eles vêm de diferentes contextos, mas podem ser agrupados em quatro
diferentes categorias.
Além da localização estratégica da Líbia, o conflito e a instabilidade no país contri-
buíram para criar um ambiente onde o tráfico de pessoas e redes criminosas se expandam. Ao
mesmo tempo, o colapso do sistema de justiça e a reincidência da impunidade levaram muitos
grupos armados, criminosos e indivíduos a participar da exploração e do abuso de refugiados e
migrantes. Os relatórios da ONU constatam condições insuportáveis nos lugares de concentração
de imigrantes e práticas terríveis como a compra e venda de pessoas como força de trabalho,
escravas sexuais ou instrumento de chantagem para obter dinheiro de suas famílias. Agora as
máfias adotaram uma nova forma de atuação para tirar proveito dos dispositivos de resgate no
Mediterrâneo: elas sobrecarregam as embarcações e, quando chegam a águas internacionais,
retiram o motor para reutilizá-lo.
Desde 2015, chegaram às costas da Itália 385.000 migrantes da Líbia e, em quatro
anos, 12.064 morreram no mar. Não se sabe quantos migrantes morrem em território líbio ou no
deserto. A comunidade internacional não pode permitir esta espantosa deriva e não haverá forma
de pará-la sem uma ação coordenada para reparar o erro que cometeu em 2011: não preparar um
plano para estabilizar o país depois do desaparecimento de Kadafi.
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Referências
BBC. Por que a Líbia volta a ser tomada pela guerra civil. 09/04/2019. Site. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47870201. Acesso em: 11/06/2019.
DW NEWS. Libya: Who is Khalifa Haftar and why does he want to take Tripoli? | DW
News. 06/04/2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j91STBXHgRI. Acesso
em: 17/06/2019.
G1. Por que há uma nova escalada de conflitos na Líbia? 09/04/2019. Disponí-
vel em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/09/por-que-ha-uma-nova-escalada-de-
conflitos-na-libia.ghtml.
GEOGRAPHY NOW. Geography Now! LIBYA. 21/03/2018. Video. Disponível em: https:
//www.youtube.com/watch?v=TBEfVYBohzc.
NACÕES UNIDAS BRASIL. Na Líbia, chefe da ONU expressa preocupação com relatos
de avanços militares no país. 04/04/2019. Disponível em: https://nacoesunidas.org/na-libia-
chefe-da-onu-expressa-preocupacao-com-relatos-de-avancos-militares-no-pais/.
VEJA. Guarda costeira líbia intercepta quase mil imigrantes em botes infláveis. 25/06/2018.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/guarda-costeira-libia-intercepta-quase-mil-
imigrantes-em-botes-inflaveis/.