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A importância do controle de

qualidade na pintura industrial


Cristina Amorim, Marcos Sá, Alberto Ordine
Departamento de Laboratórios do Fundão – DLF
Introdução

O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do controle de


qualidade dos produtos utilizados em obras de pintura de manutenção
anticorrosiva, baseado em parâmetros estabelecidos em normas técnicas.

Serão mostrados dois casos ocorridos em uma empresa do setor


elétrico, onde as tintas utilizadas não estavam de acordo com parâmetros
estabelecidos nas normas de qualidade.
Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático
Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

Requisitos técnicos da película seca da tinta de acabamento, segundo a norma


Eletrobras NE-011 (2018)

Espessura Requisitos
Ensaios película Norma a utilizar
seca (μm) Mín. Máx.

Aderência inicial 60 a 70 - Gr 1 ABNT NBR 11003

Brilho a 60º, UB 120 a 140 85 - ASTM D523

Resistência à névoa salina, h 120 a 140 720 - ABNT NBR 8094

Resistência ao SO2, (2,0 L), ciclos 120 a 140 10 - ABNT NBR 8096
Resistência à imersão em água destilada,
ASTM D870
40 °C, h
120 a 140 720 -
Resistência à condensação de umidade, a
ASTM D4585
40 OC, h (*)
Resistência à radiação UVB-313 e condensação de ASTM G154,
120 a 140 1080 -
umidade, h Ciclo 3
Resistência ao contato com solução de hidróxido de
120 a 140 168 - Esta Norma
sódio (NaOH 10%), h
Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

Requisitos técnicos da película seca da tinta de acabamento, segundo a norma


Eletrobras NE-011 (2018)

Espessura Requisitos
Ensaios película Norma a utilizar
seca (μm) Mín. Máx.

Aderência inicial 60 a 70 - Gr 1 ABNT NBR 11003

Brilho a 60º, UB 120 a 140 85 - ASTM D523

Resistência à névoa salina, h 120 a 140 720 - ABNT NBR 8094

Resistência ao SO2, (2,0 L), ciclos 120 a 140 10 - ABNT NBR 8096
Resistência à imersão em água destilada,
ASTM D870
40 °C, h
120 a 140 720 -
Resistência à condensação de umidade, a
ASTM D4585
40 OC, h (*)
Resistência à radiação UVB-313 e condensação de ASTM G154,
120 a 140 1080 -
umidade, h Ciclo 3
Resistência ao contato com solução de hidróxido de
120 a 140 168 - Esta Norma
sódio (NaOH 10%), h
Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO E REJEIÇÃO

• Em relação ao ensaio de resistência à radiação UVB, decorrido o tempo de


exposição, a película não deve apresentar empoamento ou “gizamento” (chalking).
Admite-se apenas leve alteração de cor e a redução de brilho não deve ser
superior a 20 % do valor inicial.
Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

Valor mínimo determinado pela norma


Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

Valor mínimo determinado pela norma


Estudo de caso 1- Poliuretano Acrílico Alifático

Os ensaios de desempenho das tintas em questão mostram que, apesar de todas


terem atendido aos valores mínimos exigidos no que se refere à tinta líquida, o
mesmo não ocorreu com o desempenho anticorrosivo da película seca após aplicação
e cura.

As tintas de poliuretano acrílico alifático recebidas nas cores cinza e vermelho,


falharam na maioria dos ensaios de desempenho, com pouco tempo de exposição,
não atendendo assim aos critérios de qualidade estabelecidos no seu normativo
técnico.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

A Equipe de Corrosão CEPEL, deu suporte técnico em questões relativas ao


processo de pintura anticorrosiva executado na Subestação de Camaçari II, de 500 kV.
A obra, que teve a duração de três anos, abrangeu uma área de 80 mil metros
quadrados e com custo aproximado de 22 milhões de reais, sendo cerca de 80%
relativos à proteção anticorrosiva de estruturas metálicas, como vigas, colunas e
estruturas.

A razão desta solicitação teve como base o aspecto final do revestimento que
estava sendo aplicado como tinta de fundo e que apresentava-se bastante rugoso e
irregular, estando desta forma totalmente inadequado aos requisitos de qualidade da
película seca aplicada, estabelecidos nas normas de pintura de manutenção. Além
disso, também estava sendo observado um acentuado escorrimento da tinta de
acabamento do esquema em questão.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Inspeção visual
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Inspeção visual
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Inspeção visual
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Medição da espessura seca
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Aderência por tração (pull-off)
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Aderência por tração (pull-off)
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Descaimento (sag test)
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Descaimento (sag test)
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

O Laboratório de Corrosão do Cepel recebeu da empresa executora do


trabalho de pintura de manutenção da SE Camaçari, uma remessa constituída pelas
tintas que constavam no contrato de aquisição dos serviços de pintura

Além dos ensaios relativos aos requisitos de qualidade estabelecidos nas


normas da tinta de fundo epóxi mastique alumínio e da tinta de acabamento
poliuretano acrílico alifático, os ensaios de avaliação realizados constaram de testes
de aplicabilidade com o objetivo de verificar se os problemas de enrugamento
observados em campo iriam se repetir em laboratório.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

As tintas foram aplicadas com intervalos de 24 horas de repintura entre demãos, utilizando-
se rolo de pelo curto e seguindo todas as recomendações do fabricante para os referidos
produtos. Também nestes ensaios, as tintas foram aplicadas com e sem diluição, com o
objetivo de verificar a influência da adição do diluente no aspecto final da película obtida.

• 1 (uma) demão de epóxi mastique alumínio (EMA) com 120 mm;


• 1 (uma) demão de poliuretano acrílico alifático cinza (PU Cinza) com 60 mm;
• 1 (uma) demão de poliuretano acrílico alifático branco (PU Branco) com 60 mm.

As tintas foram aplicadas em cantoneiras de aço galvanizado envelhecido, com,


aproximadamente, 95 mm de camada de galvanização, e os valores de espessura das
películas secas obtidas se encontravam dentro do valor especificado no contrato.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

Epóxi mastique alumínio Epóxi mastique alumínio + PU


Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Esquema completo
(4ª Remessa Modificada)

Com diluição de 10%


O problema se repetiu em
laboratório.
Sem diluição
O enrugamento acentuado
observado na tinta de fundo
epóxi mastique alumínio não
conseguiu ser coberto pelas
demãos aplicadas da tinta de
acabamento. Este resultado
reproduziu aquele encontrado
em campo.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

Aspecto da tinta de fundo epóxi mastique alumínio


aplicada a rolo, trincha e pistola convencional
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Acompanhamento da aplicação, em campo, das tintas aprovadas após
ensaios no Cepel

Como previsto no cronograma estabelecido, após a aprovação das tintas epóxi


mastique alumínio, poliuretano acrílico cinza e branco, pelo Laboratório de Corrosão do
Cepel, foi agendado o ensaio de campo para a aplicação destas tintas, em uma estrutura
escolhida.
O trabalho inicial constou da escavação ao redor dos pés de sustentação da estrutura,
seguido de lixamento manual com manta abrasiva e posterior limpeza, para a retirada de terra e
outras sujidades.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Acompanhamento da aplicação, em campo, das tintas aprovadas após
ensaios no Cepel
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari
Após a limpeza da superfície, foi realizada a medição da espessura do esquema de
pintura antigo remanescente na estrutura, que ainda se apresentava em condições
satisfatórias e, logo em seguida, foi aplicada uma demão da tinta epóxi mastique alumínio.
Estudo de caso 2 – Pintura na SE Camaçari

Na sequência dos trabalhos, foi


realizada a medição da espessura seca das
tintas aplicadas e o resultado foi considerado
satisfatório, já que, principalmente a tinta de
fundo epóxi mastique alumínio alcançou a
espessura seca de 120 mm em demão única.
Também foi constatada a boa cobertura da
tinta de poliuretano sobre a tinta de fundo.

Assim, a tinta epóxi mastique


alumínio foi aprovada em termos de
aplicabilidade a rolo, uma vez que não
apresentou o aspecto rugoso encontrado por
ocasião do início da obra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização dos trabalhos seguindo procedimentos normatizados no preparo de
superfície e aplicação de tintas foi o fator determinante para a qualidade final obtida, bem
como evitou um custo extra, em termos de retrabalho, para a Empresa que estava
resguardada pelos procedimentos estabelecidos nas Normas Eletrobras de Pintura
Anticorrosiva.
Vale registrar que, durante todo o tempo envolvido nos trabalhos de perícia e
análise dos produtos em questão, tanto a empresa contratada para a realização da pintura,
como o fabricante das tintas, mostraram-se bastante solícitos e presentes em todos os
momentos do trabalho.
Este comprometimento permitiu ao fabricante chegar a um produto de qualidade
superior que atende os padrões de qualidade de pintura anticorrosiva das Empresas
Eletrobras.
O Cepel continua à disposição das Empresas Eletrobras, na aplicação das Normas
Técnicas de Pintura Anticorrosiva bem como na divulgação das boas práticas de pintura
anticorrosiva de manutenção.
SCSE 2020
Seminário de Corrosão para o Setor Elétrico

Participe!
20 a 22 de outubro de 2020
Cepel – Rio de Janeiro
Informações: eventos@cepel.br
http://seminariodecorrosao.com.br/

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