Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autoria: Fernanda Martins Romano, Paula Chimenti, Marco Aurelio de Souza Rodrigues, Luis Felipe Hupsel,
Roberto Nogueira
1
1 - INTRODUÇÃO
Em março de 2010, a Organização Não Governamental (ONG) de proteção ao meio
ambiente Greenpeace publicou um vídeo no site Youtube parodiando um anúncio do
chocolate Kit Kat da Nestlé. Nele o consumidor mastiga, sem perceber, o dedo de um
orangotango. Ao final do vídeo há uma mensagem direcionada aos consumidores: “Impeça a
Nestlé de comprar Óleo de Palma de fornecedores que destroem as florestas tropicais”.
Tratava-se de um manifesto contra a política de compras da multinacional suíça. A
repercussão e disseminação do vídeo foi grande e a Nestlé solicitou aos administradores do
Youtube a sua retirada do site. A tentativa de suprimir o vídeo acabou gerando ainda mais
interesse do público. Diversas críticas à Nestlé começaram a ser publicadas e discutidas no
site de relacionamentos Facebook. A Nestlé reagiu apagando os comentários com críticas dos
consumidores. Com isso, a situação piorou ainda mais: a empresa passou a ser confrontada e
criticada pela opinião pública. Usuários passaram a acusar a Nestlé de censura (McCarthy,
2010). A crise, originada na Internet, acabou repercutindo na chamada mídia tradicional,
como TV e Jornais. Por fim a Nestlé se desculpou publicamente pela sua decisão de apagar os
comentários recebidos através do Facebook. “Essa decisão de apagar as críticas foi um de
nossos diversos erros, pelos quais gostaríamos de pedir desculpas. Nós estamos parando de
apagar as críticas e de ser rudes” – declarou a assessoria de imprensa da empresa.
O caso ilustra a ausência de controle por parte das empresas sobre o conteúdo virtual
veiculado a seu respeito. Diferentemente das mídias tradicionais, nas quais o controle está
concentrado em um número limitado de agentes (como anunciantes, agências de publicidade e
veículos), nos meios digitais este controle é pulverizado entre centenas de milhões de pessoas.
Além disso, na Internet a comunicação não é unidirecional como nas mídias tradicionais. Por
isso, nesse novo contexto, a tentativa de controle do conteúdo torna-se mais difícil, quando
não inócua. Esse é um desafio que boa parte das organizações enfrentam atualmente: lidar
com o fenômeno da Internet e em especial com as Mídias Sociais Digitais (MSDs). Estas são
plataformas que permitem a criação e o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas,
viabilizam a comunicação em larga escala, e vem ganhando cada vez mais destaque,
impulsionadas principalmente pela crescente massa de usuários.
No final de 2010, estimava-se que 2,1 bilhões de pessoas possuíam acesso à Internet em
todo o mundo (CIA, 2010). No Brasil, estimava-se que 27% dos 190 milhões de habitantes
possuem acesso à Internet – seja em casa, no trabalho, no celular ou em Lan Houses. Com o
crescimento da Internet, o “mundo virtual” vem se tornando cada vez mais importante, e, em
alguns casos, se transformou no principal canal de comunicação das empresas com seus
consumidores. Com ela o consumidor passou a poder dialogar, gerar informações, e
influenciar o processo de comunicação das empresas. Isso representa uma mudança profunda
no modelo de comunicação tradicional. O presente estudo contribui para a compreensão dos
aspectos relacionados à tomada de decisão sobre Mídias Sociais Digitais por parte das
empresas. Ele apresenta um retrato de como empresas líderes no Brasil tratam essa questão.
2
Foi com o desenvolvimento da tecnologia de prensa que a luta contra a distância e o
tempo ganhou força (Amaral, 2009). Com o passar dos anos, tecnologias surgiram e, com
isso, a comunicação pode se dar por novos meios, se constituindo como uma ferramenta de
grande importância para os atores sociais. Telégrafo, telefone, televisão e computadores
trouxeram novas possibilidades e ampliaram o alcance da transmissão de informações.
A Comunicação Organizacional agrupa as práticas da comunicação institucional, da
comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa
(Kunsch, 2007). Ela corresponde a um conjunto de modelos utilizados pelas organizações
como parte da estratégia, com o objetivo de favorecer o relacionamento com os stakeholders e
reforçar a unidade da instituição pela conexão de suas subpartes (Bahia, 1995). Ela deve
buscar a coerência das mensagens que divulga, e, para tal, deve definir canais e zelar pela
integração e o alinhamento dos esforços de comunicação (Corrêa, 2005).
A origem da Comunicação Organizacional pode ser atribuída à época da Revolução
Industrial que quebrou paradigmas em relação ao trabalho, produção e comercialização,
acirrou a competição entre as empresas e as obrigou a buscar novas maneiras de se
destacarem em meio a concorrência (Kunsch, 1997). A Comunicação Organizacional surgiu
como mecanismo de estímulo comercial e de proteção institucional. Em seus primórdios, a
comunicação não tinha como preocupação a opinião pública, fato que só mudou após o
fortalecimento dos jornais a partir do século XIX (Briggs & Burke, 2006).
Foi entre 1903 e 1914 que a Comunicação Organizacional ganhou força, impulsionada
principalmente, pela crescente necessidade de proteger a imagem das organizações nos
Estados Unidos. Naquela época, as empresas privadas começaram a ser atacadas por
reportagens críticas que questionavam as práticas empresariais e, para se protegerem, optaram
por montar assessorias de Imprensa e a contratar Relações Públicas. (Gurgel, 1985).
Com a evolução da Comunicação Organizacional, surgiram novos formatos, que já
começaram a contar com informações de pesquisas de opinião pública. A Comunicação
Organizacional foi assumindo novas características, configurando-se estratégica no âmbito
dos negócios e nos objetivos corporativos (Kunsch, 2007). O jornal empresarial foi um dos
primeiros veículos da Comunicação Organizacional, favorecido pelos avanços tecnológicos
que barateavam sua produção. Data de 1840 a primeira publicação de jornal empresarial: o
norte-americano Lowell Offering.
No Brasil, a chegada do jornalismo empresarial aconteceu com um atraso de quase 100
anos com a publicação do Boletim Light, em 1925. No entanto, a comunicação empresarial só
ganha corpo no Brasil a partir da década de 50, impulsionada pela industrialização e a forte
entrada de empresas multinacionais no país.
Ao longo dos anos, a Comunicação Organizacional vem ganhando cada vez mais
destaque, em virtude do rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) e pelas transformações político-econômicas. Ela tem demonstrado ser
ferramenta essencial e até mesmo estratégica para a construção e proteção da reputação
corporativa, devendo para tal ser planejada de forma integrada e alinhada com a estratégia da
própria organização (Corrêa, 2005; Nassar E Figueiredo, 1995) .
Van Riel (2009) define o sistema de comunicação de uma organização como as
múltiplas táticas e meios no qual ela se baseia para se comunicar com seus stakeholders,
incluindo o conteúdo da mensagem escolhido para ser difundido por esses meios. Esse
sistema de comunicação abrange relações públicas, comunicações de marketing, relações com
os investidores, comunicação com os funcionários e comunicação institucional. Para o autor,
todas essas formas de comunicação influenciam de alguma maneira as percepções dos
stakeholders sobre a organização e suas atividades, afetando a imagem, a marca e a reputação
da empresa. Por isso, um foco coerente do sistema de comunicação contribui positivamente
para a imagem favorável que cada componente especializado do sistema de comunicação
3
desenvolve, o que, por sua vez, afeta positivamente as percepções dos stakeholders sobre a
organização, melhora sua performance e aumenta sua capacidade de adquirir recursos.
A digitalização e a convergência das mídias alteraram o comportamento dos que as
usam e tem provocado mudanças nas práticas de comunicação, favorecendo a construção de
novas ferramentas e estratégias. (Kunsch,2007; Nassar,1997). Segundo Corrêa (2005) a
comunicação digital consiste na adoção das “TICs e das ferramentas disponibilizadas por elas
para facilitar e dinamizar a Comunicação Integrada nas organizações”. A utilização destas
novas ferramentas muda a comunicação, tornando-a ágil, instantânea, potencialmente
eliminando intermediários entre emissor e receptor e, muitas, vezes, confundindo esses dois
papéis, que passam a ser desempenhados de forma interativa por empresas e consumidores
(Corrêa, 2008; Terra, 2009). As organizações passam a rever o conceito de público interno ou
externo e os públicos passam a ser algo em constante transformação e de natureza
incontrolável (Kunsch, 2007).
Nassar (1997) aponta que a melhor maneira de usar as novas tecnologias no processo de
comunicação é ter foco no cliente. Deve-se considerar se as novas tecnologias agregarão
vantagens ao confrontadas com os meios de comunicação já existentes. Além disso, é preciso
considerar as ações da concorrência e o orçamento disponível. Outro ponto importante a ser
considerado na hora de decidir pela comunicação digital é a cultura da organização e de seus
públicos. Por fim, segundo o autor, é preciso entender que o processo de Comunicação não
deve ser restrito às áreas responsáveis por suas ações, mas permear toda a organização.
4 - MÉTODO
Entende-se que a adoção das Mídias Sociais Digitais pelas empresas e pelos
consumidores é um processo em andamento. Foi adotada como premissa a afirmação de
Mathenson (2004) de que “mais do que assumir uma dissociação radical entre velhas e novas
formas de comunicação é necessário explorar como as formas das novas mídias se posicionam
nas estruturas sociais vigentes”. O foco do estudo é observar e compreender as mudanças
percebidas por profissionais-chave da área de comunicação de empresas de destaque que
atuam em distintas indústrias no mercado brasileiro.
Uma vez que o surgimento das Mídias Sociais Digitais é um fenômeno recente, em
curso, com pouca publicação acadêmica, principalmente no Brasil, este estudo tem natureza
exploratória. Em virtude disto, foi abordado de forma qualitativa (Malhotra, 20100) pois a
ênfase está no entendimento do fenômeno social, suas características e significados (Denzin e
Lincoln, 2006). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade, com
a utilização de um roteiro semi-estruturado (Aeker et al, 2004) adequado à captação das
motivações, crenças e valores dos entrevistados em relação ao tópico estudado (Malhotra,
2008; Gaskell, 2000). Esse método favorece um contato intenso com o “campo” e propicia
uma visão profunda e holística do fenômeno em observação (Miles e Huberman, 1994;
Stebbins, 2008).
Foram entrevistados executivos responsáveis pela definição e execução das estratégias
de comunicação e marketing de empresas relevantes que operam no país. Onze entrevistas
foram realizadas nos meses de julho e agosto de 2010. Todas as entrevistas foram gravadas
com a autorização dos entrevistados, totalizando mais de 11 horas e cerca de 270 páginas de
transcrições. As características das empresas e entrevistados encontram-se na tabela 1.
Para suportar a análise, as transcrições foram inseridas no software NVIVO. Todas as
frases foram catalogadas em microcategorias, as quais foram agrupadas em macrocategorias
de análise, utilizadando a técnica de análise de conteúdo (Miles & Huberman, 1994).
10
5.3 - Aspectos Organizacionais
A necessidade de usufruir efetivamente do potencial da Comunicação Organizacional
por meio das plataformas de Mídias Sociais Digitais tem levado as empresas a repensarem
suas estruturas organizacionais. Seja pela contratação de novos profissionais, pela criação de
novos departamentos ou pelo compartilhamento de responsabilidades relativas à comunicação
por toda empresa, foi observado um movimento em direção a uma nova estrutura.
Outro aspecto que é relevante é a estrutura organizacional. Primeiro que você começa a
ficar mais difuso internamente, você não fica restrito a uma única área como o pilar da
comunicação externa da empresa e também interna, porque as mídias sociais permitem
com que várias áreas diferentes da empresa possam estar contribuindo com esse
conteúdo que vai para fora, isso não fica mais somente na área de marketing. O que
provoca também uma mudança muito relevante. Primeiro de como a área de marketing
coordena e organiza esse processo. Segundo, ela exige um nível de integração e de
afinidades entre as diferentes áreas da empresa que de alguma forma participam dessa
comunicação, então ela fica muito mais complexa. (Entrevistado 1).
Contudo, verificou-se que esse não é um movimento homogêneo entre as empresas
entrevistadas. Há empresas que, por ainda terem dúvidas em relação à necessidade de se fazer
tais alterações, lidam com as novas plataformas por meio de equipes terceirizadas, ou então
absorvem as demandas com o auxílio da equipe até então responsável pela comunicação
realizada nas plataformas tradicionais. Tal estratégia parece ser considerada paliativa ou até
mesmo prejudicial, pois, a primeira opção faz com que todo o conhecimento seja acumulado
fora da organização e a segunda reduz a eficiência do departamento responsável pela gestão
da Comunicação Organizacional: “As Mídias Sociais Digitais adicionam trabalho e desafios à
rotina das empresas, que muitas vezes absorvem essa tendência sem alterar o número da área
responsável. Isso acontece e acaba por adicionar dificuldades ao dia a dia, que antes já era
corrido.” (Entrevistado 3)
Vale pontuar que a percepção de alguns executivos é de que as maiores mudanças ainda
estão por vir, e que elas provocarão alterações nas estruturas organizacionais das empresas.
Alguns entrevistados acreditam que o impacto das Mídias Sociais Digitais tende a permear
toda a organização, à medida que estes meios vêm sendo assimilados no ambiente corporativo
com diferentes finalidades.
Neste sentido, muitos participantes da pesquisa advogam que os profissionais da
empresa devem atuar como verdadeiros porta-vozes de seus produtos e serviços. Sete das
empresas entrevistadas afirmaram que os próprios funcionários são os melhores
multiplicadores de informações com os quais se pode contar. Eles conhecem os valores da
empresa, entendem os produtos e são entendidos pelos públicos externos como representantes
da mesma. Porém, o potencial de influência de cada funcionário nas Mídias Sociais Digitais
também é associado a riscos tais como os de segurança da informação, falta de alinhamento
com a política de Comunicação Organizacional da empresa e até mesmo com possibilidade de
desentendimentos entre funcionários apaixonados e consumidores críticos. Tal possibilidade é
vista como uma potencial geradora de crises.
Na hora que você convida as pessoas para as redes sociais, você as convida a se
posicionarem, né? Um aumento brutal de porta-vozes sobre determinados assuntos,
internamente e externamente. Significa que a empresa tem 400 mil porta-vozes no
mundo. Tem riscos, é óbvio, tem série de detalhes aí, associados, mas é um ponto em
que a gente alavanca a visibilidade da empresa para fora de uma maneira absurda.
(Entrevistado 8)
Para contornar problemas causados pelo excesso de engajamento dos funcionários nas
Mídias Sociais Digitais, uma das alternativas encontradas por algumas das empresas
11
entrevistadas têm sido o treinamento dos mesmos e a elaboração de Políticas que regulem o
posicionamento oficial da empresa em relação a questões específicas.
As pessoas estavam reclamando e de repente apareceu um cara do nada lá e disse: ‘Oi,
sou o responsável pelo controle de qualidade da fábrica e eu queria dizer pra vocês que
nós cuidamos de cada perfume como se fosse uma jóia. A saída é controlada por não sei
quantas pessoas. A minha equipe checa todos os perfumes pra ver se não foi amassado.’
Linda resposta. Aí ele vira e fala assim: ‘Se alguém fez merda, foi a transportadora.’
Olha só, era um cara funcionário da fábrica que viu aquela reclamação e resolveu se
colocar a frente da história. Eu levei isso pra todo mundo. Metade da sala teve a reação
assim: ‘Acha esse cara, vamos dar uma bronca e demitir, porque não pode falar em
nome da empresa.’ A outra metade falava assim: ‘Bom, vamos chamar esse cara e
vamos dar uma medalha pra ele, porque ele está defendendo a empresa.’ E a minha
posição não era um nem outro, era: ‘Vamos treiná-lo!’ (Entrevistado 9)
Naturalmente, a demanda por colaboradores ativos em Mídias Sociais Digitais impacta
o perfil dos profissionais que participam das estruturas de comunicação da empresa. Todos os
entrevistados entendem a importância de preparar suas equipes, seja por meio de
treinamentos, novas contratações ou até mesmo terceirização de serviços.
Nós começamos a perceber que a gente tinha um conjunto de profissionais que faziam
parte do processo da comunicação, mas que não estavam adequados a esse novo
movimento. Primeiro não acompanharam. Segundo, eles estavam resistindo contra uma
corrente que é inevitável. [...] Então nós tivemos uma série de situações aonde nós
mudamos o profissional. Agora, estamos fazendo o último movimento, que é uma
estruturação efetiva de uma área para trabalhar com rede social dentro da empresa, o
que antes não tinha. (Entrevistado 1)
Apesar de a pesquisa indicar a presença de um gap geracional entre profissionais mais
jovens e habituados às novas mídias e profissionais mais experientes, a percepção de que a
pouca idade é garantia de conhecimento sobre as Mídias Sociais Digitais e determinante para
a boa atuação de um profissional na área não é consenso entre os entrevistados.
É impressionante como tem gente nova que não tem interesse em compreender o digital.
E eu tenho conversado com vários pares meus, e muitos tem a mesma percepção que eu:
o pessoal que trabalha com analógico não quer saber, mesmo sendo jovens. Às vezes,
como profissional e como professor, eu me surpreendo. (Entrevistado 2)
Dentre os novos cargos criados nas empresas estudadas estão: gerentes, coordenadores e
analistas de Mídias Sociais Digitais; diretores e gerentes de transmídias (responsáveis pela
integração dos esforços de diferentes mídias); gerentes de comunidades – responsáveis por
fomentar a conversação nas plataformas e os blogueiros e twiteiros corporativos – que
produzem conteúdos específicos para o blog ou microblog da organização.
Na opinião dos entrevistados, o profissional ideal para trabalhar na Nova Comunicação
Organizacional (baseada nas plataformas digitais) deve: ter a base teórica de Comunicação;
Entender a dinâmica das Mídias Sociais Digitais, por ser contemporâneo ao fenômeno ou por
possuir um grande interesse; Gostar de tecnologia; Ser inovador; Ser capaz de realizar multi-
tarefas, como editar, apurar e fotografar; Conhecer o negócio da organização; Ter visão
sistêmica; Ser questionador e Conhecer Marketing e Administração.
6 - CONCLUSÕES
Os impactos das Mídias Sócias Digitais na Comunicação Organizacional são amplos.
As novas plataformas têm contribuído para questionar as práticas de comunicação dentro do
ambiente corporativo, que há muito se encontravam estagnadas. Desde a popularização da
Internet, as empresas não percebiam estar diante de um desafio tão importante quanto as
MSDs. As mudanças na Comunicação Organizacional não se limitam às áreas que detêm a
gestão da comunicação da empresa. Elas impactam os processos organizacionais como um
todo e, no limite, podem levar à modificação da estrutura da empresa, ainda que inicialmente
alterem apenas os processos de comunicação.
Neste contexto, o presente estudo apresenta uma realidade plena de incertezas. Devido à
natureza recente do fenômeno, os executivos entrevistados não identificam “melhores
práticas” para a gestão da comunicação com seus stakeholders e questionam, até, se haverá
uma recomendação universal de conduta para esse momento pontuado pela interatividade e
pela ausência de controle das empresas sobre as mensagens a seu respeito no ciberespaço.
Mesmo com tantas dúvidas, destacam-se oportunidades, já que as novas plataformas de
Comunicação Institucional, com o consumidores ativos e expostos, propicia relacionamentos
próximos, diretos e potencialmente duradouros. O momento é oportuno para que empresários,
executivos e pesquisadores repensem o papel da Comunicação nas Organizações e sua
integração com a Estratégia Corporativa.
Devido à natureza exploratória do estudo, a utilização do método de pesquisa
qualitativo não é objetivo do trabalho generalizar os resultados dessa investigação (Aaker et
al, 2004) e sim compreender, por meio da percepção de executivos-chave de empresas
relevantes, o potencial, principais impactos e práticas no nosso mercado.
REFERÊNCIAS
AAKER, D.; KUMAR, V.; DAY, G. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2004.
AMARAL, A.; RECUERO, R.; MONTARDO, S. Blogs.com: estudos sobre blogs e
Comunicação. Momento Editorial. 2009
BAHIA, B. Introdução à Comunicação Empresarial. Rio de Janeiro: Mauad. 1995.
BORDENAVE, J. O que é comunicação? São Paulo: Editora Brasiliense. 1982.
BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma História Social da Mídia. Rio de Janeio: Zahar, 2006.
CARNEIRO, G. Aspectos psicossociais da comunicação de massa. In W. R. POYARES,
Comunicação Social e Relações Públicas (2nd ed., pp. 152-156). Rio de Janeiro: Agir. 1974
CHIMENTI, P. A TV aberta no Brasil e as novas mídias. Coppead. Rio de Janeiro. 2011
15
CIA. (2011). The World Fact Book. Disponível em
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/xx.html.Acessado: 06/2011
CIPRIANI, F. Mídias Sociais Digitais nas empresas O relacionamento online com o mercado.
Deloitte Touche. 2010.
CORRÊA, E. Comunicação digital: uma questão de estratégia e de relacionamento com
públicos. Organicom. 2005.
CORRÊA, E. Reflexões para uma epistemologia Digital. Observatorio Journal, 4, 2008.
DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. A disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In: Denzin,
N. K.; Lincoln, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2006.
GURGEL, J. Cronologia da Evolução Histórica das Relações Públicas. Brasília: Linha
Gráfica e Editora. 1985
KAPLAN, A. M.; HAENLEIN, M. Users of the world, unite! The challenges and
opportunities of Social Media. Business Horizons , 59-68. 2010
KUNSCH, M. Relações Públicas e modernidade: novos paradigmas na Comunicação
Organizacional. São Paulo: Summus. 1997.
KUNSCH, M. Comunicación organizacional en la era digital - contextos, recursos y
posibilidades. Signo y pensamiento. Vol.26, N. 51. 2007.
MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Bookman. 2010
MANGOLD, W.; FAULDS, D. Social media: the new hybrid element of the marketing
promotion mix. Buziness Horizons, N 52, p. 357-365. 2009
MILES, M.; HUBERMAN, A. Qualitative data analysis: an expanded sourcebook (2nd ed.).
United Satetes of America: Sage Publications. 1994.
NASSAR, P. O uso das novas tecnologias. In M. M. Kunsch, Obtendo Resultados com
Relações Públicas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. 1997.
NASSAR, P.; FIGUEIREDO, R. O que é comunicação empresarial. Brasiliense. 1995.
POSTMAN, J. SocialCorp: Social Media Goes Corporate. New riders. 2009
RECUERO, R. Redes Sociais na Internet: Considerações iniciais. Disponível em:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-redes-sociais-na-internet.pdf Acessado: 06/2010.
RECUERO, R. (n.d.). Social Media. Disponível em:
http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/oqueemidia_social.html. Acessado: 05/2010
RIEL, C. Essentials of Corporate Communication: Implementing Practices for Effective
Reputation Management. T&F Books UK. 2009.
ROSA, B. Peso extra no bolso dos brasileiros. Economia. O Globo , p. 17. 16/04/2010
ROTHAERMEL, F.; SUGIYAMA, S. Virtual Internet communities and commercial sucess:
individual and a community-level theory grounded in the atypical case of TimeZone.com.
Journal of Management , 27, 297-311. 2001.
SAAD, B. Estratégias para a mídia digital: Internet, informação e comunicação. São Paulo:
Editora Senac São Paulo. 2003
SCHMITT, G. Brand Experience Report. Razorfish. 2009.
STEBBINS, R. A. Exploratory Research. In: L. M. Given The Sage encyclopedia of
qualitative research methods (pp. 327-329). Thousands Oaks, SAGE Publications, Inc, 2008.
TERRA, C. A Comunicação Bidirecional, Direta e Instantânea como o Padrão dos
Relacionamentos Organizacionais com seus Públicos. Revista Eletrônica PRODAM
Tecnologia (2), 15. 2009.
16