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ABSTRACT
Objective: The objective of this systematic review was to investigate the effect of Physical Therapy on reversing
the elderly frailty and provide evidence for the benefits of this intervention. Methods: Randomized clinical trials
were selected and retrieved on databases MedLine, SciELO, Lilacs and PEDro. The quality of the studies was
analyzed and data extraction was done independently. Results: The results demonstrated a positive effect of
Physical Therapy intervention on physical and functional ability of frail elderly, however there is no evidence of the
reversibility of frailty. Conclusion: The implementation of effective interventions can minimize the adverse effects
of the syndrome in the population at risk. These findings suggest that efforts are more important for the prevention
of frailty than for its reversibility.
Keywords: Frailty, elderly, physical therapy, rehabilitation.
1
Universidade
Federal de Minas Endereço para correspondência: Alexandra Miranda Assumpção • Rua Antônio Dias 259/201. Bairro Santo Antônio
Gerais (UFMG). – 30350-150 – Belo Horizonte, MG • Tel.: (31) 3344-7162 • E-mail: alexandram.fisio@gmail.com
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sistema de saúde, buscando reduzir a incidência, a feriram à fragilidade no título do estudo e que apre-
prevalência e o impacto da fragilidade na população sentaram pontuação menor que quatro na escala
de idosos4. PEDro13, por serem considerados de baixa qualida-
de metodológica.
Entretanto, não há um consenso na literatura so-
bre o melhor tratamento de fisioterapia ao qual um A seleção dos artigos encontrados com a busca nas
idoso frágil deveria ser submetido. Sendo assim, o ob- diferentes bases de dados foi realizada em três etapas
jetivo desse estudo foi o de identificar as evidências distintas. Na primeira etapa, foi realizada a leitura
científicas sobre reversibilidade da fragilidade. Além dos títulos dos estudos encontrados. Foram excluídos
disso, é importante conhecer o efeito da intervenção aqueles que claramente não se enquadravam a qual-
fisioterapêutica na minimização de eventos adversos quer um dos critérios de inclusão deste estudo. Na
da fragilidade em idosos, acentuando as possibilida- segunda etapa, foi realizada a leitura dos resumos dos
des para prevenção e para o tratamento, bem como estudos selecionados na primeira etapa e, da mesma
a intervenção mais eficaz para prevenir o desenvolvi- forma, foram excluídos aqueles que claramente não
mento da fragilidade. se adequavam a qualquer um dos critérios de inclusão
preestabelecidos. Na terceira etapa, todos os estudos
que não foram excluídos nessas duas primeiras etapas
MÉTODOS foram lidos na íntegra para a seleção dos que seriam
incluídos nesta revisão.
Para verificar a eficácia das intervenções fisiotera-
pêuticas sobre a capacidade de reversão e preven-
ção de um quadro de fragilidade no idoso, foram
Resultados
realizadas buscas nas bases de dados Medical Lite-
rature Analysis and Retrieval System Online (Me- Na base de dados MedLine, via PubMed, cruzando-se
as palavras-chave, foram encontrados 174 artigos, dos
dLine), Scientific Electronic Library (SciELO),
quais 45 resumos foram lidos e 32 artigos foram se-
Literatura Latino-Americana em Ciências da Saú-
lecionados para leitura na íntegra. Desses 32, quatro
de (LILACS) e Physiotherapy Evidence Data Base
foram solicitados via COMUT e 28 estavam dispo-
(PEDro). Para cada uma delas, foi elaborada uma es-
níveis on line. Nas bases de dados SciELO e LILACS,
tratégia específica com o objetivo de identificar en-
não foram encontrados estudos com as palavras-cha-
saios clínicos aleatorizados.
ve usadas. Na PEDro, foram encontrados 24 estudos,
Na MedLine, utilizando-se a ferramenta de busca dos quais foram selecionados dois que se enquadra-
PubMed, foi utilizada uma estratégia de busca para vam nos critérios de inclusão preestabelecidos. Todos
ensaios clínicos aleatorizados, com as seguintes pala- os estudos selecionados para leitura foram avaliados
vras-chave combinadas: “Frail” OR “Frailty” AND de acordo com a escala de qualidade metodológica de
“Elderly” AND “Physical Therapy” OR “Physio- ensaios clínicos proposta pela base de dados PEDro
therapy”. Os seguintes limites de busca foram uti- e foram excluídos aqueles com nota inferior a quatro
lizados: languages (inglês e português); ages (adultos nessa escala.
acima de 65 anos); published in the last (10 anos). Na Dos 34 trabalhos selecionados, apenas 11 foram
PEDro, foram utilizadas as palavras-chave “Frailty escolhidos para participar da revisão sistemática. Os
ou Frail”, limitando a busca em “clinical trial” e “ge- artigos foram excluídos de acordo com as seguintes
rontology”. Na LILACS e SciELO, foram utilizadas razões: não se adequavam ao tema proposto; não
as palavras-chave: “Fragilidade ou Frágil”, “Idosos” e apresentavam grupo controle; tratavam-se de revisões
“Fisioterapia”. da literatura; utilizaram intervenção em população
Os critérios de inclusão dos estudos encontra- idosa não frágil ou sem definição de um critério de
dos pelas buscas nas bases de dados foram: ser do fragilidade preestabelecido.
tipo ensaio clínico aleatorizado; estar publicado nos As informações contidas nos artigos selecionados
idiomas português ou inglês, de janeiro de 1997 a por essa revisão foram resumidas, de forma indepen-
dezembro de 2007, ter como sujeitos de pesquisa dente, nos seguintes tópicos: autor/ano; objetivos;
idosos acima de 65 anos e ter como intervenção a amostra; critérios de classificação de fragilidade; in-
realização de exercícios terapêuticos específicos para tervenção; grupo controle; resultados e conclusão.
a população idosa, classificada como frágil pelos Dados referentes às características dos estudos anali-
autores. Foram excluídos os estudos que não se re- sados estão sumarizados na tabela 1.
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Sato et Investigar os N = 30, idosos Ter mais de 65 Uma hora de Atividades Diferenças Exercícios
al.21 efeitos dos frágeis foram anos e necessitar exercício, por sociais significativas na água
(2007) exercícios aleatoriamente de ajuda para as 24 semanas. (N = 8) foram melhoram
na água e a divididos em três AVD’s Exercícios observadas a qualidade
frequência grupos simulando antes e após os de vida e o
com que eram AVD’s, seis meses de desempenho
realizados na alongamentos, treinamento nos nas AVD’s de
qualidade de reforço grupos que foram idosos frágeis
vida de idosos muscular e submetidos à
frágeis relaxamento. intervenção.
Primeiro grupo: O grupo de 2
exercício 1 vez x por semana
por semana apresentou
(N = 10) melhora mais
Segundo rápida
grupo:
exercícios
2 vezes por
semana
(N = 12)
ADM: amplitude de movimento; AVD: atividades de vida diária; FSQ: Functional Status Questionnarie; GARS: Gait Abnormality Rating Scale; MMSS: membros
superiores; PPT: Physical Performance Test; PREHAB: preventive, home-based Physical Therapy program; POMA: Performance Oriented Mobility Assessment;
TUG: Timed Up and Go.
Oito dos onze estudos incluídos nessa revisão As maiores amostras avaliadas foram nos estudos de
detalham informações sobre o método de rando- Faber et al.19, Gill et al.17 e Chin et al.14, com 278, 188 e
mização14-21. Em todos eles, os critérios de inclusão 157 idosos, respectivamente. Villareal et al.20 realizaram
foram bem estabelecidos e a alocação foi aleatória. um estudo com boa qualidade metodológica, com uma
A presença de uma amostra homogênea, ou seja, com amostra pequena, N = 27. As amostras dos estudos res-
igualdade entre grupos no pré-tratamento, só não foi tantes variaram entre 30 e 119 idosos12,15,16,18,21-23. Na
perceptível em um artigo selecionado16. Em apenas tabela 1, encontram-se os dados de recrutamento da
uma publicação selecionada os terapeutas participan- amostra de cada estudo detalhadamente.
tes do estudo foram “cegos”19.
A maior dificuldade na seleção dos estudos foi a
Os estudos analisados foram publicados entre grande variabilidade nos critérios de classificação da
os anos de 1998 a 2007, e os mais recentes (2006- síndrome da fragilidade. Apenas dois estudos utiliza-
2007)19-21 apresentaram maiores escores na escala ram os mesmos critérios, que estão apresentados na
PEDro (7, 8 e 9), ou seja, apresentaram melhor quali- discussão15,20. Somente Faber et al.19 classificaram a
dade metodológica. Em todos os anos compreendidos fragilidade segundo o fenótipo de Fried et al.6. Os
entre essa data, houve artigo publicado sobre o assunto outros autores usaram critérios tais como idade,
e avaliado nessa revisão sistemática, exceto em 1999. dificuldade de realizar AVD, risco de quedas, fra-
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queza muscular e escores baixos em testes padroni- das, mas consistiam quase sempre em alongamentos,
zados12,14,16-18,21-23. reforço muscular e atividades funcionais.
Em todos os estudos analisados, os idosos já esta- Estudos têm demonstrado a reversibilidade da
vam classificados como frágeis. Sendo assim, o prin- fraqueza muscular e da perda funcional decorrente
cipal objetivo foi avaliar o efeito das intervenções na do envelhecimento25,26. No entanto, a maioria dos
melhora do estado geral de idosos frágeis e na reversão estudos avalia idosos saudáveis ou com uma doença
desse quadro. Faber et al.19 e Gill et al.17 investigaram específica. Há poucos estudos que verificam o efeito
também a segurança de um protocolo preventivo para de exercícios na fragilidade física. Não há informa-
risco de quedas e declínio funcional em idosos frágeis. ção suficiente de como os idosos comunitários frágeis
podem se beneficiar fisiologicamente na reversão ou
As intervenções variaram entre reforço muscu- na prevenção da fragilidade por meio dos exercícios16.
lar12,14,16,17,20-23, exercícios de flexibilidade12,15,17,18,20,21,
treino de equilíbrio12,15,17,18-20, velocidade de reação e De acordo com Espinoza e Walston11, uma inter-
coordenação12, treino funcional16,18,21, treino aeróbi- venção baseada em exercícios é indicada para idosos
co15,17,20, modificações ambientais e prescrição de dis- com fragilidade, independente do grau que essa sín-
positivo de auxílio à marcha17 e treino de mobilidade drome se manifesta. Os tipos de exercícios é que po-
e transferências17,19. derão variar de acordo com o quão frágil é ou não o
idoso17,27-29. Reforço muscular de idosos tem se mos-
Os desfechos mais analisados nos estudos fo- trado seguro e eficaz, mesmo se tratando de pacientes
ram capacidade funcional12,14-19,22, desempenho nas frágeis e restritos em domicílio25.
AVD14,15,17,21,22, força muscular12,16,20,22,23, velocidade
de marcha16,18-20 e qualidade de vida18,21. Dos 11 estudos analisados, oito estudaram idosos
da comunidade12,15,17,18,20-23, Gill et al.17 analisaram
Nos estudos analisados neste trabalho, a pontua- idosos frágeis da comunidade, com idade igual ou
ção na escala PEDro13 variou de quatro a nove pon- maior que 75 anos que foram aleatoriamente alo-
tos. A qualidade metodológica desses estudos está cados no grupo PREHAB (preventive, home-based
apresentada na tabela 2. Physical Therapy program) e no grupo controle que
recebeu um protocolo de educação17. O PREHAB
foi um programa de treinamento de seis meses de
DISCUSSÃO duração, implementado por fisioterapeutas, que foi
desenhado com o objetivo de prevenção do declí-
Baseando-se nas projeções atuais, o número de idosos nio funcional de idosos da comunidade, fisicamen-
na população aumentará consideravelmente nas pró- te frágeis. O protocolo consistia em orientações de
ximas décadas e idosos com idade igual ou superior modificações ambientais, prescrição de dispositivo de
a 75 anos desenvolvem perda de 10% da capacida- auxílio, orientações de transferências e locomoção em
de funcional nas AVD por ano. A incapacidade está casa. Foram realizados também exercícios progressi-
diretamente relacionada a aumento da mortalidade, vos para ganho de amplitude de movimento (ADM),
hospitalização, internações domiciliares e aumento equilíbrio, força muscular, flexibilidade e condiciona-
no uso de serviços de assistência à saúde24. O número mento físico17.
de idosos frágeis aumentará consideravelmente nas
O estudo evidenciou os benefícios e a segurança
próximas décadas15,16. Portanto, se faz necessário in-
de um programa domiciliar de reabilitação e preven-
vestir na prevenção do desenvolvimento da fragilida-
ção do declínio funcional nas AVD para idosos con-
de, assim como buscar evidências da melhor forma de
siderados frágeis. O autor classificou os idosos como
abordar e intervir em um idoso fragilizado.
frágeis por intermédio de duas estratégias diferentes e
Os estudos encontrados na literatura buscam de- complementares. A fragilidade física foi avaliada por
finir a eficácia e a segurança das intervenções fisiote- dois testes que são preditivos de declínio funcional:
rapêuticas para idosos considerados frágeis, de forma velocidade da marcha e capacidade de assentar-se na
que se busque prevenir o desenvolvimento da síndro- cadeira e levantar-se dela. Os sujeitos que fizeram o
me da fragilidade na população idosa e reduzir os seus teste de velocidade de marcha em mais de dez segun-
efeitos nos pacientes já frágeis. No entanto, há dife- dos ou não conseguiram levantar-se da cadeira sem
rentes classificações de fragilidade, e os autores uti- auxílio foram considerados fisicamente frágeis. Se
lizam diferentes critérios na seleção dos sujeitos dos preenchessem os dois critérios, seriam gravemente
estudos. As intervenções também foram diversifica- frágeis e, se preenchessem apenas um critério, seriam
Fisioterapia na fragilidade de idosos 125
Tabela 2. Classificação metodológica avaliada pela escala PEDro – Physiotherapy Evidence Data Base
Chandler Brown Chin Timonen Binder Gill Hel- Boshui- Faber Villareal Sato
et al.22 et al.12 et al.14 et al.16 et al.15 et al.17 bostad zen et et al.19 et al.20 et al.21
(1998) (2000) (2001) (2002) (2002) (2003) et al.18 al.23 (2006) (2006) (2007)
(2004) (2005)
1. Critérios SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
de inclusão
especificados
2. Alocação SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
aleatória
3. Sigilo na NÃO NÂO SIM SIM SIM SIM SIM NÃO SIM SIM SIM
alocação
4.Similaridade SIM SIM SIM NÃO SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
entre grupos no
pré-tratamento
5. Sujeitos NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM
“cegos”
6. Terapeutas NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO
“cegos”
7. Examinadores SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO
“cegos”
8. Follow-up SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM
de pelo menos
85% dos
participantes
9. Intenção de NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO SIM SIM NÃO
tratar
10. Compara- SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
ções estatís-
ticas entre os
grupos
11. Relato das SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
medidas de
variabilidade
TOTAL 6 4 7 5 6 5 7 5 9 8 7
Obs.: A pontuação do primeiro item, por ser referente à validade externa, não é considerada no escore final.
moderadamente frágeis. Um desempenho ruim nes- zaram os mesmos critérios que Binder et al.15 (2002)
ses testes sugere fraqueza da musculatura de MMII e para classificar os idosos como frágeis. No entanto, os
déficit de equilíbrio17,30. autores estudaram idosos obesos e verificaram o efei-
to da perda de peso e de um programa de exercícios
Binder et al.15 realizaram um estudo com o objeti- na função física e na composição corporal dos idosos
vo de verificar a eficácia de um programa de exercícios obesos e frágeis20.
na reversibilidade da fragilidade em idosos comuni-
tários. Os idosos que se enquadravam em dois dos A perda de peso e a realização dos exercícios po-
três critérios estabelecidos seriam classificados como dem amenizar o quadro de fragilidade de idosos
frágeis. Os critérios foram: escore entre 18 e 32 no obesos. O tratamento aumentou a força muscular, a
Modified Physical Performance test (MPPT); pico de velocidade de marcha e todos os parâmetros dos tes-
VO2 = entre 10 e 18 ml/kg/min; autorrelato de difi- tes aplicados, além de ter favorecido a perda de peso
culdade, ou necessidade de auxílio em uma AVD ou (p < 0,5)20.
duas AIVD avaliadas por meio do Functional Status Melhora na flexibilidade, na força muscular e
Questionnarie – FSQ15. Villareal et al.20 (2006) utili- no equilíbrio está associada à melhora na capacida-
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sem auxílio dos membros superiores (MMSS). Hou- lhorou a autopercepção do seu estado de saúde. Os
ve uma melhora significativa de força muscular do ganhos na saúde mental (SF-36) se mantiveram nos
grupo da intervenção e consequentemente melhora seis meses seguintes. Os autores concluíram que fazer
na mobilidade, velocidade de marcha e prevenção de exercícios fora de casa foi benéfico para saúde mental
quedas22. Apenas o estudo de Binder et al.15 demons- e para melhorar a capacidade de deambular18.
trou melhora na capacidade aeróbica na população
Um outro estudo verificou a importância de uma
idosa frágil e que essa população tem capacidade de se
maior supervisão nos exercícios realizados por idosos
adaptar a um treino de resistência e funcionalidade,
frágeis. Boshuizen et al.23 investigaram se a frequência
aumentando o VO2 pico significativamente15.
da supervisão dos exercícios por um profissional, uma
O ganho de força apresentou um impacto signi- vez por semana ou duas, interferiria nos resultados
ficativo na mobilidade (p = 0,0009) – assentar-se na obtidos. Os idosos do estudo eram frágeis, devido à
cadeira e levantar-se melhorou muito, especialmen- dificuldade de assentar-se na cadeira e levantar-se dela
te para os que tinham muita dificuldade (p = 0,04). e com força muscular de extensores de joelho menor
Houve melhora na performance da marcha (p = 0,02) que N = 87,5 de produção de torque23.
e na prevenção de quedas (p = 0,05). Nas medidas
de incapacidade, equilíbrio e resistência, não houve Em um grupo (grupo 1), foram realizadas duas
diferença importante. Os autores sugerem que o tem- sessões supervisionadas por fisioterapeutas e uma não,
po de intervenção foi insuficiente. Os resultados afir- em outro grupo (grupo 2), uma sessão supervisionada
mam que o reforço muscular está associado à melhora e duas não e o terceiro grupo (grupo 3) era o grupo
na mobilidade22. controle, que não fazia exercícios. As variáveis analisa-
das foram força muscular, atividades básicas e instru-
Considerando que a performance na marcha é um mentais, velocidade de marcha e equilíbrio23.
marco funcional em pessoas idosas e que a velocida-
de de marcha está relacionada à independência nas Houve melhora da força muscular estatisticamente
AVD, Helbostad et al.18 testaram o efeito de exercí- significativa apenas no grupo 1 (p = 0,03). A velocidade
cios funcionais de equilíbrio e de fortalecimento na de marcha diminuiu nos dois grupos da intervenção.
qualidade de vida e na capacidade de deambular de Nos outros testes, não houve diferença significativa.
idosos frágeis. Os autores consideraram frágil o idoso O estudo demonstrou uma tendência a se obter me-
que havia sofrido uma queda no último ano ou fazia lhores resultados quando se tinha mais supervisão23.
uso de algum dispositivo de auxílio à marcha. Os ido- Timonen et al.16 restringiram a pesquisa a mulhe-
sos foram aleatoriamente divididos em dois grupos: res. Avaliaram 68 idosas, que foram hospitalizadas
um que realizou os exercícios em casa e o outro que os durante uma doença aguda e que apresentaram al-
realizou em grupo, duas vezes por semana18. guma limitação na mobilidade. Foram aleatoriamen-
As variáveis analisadas foram qualidade de vida, te alocadas em dois grupos, sendo 34 para o grupo
por meio do SF-36 e da capacidade de deambulação, que realizou exercícios domiciliares e 34 para o grupo que
medindo velocidade de marcha, frequência e duração realizou a atividade no centro de internação16.
das caminhadas18. Os critérios de fragilidade estabelecidos para par-
Houve melhora nos escores do domínio saúde ticipar do estudo foram: mulheres com mais que 75
mental do SF-36 dos idosos que frequentaram o gru- anos com limitações de mobilidade e equilíbrio, como
po (p = 0,01). O domínio de desempenho físico do dificuldade para deambular de forma independente16.
SF-36 (p = 0,002) e velocidade da marcha (p = 0,02) As variáveis avaliadas foram força máxima isomé-
apresentou melhora, mas não foi estatisticamente sig- trica de extensores de joelho e abdutores de quadril,
nificativa em relação ao outro grupo. Os sujeitos que medida por dinamômetro isocinético, equilíbrio
faziam intervenção em grupo apresentaram maior dinâmico (Escala de Equilíbrio de Berg associada a
frequência nas caminhadas fora de casa (p = 0,027) e tarefas como levantar-se da cadeira, girar e alcançar
aumento na velocidade da marcha (p = 0,022)18. objetos) e velocidade máxima da marcha. Foram ava-
A saúde física e a velocidade da marcha melhora- liadas antes e após 10 semanas de treinamento, e três
ram nos dois grupos, mas sem diferença significativa e nove meses após o fim da intervenção. O treina-
entre os dois. Os escores em saúde mental (SF-36) mento foi realizado duas vezes por semana, durante
foram melhores no grupo submetido às intervenções 10 semanas, supervisionado por dois fisioterapeutas.
em grupo; especialmente por ter contato com o fi- Os sujeitos do grupo controle receberam a visita de
sioterapeuta, esse grupo sentiu-se mais seguro e me- um fisioterapeuta uma semana após a alta hospitalar,
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que repassou todos os exercícios e orientações para As avaliações foram feitas antes e após as 17 sema-
serem feitos duas a três vezes por semana. Nenhum nas de intervenção e incluíam testes de performance
suporte adicional foi dado16. funcional e física e disfunções em diversas AVD14.
Em concordância com outros estudos, foi obser- Não houve influência da alimentação nos escores
vada uma melhora significativa no grupo que foi sub- dos testes. O grupo dos exercícios melhorou os esco-
metido à intervenção – força máxima de extensores res na performance física e funcional (+8%). Todos os
de joelho (20,8% vs. 5,1%, P = 0,009), equilíbrio idosos receberam o mesmo alimento, mas em apenas
(+4,4 pontos vs. -1,3 ponto, P = 0,001) e velocidade um grupo esses alimentos estavam enriquecidos com
da marcha (+0,12 ms-1 vs. - 0,05 ms-1, P = 0,022). 15% a mais de vitaminas e minerais14.
Após três meses de intervenção, ainda se observaram Os exercícios foram mais eficazes. A intervenção nu-
efeitos na força máxima de extensores de joelho e ab- tricional mostrou-se ineficaz para melhorar a performan-
dutores de quadril (9.0% vs. -11.8%, P = 0,004) e ce funcional, a capacidade física e o desempenho nas
velocidade da marcha16,32. AVD, que permaneceu semelhante em todos os grupos,
o que pode ser explicado pelo fato de os idosos já esta-
Apenas um estudo incluído nesta revisão sistemá- rem com uma boa performance antes da intervenção14.
tica avaliou resultados de fisioterapia aquática. Sato
et al.21 verificaram os efeitos dos exercícios na água e Brown et al.12 concluíram que os ganhos do trei-
a frequência com que eram realizados na qualidade namento proposto por eles não foram suficientes para
de vida de idosos frágeis. O primeiro grupo realizou reverter o quadro de fragilidade. Sugeriram que são
a atividade uma vez por semana, o segundo grupo, mais importantes esforços para a prevenção da fragili-
duas vezes por semana e o terceiro grupo, que era dade do que para reversibilidade do quadro12.
o controle, realizou apenas atividades sociais. A in- Faber et al.19 demonstraram aumento do risco dos
tervenção consistia em exercícios simulando AVD, exercícios para idosos muito frágeis. No entanto, em
alongamentos, reforço muscular e relaxamento. todos os outros estudos os idosos que foram subme-
Os critérios de inclusão do estudo foram ter mais de tidos à intervenção foram beneficiados. Os benefícios
65 anos e necessitar de ajuda para as AVD. Os idosos dos exercícios incluíram aumento da mobilidade,
foram avaliados por meio do SF-36 e da Functional melhora da performance nas AVD, melhora da mar-
Independence Measure (FIM)21. cha, diminuição do número de quedas e melhora no
bem-estar geral do idoso. Além disso, o treinamento
Diferenças significativas foram observadas antes e também foi associado a um aumento de atividades
após os seis meses de treinamento nos grupos que fo- físicas espontâneas33-35.
ram submetidos à intervenção. O grupo que realizou
Exercícios em grupo são mais motivadores, menos
duas vezes por semana apresentou uma melhora mais
onerosos financeiramente e exercem uma função de
rápida. Os sujeitos dos grupos que foram submetidos integração social importante, mas, para se obter uma
à intervenção apresentaram aumento no escore da intervenção segura, é preciso que esses idosos tenham
FIM. No entanto, os resultados foram inconclusivos condição física adequada, não precisando de uma su-
e os autores sugeriram que há necessidade de estudos pervisão direta e individualizada.
posteriores para verificar o efeito dos exercícios suba-
quáticos na performance física do idoso frágil21. A análise dos parâmetros das intervenções como
duração e frequência revelou uma falta de padroniza-
Timonen et al.16 defendem que exercícios em gru- ção. Sendo assim, a utilização de parâmetros distintos
pos são mais baratos e mais motivadores que o aten- impossibilitou determinar quais desses são mais efica-
dimento individual tradicional. Exercícios baseados zes para a obtenção dos benefícios desejados.
em fortalecimento global e exercícios funcionais são
A falta de rigor metodológico de alguns itens dos
eficazes para pacientes com problemas de mobilidade
estudos analisados pode levar a que não se estabeleça
e equilíbrio16.
uma evidência científica36. Em apenas três estudos,
Associando os exercícios à outra intervenção, houve adesão significativa (> 85% dos sujeitos) dos
Chin et al.14 examinaram o efeito de um programa participantes. Resultados baseados em uma análise
de exercícios e alimentos enriquecidos na performance parcial da amostra comprometem a validade dos efei-
física de idosos frágeis. Os critérios de inclusão do tos da intervenção em estudo. Em todos os estudos
estudo foram inatividade e perda de peso não inten- analisados, as amostras foram alocadas de forma alea
cional que, se associados, são preditivos de fragilidade torizada, mas em três desses não houve preocupação
em idosos não institucionalizados14. para que houvesse sigilo na alocação.
Fisioterapia na fragilidade de idosos 129
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