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A partir da 2ª metade do século XX, a esperança média de vida tem vindo a aumentar nos

países desenvolvidos, atingindo uma média de 83 anos em países como Espanha, França e
Itália. Por isso, a Europa é o continente com a mais alta proporção de pessoas idosas, mas
também com a mais alta taxa de dependência.

Dúzias de escalas e questionários têm sido usadas na deteção da fragilidade; no entanto,


ainda não foi encontrado um método generalizado de screening e diagnóstico.

- lopez 2019

Múltiplos fatores e distúrbios de múltiplos sistemas contribuem para a fragilidade.


Atualmente, acredita-se que a patogénese da fragilidade envolve: inflamação crónica, stress
oxidativo e disfunção mitocondrial.

As alterações fisiológicas relacionadas com os sistemas de resposta ao stress, incluindo o


sistema imune inato, o sistema nervoso simpático e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
podem desempenhar um importante papel na patogénese da fragilidade. Estudos
demonstraram que estes sistemas podem ser cronicamente ativados e levar a uma
desregulação fisiológica como a elevação de múltiplas citocinas inflamatórias, proteína C
reativa e cortisol, que são comumente observadas em idosos. Ainda mais importante, estes
sistemas interagem entre si e portanto a ativação de um sistema pode fortalecer a ativação
crónica de outro sistema de resposta ao stress.

importância de identificar a fragilidade - a avaliação da fragilidade tem sido efetuada em


vários tipos de especialidades médicas, como cardiologia, doenças infecciosas, nefrologia,
oncologia e cirurgia, para identificar aqueles com alto risco de terem piores prognósticos e
por isso auxiliar nas decisões clínicas. Em alguns departamentos de cirurgia, a avaliação da
fragilidade tem sido já utilizada na avaliação do risco pré-operatório, triagem no trauma,
administração de anestesia adequada, prevenção do delirium e cuidados paliativos. No
entanto, devido à falta de consciência acerca da fragilidade, é difícil para os idosos em
algumas áreas obter e usufruir dos serviços de cuidados primários. A aceitação do screening
dos idosos e a abordagem terapêutica a adotar dps do screening continuam pouco claros.
Por isso, ainda existem muitas barreiras na implementação de programas de screening da
fragilidade.

prevenção - a prevenção precoce da fragilidade depende do screening precoce. As


guidelines práticas clínicas publicadas por The International Conference of Frailty and
Sarcopenia Research (ICFSR) em 2019, recomendam que pessoas com 65 ou mais anos
devem ser sujeitas a rastreios de fragilidade e para todos aqueles com rastreios positivos
para fragilidade ou pré-fragilidade, a avaliação clínica da fragilidade deve ser feita. As
ferramentas de screening recomendadas pelo ICFSR incluem a Escala de Fragilidade Clínica -
Clinical Frailty Scale, e a Escala FRAIL - FRAIL Scale.

Essas guidelines recomendam ainda o desenvolvimento de um plano de cuidados para a


fragilidade centrado no doente. Este plano baseado nas alterações identificadas durante a
avaliação geriátrica global deve abordar sistematicamente problemas comuns como
polifarmácia, sarcopenia, perda de peso e fadiga. A previsão de um suporte social
individualizado é também recomendado. Quando apropriado, pessoas com fragilidade
avançada/severa devem ser referenciadas a geriatria? / geriatrician.

intervenções não farmacológicas → este tipo de intervenção é a preferida para a gestão da


fragilidade. Exercícios, intervenções nutricionais e intervenções multicomponentes que
combinem quer o exercício como a nutrição são as mais comuns.

→ exercícios focalizados essencialmente na flexibilidade, equilíbrio, resistência e


força
→ programa de atividade física multicomponente (resistência + equilíbrio) está
recomendado como 1ª linha para a fragilidade. MAS a frequência, intensidade, tempo e tipo
de atividade física necessários para prevenir e gerir a fragilidade ainda carecem de evidência
científica.
→ proteínas e/ou suplementação calórica são recomendados para idosos frágeis
com perda de peso ou má nutrição.
→ um estudo que combinou ex + nutrição + ex cognitivos mostrou melhoria no
estado préfrágil e frágil em idosos que receberam os 3 tipos de intervenções ao mesmo
tempo ou apenas um deles - essa melhoria persistiu por 6 meses após a cessação do
tratamento.
intervenções farmacológicas → as atuais guidelines não recomendam intervenções fx para
a fragilidade porque n existe evidência suficiente da sua eficácia. No entanto, devem ser
prescritos fxs caso seja necessário de acordo com a avaliação clínica do idoso frágil e suas
comorbilidades.

→ alfacalcidol (análogo da vit D) e testosterona -- melhoria na força muscular


→ testosterona, capromorelina (um secretagogo da hormona de crescimento),rHCG
-- melhoria no peso
→ fadiga -- piroxicam (aine)

→ metformina e probióticos (efeitos positivos no anti-envelhecimento) ganham cada


vez mais destaque na gestão da fragilidade

→ a maioria das intervenções com o objetivo de reverter o estado de fragilidade não


foram bem sucedidas. Uma possível explicação é que as pessoas quando recebem esses tx’s
estão demasiado frágeis para beneficiarem de tais intervenções → daí que a atuação nos
estadios pré-frágeis seja capaz de ser mais eficaz!!!

- deng 2021

Uma característica chave da


fragilidade, e potencial ligação com
a deficiência da vitamina D, é a
sarcopenia. Foi estudado a
associação entre os níveis de vit D e
fragilidade, os seus componentes e
curso numa amostra de idosos com
depressão. Os resultados foram: níveis elevados de vit D foram associados a menor
prevalência e incidência de fragilidade. - berg 2018

demência e fragilidade - Alguns fatores podem


exercer um impacto no estado de fragilidade dos
idosos, como a saúde mental e cognição. Tem
havido cada vez mais evidência de que idosos
frágeis estão em maior risco de declínio
cognitivo, que por sua vez aumenta a probabilidade de se tornarem frágeis. Isto sugere que
a co-ocorrência destas condições pode ajudar a predizer a incidência de demência. Um
estudo com 761 idosos sem declínio cognitivo de base, concluiu que o facto de
apresentarem fragilidade estava associado a um risco de 60% de desenvolverem declínio
cognitivo, e que esta associação manteve-se mesmo depois do controlo dos sintomas
depressivos e doenças cardiovasculares!!! - fabrício 2020

interação entre fragilidade e FRCV - Um


estudo recente analisou a hipótese de
que a associação entre múltiplos FRCV e
doenças CVs se torna mais forte com o
aumento da severidade da fragilidade.
Os resultados foram que a força de
associação entre FRCV e DCVs DIMINUIU com o aumento dos níveis de fragilidade. - ivan
2021

A resposta à ACTH é muito pouco


caracterizada nos idosos e pode fornecer
uma melhor compreensão acerca da resposta
fisiológica ao stress. Neste estudo eles
fizeram um teste de estimulação standard
com 250ug de ACTH em 51 mulheres entre
85-96 anos (não medicadas com corticóides). Eles viram os níveis do cortisol e DHEA aos 0,
30, 60 e 120 minutos. Os dados mostraram uma resposta robusta do cortisol ao teste da
ACTH, mas um feedback negativo inadequado, resultando numa exposição prolongada ao
cortisol. - le 2020

As infeções
associadas
aos cuidados
de saúde
(IACS) são um
problema major da saúde associado a uma alta morbi mortalidade. A relação entre
fragilidade e IACS não foi ainda investigada. O objetivo foi perceber se os sistemas de
avaliação da fragilidade poderiam ajudar em predizer o risco de desenvolver IACS. Neste
estudo foram usadas 4 bases de dados, MedLine Cochrane, Scopus e CINAHL para artigos
publicados entre 1990 e 2019. 8 estudos demonstraram que indivíduos frágeis estiverem
em risco de desenvolver IACS. 2 dos 3 sistemas de avaliação de fragilidade usados nesses
estudos, a Escala de Fragilidade Clínica (Clinical Frailty Scale) e o índice de Fragilidade
(Frailty Index) demonstraram esta relação. - consentino 2020

estudo “Yassuda et al. (2012) - sugeriu que o comprometimento de capacidades motoras


poderia estar relacionado com o declínio cognitivo - a marcha lenta significativamente
associada com pior performance cognitiva. Sternang et al. (2016) estudou a associação
entre a força de preensão palmar e a cognição em 708 indivíduos entre os 40 e 86 anos
durante 20 anos de follow up. Eles perceberam que o declínio da força muscular ao longo do
tempo esteve associado a uma pior performance nos testes de memória, capacidade verbal,
espaço temporal e velocidade de processamento.

Tem sido sugerido que todos os indivíduos


acima dos 70 anos sejam rastreados para a
fragilidade. A escala de fragilidade clínica é
uma ferramenta de fragilidade desenvolvida
para o Estudo Canadiano de Saúde e
Envelhecimento. Avalia domínios
específicos incluindo comorbilidades, funções e cognições para criar um score de fragilidade
que vai de 1 (very fit - não frágil?) a 9 (doente terminal). Várias revisões que têm sido
publicadas sobre fragilidade sugerem que esta escala é uma promissora ferramenta de
rastreio de fragilidade. - church 2020
briones 2020 - SHARE-FI -é um derivado do fenótipo de
fragilidade que inclui a força de preensão palmar e 4
itens: exaustão física, perda de apetite, dificuldades no
caminhar e baixo nível de atividade física. Se < 7 nos
homens e < de 6 nas mulheres - frágil.

No seguimento da forte associação entre


fragilidade e aumento do risco de quedas,
melhorar a estabilidade postural é
considerado um passo muito importante
para prevenção de quedas. Tem sido demonstrado que múltiplas intervenções de ioga e
pilates melhoram a estabilidade postural em doentes com doenças mentais severas. No
entanto, é sempre desafiante para estes doentes participarem em múltiplas sessões por
causa da sua baixa motivação. Participantes de ioga e pilates mostraram uma melhoria
significativa na amplitude de movimentos do tronco!!! - tani 2021

Este estudo investigou


características
demográficas,
comorbilidades, e taxas de mortalidade em doentes hospitalizados com COVID19. Eles
colocaram a hipótese de que o estado funcional, de acordo com a Escala Clínica de
Fragilidade, em doentes com 65 ou mais anos é um melhor preditor de pior prognóstico que
a própria idade de comorbilidades dos doentes!! O aumento da idade, DRC, avc prévio
contribuem significativamente para piores prognósticos em doentes com COVID19. MAS,
em doentes com 65 ou mais anos, o score de fragilidade pela escala clínica de fragilidade
foi o fator de prognóstico de morte mais forte!!! - tehrani 2020

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