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Apoio: Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica- IBAP.
310 Nunes, Muniz, Reppold, Faiad, Bueno & Noronha
descritas neste documento foram feitas com base em 1. Conhecer os aspectos históricos da avaliação
referências bem difundidas e aceitas pela comuni- psicológica em âmbito nacional e internacional;
dade científica da área. Este documento foi escrito 2. Conhecer a legislação pertinente à avaliação psi-
como uma proposta de conteúdos desejáveis para cológica (Resoluções do CFP, Código de Ética
as disciplinas de avaliação psicológica ao longo do Profissional do Psicólogo, histórico do Sistema
curso. Entendemos que não contemplamos todos de Avaliação dos Testes Psicológicos- SATEPSI
os temas relacionados à avaliação psicológica, pois - e as políticas do Conselho Federal de Psicolo-
se trata de uma área dinâmica, em constante atuali- gia para a Avaliação Psicológica);
zação, o que suscitará revisões da proposta ao longo 3. Considerar os aspectos éticos na realização da
do tempo. Há conteúdos que ainda não foram con- avaliação psicológica;
templados neste documento, mas que também fazem 4. Analisar se há condições de espaço físico ade-
parte da área de avaliação psicológica e podem ser quadas para a avaliação e estabelecer condições
inseridos nas matrizes curriculares pelas IES, tais suficientes para tal;
como conhecimentos avançados em Teoria de Res- 5. Ser capaz de compreender a Avaliação Psicoló-
posta ao Item. Esses tópicos não foram incluídos por gica enquanto processo, aliando seus conceitos
se entender que não fazem parte de competências às técnicas de avaliação;
básicas para formação do psicólogo na graduação, 6. Ter conhecimento sobre funções, origem, natu-
mas sim de competências avançadas, que devem ser reza e uso dos testes na avaliação psicológica;
trabalhadas em estudos de pós graduação. 7. Ter conhecimento sobre o processo de constru-
Além disso, contextos específicos da ção de instrumentos psicológicos;
avaliação psicológica devem ser inseridos nas dis- 8. Ter conhecimento sobre validade, precisão,
normatização e padronização de instrumentos
ciplinas sugeridas, tais como avaliação no contexto
psicológicos;
jurídico, neuropsicológico, entre outros. Sugere-se
9. Escolher e interpretar tabelas normativas dos
que sejam discutidas nessas áreas diferentes estraté-
manuais de testes psicológicos;
gias de avaliação e que os testes psicológicos sejam
10. Ter capacidade crítica para refletir sobre as con-
analisados quanto a suas evidências de validade em
sequências sociais da avaliação psicológica;
cada contexto. Acreditamos que o conteúdo proposto
11. Saber avaliar fenômenos humanos de ordem
presentemente pode servir como fonte de discussão
cognitiva, afetiva e comportamental em diferen-
para a revisão de matrizes curriculares, com a obser-
tes contextos;
vância de que cada IES deve fazer os ajustes que
12. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica
forem possíveis, considerando sua realidade.
de testes psicométricos e do fenômeno avaliado;
O presente documento subdivide-se em 13. Saber administrar, corrigir, interpretar e redigir
quatro partes. Primeiramente são abordadas as os resultados de testes psicológicos e outras téc-
competências mínimas a serem alcançadas na for- nicas de avaliação;
mação do aluno do curso de psicologia na temática 14. Selecionar instrumentos e técnicas de avalia-
de avaliação psicológica. Na sequência, são sugeri- ção de acordo com objetivos, público alvo e
das disciplinas e conteúdos programáticos alinhados contexto;
com as competências esperadas. A terceira parte se 15. Ter conhecimento sobre a fundamentação teó-
refere à estrutura de ensino, no que tange à infraes- rica de testes projetivos e/ou expressivos e do
trutura necessária, métodos de ensino, formação fenômeno avaliado;
docente e outras orientações importantes. Por fim, a 16. Saber planejar uma avaliação psicológica de
última parte traz uma lista de referências bibliográfi- acordo com objetivo, público alvo e contexto;
cas que podem ser utilizadas nas disciplinas da área. 17. Planejar processos avaliativos e agir de forma
coerente com os referenciais teóricos adotados;
Parte 1: competências em avaliação psicológica 18. Identificar e conhecer peculiaridades de dife-
Espera-se que, ao longo do processo de rentes contextos de aplicação da avaliação
formação do aluno no curso de graduação em Psico- psicológica;
logia, o mesmo possa desenvolver 27 competências 19. Saber estabelecer rapport no momento da
básicas, listadas a seguir. avaliação;
20. Conhecer teorias sobre entrevista psicológica e • Validade, precisão e normatização de instrumen-
conduzi-las com propriedade; tos psicológicos;
21. Conhecer teorias sobre observação do compor- • Padronização das condições da avaliação
tamento e conduzi-las adequadamente; psicológica;
22. Identificar as possibilidades de uso e limitações • Tabelas normativas dos manuais de testes
de diferentes técnicas de avaliação psicológica, psicológicos;
analisando-as de forma crítica; • Consequências sociais da avaliação psicológica.
23. Comparar e integrar informações de diferentes
fontes obtidas na avaliação psicológica; Avaliação Psicológica II
24. Fundamentar teoricamente os resultados decor- Conteúdo programático:
rentes da avaliação psicológica;
25. Elaborar laudos e documentos psicológicos, • Fundamentação teórica de testes psicométricos
bem como ajustar sua linguagem e conteúdo de para avaliação cognitiva;
acordo com destinatário e contexto; • Instrumentos psicológicos para avaliação de
26. Comunicar resultados decorrentes da avaliação fenômenos humanos de ordem cognitiva, em
psicológica aos envolvidos no processo, por diferentes contextos e para diferentes públicos
meio de devolutiva verbal; alvo;
27. Realizar encaminhamentos ou sugerir interven- • Administração, correção, interpretação e reda-
ções de acordo com os resultados obtidos no ção de resultados de testes psicológicos e outras
processo de avaliação psicológica. técnicas de avaliação cognitiva.
- Formação acadêmica compatível com a área; alunos devem ser supervisionados por docen-
- Experiência profissional compatível com o con- tes que tenham conhecimento e experiência na
teúdo ministrado; área.
- Constante atualização por meio de leitura de
artigos e de participação em eventos científicos. Parte 4: referências indicadas para as disciplinas
da área
Por fim, recomenda-se que o docente res- Atendendo à formação das competências
ponsável por disciplinas que trabalhem com testes sugeridas no presente texto, indicamos algumas
psicológicos e os supervisores de estágios especí- referências básicas e complementares para uso nas
ficos estejam devidamente inscritos no Conselho disciplinas de avaliação. As referências abaixo não
Regional de Psicologia, em respeito ao Código de privilegiam nenhuma editora, autor ou testes psi-
Ética Profissional e ao artigo 18, item III, da reso- cológicos específicos. A escolha de referências
lução 2/2003. relacionadas aos testes deve ser feita pelos profes-
sores da área, de acordo com as orientações de cada
d) Orientações importantes IEs. Por fim, os docentes deverão buscar conhecer
os lançamentos de livros, pois novos materiais vão
- Os testes psicológicos devem ser resguardados sendo produzidos e a atualização das referências
em local específico, sob a supervisão de um pro- adotadas deve ser constante.
fessor responsável;
- Deve haver, por parte da IES, um controle de Referências
entrada e saída dos instrumentos psicológi-
cos, resguardando seu uso apenas por parte de Alchieri, J. C. (2007). Avaliação Psicológica: Pers-
estudantes e profissionais da área, conforme pectivas e contextos. São Paulo: Vetor.
artigo 18 do Código de Ética Profissional do
Alchieri, J. C. & Cruz, R. M. (2003). Avaliação
Psicólogo, que indica “O psicólogo não divul-
gará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá psicológica: conceito, métodos, medidas e ins-
a leigos instrumentos e técnicas psicológicas trumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
que permitam ou facilitem o exercício ilegal da Almeida, L. S. (2002). As aptidões da definição e
profissão”. avaliação da inteligência: o concurso da análise
- Testes psicológicos e Manuais de testes não fatorial. Paideia, 12(23), 5-17.
devem ser disponibilizados em Bibliotecas,
Ambiel, R. A. M., Rabelo, I. S., Pacanaro S. V., Al-
dado que se trata de materiais de uso exclusivo
ves, G. A. S & Leme, A. S. (2010). Avaliação
do aluno ou profissional de psicologia;
psicológica: guia de consulta para estudantes
- Orienta-se que os docentes utilizem apenas
e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa
materiais originais dos testes, requerendo da
do Psicólogo.
IES um investimento na compra e disponibili-
zação dos mesmos aos alunos. Essa recomenda- Ambiel, R. A. M., Rabelo, I. S., Pacanaro, S. V., Al-
ção tem apoio no artigo 2, alínea h do Código de ves, G. A. S. & Leme, I. A. S. (2010). Avaliação
Ética Profissional do Psicólogo, que indica que psicológica: guia de consulta para estudantes e
é vedado ao psicólogo “Interferir na validade e profissionais de psicologia - E-book. São Paulo:
fidedignidade de instrumentos e técnicas psico- Casa do Psicólogo.
lógicas, adulterar seus resultados ou fazer decla-
American Association on Mental Retardation.
rações falsas”. Entende-se que a cópia de mate-
(2006). Retardo Mental: definição, classificação
riais referentes aos testes interfere na validade
e sistemas de apoio. Porto Alegre: Artmed.
do instrumento, que foi construído e validado
considerando as condições em que é comercia- Anache, A. & Reppold, C. T. (2010). Avaliação
lizado, e não baseado em cópias; Psicológica: Implicações éticas. In Conselho
- Sugere-se que as IES busquem locais que possi- Federal de Psicologia (Org.), Avaliação Psi-
bilitem estágios supervisionados na área de ava- cológica: Diretrizes na regulamentação da
liação psicológica, em diferentes contextos. Os profissão (pp. 57-85). Brasília: CFP.
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Sobre os autores:
Maiana Farias Oliveira Nunes, Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco. Pós-douto-
randa da UFRGS. Professora do curso de Psicologia da Faculdade Avantis.
Monalisa Muniz, Psicóloga. Doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco. Docente e Pesquisadora da
Universidade Do Vale do Sapucaí.
Caroline Tozzi Reppold, Psicóloga. Doutora em Psicologia pela UFRGS. Professora adjunta da UFCSPA. Bolsista
Produtividade do CNPQ
Cristiane Faiad, Psicóloga. Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília. É professora do curso de Mes-
trado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira
José Maurício Haas Bueno, Psicólogo. Doutor em Psicologia pela Universidade São Francisco. Professor da Uni-
versidade Federal de Pernambuco
Ana Paula Porto Noronha, é psicóloga, doutora em Psicologia: Ciência e Profissão pela PUC de Campinas e
docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco