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Profissional Documentos
Cultura Documentos
Currículo de
Teresina GE
Geografia
SEMEC
Secretaria Municipal
de Educação
PREFEITURA DE TERESINA
Diagramação
Paulo Braga
Revisão
Héberton Mendes Cassiano
Anderson Wilbur Lopes Andrade
Felipe Augusto de Sousa Sobrinho
Jurema da Silva Araújo
Apoio Técnico
George Mendes
E n s i n o Fu n d a m e n t a l
Componente Curricular
Geografia
Teresina, 2018
PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
NA REFORMULAÇÃO DO
CURRÍCULO DE TERESINA
COMISSÃO CENTRAL Membros:
Irene Nunes Lustosa Ana Gladys de Sousa Lima
Giovanna Saraiva Bezerra Barbosa Ediane de Melo Castelo Branco
Edina Batista de Sousa Alves
COORDENAÇÃO EXECUTIVA Eliseu Ferreira de Almeida
Celina Daniela Diôgo Lira Francisca Medeiros dos Santos
Maria Betanea Luz Moura de Melo
GRUPO DE TRABALHO MÓDULO Mariluce Lima
INTRODUTÓRIO Sellianne Ferreira Silva
Coordenadora:
Hostiza Machado Vieira GRUPO DE TRABALHO LÍNGUA
INGLESA
Redatoras: Coordenadora:
Francisca das Chagas Cardoso Nascimento Vivian Veloso Chaves
Hostiza Machado Vieira
Marinalva de Sousa Barbosa Redatoras:
Márcia Regina de Sousa Duarte Gonçalves
Membros: Benedita Severiana de Sousa
Christian Messias Meneses Soares
Daniela Coutinho Escórcio de Macedo Membros:
Ilhiane Rossy de Aquino Carvalho Arlene Silva de Oliveira
Maria Vilma Lima dos Santos Araújo Carmilene Ribeiro Lima
Mônica Maria Ferreira Santos Fernanda Inez Castelo Branco Aragão
Regina Soares de Amorim Luzia Marta Lima de Oliveira
Rejane da Cunha Silva Morais Maria Salete Linhares Boakari
Signéia Maria Alves Pinheiro
GRUPO DE TRABALHO ARTE
GRUPO DE TRABALHO LÍNGUA Coordenadora:
PORTUGUESA Ana Vitória de Carvalho Santos
Coordenadora:
Estegite Carvalho Leite Moura Redatores:
Francisco Roberto de Freitas
Redatoras: Ioneide Santos do Nascimento
Geysa Dielle Rodrigues Vieira
Vilma Oliveira Sampaio Membros:
Liciauria Marques Rocha Ana Maria Borges Batista
6 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Keyla Batista Reis de Sousa Macedo GRUPO DE TRABALHO CIÊNCIAS
Maria Audea de Lima e Sousa Coordenadora:
Maria do Perpétuo Socorro Alves Silva Ilenyldes Antônia de Aquino Carvalho Leal
Maura Talita Araújo de Sousa
Simone Antonia Gonçalves B. de Souza Redatoras:
Tânia Maria da Costa Sobral Calland Carmeline da Silva Lima Vale
Lúcia Gomes Pereira
GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO
FÍSICA Membros:
Coordenadora: Antônia Célia Alves de Sousa
Maria Luzia Alves de Carvalho Célia Maria Barros Carvalho
Cristiane Raquel S. Burlamaque Evangelista
Redatores: Débora Rêgo Chaves Facchinetti
Juliana Maria de Andrade Soares Jesus Vênus Silva Costa
Laécio de Lima Araújo Joana Soares Rodrigues
Valdete Maria da Silva
Membros: Valnet Rodrigues de Sousa do Carmo Batista
André Luís Rodrigues Santos
Carmem Jandira Silva de Oliveira GRUPO DE TRABALHO DE HISTÓRIA
Cícero Soares de Melo Neto Coordenadora:
Francisca da Costa Brito Antonia Melo de Sousa
Maria Eliane dos Santos Araújo
Maria do Socorro Campelo Redatores:
Maysa Lima e Silva Carlos Alberto Lima de Oliveira Pádua
Sandra Heloisa de Araújo Andrade Michelle Morgana Gomes Fonseca Alcântara
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 7
GRUPO DE TRABALHO DE GEOGRAFIA ASSESSORES EXTERNOS
Coordenadora:
Deise Maria Higino Holanda Cordeiro Minéa Pashoaleto Fratelli - Introdutório -
Secretaria Municipal de Educação da cidade
Redatores: de São Paulo.
José Edson da Silva Barrinha
Luís Carlos Batista Rodrigues Regina Braz da Silva Santos Rocha
-Língua Portuguesa – Pesquisadora titular da
Membros: Pontifícia Católica de São Paulo – PUC - SP
Denilson da Silva Rocha
Enilda Francisca de Oliveira Edda Curi – Matemática - Professora titular
Ioshua Costa Guedes da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL -
Marandreia de Araújo Sousa SP
Maria do Desterro da Silva Barbosa
Maria José Oliveira Formiga Daniela Lopes Scarpa – Ciências - Professora
Naira Maria Rodrigues Araújo do Instituto de Biociências da Universidade
Silvia Valéria Brito de Castro dos Anjos de São Paulo – USP
8 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: IDEB alcançado pela Rede Municipal de Ensino de Teresina___________________20
Gráfico 2: Documentos que referenciam a elaboração do planejamento_________________23
Gráfico 3: Melhor maneira para alfabetizar________________________________________24
Gráfico 4: Estratégias utilizadas no acompanhamento das aprendizagens dos estudantes___25
Gráfico 5: Eu aprendo melhor quando faço________________________________________51
Gráfico 6: Fica mais fácil quando o professor...______________________________________52
Gráfico 7: Na escola eu preciso_________________________________________________52
10 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
SUMÁRIO
1 TERESINA, A CIDADE EM QUE TODOS APRENDEM!_______________________________ 17
1.1 EDUCAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL DE TERESINA FAZENDO HISTÓRIA________________ 18
1.2 CURRÍCULO DE TERESINA: TRÊS MOMENTOS DE UMA HISTÓRIA___________________ 21
1.2.1 PRIMEIRO MOMENTO__________________________________________________ 21
1.2.2 SEGUNDO MOMENTO__________________________________________________ 21
1.2.3 TERCEIRO MOMENTO__________________________________________________ 22
2 CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO E DE EDUCAÇÃO_________________________________ 29
2.1 CURRÍCULO___________________________________________________________ 29
2.2 INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA_______________________________________________ 30
2.3 EDUCAÇÃO INTEGRAL___________________________________________________ 31
2.4 EQUIDADE E IGUALDADE_________________________________________________ 33
2.5 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE______________________________________ 34
3 CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA E PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS___________ 43
3.1 EDUCAR PARA O MULTICULTURALISMO E O MULTILETRAMENTO__________________ 44
3.2 RESPEITO À DIVERSIDADE_________________________________________________ 45
3.3 CONTEXTUALIZAÇÃO SISTÊMICA OU HOLÍSTICA DO CONHECIMENTO______________ 46
4 PREMISSAS ORIENTADORAS DA MATRIZ DE SABERES_____________________________ 51
4.1 MATRIZ DE SABERES_____________________________________________________ 53
4.2 TEMAS INTEGRADORES__________________________________________________ 56
5 ORGANIZAÇÃO DA ESCOLARIDADE__________________________________________ 63
6 ÁREAS DO CONHECIMENTO E COMPONENTES CURRICULARES_____________________ 69
7 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM____________________________________________ 73
8 CURRÍCULO NA PRÁTICA___________________________________________________ 79
9 SÍNTESE DA ORGANIZAÇÃO GERAL DO CURRÍCULO_____________________________ 85
10 INTRODUÇÃO E CONCEPÇÕES DA GEOGRAFIA________________________________ 91
10.1 CONCEPÇÕES DA GEOGRAFIA____________________________________________ 92
10.2 PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA___________________________________________ 97
10.2.1 ESPAÇO____________________________________________________________ 97
10.2.2 PAISAGEM__________________________________________________________ 98
10.2.3 LUGAR_____________________________________________________________ 98
10.2.4 TERRITÓRIO_________________________________________________________ 99
10.2.5 REGIÃO____________________________________________________________ 100
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 11
10.2.6 NATUREZA___________________________________________________________ 100
10.3 DIREITOS DOS ESTUDANTES EM APRENDER GEOGRAFIA_________________________ 104
11 O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA_________________________________ 109
11.1 CONCEITOS GERAIS NORTEADORES DO ENSINO DE GEOGRAFIA__________________ 113
11.1.1 OBJETOS TÉCNICOS____________________________________________________ 113
11.1.2 RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO E PENSAMENTO ESPACIAL__________________________ 114
11.1.3 MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO INFORMACIONAL________________________________ 114
11.1.4 CONSCIÊNCIA SOCIOAMBIENTAL__________________________________________ 115
11.2 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL_______ 116
12 O ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL___________________________ 121
12.1 UNIDADES TEMÁTICAS___________________________________________________ 121
12.2 HABILIDADES PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA________________________________ 127
13 ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR___________________________________________ 173
13.1 PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS, PEDAGÓGICOS____________________________________ 173
13.2 INTERDISCIPLINARIDADE_________________________________________________ 174
13.3 PLANEJAMENTO________________________________________________________ 174
13.4 AVALIAÇÃO____________________________________________________________ 175
REFERÊNCIAS______________________________________________________________ 176
12 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 13
PARTE 1
TERESINA, A CIDADE EM
QUE TODOS APRENDEM!
TERESINA, A CIDADE EM QUE
TODOS APRENDEM!
Os desafios trazidos à escola, no século XXI – entre eles, os
avanços da tecnologia, as diferentes formas de aprender e se
1
relacionar com o conhecimento e as mudanças que envolvem
o desenvolvimento sustentável – impuseram a necessidade
de redefinir o currículo do Município de Teresina, tendo, como
referência, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define
as aprendizagens essenciais que todos os estudantes1 brasileiros
devem desenvolver ao longo da Educação Básica.
O currículo de Teresina orienta para o desenvolvimento
de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores produzidos
historicamente, que visam à formação e ao desenvolvimento
integral dos estudantes com vistas a sua atuação nessa sociedade
contemporânea tão diversa. Respeitando a autonomia e liberdade
conferidas pela BNCC aos sistemas e redes de ensino, o currículo
foi organizado a partir da realidade em que está inserido,
contemplando as singularidades e diversidades regionais e
locais, bem como formas contextualizadas de apropriação do
conhecimento.
Imbuída de um espírito colaborativo e comprometida com
uma educação pautada no desenvolvimento integral, na equidade,
na qualidade e na sustentabilidade, a Rede Municipal de Ensino de
Teresina construiu, com a participação de estudantes, professores,
gestores, técnicos e sociedade, o currículo, cuja estrutura compõe-
se de duas partes.
A primeira parte apresenta a análise da realidade
educacional de Teresina, o histórico da Rede e do Currículo.
Em seguida, realça os princípios balizadores do currículo, bem
como destaca as concepções pedagógicas e os pressupostos
teórico-metodológicos. Apresenta a Matriz de Saberes articulada
aos Temas Integradores e aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) em sintonia com a Agenda 20302. E, ainda,
destaca a organização da escolaridade em ciclos e as áreas do
conhecimento com seus respectivos componentes, além de
realçar os pressupostos da avaliação da aprendizagem, tratada
como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem ao
longo do Ensino Fundamental. 1. Neste documento, optamos pelo uso do termo
estudante, substantivo comum de dois gêneros,
A segunda parte compreende o componente curricular para nos referirmos aos meninos e às meninas que
se encontram em processo de escolarização.
específico de cada área do conhecimento. Nela, são destacados os
fundamentos e concepções inerentes ao componente curricular 2. Plano de ação que consiste em um compromisso
formal assumido pelos chefes de Estado, de gover-
em foco, o detalhamento das unidades temáticas, dos objetos nos e de altos representantes, que tem como finali-
do conhecimento, das habilidades com seus respectivos ODS, dade fortalecer a paz universal com mais liberdade,
bem como apresenta orientações didáticas de como traduzir e as buscando entre outras ações erradicar a pobreza
em todas as suas formas e dimensões e promover o
habilidades/objetos do conhecimento numa perspectiva teórico- desenvolvimento sustentável do planeta. Disponível
prática. em https://nacoesunidas.org/pos2015/
agenda2030/
Em face ao exposto, apresentamos este documento com o
objetivo de compartilhar o Currículo do Município de Teresina,
que tem, como fundamento básico, a formação dos estudantes da
Rede Municipal de Ensino.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 17
1.1 EDUCAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL DE TERESINA FAZENDO HISTÓRIA
18 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
implantação das Diretrizes Curriculares do Município, sob a orientação da Lei 9.394/96 e dos
Parâmetros Curriculares Nacionais.
O Programa Cidade Olímpica Educacional (COE), criado em 2012, constitui ação
importante voltada para estudantes com desempenho escolar acima da média, possibilitando o
desenvolvimento de suas capacidades para participar de competições, concursos e olimpíadas
científicas.
Foi criado o Programa de Valorização do Mérito, orientado pela Lei N⁰ 4.499, de 20 de
dezembro de 2013, bem como a implantação do Projeto MobiEducaMe, cujo objetivo consiste
em monitorar faltas de estudantes e, ainda, a implantação do Sistema Tecnológico de Correção
Avaliação Educacional de Teresina.
O Prêmio Valorização do Mérito na Educação Infantil foi criado sob a Lei nº 4.668, de 22 de
dezembro de 2014. Também foi criado o Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA-SEMEC),
que auxilia as escolas na inserção de dados via internet, bem como foi implementado o Projeto
de Reforço Unificado, voltado para estudantes com baixo desempenho em determinados
componentes curriculares.
Em 2017, foi criado o Centro Municipal de Atendimento Multidisciplinar (CMAM) em
parceria com a Fundação Municipal de Saúde (FMS). Implementou-se o Projeto PRÉ-IFPI, cujo
objetivo consiste em reforçar e aprimorar os conhecimentos dos estudantes do 9º ano do Ensino
Fundamental para ingressar no Instituto Federal de Educação do Piauí (IFPI).
Conforme destacamos, importantes conquistas foram realizadas pela educação do
município de Teresina, que podem ser sintetizadas na figura a seguir:
Figura 1: Marcos históricos da educação teresinense (1986 – 2017)
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 19
2014 Prêmio Valorização do Mérito na Educação Infantil
2014 Sistema Integrado de Gestão Acadêmica
2014 Implementação do Projeto de Reforço Unificado
2017 Inauguração do Centro Municipal de Atendimento Multidisciplinar (CMAM)
2017 Implantação do Projeto PRÉ-IFPI
Fonte: SEMEC 2017
20 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
decréscimos e estagnações em alguns momentos da análise da
série histórica, requerendo, assim, a busca de novas estratégias
para o enfrentamento das demandas impostas.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 21
Em face desse contexto de mudança, em 2008, foram reformuladas e implantadas as Diretrizes
Curriculares do município de Teresina, cujo objetivo visava a contribuir para a construção de uma
escola cidadã, tendo, como princípios, a transversalidade e a interdisciplinaridade (TERESINA,
2008).
Este documento apresenta uma proposta rica, na qual é inserido um currículo
comprometido com a diversidade e flexibilização do conteúdo e práticas curriculares “[...] visando
ao atendimento escolar diferenciado, possibilitando a inclusão de pessoas, cujas diferenças
são de natureza pessoais, socioculturais ou interativas” (TERESINA, 2008 p. 137). Ao revisitar as
Diretrizes Curriculares de 2008, constatamos a preocupação com a qualidade e a fidelidade às
orientações dos documentos normativos e legais referentes à educação, sendo eles: Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (1996); Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e Plano Nacional
de Educação (PNE, 2014).
A proposta curricular vislumbrava uma educação para a cidadania que contribuísse para a
inserção dos estudantes no contexto social, superando uma perspectiva fragmentada e isolada
do conhecimento. As Diretrizes Curriculares do Município de Teresina (2008) ancoraram-se em
um paradigma que impõe mobilidade e dinamismo à prática, que deve estar amplamente
conectada às novas tecnologias da informação e da comunicação como forma de tornar o objeto
do conhecimento veiculado na escola abrangente, contextualizado, legítimo e significativo.
22 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
um questionário individual, disponibilizado na forma online, no site da SEMEC. O questionário
destinado aos professores contemplou questões referentes ao ano escolar e componente
curricular em que atuam, quais documentos balizam o planejamento da prática pedagógica,
qual a melhor maneira de alfabetizar, entre outros aspectos.
Dos professores que participaram da pesquisa, 53,4% ministram o componente curricular
de Língua Portuguesa e 22,6% o componente Matemática, o que era previsível, pois o número de
professores lotados nestes componentes é maior, além de 40,2% dos professores respondentes
informaram que atuam nos anos iniciais e anos finais. Dentre eles, 40,2% dos professores atuam
em turmas do ciclo de alfabetização, 33,5% são lotados nos 4º e 5º anos e 26,3% em turmas de
6º ao 9º ano.
Ao serem indagados sobre quais documentos ou materiais que referenciavam a elaboração
do planejamento da prática docente, 33,6% dos professores informaram que utilizam as
Diretrizes Curriculares do Município de Teresina; 10,7% informaram que utilizam as Sequências
Didáticas produzidas na formação continuada; e 10,5% os planos referenciais enviados pela
SEMEC, conforme sintetiza o Gráfico 2:
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 23
a sua composição e decomposição e a formação de novas palavras. Do universo de professores
respondentes, 46,58% não informaram, conforme sintetiza o Gráfico 3:
24 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Fonte: SEMEC 2018
A opinião dos estudantes, detalhada mais adiante, sinaliza para a utilização de uma
diversidade de estratégias para o acompanhamento de suas aprendizagens e o respeito às
singularidades dos atores envolvidos no processo avaliativo.
A produção do currículo do município de Teresina buscou contemplar os anseios e
concepções dos diferentes atores que constituem a Rede, por meio de um processo de
coprodução, que acolheu a pluralidade dos saberes e práticas socioculturais da realidade a que
se destina, a fim de garantir a legitimidade e identidade do documento.
Ademais, sua construção considerou a funcionalidade do documento, organizando-o de
forma interativa e dinâmica, visando a apropriação por parte dos educadores, assegurando,
assim, os direitos de aprendizagem a todos os estudantes da Rede.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 25
26 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 2
CONCEPÇÕES DE
CURRÍCULO E DE EDUCAÇÃO
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 27
CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO
E DE EDUCAÇÃO
Teresina orienta-se para uma educação, na perspectiva da transformação social, que
2.1 CURRÍCULO
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 29
O currículo centrado no estudante: o estudante constitui o centro do currículo. Por essa
razão, é primordial considerar os direitos de aprendizagem como um compromisso social. Assim,
a escola precisa garantir aos estudantes o acesso a diferentes saberes, aos conhecimentos que
circulam nos diferentes espaços sociais como direito de todos à formação e ao desenvolvimento
humano.
O currículo é balizador dos direitos de aprendizagem: até o momento, vimos que
o currículo não possui uma definição fechada, mas se delineia pela sua complexidade. Trata-
se de um conceito que não tem sentido unívoco (PACHECO, 2005). Por esse viés, o currículo
se configura como um balizador dos direitos de aprendizagem, representando a possibilidade
de inclusão de diferentes formas de conhecimentos que incluem a valorização da diversidade
existente nesta cidade. Como adverte o próprio texto das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
da Educação Básica (BRASIL, 2013, p. 26), o direito de aprendizagem corresponde:
30 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
relações sociais, nos laços afetivos, intensificando suas relações com os seus pares e as diversas
aprendizagens. Crianças e adolescentes são sujeitos em desenvolvimento e suas peculiaridades
devem ser respeitadas.
O Ensino Fundamental regular é protagonizado por crianças e adolescentes que vivenciam
modos próprios de vida e suas múltiplas experiências culturais e sociais, assim, as Diretrizes
Curriculares Nacionais, de 2013, compreendem, como mais adequado, falar de infâncias e
adolescências no plural. Esse entendimento aponta para o acolhimento de um currículo que
vislumbre ações educativas em que os estudantes tenham aprendizagens sintonizadas com
suas necessidades, possibilidades e interesses, voltados para o desenvolvimento humano global,
de forma equitativa, aliando satisfação e prazer pela busca de novos conhecimentos com vistas
à formação do indivíduo autônomo do século XXI.
A defesa de uma escola que vise à formação integral dos indivíduos vem sendo discutida
no contexto brasileiro desde o final do século XIX e início do século XX. Fundamentada na
concepção de uma educação que desenvolva o estudante nas dimensões ético-política, técnico-
científica, epistemológica, estético-afetiva e pedagógica, e que o prepare para a construção de
uma sociedade mais justa e igualitária, o município de Teresina concebe a educação integral
como um princípio que baliza a qualidade da educação.
A educação integral é assegurada pelo Plano Nacional de Educação (PNE), Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (LDB), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Constituição Federal de
1988, Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A BNCC valida uma educação integral quando determina que o sujeito deve “[...] agir pessoal
e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
solidários” (BRASIL, 2017, p.10).
No atual cenário, a defesa da educação integral ganha força à medida que se considera a
complexidade e as urgências das demandas sociais nas profundas desigualdades das condições
de acesso, permanência e a garantia dos direitos de aprendizagem na educação escolar. Embora
não seja determinante, há estudos que permitem identificar forte correlação entre a situação
de vulnerabilidade e risco social com o baixo rendimento escolar e a permanência na escola
(CHARLOT, 2000; PERRENOUD, 2003).
A educação integral constitui-se como um princípio da educação pública de qualidade
para o século XXI, que fundamenta o processo educativo escolar de modo a articular a vida em
comunidade aos conteúdos, habilidades e valores para atuar na sociedade. É um compromisso
coletivo, de valorização das diversas formas de conhecimento e formação plena, abrangendo as
dimensões:
Ético-política: o aspecto atitudinal da Educação Integral trata da necessidade de o
docente se posicionar diante dos estudantes, revelando sua maneira de ser e pensar ética e
politicamente, aproximando o que diz com o que faz, relacionando teoria e prática; implica
imprimir coerência entre pensamento e ação, discurso e atitude, levando em conta a apreciação
dos estudantes (MOLL, 2012).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 31
Técnico-científica: a partir do conhecimento tecnológico e científico desenvolvidos nas
escolas, tornam-se possíveis novas perspectivas de conhecer a própria realidade. A ciência e
a tecnologia caminham lado a lado com a educação, cabendo tanto ao educador quanto ao
estudante a atitude desafiadora e criativa. Essa dimensão possibilita a mediação do conceito na
compreensão do concreto (MOLL, 2012).
Epistemológica: trata-se do aspecto motivacional da educação integral que desperta o
desejo e interesse do indivíduo para conhecer e aprender. Assim, o professor necessita encontrar,
nos próprios conteúdos, razões para que se queira aprendê-los. Nesta dimensão, o diálogo entre
professor e estudante torna-se essencial, pois este encontra motivos para aprender na relação
dialógica com seu professor. Segundo Freire (1996, p. 15), “O conhecimento deve despertar no
indivíduo o desejo do saber, numa busca de respostas em método crítico de aprender”.
Estético-afetiva: trata-se de uma educação voltada para a pessoa enquanto corporeidade
consciente, com emoções, sentimentos, olhares de espanto e admiração, desenvolvendo nos
estudantes a capacidade da curiosidade, da sensibilidade para consigo mesmo, com os outros
e com a realidade circundante. Nesse sentido, Freire (1993, p. 63) reconhece a escola enquanto
espaço de aventura, que recusa o imobilismo, “[…] que se pensa, em que se atua, em que se
ama, em que se fala, em que se cria, se adivinha, a escola que aproximadamente diz sim à vida e
não a escola que emudece e me emudece”.
Pedagógica: É o resgate da pedagogia enquanto caminhar ao lado, tutelar e acolher
dialogando, problematizando, refletindo, desafiando, cuidando e construindo caminhos com
o estudante para desenvolver habilidades e sensibilidades necessárias para viver e atuar numa
sociedade tão adversa. Assim, o processo de ensino e aprendizagem ocorre a partir de uma
interação dialógica e problematizadora, possibilitando a condição de sujeito interativo ao
estudante, corresponsável de seu processo formativo.
A adoção dessas dimensões converge para o desenvolvimento de práticas educativas que
se comprometem com a formação do estudante em sua totalidade, vivenciando o diálogo-
problematizador, a sensibilidade para com os diferentes contextos, a criatividade, a autonomia,
a solidariedade, a responsabilidade e a participação afetiva.
A escola, por constituir-se como espaço de construção do conhecimento, de saberes e
valores, deve partir do desenvolvimento de competências, por meio do ensino sintonizado com
as necessidades dos estudantes, considerando, pedagogicamente, a vida que esses levam em
comunidade e seus conhecimentos prévios, contextualizando os conteúdos e dando sentido ao
que se aprende, mobilizando os saberes e aplicando-os socialmente, ressignificando a realidade
em que os estudantes estão inseridos.
A função social da escola, frente aos desafios de efetivar uma educação integral, exige
que os educadores estejam aptos a assumir um novo papel e, com isso, um novo paradigma,
uma nova postura para ofertar aos nossos estudantes, além de conteúdos, a ressignificação das
aprendizagens, dos tempos e espaços escolares.
As aulas devem primar por metodologias ativas que envolvem o uso de estratégias
pedagógicas em que o estudante é visto como sujeito da aprendizagem. Nessa perspectiva,
não são receptores de informações e orientações, mas autores, colaboradores, produtores
de conhecimento, dando novos significados e sentidos ao que aprendem e ao que circula
socialmente. Os estudantes aprendem interagindo com o conhecimento, com os colegas e com
o professor. Com isso, desenvolvem estratégias cognitivas, capacidade crítica e a reflexão para
que o conhecimento se consolide por meio de trocas produtivas e pelo desenvolvimento de
habilidades cognitivas e socioemocionais.
32 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Podemos citar, dentre as metodologias ativas, a aprendizagem baseada em investigação,
projetos, por meio de jogos e aprendizagem pelo fazer (maker). Essas são só algumas
possibilidades que trazem o protagonismo para a sala de aula e a construção significativa de
saberes.
Ademais, será necessário investir na formação de educadores para que essas metodologias
ativas façam parte dos processos de ensino e de aprendizagem e para que esses se consolidem
como profissionais de excelência, tornando-se e formando protagonistas. Assim sendo, deve-se
considerar, ainda, para implementar a educação integral, os seguintes princípios:
Aprendizagem permanente e currículo integrado: articulando os conteúdos
acadêmicos e os saberes do estudante e da comunidade, o que inclui as formas de gestão da
escola, sua relação com o território, a rede de agentes envolvidos, as práticas pedagógicas, a
formação de educadores e estratégias de avaliação.
A escola: sustenta a premissa de que todos os estudantes são capazes de aprender. Ela deve
se revestir de ambiência fértil para troca, construção coletiva de conhecimentos, criatividade,
participação, diálogo e coesão social.
Gestão Democrática: pressupõe a participação efetiva dos vários segmentos da
comunidade escolar (pais, professores, estudantes e funcionários) em todos os aspectos da
organização escolar.
Ampliação do tempo: educação integral não deve ser confundida com a educação em
tempo integral, que é a ampliação da jornada escolar e a ressignificação dos tempos e espaços
escolares. Entretanto, a ampliação é condição relevante para uma educação integral, o que exige
múltiplos arranjos e modelos, previstos no Projeto Pedagógico, desenvolvido no planejamento
integrado pelos educadores para conferir a intencionalidade pedagógica desta estratégia de
ensino.
Contexto ou território: o conhecimento do território é essencial para o desenvolvimento
do Projeto Pedagógico da Educação Integral, uma vez que possibilita conhecer as identidades e
culturas, condições de vida, histórias de vida e construção de vínculos.
Partindo do pressuposto de que não se aprende somente na escola, a efetivação da
educação integral implica políticas públicas que atendam à demanda do desenvolvimento
do estudante no que se refere à saúde, à sustentabilidade ambiental, social e econômica do
planeta, à prática de esporte, à cultura e ao mundo digital, integrando os saberes aos espaços
educativos. Dessa forma, Teresina pretende assegurar a promoção de “[...] uma educação voltada
ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e
diversidades” (BRASIL, 2017, p. 14).
A Equidade necessita ser tratada como princípio que instrumentaliza as políticas públicas,
fomentando ações de mudanças sociais e econômicas, realizando, assim, o desenvolvimento
integral do estudante, tornando-o apto a superar as situações de desigualdades às quais é
submetido em seu cotidiano.
No Plano Nacional de Educação, esse princípio é reafirmado no seu Art. 2º, inciso III, quando
cita, como diretriz deste plano, a “[…] superação das desigualdades educacionais, com ênfase na
promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 33
Vale ressaltar que equidade é diferente de igualdade, embora sejam interdependentes.
Segundo Lopez (2005), equidade é a busca da igualdade, é reconhecer que todos são diferentes
e necessitam de atenção particularizada, enquanto que na igualdade há um tratamento
homogêneo para os sujeitos desconsiderando suas especificidades. Assim, o princípio da
equidade deve definir um currículo menos rígido e mais equilibrado, observando a diversidade
e as singularidades dos estudantes no tocante aos processos de aprendizagem.
Assim, de acordo com Giroux (1997, p. 50), “Se um dos propósitos do currículo é gerar
possibilidades de emancipação, necessitamos desenvolver uma nova linguagem e novas formas
de racionalidade para realizar tarefas”. Nesse contexto, o currículo deve ser ordenado de forma
que os saberes sejam únicos, porém autônomos, para que cada escola possa construir sua
identidade dentro de suas necessidades locais, possibilitando a cobertura de todos os interesses
de aprendizado, garantindo o desenvolvimento integral.
Para efetivar esse processo, o currículo resultará “[...] de uma reflexão contínua e conjunta de
todos aqueles que participam da escola, em função das características, interesses e necessidades
da instituição escolar e da comunidade” (TERESINA, 2008, p.133).
Dessa forma, o professor precisa ser um constante pesquisador, pois em seu cotidiano
mediará uma diversidade cognitiva e necessita considerar toda essa pluralidade, sendo necessário
conhecer como ocorrem os processos de aprendizagem e, assim, promover intervenções
adequadas a todos os estudantes.
34 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Educação Nacional (1996); Lei nº 10.436/2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
– Libras; Lei 10.639/2013, que obriga a inclusão no Currículo oficial da História e Cultura Afro
Brasileira; Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015) e Plano Nacional de Educação (2014-2024).
Assim, o que nos torna mais semelhantes, enquanto gênero humano, é o fato de todos
apresentarmos diferenças de gênero, raça/etnia, idades, culturas, experiências, entre outros.
Somos desafiados a aprender a conviver com as diferenças pela própria experiência humana. O
nosso grande desafio está em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as diferenças
e entender que nenhum grupo humano social é melhor ou pior do que outro. Na realidade,
somos diferentes (GOMES, 2007).
Nesse sentido, a inclusão refere-se a uma inserção irrestrita e, no sistema educacional, a
escola, enquanto principal espaço de construção do conhecimento, precisa reconhecer as
necessidades específicas dos estudantes, considerando-os como sujeitos únicos, que interagem
com o meio, mesmo com suas limitações (EDLER, 2012).
Depreendemos que os educadores necessitam buscar a emancipação intelectual dos
estudantes, que é consequência do processo de autorregulação da aprendizagem, levando-os
a assimilar os novos conhecimentos de acordo com suas possibilidades de incorporá-los ao que
já conhece.
Nesse contexto, o currículo de Teresina vem responder aos anseios e expectativas da escola
que, indiscutivelmente, são diversos em sua essência. Assim, não podemos desprezar a cultura
e os saberes de todos os sujeitos e grupos. Conforme destacam as diretrizes do Programa
Educar na Diversidade (BRASIL, 2006), é necessário desenvolver um currículo mais amplo,
equilibrado e diversificado, passível de flexibilização às necessidades individuais e socioculturais
dos estudantes; uma gestão comprometida com a aprendizagem e a participação de todos
os estudantes; a formação de professores adequada, em termos de necessidades educacionais
especiais, para proporcionar estratégias de atendimento à diversidade.
É importante salientar que a educação especial é uma modalidade transversal, que perpassa
desde o ensino da educação básica ao ensino superior, e constitui-se em todos os recursos,
sejam de ordem pedagógica, arquitetônica e de acessibilidade, que contribua para o acesso ao
conhecimento e a independência física e social de estudantes com deficiência.
Na Rede Pública Municipal de Ensino de Teresina são desenvolvidas várias ações, Programas
e Projetos, visando a garantia do acesso, permanência e desenvolvimento dos estudantes,
considerando suas especificidades. Dentre elas, destacamos:
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 35
Quadro 1: Ações, Programas e Projetos para Estudantes com Deficiência.
Programa O que é?
Programa O que é?
36 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Programa O que é?
Fonte:SEMEC 2018
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 37
A busca de parcerias torna-se de grande relevância para assegurar um ambiente educacional
inclusivo em todos os níveis de aprendizado ao longo da vida escolar. Partindo dessa premissa,
a Rede tem estabelecido parcerias produtivas, contando com atuação de outros profissionais,
com vistas a garantir o direito de todos a aprender.
Na perspectiva da educação inclusiva, há uma consonância com as competências descritas
na BNCC, com vistas ao desenvolvimento de aprendizagens essenciais, que garantam a formação
integral, coadunando, também, com os quatro pilares definidos pela UNESCO para a educação,
sobretudo, os pilares que tratam do aprender a viver juntos, bem como o do aprender a ser.
A garantia de um currículo inclusivo pressupõe a valorização das diferenças pela convivência
com seus pares, pela ação de todos os educadores da escola, pela organização didática, pelo
aspecto socioafetivo das relações estabelecidas. É preciso pensar, ainda, na organização dos
tempos e espaços para atender as diferentes necessidades de aprendizagem e de convivência
dos estudantes.
38 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
40 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 3
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA E
PRESSUPOSTOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 41
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA E PRESSUPOSTOS
TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Pensar um currículo para a formação humana implica considerar a influência da
3 Psicologia. No século XX, uma ideia bastante difundida pela psicologia do desenvolvimento
é o reconhecimento de que o sujeito desempenha um papel importante em seus processos
de aprendizagem na medida em que interage com objeto de conhecimento, construindo
representações sobre o mundo em que se insere.
Nesse contexto, as pesquisas realizadas por Jean Piaget (2002) e Lev Vygotsky (1998)
reconhecem o papel ativo do sujeito no processo de desenvolvimento humano. Os estudos
de Piaget (1983), por exemplo, evidenciam o papel individual do sujeito como estruturante
do conhecimento. Para o referido autor, a aprendizagem ocorre por meio da interação sujeito-
objeto, partindo do movimento intrapsicológico para o plano interpsicológico. Para Vygotsky
(1998), o ato de aprender resulta da interação social, das relações que se estabelecem entre o
indivíduo e as outras pessoas, mediado pela linguagem.
Os estudos realizados por David Ausubel (2003) também são imprescindíveis na produção
de um currículo comprometido com o desenvolvimento humano na medida em que inaugura o
conceito de aprendizagem significativa, que se constitui como um processo pelo qual uma nova
informação se relaciona a um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou
seja, aprender significativamente implica ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura
mental e, com isso, ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos.
Para o referido autor, a única forma possível de se utilizar ideias anteriormente apreendidas na
transformação/interiorização de novas ideias é relacionando as últimas, de forma não arbitrária,
às primeiras. As novas ideias, que se tornam significativas, também alargam, por sua vez, a base
da matriz de aprendizagem (AUSUBEL, 2003). Desse modo, evidencia que a aprendizagem
significativa ocorre quando resulta da interação entre ideias culturalmente significativas, já
“ancoradas” na estrutura cognitiva particular de cada aprendiz.
Partindo desse princípio, compreendemos que o ensino deve levar em conta o que
a criança já sabe, assim, o novo conhecimento terá onde se assentar. É necessário relacionar
teoria e prática, partindo da cultura local e, ao mesmo tempo, buscando ultrapassar seus limites,
oferecendo a todos os estudantes as condições de acesso à cultura no âmbito regional e
nacional. E, para além do acesso, é permitir que desenvolvam uma atitude protagonista nessas
diferentes esferas.
A escola tem papel relevante nisso. Crianças e adolescentes precisam compreender a
complexidade da sociedade local (cultural, política, econômica, etc.) em que vivem imersos
em um contexto nacional e mundial, através da pesquisa, do debate, da comparação e da
possibilidade de participação em atividades que desafiem o estudante a conhecer-se, conhecer
sua comunidade e a relação que têm com o regional e o nacional, isto é, o estudante precisa
compreender que as ações que realiza localmente causam impacto no que é global e podem
transformá-los, ambos.
Segundo Santos (2008, p. 49), “[…] o espaço total e o espaço local são aspectos da realidade
total, que é representada a partir da imagem do universal e das particularidades. O global reflete-
se nas dinâmicas dos lugares que, consequentemente, influenciam no todo”. A forma como
cada sujeito se apropria do espaço, e sente-se pertencente a ele, dá significado às ações que
realiza individualmente e na comunidade.
No decorrer de sua escolarização, os estudantes ampliam suas convivências sociais, passam
a compreender como a vida se organiza em sociedade e passam a estabelecer uma rede de
relações humanas, de modo a valorizar a singularidade em meio à totalidade e à diversidade.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 43
No contexto atual, esses aspectos são imprescindíveis para a produção de um currículo
democrático, inclusivo e comprometido com a educação integral de seres multiculturais, capazes
de negociar sentidos e compartilhar significados por meio de múltiplas linguagens. Assim, o
Currículo do Ensino Fundamental do Município de Teresina intenciona um processo dinâmico
de ação-reflexão-ação, cujo fim do trabalho pedagógico consiste tanto na aprendizagem
cognitiva quanto nas relações humanas.
O processo de ação-reflexão-ação traz para a discussão a construção de conhecimentos
resultantes de uma prática reflexiva. Esse movimento envolve a autorreflexão do professor de
forma consciente e crítica no sentido de compreender que sua formação é um devir que envolve
experiências de formação inicial e continuada e as que são construídas no exercício cotidiano da
profissão. Esse saber docente é formado da prática nutrida pelas teorias da educação.
Tal exercício evidencia o professor como um profissional autônomo e reflexivo, intelectual,
crítico, que tem clareza da abrangência de seu trabalho e da responsabilidade de sua atuação
intencional na escola frente aos fatores sociais, culturais e políticos presentes nesse ambiente, na
busca de uma sociedade mais equânime. De acordo com Freire (2001, p. 42-43):
A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve
o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o
fazer. [...] O que se precisa é possibilitar, que, voltando-se sobre si
mesma, através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua,
percebendo-se como tal, se vá tornando crítica. [...] A prática docente
crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico,
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.
No entanto, não basta só refletir. É necessário que essa reflexão resulte em uma ação
transformadora em relação à sua própria prática e nas relações estabelecidas entre os processos
de ensino e de aprendizagem. O processo constante de ação-reflexão-ação, além de distanciar
o professor de uma atuação puramente técnica, o torna um profissional protagonista, capaz
de desenvolver em seus estudantes as capacidades que construiu para si, por meio de uma
ação didática qualificada e consciente. Em face ao exposto, explicitamos, a seguir, as bases
metodológicas em que se alicerçam o currículo.
44 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Esses contextos sugerem mudanças na organização
didática do professor e adequação do currículo a novas práticas
de letramentos e à multiplicidade cultural, que seja aberto à
diversidade dos estudantes. Garcia et al (2012, p. 132) propõem
que o professor trabalhe com “[...] esferas sociais em várias culturas
e com os gêneros que delas emergem e nelas circulam, servindo
como ponte para o conhecimento e protagonismo por parte de
seus alunos”. Entendemos a importância de ampliar as esferas de
atividades e práticas de letramentos dos estudantes, cujos materiais
articulem melhor o seu mundo com as práticas linguísticas.
Dentre essas mudanças, existe uma necessidade de definir e
repensar um currículo adequado a esse novo contexto e a esses
aprendizes, que usam diariamente a web e outras tecnologias
móveis, a exemplo dos smartphones. Precisa ser um currículo
propício aos multiletramentos, multiculturalismo e multisemioses.
Este último se refere aos textos compostos por múltiplas
linguagens que podem ser verbais, na modalidade escrita; em
áudio; diagramada; com imagens, em fotos ou em vídeo; entre
outros (ROJO, 2012). Esse fato passou a delinear outro perfil de
aprendiz que tem adotado novos e múltiplos processamentos de
leitura e produção, exigindo do docente a habilidade para lidar
com uma diversidade de interesses, identidades e culturas.
O currículo de Teresina, portanto, comunga do pensamento
de educar para a era planetária, conforme propõem Morin; Ciurana;
Mota (2009). De acordo com os autores, a missão da educação
para a era planetária é fortalecer as condições de possibilidade
da emergência de uma sociedade composta por cidadãos
protagonistas, conscientes e criticamente comprometidos com a
construção de uma civilização planetária.
Compreendemos que construir um currículo, nessa
perspectiva, contempla a multiplicidade de culturas e linguagens,
bem como “[...] a abordagem de temas contemporâneos
que afetam a vida humana em escala local, regional e global,
preferencialmente de forma transversal e integradora”, conforme
propõe Brasil (2017, p. 19).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 45
composta por uma pluralidade de culturas, de grupos sociais e de estudantes que convivem
nas escolas.
Essa diversidade relaciona-se, também, à flexibilização no conteúdo e nas práticas
curriculares, visando ao atendimento escolar diferenciado, possibilitando a inclusão de pessoas,
cujas diferenças são de natureza pessoais, socioculturais ou interativas.
Por essa razão, o currículo foi pensado de modo a assegurar maior igualdade entre todos e
o respeito às suas características específicas, vislumbrando uma importante mudança na prática
educativa escolar, tradicionalmente marcada pela homogeneização dos sujeitos e das práticas.
Esperamos e compreendemos que, no cotidiano escolar, o respeito à diversidade se
consolida por meio de uma relação que vá além do desenvolvimento de metodologias para
trabalhar a pluralidade. Mas, antes de tudo, que essas relações sejam construídas primando
pelo respeito à diversidade e pela equidade, contribuindo para a superação dos conflitos de
ordem religiosa, de gênero, dos estilos de vestimentas, de gostos musicais, dentre outros que os
estudantes manifestam na escola.
Nessa perspectiva, Marchesi e Martín (2003, p. 165) confirmam que a resposta educativa dos
professores e da escola à diversidade de seus estudantes intervém no currículo que se estabelece
e em sua aplicação, “[...] nas normas escolares, na organização dos grupos de estudantes, no
desenvolvimento da participação educativa e nas expectativas que têm sobre cada um de seus
alunos”. Os referidos autores evidenciam que o ensino atento, que respeite a diversidade, deve
ter consciência da origem dessas diferenças e das estratégias que são mais adequadas em cada
caso. Deve facilitar o conhecimento mútuo, a troca de experiências diversas e a aprendizagem
interativa. Em resumo, a diferença entre os grupos é visível e o trabalho pedagógico precisa
voltar-se às diferenças, oportunizando o direito de educação para todos.
46 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
entre eles em sua complexidade.
Todas as atividades educativas, como as aulas expositivas, os trabalhos em grupo, a pesquisa
dirigida, são contribuições que não podem ser esquecidas e que fazem parte do processo de
ensino.
Portanto, o currículo, a escola e os docentes devem se preocupar em formar o ser humano
em sua plenitude, com a promoção do conhecimento sistêmico, cujo produto final promova o
trabalho coletivo, a participação crítica e reflexiva dos estudantes e professores.
Em resumo, a proposta sistêmica ou holística do conhecimento caminha na perspectiva de
que o conteúdo deve ser considerado em sua totalidade.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 47
48 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 4
PREMISSAS ORIENTADORAS
DA MATRIZ DE SABERES
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 49
PREMISSAS ORIENTADORAS DA
MATRIZ DE SABERES
Legitimar o direito à educação implica promover uma formação para a vida, que garanta
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 51
No que concerne às estratégias utilizadas, os estudantes consideram que fica mais fácil
aprender quando os professores privilegiam o uso de tecnologias nas aulas, valorizam espaços
para discussões, encaminham atividades para casa, bem como quando fazem uso de material
concreto, do livro didático, entre outras.
Assim, a opinião dos estudantes sinaliza que o trabalho pedagógico deve ser organizado
de modo a possibilitar o uso de recursos e atividades que estimulem a pesquisa e a participação
ativa, favorecendo a construção do conhecimento.
Os estudantes expressaram, ainda, quais atitudes precisam desenvolver na escola. Assim,
mais da metade considera que necessitam ser organizados, responsáveis, ter interesse por
aprender, cumprir as regras da escola, serem respeitosos, criativos e colaborar nas atividades em
grupo.
52 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
O Currículo de Teresina, que por meio da Matriz de Saberes, traduz as necessidades
dos estudantes na medida em se fundamenta nos pilares da educação, nas competências e
habilidades socioemocionais, contribuindo para o desenvolvimento social, ético, emocional e
cognitivo dos estudantes. Desse modo, a escola deixa de ser um mero espaço de transmissão
de conhecimento para constituir-se como espaço de renovação, de transformação e de
desenvolvimento integral do estudante. Sendo assim, além de ensinar disciplinas, como Língua
Portuguesa, Matemática e Ciências, prepara seus estudantes para desenvolverem as habilidades
de liderança, raciocínio lógico, trabalho em equipe e controle das emoções.
O Currículo de Teresina ancora-se em uma Matriz de Saberes que, interconectada às
diferentes Áreas do Conhecimento de cada ciclo do Ensino Fundamental, traduz as ideias e as
opiniões dos estudantes.
A Matriz de Saberes constitui-se como importante instrumento para orientar o papel
da Rede, as práticas das equipes técnicas, da formação continuada, dos diretores e dos
coordenadores pedagógicos e dos professores da Rede na garantia desses saberes, sobretudo,
na seleção e organização das aprendizagens dos estudantes ao longo do Ensino Fundamental.
Essa Matriz não é algo novo, traz saberes já trabalhados pelos educadores nas escolas.
Mas, frente aos desafios do século XXI, é necessário que a construção de conhecimentos –
socioemocionais – seja intencional e se alie aos conhecimentos cognitivos para a garantia do
efetivo desenvolvimento integral dos estudantes.
A Matriz de Saberes fundamenta-se nos Quatro Pilares da Educação definidos pela UNESCO
no Relatório produzido pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, conforme
destacam as premissas:
Aprender a Conhecer significa estabelecer relação prazerosa com o processo de
descoberta e de construção do conhecimento; empatia e identificação do estudante com o
novo; exercício da criatividade; engajamento e interesse pessoal e voluntário em pesquisar e
aprofundar o conhecimento, valorizando as diferentes manifestações culturais.
Aprender a Fazer para qualificar-se profissionalmente; saber não apenas relacionar o
conhecimento teórico e prático, mas também compreender a importância de trabalhar em
grupo, a organizar-se em equipe e relacionar-se com seus pares.
Aprender a Ser significa desenvolver a personalidade; agir com capacidade de autonomia,
discernimento e responsabilidade pessoal, demonstrando ser íntegro, honesto, solidário,
companheiro.
Aprender a Conviver pressupõe compreender o outro e negociar conflitos, respeitando
os valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz; reconhecer direitos e deveres de
cidadania; preservar o bem comum, o regime democrático e os recursos ambientais.
A Matriz de Saberes expressa valores e atitudes que orientam o currículo na medida em
que favorece uma educação inclusiva e a formação humana comprometida com a educação
integral do estudante de modo a assegurar o desenvolvimento de habilidades e competências,
considerando as dimensões intelectuais, físicas, sociais, emocionais e culturais.
O Currículo de Teresina, ao adotar as competências gerais definidas pela BNCC, compreende
que a educação visa desenvolver valores e atitudes que convergem para a construção de
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 53
uma sociedade mais justa, ética e responsável, comprometida com a sustentabilidade social,
ambiental e econômica do planeta.
No sentido dicionarizado, competência está diretamente ligada à “[...] qualidade de quem
é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade,
aptidão, idoneidade” (FERREIRA, 2009, p. 508) e se relaciona ao sucesso social do estudante como
tomar decisões, liderar, resolver conflitos e utilizar conhecimentos adquiridos ao longo de sua
formação acadêmica.
No âmbito deste documento, o conceito de competência está diretamente ligado à “[...]
mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas
e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do
pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2017, p. 08).
O desenvolvimento de competências constitui um processo complexo, que envolve antes
um conjunto de habilidades e ocorre com o trabalho sistematizado do professor, articulando
os diferentes objetos do conhecimento em que o estudante tem a oportunidade de conhecer,
fazer, conviver e ser, ou seja, ser competente para vivenciar as experiências educativas e sociais.
Isto é, os educadores têm papel fundante na organização de situações que permitam aos
estudantes desenvolverem habilidades e competências tanto nos aspectos cognitivos quanto
nos socioemocionais que não se dissociam, mas precisam ser intencionalmente ensinados. Em
movimento contrário, o estudante, interagindo com os objetos do conhecimento, desenvolve
habilidades cada vez mais complexas que, reunidas, transformam-se em competências,
conforme sintetiza a seguinte figura:
54 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Quadro 3: Relação entre os saberes, as competências e os pilares
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 55
SABERES COMPETÊNCIAS PILARES
56 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Para definição desses temas, tomamos, como critérios, a urgência social com que questões
graves se apresentam como obstáculos para a concretização da plenitude da cidadania,
afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando a sua qualidade de vida e a sua abrangência,
uma vez que privilegia questões pertinentes a todo o país ou locais, o que não exclui a
possibilidade e a necessidade de que as escolas acrescentem outros temas relevantes à sua
realidade, bem como sua adequação às condições de aprendizagem, principalmente no que se
referem aos aspectos sociais e psicológicos dos estudantes.
Além desses critérios para a seleção dos temas integradores, destacamos a compreensão
da realidade e a participação social, que têm como finalidade desenvolver a capacidade de o
estudante posicionar-se diante das questões que interferem na vida coletiva, superar a indiferença
e intervir de forma responsável; possibilitar uma visão ampla e consistente da realidade brasileira
e sua inserção no mundo; desenvolver um trabalho educativo que possibilite uma participação
social dos estudantes; e, por fim, a exigência legal.
Compreendemos que a incorporação dos temas integradores possibilitará aos estudantes
o desenvolvimento da capacidade de posicionar-se frente às questões que interferem na vida
coletiva, a superação da indiferença e a intervir de forma ética e responsável na realidade em
que se insere, dando vida à Matriz de Saberes anunciada anteriormente.
Alinhados a essas temáticas, o Currículo de Teresina e o cotidiano escolar incorporam os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pactuados na Agenda 2030, articulados às
habilidades dos diferentes componentes curriculares, imprimindo, assim, um caráter inclusivo e
emancipatório, conforme destacamos a seguir:
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 57
Trabalho decente Promover o crescimento econômico sustentado,
8 e crescimento inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e
econômico trabalho decente para todos.
Indústria, inovação Construir infraestruturas resilientes, promover a
9 e infraestrutura industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a
inovação.
Redução das Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre
10
desigualdades eles.
Cidades e Tornar as cidades e os assentamentos humanos
11 comunidades inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
sustentáveis
Consumo Assegurar padrões de produção e consumo
12 e produção sustentável.
responsáveis
Ação contra Tomar medidas urgentes para combater a mudança
13 mudança global do clima e seus impactos.
do clima
Vida na água Conservar e usar sustentavelmente os mares,
14 os oceanos e os recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
Vida terrestre Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável
15 as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e deter a perda da
biodiversidade.
Paz, justiça e Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
instituições desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso
16
eficazes à justiça para todas e todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Parcerias e meios Fortalecer os meios de implementação e revitalizar
17
de implementação parceria global para o desenvolvimento sustentável.
58 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
no quadro de objetos de conhecimento e habilidades dos diferentes componentes curriculares
por meio dos ODS, indicando aos professores, de forma intencional, momentos propícios
para o desenvolvimento desses saberes. A figura a seguir evidencia a interface entre os temas
integradores e os ODS.
Valores Trabalho e
Consumo
Temas
Integradores
Educação
Fiscal Saúde
Educação Diversidade
Ambiental Cultural
Educação Fiscal
TRABALHO DIGNO INDÚSTRIA, PRODUÇÃO
E CRESCIMENTO INOVAÇÃO E E CONSUMO
ECONÓMICO INFRAESTRUTURAS SUSTENTÁVEIS
O movimento produzido a partir da interrelação do tema Saúde, por exemplo, com seus
respectivos ODS (2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar e, 6. Água potável
e saneamento), conforme apresenta a Figura 3, favorece o desenvolvimento de conhecimentos,
atitudes e valores.
Em síntese, o alinhamento dos temas integradores e dos ODS imprime uma perspectiva
inovadora ao currículo de Teresina, possibilitando que a educação seja transformadora das
realidades locais, regionais e globais.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 59
60 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 5
ORGANIZAÇÃO DA
ESCOLARIDADE
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 61
ORGANIZAÇÃO DA ESCOLARIDADE
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 63
Educacional de Teresina (SAETHE), em 2018, por exemplo, 92% das crianças ingressaram no
primeiro ano do Ensino Fundamental lendo palavras e 43% escrevendo. Ressaltamos, ainda,
que, de acordo com o sistema de coleta de dados SIGA-SEMEC, nos últimos dois anos, 70%
das crianças concluíram a Educação Infantil, concentrando-se no nível de escrita alfabético, ou
seja, escrevendo palavras, embora apresentando incorreções ortográficas. Assim, esses dados
revelam que a constituição do Ciclo de Alfabetização em dois anos não implica prejuízos para
os estudantes, coadunando com a perspectiva de um currículo inclusivo, democrático e que,
sobretudo, respeita as individualidades e subjetividades dos aprendizes. Além disso, ações de
recuperação das aprendizagens serão realizadas no segundo ciclo, se isso se fizer necessário,
garantindo os direitos de aprendizagem de todos os estudantes.
Em relação aos anos finais do Ensino Fundamental, divergindo das Diretrizes Curriculares
de 2008, que defendia a organização do currículo por meio do sistema de seriação, Teresina
optou pela flexibilização do tempo de aprendizagem dos estudantes, instituindo os ciclos de
aprendizagem.
Assim, o terceiro ciclo compreende o sexto e o sétimo anos, atendendo a crianças de onze e
doze anos de idade. O quarto ciclo inicia no oitavo e termina no nono ano, com duração de dois
anos, atendendo adolescentes de treze e quatorze anos. Nessa fase, os estudantes deixam de
ser criança e passam por mudanças físicas e psicológicas, exigindo um olhar cuidadoso também
para essas questões.
A organização em ciclos de aprendizagem estabelece uma nova forma de progressão,
trazendo consigo exigências para a promoção do sucesso do estudante, pois é ele o elemento
central desse currículo. A ilustração a seguir apresenta a reorganização da escolaridade no
contexto da Rede:
64 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
A organização em ciclos altera a forma de aprovação/promoção ou retenção/reprovação,
ou seja, os estudantes passam a ter quatro momentos de avaliação de passagem, concentrando-
se no final de cada ciclo.
Pensar a organização da escolaridade por meio dos ciclos de aprendizagem pressupõe
buscar uma educação mais democrática, inclusiva e igualitária na medida em que considera
o estudante como ser com diferenças, mas que a esse são ofertadas oportunidades que
proporcionem alcançar o bem maior, que é o aprendizado, diminuindo o fracasso e a
desigualdade.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 65
66 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 6
ÁREAS DO CONHECIMENTO E
COMPONENTES CURRICULARES
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 67
68 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
ÁREAS DO CONHECIMENTO
E COMPONENTES CURRICULARES
O Currículo do Ensino Fundamental de Teresina está organizado em Áreas do
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 69
70 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 7
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 71
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
7 escolar. Objetiva conhecer o estágio em que o estudante se encontra, sendo que, para isso, é
necessário saber aonde se quer chegar.
Na perspectiva do estudante, a avaliação promove a descoberta do nível de aprendizagem,
deixando evidentes seus limites e suas necessidades de avanço. Na perspectiva do professor, a
função da:
[...] avaliação deve ser assumida como instrumento de
compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra
o estudante, tendo em vista tomar decisões suficientes e
satisfatórias para que possa avançar no seu processo de
aprendizagem (LUCKESI, 2011, p. 115).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 73
Avaliação inicial ou diagnóstica consiste na verificação de aprendizagens essenciais ou
competências básicas para orientar o planejamento inicial e auxiliar na tomada de decisões mais
adequadas a partir da sondagem sobre o que o estudante sabe, aprendeu ou precisa aprender.
Para Luckesi (2011, p. 213), “[...] o ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um
julgamento definitivo sobre alguma coisa, pessoa ou situação, [...] se destina ao diagnóstico e,
por isso mesmo, à inclusão”.
Avaliação processual, contínua ou formativa consiste em acompanhar as aprendizagens
ou nível de desempenho dos estudantes durante a construção ou o desenvolvimento de
competências na interação com os objetos do conhecimento. Faz-se presente em todo
o processo de ensino e aprendizagem, ao longo do ciclo, e não somente em uma prova ou
trabalho. Desse modo, o professor poderá realizar intervenções com o objetivo de superar a
limitação de aprendizagem. Tais intervenções configuram a recuperação paralela ou recuperação
da aprendizagem no processo. Permite, também, que o estudante tome conhecimento de
seu processo de aprendizagem e foque nas habilidades que precisam de investimento. Esse
tipo de avaliação permite que os processos de ensino (do professor) e de aprendizagem (dos
estudantes) sejam regulados e possam avançar.
A avaliação de resultado ou cumulativa tem como propósito verificar as aprendizagens
ao final de uma etapa. Para Luckesi (2011), esse tipo de avaliação requer cuidado para não se
transformar num mero jogo de classificação. O autor sugere a articulação dessas modalidades
avaliativas, ou seja, devem ser planejadas de modo a complementar tanto a avaliação
diagnóstica quanto a formativa. Nessa perspectiva, a aprendizagem se efetiva por meio de um
ciclo de intervenções pedagógicas de um mesmo processo, possibilitando o crescimento e o
desenvolvimento da aprendizagem do estudante.
Assim, as decisões que envolvem a avaliação implicam um compromisso dos professores,
da gestão e dos estudantes, devendo essas serem orientadas pelos mesmos princípios e
propostas de atuação concreta: transparência, participação-negociação e devolutiva, conforme
destaca Rodrigues (2017).
Para a referida autora, o princípio da transparência implica a garantia do direito dos
estudantes de serem informados sobre o desenvolvimento de sua educação, dos critérios
adotados, os objetivos propostos, as metas que pretendem atingir, o que se exigirá de cada um
deles e das decisões tomadas a partir da avaliação. O princípio da participação e negociação
consiste no reconhecimento de que os estudantes podem e devem assumir e dividir
responsabilidades e compromissos na seleção ou gestão de temas; na proposição de atividades
avaliativas, calendários; na correção das provas e apreciação de resultados e de outras atividades
que possam fazer sem conflito de competências; e, por fim, o princípio da devolutiva implica
respeitar o direito dos estudantes à comparação e revisão de provas corrigidas pelo professor
para que reflitam sobre seus próprios erros e se apoiem nos companheiros e no professor para
resolvê-los.
Nesse sentido, a avaliação se configura num meio ou instrumento que auxilia o estudante
na apropriação dos conteúdos significativos (conhecimentos, habilidades, hábitos, convicções),
cumprindo o papel de ajudar na educação das novas gerações.
No âmbito das avaliações externas, Teresina compreende a avaliação como instrumento
que oferece informações sobre o que o estudante aprendeu, de que forma e em quais
condições, para subsidiar uma tomada de decisão pela Rede, pela Escola, pelo professor, bem
como fornecerem ao estudante condições apropriadas para que possa conhecer e superar seus
limites e dificuldades na aprendizagem (TERESINA, 2008).
74 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Cabe destacar que a Secretaria Municipal de Educação de
Teresina implantou, em 2014, um sistema próprio de avaliação
do desempenho dos estudantes da rede pública municipal,
denominado de Sistema de Avaliação Educacional de Teresina
(SAETHE). O modelo segue a metodologia da Teoria de Resposta
ao Item5 que vem orientando as avaliações em âmbito nacional.
O objetivo consiste em avaliar um número maior de estudantes
em comparação às avaliações amostrais realizadas no âmbito
nacional, visando a contribuir para verificar as habilidades com
baixo desempenho de aprendizagem dos estudantes. Consiste,
ainda, em reorganizar o trabalho pedagógico e os conteúdos
trabalhados, bem como possibilita repensar o projeto pedagógico
da escola, refletindo sobre os objetivos e as ações pedagógicas.
A avaliação externa, no contexto da Rede, vem sendo
utilizada de maneira complementar e de modo articulado ao
contexto vivido na escola. Seus resultados têm se configurado em
instrumentos que ajudam no momento de fazer uma avaliação
mais ampla, porém, sem anular a importância das avaliações
elaboradas e aplicadas pelo professor em sala de aula. Portanto,
a prática da avaliação, proposta pela Rede, caminha na linha da
concepção progressista, valorizando a dimensão social e política do
ensino. Enfatiza o acompanhamento contínuo da aprendizagem
do estudante, que deverá ocorrer em seu percurso escolar,
promovido por ações avaliativas que conduzam o estudante, os
professores e os gestores a se apropriarem de novas formas de
pensar, sentir e agir.
Em suma, a avaliação, proposta por Teresina, permite a tomada
de decisão mais adequada por parte do docente. Vislumbra
uma avaliação que auxilie o educando no seu desenvolvimento
pessoal a partir do processo de ensino-aprendizagem e tem
como objetivo responder à sociedade pela qualidade do trabalho 5. De acordo com o MEC, a teoria da resposta ao
item (TRI) é uma metodologia de avaliação que não
educativo realizado. Busca estratégias em função das necessidades contabiliza apenas o número total de acertos no teste.
a serem assumidas e praticadas na escola de diversas maneiras e De acordo com o método, o item é a unidade básica de
análise. O desempenho em um teste pode ser explicado
com as ferramentas elaboradas pela própria equipe pedagógica pela habilidade do avaliado e pelas características das
(TERESINA, 2008). questões (itens). A TRI qualifica o item de acordo com
três parâmetros:
• Grau de dificuldade;
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 75
76 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 8
CURRÍCULO
NA PRÁTICA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 77
CURRÍCULO NA PRÁTICA
Teresina, ao implantar as novas Diretrizes Curriculares, orientadas pela BNCC, deve assumir
8 compromissos junto aos gestores e professores das escolas da Rede por meio de ações
estruturantes como:
Revisão do Projeto Político Pedagógico: para ser efetivo, o currículo depende da sua
incorporação pela escola. Um dos primeiros passos será a revisão do seu principal documento,
o Projeto Político Pedagógico, mas sem desconsiderar a identidade de cada instituição. Isso
requer uma revisão criteriosa e coletiva com a participação de todos os atores da comunidade
escolar, como os professores e estudantes, propiciando, além do alinhamento ao currículo da
rede, a capacidade para enfrentar os novos desafios da sociedade contemporânea, conectada
aos novos conhecimentos e às novas formas de tecnologias.
Formação continuada: a SEMEC, dando continuidade à sua política de formação
continuada, viabilizará a participação do professor nas atividades formativas para que discuta e se
aproprie do novo currículo, embora tendo participado de sua construção. A preocupação básica
é que a estrutura curricular desenvolvida possibilite a veiculação do conhecimento, contribuindo
para que os profissionais tenham autonomia e sejam protagonistas da sua prática e responsáveis
pelo seu processo formativo. A Rede municipal conta com o Centro de Formação Odilon Nunes,
local onde se realizam palestras, planejamentos e oficinas, contribuindo, significativamente,
para a qualificação técnica-pedagógica dos professores e demais profissionais, mas não o
único. É importante destacar que a escola se constitui como o principal locus de formação e
compartilhamento de saberes entre os profissionais, enriquecendo, assim, a prática pedagógica.
Materiais de apoio: a SEMEC produzirá e disponibilizará materiais de orientação para
as escolas atualizarem os PPPs, escolha de livro didático, assim como materiais de apoio
pedagógico para professores e estudantes (cadernos de apoio pedagógico) e outros que se
fizerem necessários.
Parcerias: empreenderá esforços para estabelecer, fortalecer e buscar parceiros como
universidades, SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), FMS
(Fundação Municipal de Saúde), federações de esporte, DETRAN (Departamento Estadual de
Trânsito), ONG (Organização Não Governamental), Associações, Empresas Privadas, redes de
proteção à criança e ao adolescente e segurança pública para integrar a escola ao contexto e
utilizar esses serviços.
Alinhamento das avaliações: a efetivação do novo currículo implica outras mudanças,
como redesenhar o Sistema de avaliação. A SEMEC deverá reorientar tanto os procedimentos
da avaliação da aprendizagem, responsável pelo ajuste da prática pedagógica no âmbito
da escola, como as avaliações externas realizadas pela Secretaria, com a função de coletar e
analisar os dados, propor ações para o redirecionamento da prática pedagógica e formação dos
professores, buscando garantir educação de excelência com equidade, missão da Secretaria.
Infraestrutura: empreenderá esforços para que as escolas disponham das mesmas
condições materiais e de infraestrutura, indispensáveis para que ocorra o nivelamento da
aprendizagem dos estudantes, sempre em parceria com a gestão das escolas.
Nessa implementação, os professores são os atores principais que empreenderão as
mudanças no Currículo, os quais, orientados pelos coordenadores pedagógicos, promoverão,
além das mudanças no Projeto Político Pedagógico, a construção de seus planos de aulas,
refletindo sobre os objetivos de aprendizagem que todos devem aprender em cada ano. O
encadeamento dessas ações pode ser exemplificado com a figura a seguir.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 79
Figura 6: Ações a serem consideradas na implementação do currículo à luz da BNCC
80 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
82 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 9
SÍNTESE DA ORGANIZAÇÃO
GERAL DO CURRÍCULO
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 83
SÍNTESE DA ORGANIZAÇÃO
GERAL DO CURRÍCULO
O currículo de Teresina, sendo compreendido como processo que não é neutro, por
E F 0 6 C I 0 1
Referente à Refere-se ao Refere-se às Refere-se às
Modalidade de Ensino: Ano Escolar: Disciplinas Habilidades
Curriculares:
EF: 06: Sexto Ano
LP - Lígua Portuguesa
Ensino Fundamental 07: Sétimo Ano
LI - Língua Inglesa
08: Oitavo Ano
AR - Arte
09: Nono Ano
EF - Educação Física
MA - Matemática
CI - Ciências
HI - História
GE - Geografia
ER - Ensino Religioso
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 85
A organização das habilidades do documento é sequencial, porém, não estanque. O
professor necessita ser sensível à necessidade de rever regularmente os conhecimentos como
diagnóstico para a introdução de novas aprendizagens, entendendo, ainda, que o aprendizado
decorre da continuidade de ideias e dos significados atribuídos a ela.
Assim, entende-se o currículo “[...] não numa linearidade suavizante, mas, numa sinuosidade
desafiante e salutar, que vai se desvelando conforme uma trajetória desenhada e redesenhada
por seus sujeitos” (PEREIRA, p. 11, 2007).
86 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
88 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 10
INTRODUÇÃO E CONCEPÇÕES
DA GEOGRAFIA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 89
INTRODUÇÃO E CONCEPÇÕES
DA GEOGRAFIA
O ensino de Geografia escolar oferece instrumentos essenciais para compreensão e
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 91
aluno-mapeador desenvolve habilidades necessárias ao geógrafo investigador: observação,
levantamento, tratamento, análise e interpretação de dados” (PISSINATI; ARCHELA, 2007, p.188).
Nessa perspectiva, é importante considerar, ainda, que:
As três últimas décadas do século XX e as primeiras do século atual foram marcadas por fortes
debates no pensamento científico e filosófico em decorrência das profundas transformações
sociais e do papel da ciência, da técnica e da informação na vida social. As reflexões e as análises
feitas pelas ciências humanas acerca dessas transformações têm buscado compreender os
processos de mudanças e suas implicações na organização socioespacial. Com a ciência
geográfica não foi diferente. A partir do final dos anos 1970, ocorreu o “movimento de renovação
da Geografia” (acadêmica e escolar), inicialmente polarizada pela disputa de hegemonia entre a
Geografia “tradicional”, que se mantinha tal como havia se estruturado nas primeiras décadas do
século XX, e uma Geografia Crítica, que buscava suplantar a tradicional, fornecendo subsídios
para pensar criticamente a realidade socioespacial.
O movimento da década de 1980 também procurou dar um significado mais social à
Geografia. Na terceira edição da obra A Geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer
92 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
a guerra, Lacoste (1988) considera que existem duas geografias: aquela dos pesquisadores
universitários e dos professores; e aquela praticada pelos Estados-maiores, pelas grandes
empresas capitalistas e pelos aparelhos de Estado. Esta dicotomia coloca em lados opostos
uma Geografia mais antiga, oriunda desde o advento dos primeiros mapas, que seriam
provavelmente coetâneos da organização societária com o poder político instituído enquanto
Estado; e a Geografia dos professores, tendo sido engendrada no século XIX, especialmente
para servir como discurso ideológico de mistificação do espaço para escamotear a importância
estratégica de saber pensar o espaço e nele se organizar.
Assim, a razão de ser da Geografia recai sobre a necessidade de melhor compreender o
mundo e pensar o espaço para que nele se possa lutar de forma mais eficaz. Dessa forma, haveria
a construção de um saber geográfico comprometido com as lutas sociais por uma sociedade
mais justa e democrática.
A Geografia não é, assim, uma ciência neutra. O movimento da Geografia crítica tinha o
propósito de denunciar o caráter utilitário e ideológico dessa ciência, a falsa neutralidade e a
“inocência” do pensamento geográfico “oficial”, bem como o uso da Geografia na sala de aula
Segundo Cavalcanti (2010), nos anos 1990, no contexto sociopolítico, científico e
educacional de crise e de ampliação dos referenciais interpretativos da realidade, as orientações
para o trabalho docente com a Geografia foram se reconstruindo. O surgimento de propostas
alternativas mais articuladas a orientações didático-pedagógicas, definindo diferentes métodos
para o ensino de Geografia, conferiu um papel mais relevante ao conhecimento geográfico na
formação das pessoas, reconhecendo a necessidade de uma leitura de mundo que fosse capaz
de compreendê-lo a partir de sua representação por meio de diferentes linguagens.
A partir de pesquisas em ensino de Geografia nas décadas de 1990 e de 2000, essa
área ganhou espaço acadêmico, profundidade teórica e amplitude temática. De acordo
com Cavalcanti (2010), os temas estudados diversificaram-se, por exemplo: o lugar como
referência no tratamento dos conteúdos geográficos; a formação de conceitos geográficos
instrumentalizadores do pensamento espacial; o desenvolvimento da capacidade de leitura e
mapeamento da realidade pela linguagem gráfica e cartográfica; dentre outros.
Assim sendo, a ciência geográfica e a Geografia escolar defrontam-se, atualmente, com a
tarefa de conhecer o espaço em um contexto bastante complexo, marcado pelo avanço das
técnicas, ampliação dos fluxos de mercadorias, pessoas, serviços e capitais, que “distanciam os
homens do tempo da natureza e provocam um certo encolhimento do espaço de relação entre
eles” (CAVALCANTI, 2010, p. 16).
Mas, afinal, diante do papel que a Geografia tem assumido na escola, qual o seu objeto
de estudo? Para Santos (2006), trata-se do espaço geográfico – um conjunto indissociável,
contraditório, constituído por sistemas de objetos e sistemas de ações. Entende-se que, numa
disciplina geográfica sequiosa de autonomia – e de legitimidade epistemológica – também
se queira afirmar a existência de um objeto próprio. O autor ainda acrescenta que, para os
geógrafos, os objetos são tudo o que existe na superfície da Terra, toda a herança da história
natural e todo o resultado da ação humana que se objetivou.
A Geografia é uma Ciência comprometida com a leitura do mundo. Isso significa
compreender os processos que constituem o meio, bem como as interações que resultaram
na construção do espaço geográfico por meio das técnicas. Hoje, portanto, se fala na relação
homem-meio e não mais na relação homem-natureza, pois toda relação entre as sociedades
e o planeta é mediatizada pela técnica. Para Santos (1994), o meio geográfico é cada vez mais
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 93
dotado de objetos técnico-científicos.
Desse modo, utilizando-se da leitura da paisagem, do lugar, do território e da região, é
possível criar condições para o conhecimento e a transformação da realidade vivida. Aspecto,
esse, que relaciona decisivamente o ensino de Geografia à construção da cidadania, objetivo
principal da educação.
Ensinar a ler e a pensar o espaço, especialmente o espaço vivido, seus processos e suas
transformações, é fundamental na formação de um indivíduo autônomo, crítico e sujeito de sua
própria história. Para Cavalcanti:
O espaço como objeto (de estudo) da análise geográfica é
concebido não como aquele da experiência empírica, não como
um objeto em si mesmo a ser descrito pormenorizadamente,
mas sim como uma abstração, uma construção teórica, uma
categoria de análise que permite apreender a dimensão da
espacialidade das/nas coisas do mundo (CAVALCANTI, 2010,
p.18).
Neste caso, o espaço geográfico, enquanto objeto de estudo da Geografia, é constituído
como um produto social e histórico. Compreende-se, também, que as práticas cotidianas das
pessoas, das empresas e das instituições são complexas, fragmentadas, desiguais, diferenciadas,
multiculturais, dispersas ou concentradas, organizadas em fluxos e redes, midiáticas e
informatizadas no mundo contemporâneo. Por isso, há uma necessidade de instrumentos
metodológicos que permitam que o mundo seja visto nas diferentes escalas de análises
revelando essas conexões.
No contexto do ensino escolar de uma Geografia contemporânea e crítica, a elaboração de
um currículo de Geografia para Teresina, voltado para o Ensino Fundamental, pressupõe olhares
e saberes sobre essas transformações pelas quais passam o mundo e que podem ser verificados
nos contextos brasileiro, piauiense e teresinense.
Em relação à Teresina, existe uma Geografia que enseja mudanças? Qual é essa Geografia?
Façanha (2009), assim, responde:
Sim, uma Geografia que impõe mudanças no cotidiano de
quem vivencia na área central da cidade, em que são postos
em cena na cidade a degradação diária do patrimônio
histórico repleto de sentidos de vidas antigas e que hoje se
dissolvem na ânsia dos interesses privados que conseguem
demolir e desaparecer as marcas de uma história urbana
contida nas fachadas de casas residenciais e na memória de
seus habitantes (FAÇANHA, 2009, p.01).
O autor acrescenta que há também uma Geografia que revela uma cidade moderna vista
através dos edifícios concentrados no entorno dos shoppings centers ou em condomínios
residenciais localizados em bairros no limite urbano de Teresina. A cidade se insere, cada vez
mais, no mundo globalizado, mas se prende às tradições locais. Tem-se uma parcela significativa
da sociedade que vive um “tempo lento”, mas que mostra sinais vivos de resistências na luta
da construção da vida diária, ao tempo em que há na uma outra Geografia na cidade, a do
moderno, articulada e influenciada pelo consumo globalizado.
94 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
É esse o quadro no qual os fenômenos acontecem, que estimula a (re)organização espacial
para Teresina. Mas, nesse processo, é necessário que haja uma preocupação com a questão
ambiental e a valorização do passado, embora antecipando-se as mudanças espaciais em curso,
a exemplo das transformações e das influências do cenário nacional, acumulando inúmeras
atividades do setor terciário que impõem mudanças significativas nas relações de trabalho, bem
como na estrutura urbana. Portanto, as mudanças no currículo escolar, para manter o ensino
atualizado, precisam incorporar essas questões contemporâneas.
A escola tem de ser, portanto, transformada e contextualizada. Para Callai (2001, p. 135), “[…]
nesta contextualização se integra a questão do objeto da ciência, da dinâmica apresentada pela
disciplina na escola, e da questão pedagógica que envolve necessariamente a problemática
do objeto, da ciência e do método”. É, justamente, nesse sentido que a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) mostra-se como instrumento fundamental, capaz de permitir a superação da
fragmentação das políticas educacionais do país, além de fortalecer a colaboração entre as três
esferas de governo, sendo balizadora da qualidade da educação. Assim, para além da garantia
de acesso e permanência na escola, é necessário que sistemas, redes e escolas garantam um
patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes.
Aos estudantes, deve-se permitir que estes tenham a oportunidade de compreender o
mundo em que vivem, com todas as diferenças nacionais e entre países, nas diversas regiões
do planeta. Por isso, o conhecimento geográfico, como um dos componentes curriculares
da educação básica, possui um papel relevante na análise das transformações do espaço
provocadas pelas ações humanas.
Para fazer a leitura do mundo em que vivem, com base
nas aprendizagens em Geografia, os alunos precisam ser
estimulados a pensar espacialmente, desenvolvendo o
raciocínio geográfico. O pensamento espacial está associado
ao desenvolvimento intelectual que integra conhecimentos
não somente da Geografia, mas também de outras áreas (como
Matemática, Ciência, Arte e Literatura). Essa interação visa à
resolução de problemas que envolvem mudanças de escala,
orientação e direção de objetos localizados na superfície
terrestre, efeitos de distância, relações hierárquicas, tendências
à centralização e à dispersão, efeitos da proximidade e
vizinhança, etc. (BRASIL, 2017, p. 357).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 95
Quadro 5: Princípios referenciais básicos para a construção do saber geográfico
96 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
permitem compreender desde as diferentes regiões do globo até questões mais complexas,
como as particularidades na formação dos territórios nacionais em diferentes escalas, do lugar
ao mundo, ao longo de sua história. A seguir, os fundamentos básicos da Ciência Geográfica e
as formas de sua aplicação pelos professores de Geografia.
10.2.1 Espaço
Encontrar uma definição para espaço é tarefa árdua, devido à polissemia do conceito
(utilizado por diversas ciências, além da Geografia), ou mesmo assumindo diversos significados
no quadro da própria Geografia. O espaço é constituído pela materialização das relações sociais
em suas várias manifestações. Nesse sentido:
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 97
10.2.2 Paisagem
10.2.3 Lugar
Para Santos, o lugar é o ponto de interação entre o indivíduo e o mundo, o espaço total,
pois o mundo está em toda parte.
Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. […] Mas também,
cada lugar, irrecusavelmente imerso numa comunhão
com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos
demais. A uma maior globalidade corresponde uma maior
individualidade (SANTOS, 2006, p.213).
O lugar é, do mesmo modo para esse autor, o “espaço do acontecer solidário”, ou seja, é
constituído por relações sociais. Um local – dimensão física do território com uma localização
que é fixa – pode abrigar diversos lugares que se constituem pelo uso desse local.
No atual período de globalização, o lugar assume papel relevante, uma vez que este
processo se concretiza nos lugares. De acordo com Carlos (2007), em conceito mais restrito do
que o utilizado por Milton Santos:
98 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
O lugar é a porção do espaço apropriável para a vida —
apropriada através do corpo — dos sentidos — dos passos de
seus moradores, é o bairro, é a praça, é a rua, e nesse sentido
poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou
mesmo a cidade latu sensu a menos que seja a pequena vila
ou cidade — vivida/ conhecida/ reconhecida em todos os
cantos (CARLOS, 2007, p.17-18).
Portanto, o lugar também traduz os locais em que as pessoas produzem seus vínculos
afetivos. É onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes
formas de perceber e constituir a paisagem, o território usado e o espaço geográfico.
10.2.4 Território
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 99
10.2.5 Região
O termo Região não apenas faz parte do linguajar do homem comum, como também é
dos mais tradicionais em Geografia. Por ser um conceito complexo, a utilização do termo entre
os geógrafos não se faz de modo consensual. Por conta do Determinismo Ambiental, a região
passou a ser associada aos aspectos naturais, a região natural, que seria uma parte da superfície
terrestre caracterizada pela uniformidade entre os elementos da natureza. Para os possibilistas,
o conceito de região passou a ser considerado como região geográfica. Esta, por sua vez,
abrange uma paisagem e sua extensão territorial, onde se entrelaçam, de modo harmonioso
componentes humanos e natureza transformada por meio da cultura e do trabalho.
Nos currículos, nos livros didáticos e na sala de aula, o conceito de região marcou o ensino
da Geografia por muitas décadas. O ensino das regiões recebia uma abordagem descritiva e
compartimentada que entendia a região como um organismo autônomo, caracterizado,
internamente, pela relação entre fatores naturais e socioculturais próprios.
Diante do exposto e do complexo contexto em que vivemos, Haesbaert (2010) propõe
uma nova abordagem sobre região e regionalização, afirmando ter sua essência na análise da
organização e diferenciação do espaço geográfico (e seu “recortamento”), o que pressupõe,
também, sua ligação a fenômenos como a divisão espacial (interregional) do trabalho, os
regionalismos ou as identidades regionais.
O autor propõe o seguinte conceito para região: um espaço – momento articulado, em
processo mais ou menos intenso de transformação, envolvendo múltiplas dimensões e escalas,
possui ênfase dimensionais e escalas distintas, conforme os sujeitos sociais e o contexto histórico,
social e políticos em que se dê essa articulação (HAESBAERT, 2010).
Percebe-se nesse conceito que o autor chama a atenção para o fato de que a região é o
recorte espacial e temporal que envolve múltiplos aspectos na sua delimitação e não está presa
a uma só escala, mas às transformações socioeconômicas e políticas, bem como ao contexto
histórico que se apresenta num dado território e às suas finalidades. Assim, a região deve ser
entendida como um recorte espacial delimitado em função de diversos sujeitos e processos
que a diferenciam a partir de determinados recortes territoriais, conforme os interesses sociais,
econômicos, políticos e ou culturais a que se propõem.
10.2.6 Natureza
Por fim, mas sem esgotar a discussão acerca da importância dos conceitos que dão
sustentação à Geografia, abordam-se, agora, as definições para natureza. Embora natureza e
sociedade mantenham, entre si, forte relação, devendo aparecer juntas, optou-se por tratar
do conceito de natureza apenas, uma vez que subentende-se que a natureza, como meio
geográfico, é condição para ação da sociedade, mas se considerada como um constituinte já
modificado do espaço geográfico, tornado meio técnico-científico-informacional. Santos (2006)
afirma que:
A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é,
em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio
natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada
vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado
por essa mesma sociedade (SANTOS, 2006, p. 156).
100 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
Assim, nessa história, quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza
aquilo que considerava fundamental para a sua sobrevivência, valorizando, diferentemente –
segundo os lugares e as culturas – essas condições naturais que constituíam a base material da
existência do grupo. “Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes
transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se
relacionavam sem outra mediação” (SANTOS, 2006, p. 157).
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o
meio já não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. Os
diferentes espaços cada vez mais impregnam-se de objetos tecnificados, que passam a substituir
os objetos naturais. As distâncias, regularmente, são transgredidas e o tempo social tende a se
superpor e contrapor o tempo natural.
No pós-Segunda Guerra, outro componente entra em cena: a ciência. A união entre técnica
e ciência, nesse período, cria as possibilidades para que os objetos técnicos passem a ser, ao
mesmo tempo, técnicos e informacionais. Estamos, assim, “diante da produção de algo novo, a
que estamos chamando de meio técnico científico-informacional” (SANTOS, 2006, p. 159). Este
autor, ainda diz que:
Podemos então falar de uma cientificização e de uma tec
nicização da paisagem. Por outro lado, a informação não
apenas está presente nas coisas, nos objetos técnicos, que
formam o espaço, como ela é necessária à ação realizada sobre
essas coisas. A informação é o vetor fundamental do processo
social e os territórios são, desse modo, equipados para facilitar
a sua circulação (SANTOS, 2006, p. 160).
Desse modo, o trabalho realizado em cada época supõe um conjunto historicamente
determinado de técnicas. Constitui-se, assim, num processo que transforma a natureza para a
satisfação das necessidades materiais de subsistência e de produção de novos meios sempre
repetidamente, criando um novo meio geográfico.
Segundo Marx (2004), a história da natureza e da relação sociedade-natureza corresponde à
história dos múltiplos e incessantes processos de apropriação da natureza natural pelo “homem”,
que, ao redefinir usos, produziu expropriações da terra, a concentração de capital e a apropriação
da força de trabalho humana, ao mesmo tempo em que reproduziu a desigualdade na distribuição
dos recursos. Assim, a história da natureza é a história da divisão social e territorial do trabalho,
construída no âmbito das relações humanas ao longo do tempo histórico. Portanto, a relação
sociedade-natureza pressuporia pensar a um só tempo o trabalho dos homens sobre a natureza
e o trabalho dos homens sobre outros “homens” e para usufruto destes (MARX; ENGELS, 2007).
Percebe-se que as representações acerca do conceito de natureza não são uma tarefa fácil.
Porém, não se pode desprezar a multiplicidade de seus significados, seja de cunho científico
ou do senso comum. É necessário entendê-la como elemento fundamental do meio e que
sua definição seja capaz de instrumentalizar as práticas cotidianas dos estudantes. Assim, por
sua utilidade na análise geográfica, o conceito de natureza deve envolver sempre a relação
sociedade/meio e as mudanças do meio natural – antes das máquinas, um meio pré-técnico, e
depois meio técnico, período da revolução industrial – e, já no século XX, a natureza primeira dá
lugar a uma segunda natureza, cuja expressão material se dá como forma de um meio técnico-
científico-informacional.
A seguir, no quadro 6, apresenta-se uma síntese dos conceitos que dão sustentação à
ciência geográfica.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 101
Quadro 6: Síntese dos Pressupostos Estruturantes da Geografia
AUTORES/
CONCEITO CONCEPÇÕES TEÓRICAS
REFERÊNCIAS
102 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
AUTORES/
CONCEITO CONCEPÇÕES TEÓRICAS
REFERÊNCIAS
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 103
AUTORES/
CONCEITO CONCEPÇÕES TEÓRICAS
REFERÊNCIAS
104 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
que foram construídos historicamente, como reflexos vivenciados a partir da cultura local e da
dimensão do lugar. Nesse sentido, o ensino de Geografia deve abordar, de forma científica
e competente, a diversidade na constituição das sociedades e seus territórios, cedendo
espaço para uma discussão mais abrangente e preocupada com o estudo dos processos e
fenômenos geográficos na formação global e local da sociedade.
A aprendizagem representa uma forma de apropriar-se do mundo. E, no ensino de
Geografia, essa aprendizagem deve estar intimamente ligada à compreensão do mundo e do
planeta, devendo ser significativa para que os estudantes possam ser protagonistas de ações
transformadoras de seu mundo. É pertinente tornar sempre presente as discussões acerca do
espaço de vivência dos estudantes, o seu lugar. Por quê? Porque é no lugar que há a luta pela
sobrevivência, onde as pessoas se juntam e manifestam seus desejos. O lugar é o espaço das
experiências vividas. E, para Milton Santos:
A possibilidade da cidadania deve ser buscada aí, nesse modus
vivendi local. Somente a partir de um país configurado como
“federação de lugares”, poderá se erguer uma “federação de
países”. Isso porque não há como o mundo regular os lugares
e, portanto, um cidadão do mundo que não seja um cidadão
do lugar só pode ser uma promessa nunca cumprida (SANTOS,
apud SÃO PAULO, 2017, p. 83).
Diante disso, é fundamental voltarmos nosso olhar para o cotidiano, pois é nele que se
enraízam as relações com o entorno, criadas de forma espontânea e, por isso mesmo, resistentes,
constituindo a base para uma outra ordem (SÃO PAULO, 2017, p. 84).
A Geografia é, assim, parte fundamental na contribuição para a formação da cidadania
por meio da prática de construção e reconstrução de conhecimentos, habilidades, valores que
ampliam a capacidade de os estudantes compreenderem o mundo em que vivem e atuam,
numa proposição que tem a escola organizada como um espaço aberto e vivo de culturas e
diversidade de saberes.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 105
106 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 11
O ENSINO E A
APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 107
O ENSINO E A
APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
O Ensino Fundamental é a etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes
11 entre 6 e 14 anos de idade e, por isso mesmo, tem sido ponto central de luta pelo direito
à educação. No Brasil, nos últimos anos, sua organização e seu funcionamento têm sido
objeto de mudanças que se refletem nas expectativas de melhoria de sua qualidade e de
ampliação de sua abrangência. A elaboração de leis, normas, sistemas de financiamento,
sistemas de avaliação e monitoramento, programas de formação e aperfeiçoamento de
professores, constituem passos importantes para projetos ainda maiores, como a elaboração
de currículos para essa etapa de escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem
na passagem entre todas as etapas da Educação Básica, notadamente dos Anos Iniciais para
os Finais do Ensino Fundamental. O currículo de Teresina para o Ensino Fundamental será
organizado em ciclos, conforme o quadro 7.
1º CICLO 1º e 2º ANO
Anos iniciais
2º CICLO 3º, 4º e 5º ANO
3º CICLO 6º e 7º ANO
Anos finais
4º CICLO 8º e 9º ANO
Ciclo é a forma como a educação brasileira está organizada, de acordo com a Lei nº
9.394/1996, denominada de Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Representa uma
alternativa à organização realizada por séries. Nesse sistema, a proposta pedagógica é
formulada a partir da ideia de progressão continuada, tomando cada ciclo com duração de
dois a cinco anos. A LDB, em seu Artigo 23, explicita que:
A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos
de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma diversa
de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar (BRASIL, 1996, p. 17).
Do ponto de vista pedagógico, esse modo de organização do ensino em ciclos tem
sido defendido sob o argumento de melhorar o aproveitamento do tempo e do espaço
escolares, do respeito aos ritmos e dos processos de aprendizagens, da eliminação da
cultura da repetência instalada na escola e da preservação da autoestima dos estudantes.
Segundo Perrenoud (2004), a organização da escolaridade em Ciclos de Aprendizagem
é uma alternativa para enfrentar o fracasso escolar que garantiria a aprendizagem dos
estudantes por meio da progressão das suas aprendizagens. Ele aponta ainda que o
desenvolvimento dos Ciclos de Aprendizagem: a) implica em mudanças na organização
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 109
e gestão da escola; b) exige que os objetivos de final de ciclo sejam claramente definidos
para professores e estudantes; c) pressupõe o emprego de dispositivos da pedagogia
diferenciada, da avaliação formativa e o trabalho coletivo de professores; d) demanda uma
formação contínua dos professores, o apoio institucional e o acompanhamento adequado
“para construir novas competências” (PERRENOUD, 2004, p. 52).
É importante mencionar que as etapas descritas no quadro acima são antecedidas
pela Educação Infantil e que há a necessidade de muita atenção para que haja equilíbrio
entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de
aprendizagens dos estudantes, respeitando suas singularidades e as diferentes relações
que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de
cada etapa. Torna-se necessário de estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação
tanto para os professores quanto para os estudantes, de modo que a cada nova etapa seja
construída em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo.
Neste sentido, na busca e concretização de estratégias para a aprendizagem, tornam-se
relevantes tanto os procedimentos de ensino, quanto os próprios conteúdos. As técnicas de
ensino tradicionais passam a fazer parte do escopo de teóricos não só da área da Educação,
mas de toda a comunidade intelectual que procura identificar suas deficiências e a propor
novas metodologias de ensino-aprendizagem.
É diante desse contexto que as chamadas metodologias ativas de ensino-aprendizagem
têm conquistado espaço nas discussões acerca de sua melhoria. Para Gadotti (2000), as
tendências do século XXI indicam que a característica central da educação é o deslocamento
do enfoque individual para o enfoque social, político e ideológico. Afinal, a educação ocorre
durante a vida inteira, constituindo um processo que não é neutro. A questão do ensino
não se limita à habilidade de dar aulas, apenas, também envolve a efetivação de levar ao
aprender. O vínculo entre aprendizagem e ensino não é causal, ou seja, o ensino não causa
a aprendizagem nem desenvolve novas capacidades que podem levar à aprendizagem.
Ensinar e aprender estão vinculados ontologicamente. Para Saint-Onge (2001, p. 16), “[…] a
significação do ensino depende do sentido que se dá à aprendizagem e a significação da
aprendizagem depende das atividades geradas pelo ensino”.
Nesse sentido, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que
evidenciem a aprendizagem dos estudantes ao longo da Educação Infantil devem contribuir
para a compreensão da história de vida escolar destes no Ensino Fundamental. Ressalte-se
que o aprendizado adquirido não deve ser visto como condição ou pré-requisito para o
acesso ao Ensino Fundamental, mas como possibilidade de ampliação e aprofundamento
de conhecimentos. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das escolas
de Educação Infantil e de Ensino Fundamental também são importantes para facilitar a
inserção dos estudantes nessa nova etapa.
Na articulação entre as etapas do Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais), a
aprendizagem torna-se mais complexa na medida em que os estudantes deparam com
novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses
sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, numa atitude ativa
na construção de conhecimentos.
Nos Anos Iniciais, os estudantes vivem mudanças importantes em seu processo de
desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmos, com os outros e
com o mundo. Como destacam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN/2013), a maior
110 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
desenvoltura e autonomia nos movimentos e deslocamentos amplia suas interações
com o espaço; a relação com múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita
e da matemática, permite a participação no mundo letrado e a construção de novas
aprendizagens na escola e para além dela; a afirmação de sua identidade em relação ao
coletivo no qual se inserem resulta em formas mais ativas de se relacionarem com esse
coletivo e com as normas que regem as relações entre as pessoas dentro e fora da escola,
pelo reconhecimento de suas potencialidades e pelo acolhimento e valorização das
diferenças.
Os estudantes, além de ampliarem suas experiências para o desenvolvimento da
oralidade e dos processos de percepção, compreensão e representação, encontram,
também, com uma variedade de situações que envolvem conceitos e fazeres científicos,
desenvolvendo o raciocínio geográfico a partir de observações, análises e argumentações
que são potencializadas com base em suas experiências no convívio familiar, social, cultural
e em sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação.
Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental (1º Ciclo/Anos Iniciais), a ação
pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades
para que os estudantes se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado
ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento
em práticas diversificadas de letramentos. Assim, a alfabetização como processo escolar
compreende ampliar a concepção de leitura para potencializar o entendimento a todos os
objetos da vida. Por analogia, é coerente pensar numa alfabetização geográfica que leve a
desenvolver habilidades para ler o mundo.
Como aponta o Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE)/Câmara de Educação
Básica (CEB) nº 11/2010:
[…] os conteúdos dos diversos componentes curriculares
[...], ao descortinarem às crianças o conhecimento do mundo
por meio de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de
exercitar a leitura e a escrita de um modo mais significativo”
(BRASIL, 2010, p. 28).
Na passagem do 1º Ciclo (1º e 2 º anos), para o 2º Ciclo (3º, 4º e 5º anos), o estudante
consegue ampliar sua autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses
pela vida social, o que lhe possibilita lidar com sistemas mais amplos que dizem respeito
às relações dos sujeitos entre si, com o espaço, a história, a cultura, as tecnologias e a
natureza. Por isso, na elaboração dos currículos escolares e das propostas pedagógicas
deve-se considerar medidas que assegurem aos estudantes um percurso contínuo de
aprendizagens.
Na transição do 2º Ciclo (3º, 4º e 5º anos) para o 3º Ciclo (6º e 7º ano), ocorrem mudanças
pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes principalmente da diferenciação dos
componentes curriculares. O próprio Parecer CNE/CEB nº 11/2010 destaca que:
[…] os alunos, ao mudarem do professor generalista dos
anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes
componentes curriculares, costumam se ressentir diante das
muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande
número de docentes dos anos finais (BRASIL, 2010, p.28).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 111
Deve haver, portanto, todo um cuidado para que não ocorra a ruptura no processo
de aprendizagem, garantindo-lhes maiores condições de sucesso entre as duas fases do
Ensino Fundamental, de modo a promover uma maior integração entre elas.
No 6º ano, por exemplo, ocorre uma retomada da identidade sociocultural, momento
em que os estudantes devem reconhecer o processo de formação e transformação das
paisagens geográficas, diferenciá-las e entender os conceitos de espaço, paisagem, lugar
e natureza. Neste sentido, ao considerar, por exemplo, as modificações das paisagens
de Teresina que se processaram ao longo do tempo, os estudantes serão capazes de
identificar os diferentes indivíduos e fatores responsáveis (sociais, físicos, culturais, políticos
e econômicos), bem como as diversas formas de ocupação e usos do território teresinense,
em diferentes épocas. A natureza e os seus agentes reguladores também se relacionam
à dinâmica do tempo social, sobretudo quando se analisam as relações entre o campo
e a cidade e as alterações que se verificam, decorrentes do emprego de tecnologias de
exploração dos recursos naturais necessários à produção na sociedade capitalista.
No 7º ano o contato com o processo de formação territorial do Brasil, sua dinâmica
sociocultural, econômica e política se tornam mais compreensíveis para os estudantes, na
medida em que os mesmos identifiquem a formação do território brasileiro em sua relação
com a formação do piauiense e do teresinense, procurando estabelecer, conduzidos por
seu professor, as relações espaço-temporais possíveis, ao mesmo tempo em que vão
aprofundando seu entendimento acerca dos conceitos de território, Estado-nação, região,
regionalização, fronteiras e limites.
Mas, é importante sempre ressaltar que no processo de formação e uso do território, a
dinâmica físico-natural, aparece sempre articulada às ações humanas. Já que a sociedade,
ao desenvolver suas atividades produtivas, promove uma organização do espaço geográfico
que apresenta usos desiguais, visíveis nas distintas escalas de análise do território brasileiro,
piauiense e teresinense como um todo.
Do mesmo modo, no fechamento dos Anos Finais (4º Ciclo/8º e 9º ano), os estudantes
deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se
apropriarem dos diferentes conhecimentos acerca da organização dos territórios nacionais.
Nesse sentido, também é importante possibilitar aos estudantes, além de maior autonomia,
condições para que possam acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos
e fontes de informação para conhecerem por si mesmos a realidade geográfica de distintos
países do mundo atual.
No 8º ano deve ocorrer uma retomada mais profunda dos conceitos de território e
região, além das concepções de fronteiras e limites, importantes para a compreensão sobre a
formação dos Estados Nacionais e as implicações desta na ocupação e nos usos do território
dos continentes, a exemplo do americano e do africano. A compreensão dos elementos
integrantes do Estado – povo e governo – e do país – povo, território, soberania – podem
permitir que os estudantes busquem as causas dos conflitos e tensões na atualidade, com
destaque para as situações geopolíticas na América Latina e África. Inclusive, entendendo
as motivações dos movimentos migratórios internacionais, relacionados às desigualdades
nacionais, às guerras, à pobreza, às perseguições políticas, às “catástrofes naturais”, dentre
outras causas.
É necessário que os estudantes consigam fazer comparações entre os processos de
ocupação das formações territoriais nacionais, notadamente entre os países africanos e os
países latino-americanos, inserindo, nesse contexto, o processo de formação territorial e
socioeconômico do Brasil tendo, como referência, diferentes contextos sociais, geopolíticos
112 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
e do meio geográfico, de modo que os estudantes tenham uma aprendizagem mais
significativa e que possam, inclusive, fazer uso das representações cartográficas na
elaboração de mapas, esquemas analíticos e croquis.
Por fim, no 9º ano, os estudantes devem dominar os conceitos de ordem e regionalização
mundial, bem como aprimorar o seu entendimento acerca do papel do Estado e da
organização dos territórios e, assim, entendam as relações entre países e regiões no atual
processo de globalização caracterizado por uma Nova Ordem Internacional. Nesta etapa
da aprendizagem, é necessário abordar a visão de mundo do ponto de vista do Ocidente,
especialmente dos países europeus, desde a expansão marítima e comercial, consolidando
o Sistema Colonial em diferentes regiões do mundo. Mas, assim como nos anos anteriores,
os estudantes devem fazer relações entre as diversas partes do mundo. Relacionar, por
exemplo, o ponto de vista eurocentrista com culturas milenares, a exemplo da China, da
Índia, do Japão e do Oriente Médio.
Nesta etapa da aprendizagem (Anos Finais do Ensino Fundamental), os estudantes
também devem assumir uma visão de mundo capaz de permitir perceber a importância
estratégica dos recursos naturais para a sociedade contemporânea de forma que entendam
a relação entre o aumento do consumo e o esgotamento dos recursos naturais. Portanto,
para os estudantes, trata-se de uma compreensão de caráter supranacional, analisando,
inclusive, o papel do Estado no novo arranjo internacional, seja como indutor ou como
agente responsável pelas transformações diversas que ocorrem na sociedade e na natureza.
Desse modo, em cada uma das Unidades Temáticas dos Anos Finais do Ensino
Fundamental, as possibilidades de aprendizagem ampliam-se em vários aspectos. Neste
momento da vida escolar, os estudantes já possuem maior autonomia em relação à leitura
e à escrita, bem como um maior domínio dos procedimentos de observação, descrição,
explicação e representação, fato que permite a eles construir compreensões mais complexas,
permitindo analogias e sínteses mais elaboradas a partir do desenvolvimento de pesquisas
de campo e trabalhos escritos.
Diante do exposto, espera-se que o estudo da Geografia no Ensino Fundamental, em
todos os seus ciclos, possa contribuir para o delineamento do projeto de vida dos estudantes,
de modo que eles compreendam a produção social do espaço e a sua transformação. Espera-
se que entendam, também, que os conceitos-chave da Geografia, com os quais mantêm
contato desde os anos inicias de sua vida escolar, desempenham importante papel na
formação do raciocínio espacial e na prática da cidadania. Deve-se perceber que no ensino
de Geografia há uma forte relação com imagens, gráficos e mapas. Por isso, o importante é
fazer destes elementos instrumentos que permitam uma postura sempre reflexiva e crítica
dos estudantes em relação ao mundo nas suas diferentes escalas de forma constante.
Objetos técnicos são aqueles criados pelo homem para produzir e reproduzir suas
condições de vida. Os objetos, resultantes da transformação da natureza através do trabalho,
são considerados objetos técnicos na medida em que atendem a alguma finalidade, seja ela
econômica, política ou cultural. Mas pode ser, também, o elemento natural ressignificado
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 113
e valorizado como objeto artificial, passível de ser usado como tal, a exemplo de lagos
ou áreas verdes utilizadas de forma especulativa para valorizar artificialmente imóveis a
serem comercializados. Como substrato historicamente construído, o conjunto ou sistema
de objetos técnicos, hoje, domina a superfície da terra e influencia as ações humanas no
presente, que se dão de acordo com esses objetos já estabelecidos, expressão material do
trabalho que se deu no passado.
114 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
inclusive, a interpretação sobre a questão ecológica, pois as próprias mudanças que ocorrem
na natureza, no novo período, também estão submetidas a essa lógica (SANTOS, 1994).
É, então, um conceito criado pelo geógrafo Milton Santos para denominar o espaço
geográfico que passa a se constituir em, praticamente, todos os países do mundo no
pós- Segunda Guerra Mundial, especialmente a partir da década de 70. Nesse período, os
objetos técnicos (todos os objetos geográficos, produzidos pelo trabalho humano) passam
a se distinguir daqueles criados em etapas anteriores. Milton Santos destaca a profunda
intencionalidade de sua produção e localização: eles também surgem como informação.
O geógrafo também aponta a informação como a energia principal para o funcionamento
desses novos objetos técnicos, o que atribui novo valor, inclusive, ao trabalho intelectual
cada vez mais presente em todas as etapas do processo produtivo (produção, circulação,
distribuição e consumo). Esse processo criou objetos técnicos dotados de informação que
determinam a produção, a utilização e o funcionamento do espaço geográfico em escala
planetária.
Dessa forma, o meio técnico-científico informacional é constituído por objetos técnicos
e informacionais que estão intencionalmente localizados e conectados mundialmente
para atender, principalmente, aos interesses dos agentes hegemônicos da economia e da
política. O processo produtivo e a intencionalidade dos novos objetos técnicos a serviço do
mercado e utilizados na implantação de novas redes geográficas e sistemas de transportes
e comunicações é, também, responsável pela formação de um mercado global e, como
consequência, de uma interdependência cada vez maior entre os países, servindo, assim, de
instrumento geográfico para o que, hoje, denominamos globalização.
Além de possibilitar maior fluidez das redes com intercâmbio entre pessoas, empresas
e instituições entre distintos países, o meio técnico-científico informacional, por intermédio
de alguns de seus objetos técnicos (satélites, torres de transmissão de internet, radares
meteorológicos, etc.), também permite à humanidade acompanhar, monitorar e melhor
conhecer a dinâmica da natureza de forma universal ou particular, como nunca antes o
homem havia experimentado. É a ciência a serviço da busca da ampliação da racionalidade
econômica, contribuindo para maior êxito em diversas atividades econômicas que vão
desde o extrativismo, passando pela agricultura e pela indústria, até as atividades urbanas
mais sofisticadas e complexas que demandam previsões mais seguras dos fenômenos
naturais ou dos processos sociais.
A preocupação do homem com a natureza nem sempre foi tão evidente, mas
atualmente ocupa um lugar destacado no rol de interesses das mais diferentes organizações
sociais, sendo usado, muitas vezes, como discurso político e ideológico. Em se tratando de
educação, a Geografia, assim como outras disciplinas curriculares, tem tratado muito de
perto a temática ambiental.
No Ensino Fundamental, a Geografia tem importante papel na compreensão da relação
sociedade x natureza, pois é através da apropriação do meio natural que os espaços de
vivência do homem são (re)construídos. Assim, cabe a ela, entre outros objetivos, contribuir
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 115
para a formação de estudantes críticos, capazes de se posicionarem de maneira consciente
e transformadora no meio em que vivem. Em função do atual modelo de desenvolvimento
econômico adotado por muitos países do mundo, essa formação crítica e transformadora
torna-se urgente. Buscam-se novas alternativas para um desenvolvimento socioeconômico
mais justo, com melhoria da qualidade de vida coletiva e que esteja em harmonia com a
natureza.
Nesse sentido, um desenvolvimento socioeconômico mais sustentável é pautado,
por exemplo, na busca por um melhor equilíbrio nos padrões de consumo. Essa busca, faz
com que o próprio capitalismo, contraditoriamente, ao mesmo tempo que prega a ideia
de sustentabilidade, alimenta o próprio consumo de produtos “verdes”, predando, ainda
mais, a natureza primeira. Assim, pensar em transformações e realizar ações eficazes para a
conservação da natureza e reavaliar a maneira como nos relacionamos com ela são desafios
e uma necessidade da atual sociedade.
116 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
118 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 12
O ENSINO DE GEOGRAFIA
NO ENSINO FUNDAMENTAL
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 119
O ENSINO DE GEOGRAFIA
NO ENSINO FUNDAMENTAL
O componente Geografia no currículo de Teresina foi organizado em cinco unidades
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 121
aprofundamento de seu conhecimento sobre si mesmas e de sua comunidade, valorizando-
se os contextos mais próximos da vida cotidiana. Espera-se que os professores possibilitem
às crianças perceberem e compreenderem a dinâmica de suas relações sociais e étnico-
raciais, identificando-se com a sua comunidade e respeitando os diferentes contextos
socioculturais.
Segundo Castrogiovanni (2000, p. 17), “[…] a percepção e a manipulação ativa das
relações de vizinhança, separação, ordem, sucessão, envolvimento e continuidade” servem
como ponto de partida para as noções representativas. Nas relações projetivas as noções
de direita e esquerda, frente e atrás, em cima e embaixo e ao lado são fundamentais para
permitir a “[…] coordenação dos objetos entre si num sistema de referência móvel, dado
pelo ponto de vista do observador” (CASTROGIOVANNI, 2000, p. 18). Nesse aspecto, o ponto
de partida na localização projetiva é o próprio corpo do estudante.
As noções de diversidade cultural, os processos de formação do povo brasileiro e a
importância dos processos migratórios na formação social e cultural de Teresina são
também apresentadas nessa unidade temática. Além disso, a formação territorial brasileira,
a diversidade, as questões étnicas e de gênero são primordiais para entender as interações
e a compreensão de aspectos em âmbito social, cultural e identitário.
Além disso, pretende-se possibilitar que os estudantes construam sua identidade
relacionando-se com o outro; valorizem as suas memórias e marcas do passado vivenciadas
em diferentes lugares; e, na medida em que se alfabetizam, ampliem a sua compreensão
do mundo. Em prosseguimento, no Ensino Fundamental, procura-se expandir o olhar
para a relação do estudante com contextos mais amplos, considerando temas políticos,
econômicos e culturais do Brasil e do mundo.
A partir disso, o estudo da Geografia constitui-se em uma busca do lugar de cada
indivíduo no mundo, valorizando a sua individualidade e, ao mesmo tempo, situando-o
em uma categoria mais ampla de sujeito social: a de cidadão ativo, crítico, democrático
e solidário. Enfim, cidadãos como produtos de sociedades localizadas em determinado
tempo e espaço, mas também produtores dessas mesmas sociedades com sua cultura e
suas regras.
Em Conexões e escalas, a atenção está na articulação de diferentes espaços e escalas
de análise, possibilitando que os estudantes compreendam as relações existentes entre
fatos nos níveis local e global. Portanto, no decorrer do Ensino Fundamental, os estudantes
precisam compreender as interações multiescalares existentes entre a sua vida familiar, os
seus grupos e os seus espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas. A
conexão é um princípio da Geografia que estimula a compreensão do que ocorre entre os
componentes da sociedade e do meio físico natural. Ela também analisa o que ocorre entre
quaisquer elementos que constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam
um lugar na sua totalidade. Conexões e escalas explicam os arranjos das paisagens, a
localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos técnicos, por exemplo.
Para Castro (1992, p.21), “[…] a análise geográfica dos fenômenos requer a consideração
da escala em que eles são percebidos”. Esta consideração poderia ser absolutamente banal
se a prática geográfica não tratasse a escala a partir do uso da Cartografia, cuja representação
procura espacializar os fenômenos geográficos, visto que não basta apenas localizar o
objeto ou o fenômeno no espaço: é preciso analisá-lo, compreendê-lo e principalmente
questionar o porquê de sua ocorrência naquele lugar, bem como suas implicações para o
122 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
meio ambiente e para a comunidade.
A Geografia possui ferramentas valiosas para desvendar a realidade. A proposta desta
temática é utilizar essas ferramentas para estabelecer conexões entre a sala de aula e as
dinâmicas do mundo contemporâneo e entre os conceitos e a realidade. Diversas formas de
expressão, verbais e não verbais, são enfocadas na seção Conexões: Linguagem. Relatos de
políticas territoriais bem-sucedidas ou que resultaram no agravamento das desigualdades
sociais e/ou espaciais compõem as Conexões: Políticas. A associação entre a realidade
global e a nacional ou local, entre o passado, o presente e a gestação do futuro são o tema
de Conexões: Escala. Os instrumentos cartográficos, que trazem novas perspectivas de
análise dos fenômenos espaciais, são destacados na seção O mundo em escalas.
Para Castro (1995), o conceito de escala pode ser discutido a partir de três pontos
centrais: o primeiro consiste na abordagem geográfica do conceito, a partir da analogia entre
o raciocínio matemático e o raciocínio espacial; o segundo parte do enfoque metodológico
do conceito, discutindo a relação entre sujeito e objeto na definição e delimitação do
fenômeno a ser estudado; e o terceiro considera a escala como estratégia de representação,
elemento de objetivação do fenômeno a ser representado.
Ainda na concepção de Castro (1995), a compreensão de escala deve considerar a
objetivação dos fenômenos, que ganharão sentido a partir de sua vinculação a determinada
escala. Assim, a depender da abrangência do fenômeno geográfico a ser estudado, é
necessária a utilização de uma escala específica.
Em Divisão social e territorial do trabalho, o espaço é considerado como resultante
das relações de produção, mas também condição fundamental para a reprodução da vida
humana, por conta da realização do trabalho socialmente necessário. O mundo, que no
início era formado somente por elementos naturais, com a presença do ser humano e os
processos por ele engendrados, vai, aos poucos, modificando-se, a partir da inserção de
objetos técnicos e da substituição do meio natural por um meio cada vez mais artificializado.
Nesse processo de artificialização do meio natural, cada fração da terra é modificada
de modo particular, a depender das relações que ali se estabelecem, produzindo, a cada
movimento, um novo conteúdo e uma nova função. Santos (2004) considera que o espaço
é um campo de forças cuja aceleração é desigual e essa desigualdade é fruto das relações
de produção estabelecidas e sobre as quais se desenvolve a vida humana, variando no
tempo e no espaço.
É o desenvolvimento do trabalho humano em que se gestam configurações espaciais
diferenciadas. Cada grupo social, em um tempo e espaço específicos, a partir dos processos
de produção, criam formas espaciais específicas, que se configuram, por sua vez, de acordo
com as funções às quais são destinadas. Na medida em que há a necessidade de divisão do
trabalho e de relação de complementação entre as diversas atividades produtivas, forma-se
também um meio geográfico desigual. O espaço se concretiza nos lugares (SANTOS, 2006),
e estes são tão diversos quanto forem as atividades humanas.
Essa divisão do trabalho marca, por exemplo, o surgimento das cidades e da vida urbana,
uma vez que elas se organizam a partir do surgimento e da espacialização de atividades
não-agrícolas e da divisão da sociedade em classes (CARLOS, 2008). Com a evolução das
técnicas e a modernização e a diversificação das atividades humanas, que possibilitaram um
maior poder de impacto do homem sobre o meio, a divisão do trabalho se complexificou e
ganhou uma dimensão cada vez maior, chegando, atualmente, a uma escala global.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 123
Com o advento do modo de produção capitalista e a estratificação da sociedade em
classes, a divisão do trabalho tornou-se bastante nítida no que se refere à sociedade e
ao território. Hoje não há somente uma divisão do trabalho entre campo e cidade, mas
uma divisão entre cidades e, além destas, uma divisão interna numa cidade ou região
metropolitana. Também, no atual processo de globalização, é preciso falar numa divisão
internacional do trabalho, processo cujo resultado é, para Santos (2006), a divisão territorial
do trabalho.
Assim, a divisão do trabalho serve para explicar o mundo, uma vez que a partir dela
se compreende a atual sociedade em seus diversos aspectos, assim como as paisagens
por ela elaboradas. Segundo Santos (2006), a divisão do trabalho cria a hierarquia entre os
lugares e, segundo sua distribuição espacial, redefine a capacidade de agir das pessoas, das
firmas e das instituições. Assim, é possível explicar as contradições do mundo a partir desse
dado, que é um retrato das ações presentes e pretéritas que se dão em cada lugar, mas não
de maneira isolada e absoluta, e sim de forma relativa, estabelecendo relações, buscando
compreender a realidade espacial como um sistema.
Segundo Santos (1994, p. 36), “[…] as divisões do trabalho internacional, nacional e
local se imbricam de maneira necessária. E isso redefine, de um lado, a própria divisão do
trabalho e, de outro lado, redefine o espaço em todos os seus níveis de organização”. Assim,
são necessárias para compreender a realidade geográfica em suas diversas escalas a partir
das formas de trabalho e de maneira como esse processo ocorre nos diversos territórios.
Na unidade temática Formas de Representação e Pensamento Espacial, o
estudante gradualmente desenvolverá, por meio da linguagem cartográfica e gráfica, o
raciocínio geográfico. O que significa criar condições para que o estudante, inclusive os que
possuem deficiência visual, ao tempo em que é levado a aprender sobre a espacialidade
dos fenômenos, possa localizá-los, compreendê-los e explicá-los, tornando-se um leitor da
realidade que o cerca e do mundo, contribuindo também para uma educação inclusiva,
proporcionando maior autonomia, acessibilidade e condições para o exercício da cidadania.
Espera-se que, no decorrer do Ensino Fundamental, os estudantes dominem a leitura
e a elaboração de mapas e de gráficos. Nesse sentido, recursos didáticos como fotografias,
maquetes, mapas comuns e tridimensionais, esquemas, desenhos, imagens de satélites,
audiovisuais, gráficos, materiais de diferentes texturas, entre outros, podem ser utilizados
como alternativas para o desenvolvimento do componente curricular.
Cumpre ressaltar que nesta unidade temática os estudantes serão estimulados a
desenvolverem o pensamento espacial não só por meio da alfabetização cartográfica
convencional, mas, também, através de um ramo específico dessa linguagem que se
denomina Cartografia Tátil – está além das finalidades já expostas acima e tem a função de
contribuir para a inclusão de estudantes com deficiência visual, visto que permite que estes
possam ampliar seus conhecimentos sobre o mundo, ter maior autonomia e acessibilidade,
sentindo-se mais incluídos no contexto escolar e social. Por outro lado, os estudantes não
deficientes ampliam suas possibilidades de aprendizagem por meio da ludicidade dos
mapas e dos gráficos táteis e adquirem noções de cidadania e respeito às diferenças, tão
necessárias e constitucionalmente previstas.
Nos Anos Iniciais do ensino fundamental, os estudantes começam a desenvolver o
pensamento espacial, por meio do exercício da localização geográfica, tendo como
referencial o espaço de vivência (casa, escola, bairro, município, etc.). Gradualmente, passa-
124 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
se à utilização dos outros princípios metodológicos do raciocínio geográfico, como os de
extensão, correlação, diferenciação e analogia espacial.
Nessa etapa, é necessário estimular o estudante a observar o espaço vivido e a realidade
concreta, que consiste no processo de seleção, classificação e codificação dos elementos
que percebe no espaço, possibilitando um confronto entre a realidade observada e o
mapa, tornando-o um objeto conhecido, encaminhando-o para leituras que levem em
consideração generalidades, percepções, decodificações, visualizações e interpretações.
No processo de construção de conceitos cartográficos, o estudante, gradativamente,
passará de relações topológicas (vizinhança, proximidade, separação, ordem,
envolvimento e interioridade/exterioridade) e projetivas (coordenação de pontos de vistas,
descentralização e lateralidade) até as euclidianas (noções de coordenadas que situam
objetos em relação aos outros e englobam o lugar do objeto e seu deslocamento em uma
mesma estrutura), permitindo uma familiarização com a linguagem cartográfica, através
do alfabeto cartográfico e dos elementos essenciais de um mapa e, assim, possam atingir
o aperfeiçoamento das relações espaciais e uma leitura mais eficaz do espaço geográfico.
No Anos Finais do ensino Fundamental, espera-se que os estudantes consigam ler,
comparar e elaborar mapas temáticos, além de outras ferramentas de representação do
espaço. O que implica compreender e utilizar a cartografia essencialmente como uma
linguagem não apenas como conteúdo. Um instrumento de análise espacial que possui um
conjunto de signos ou códigos que dão suporte para uma leitura crítica do mundo.
Um dos grandes desafios da representação espacial por meio dos mapas é permitir
uma assimilação rápida dos fenômenos representados. Por isso, para que o estudante possa
desenvolver o raciocínio geográfico por meio da cartografia, é imprescindível que domine
o alfabeto cartográfico, ou seja, as variáveis, os padrões e os símbolos que compõem a
linguagem cartográfica. Apropriando-se dessa semiologia o estudante terá condições
concretas de elaborar, relacionar, interpretar, analisar e ler os mapas de forma correta e
precisa.
Na unidade temática Natureza: Meio Geográfico e Qualidade de Vida, busca-se a
compreensão do espaço na sua complexidade, articulando elementos físicos e humanos.
No Ensino Fundamental, notadamente nos anos iniciais, destacam-se as noções relativas
à percepção do meio físico natural e seus recursos. Com isso, os estudantes podem
reconhecer de que forma as diferentes comunidades transformam a natureza, tanto em
relação às inúmeras possibilidades de uso ao transformá-las em recursos, quanto aos
impactos socioambientais delas provenientes. Dessa forma, é possível compreender a
história das relações entre sociedade e natureza através da substituição de um meio natural
por um meio cada vez mais artificializado.
Para Santos (2006), o meio natural era aquele em que o homem retirava da natureza
aquilo que lhe era necessário ao exercício da vida, valorizando-o diferentemente, segundos
os lugares e as culturas. Desse modo, ao longo da história, as necessidades de sobrevivência
e a grande criatividade humana têm possibilitado aos homens aproveitar cada vez mais os
recursos disponíveis na natureza.
Nos anos Finais do Ensino Fundamental, essas noções ganham dimensões conceituais
mais complexas, de modo a levar os estudantes a estabelecerem relações mais elaboradas,
conjugando natureza, ambiente e atividades antrópicas em distintas escalas e dimensões
socioeconômicas e políticas. Dessa maneira, torna-se possível a eles conhecer os elementos
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 125
naturais do planeta e as transformações impostas pelas atividades humanas na dinâmica
físico-natural, inclusive no contexto urbano e rural. Tais transformações, afirma Santos (2006),
são evidenciadas no meio técnico, com a produção de espaços cada vez mais mecanizados
devido à ação da técnica e da ciência a serviço do mercado global.
Estudar o meio geográfico na Geografia implica abordá-lo a partir de sua construção
histórica, de modo a reconhecer os seus elementos formadores, analisando-os e avaliando-
os, não isoladamente, mas, de forma contextualizada. A discussão e a análise devem ser
focadas no conhecimento técnico-científico-informacional, já que a natureza e o espaço
se redefinem a partir da evolução técnica, cuja periodização pode servir de base ao
reconhecimento de um contexto histórico territorial.
126 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
12.2 HABILIDADES PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
1º ANO
1º BIMESTRE
FORMAS DE REPRE-
SENTAÇÃO E PENSA-
MENTO ESPACIAL
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E QUA-
LIDADE DE VIDA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 127
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
• TERESINA COMO (EF01GE06) Identificar os vários es-
LUGAR DE VIVÊNCIA paços de convivência: a casa, a rua, o
E MANIFESTAÇÕES CUL- bairro, a escola.
O SUJEITO
TURAIS: A MORADIA, (EF01GE07) Observar e descrever
E SEU LUGAR
A RUA, A ESCOLA, O características percebidas em seus
NO MUNDO
BAIRRO, A CIDADE lugares de vivência (moradia, escola
etc.) através de pesquisa de campo,
entrevista.
• CICLOS NATURAIS (EF01GE08) Observar e descrever
E A VIDA COTIDIANA ritmos naturais (dia e noite, variação
de temperatura e umidade, etc.) em
CONEXÕES E diferentes escalas espaciais e tempo-
ESCALAS rais.
(EF01GE09) Diferenciar ações ou
eventos cotidianos ocorridos se-
quencialmente e simultaneamente.
• PONTOS (EF01GE10) Reconhecer e identificar,
DE REFERÊNCIA no espaço, a posição de seu corpo e
• RELAÇÕES de outros objetos, utilizando espaços
TOPOLÓGICAS: PERTO, da escola e representando locais de
FORMAS DE
LONGE, DENTRO, FORA, vivência, usando-se do desenho de
REPRESENTAÇÃO
AO LADO, croquis.
E PENSAMENTO
VIZINHO, NÃO (EF01GE11) Produzir desenhos e/ou
ESPACIAL
VIZINHO, ETC. mapas mentais a partir das relações
topológicas (perto, longe, dentro,
fora, ao lado, vizinho, não vizinho, en-
tre, etc.).
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
• OS RITMOS DA (EF01GE12) Descrever as caracte-
NATUREZA NOS rísticas de seus lugares de vivência
LUGARES DE VIVÊNCIA relacionadas aos ritmos da natureza
(chuva, vento, calor, etc.).
NATUREZA: MEIO
(EF01GE13) Associar mudanças de
GEOGRÁFICO E
vestuário e hábitos alimentares em
QUALIDADE DE
sua comunidade ao longo do ano,
VIDA
decorrentes da variação de tempera-
tura e umidade no ambiente, através
de pesquisas de campo, entrevista,
enquete, observação, etc.
128 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
• OS MODOS
E SITUAÇÕES DE VIDA (EF01GE14) Descrever características
O SUJEITO DAS CRIANÇAS EM percebidas em seus lugares de vivên-
E SEU LUGAR TERESINA E EM cia (moradia, escola, etc.) através de
NO MUNDO DIFERENTES LUGARES. pesquisas de campo.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 129
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • OS LUGARES DE BRIN- (EF01GE20) Identificar semelhanças e
E SEU LUGAR CAR E PASSEAR diferenças entre jogos e brincadeiras
NO MUNDO de diferentes épocas e lugares.
(EF01GE21) Analisar se os lugares
de brincar e passear contemplam
a acessibilidade de todos (pessoas
com deficiência, idosos, pessoas com
mobilidade reduzida, etc.).
CONEXÕES E • MEIOS DE LOCOMO- (EF01GE22) Listar e descrever os dife-
ESCALAS ÇÃO EM TERESINA rentes meios de locomoção usados
em Teresina (a pé, bicicleta, carro,
transporte escolar, etc.).
130 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
2º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • CONVIVÊNCIA E (EF02GE01) Reconhecer os vínculos
E SEU LUGAR INTERAÇÃO ENTRE AS afetivos que se constroem nos espa-
NO MUNDO PESSOAS NA COMUNI- ços de vivência, como na moradia, na
DADE escola, no bairro, na rua, em Teresina,
etc., pensando nas semelhanças e di-
ferenças dos usos desses espaços.
(EF02GE02) Identificar os dados his-
tóricos ou as práticas sociais que dão
significado aos patrimônios culturais
identificados na localidade onde vive.
(EF02GE03) Conhecer as histórias de
sua localidade através de memórias
de seus grupos de convívio e de da-
dos oficiais.
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • RELAÇÕES TOPOLÓGI- (EF02GE04) Reconhecer diferentes
REPRESENTAÇÃO CAS (PERTO, LONGE, espaços a partir das noções espaciais
E PENSAMENTO DENTRO, FORA, AO topológicas (perto, longe, dentro,
ESPACIAL LADO, VIZINHO, NÃO fora, vizinho, não-vizinho, ao redor)
VIZINHO) E PROJETIVAS e projetivas (à direita, à esquerda, em
(DIREITA, ESQUERDA, frente, atrás).
EMBAIXO, EM CIMA) (EF02GE05) Localizar-se a partir de
• LOCALIZAÇÃO, ORIEN- pontos de referência do seu espaço
TAÇÃO E REPRESENTA- de vivência (sala de aula, escola e rua)
ÇÃO ESPACIAL usando diferentes técnicas (mapas
mentais, desenhos, maquetes, etc.).
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 131
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • FORMAÇÃO (EF02GE06) Observar e descrever as
E SEU LUGAR DO BAIRRO OU paisagens da comunidade onde vi-
NO MUNDO COMUNIDADE EM vem.
QUE VIVEM (EF02GE07) Analisar o processo de
• TRANSFORMAÇÕES transformação das paisagens da co-
DAS PAISAGENS DE munidade onde vive, considerando
TERESINA os fatores determinantes desse pro-
cesso.
CONEXÕES E • MAPA DO MUNICÍPIO (EF02GE08) Conhecer outros bair-
ESCALAS DE TERESINA ros e/ou localidades de Teresina por
meio de mapas, ilustrações e pesqui-
sas.
132 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • AS MANIFESTAÇÕES (EF02GE13) Reconhecer as diferentes
E SEU LUGAR CULTURAIS DOS manifestações culturais nos locais onde
NO MUNDO LOCAIS ONDE VIVE vive.
• OS MIGRANTES EM
TERESINA E SUAS (EF02GE14) Conhecer e registrar a his-
MANIFESTAÇÕES tória das migrações em Teresina, no
CULTURAIS bairro ou comunidade em que vive,
através de pesquisa.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 133
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • A IMPORTÂNCIA, (EF02GE20) Classificar os diferentes
E SEU LUGAR OS RISCOS E OS CUI- meios de transporte e comunicação,
NO MUNDO DADOS NOS MEIOS reconhecendo o seu papel na cone-
DE TRANSPORTE E DE xão entre lugares.
COMUNICAÇÃO
(EF02GE21) Reconhecer os riscos que
envolvem os usos das novas tecnolo-
gias da informação e comunicação.
FORMAS DE
REPRESENTAÇÃO
E PENSAMENTO
ESPACIAL
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
134 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • LOCALIZAÇÃO NO (EF03GE01) Localizar seu bairro no
E SEU LUGAR MAPA: BAIRRO, TERESI- mapa de Teresina, bem como o mu-
NO MUNDO NA E PIAUÍ nicípio no mapa do Piauí e o estado
no mapa do Brasil.
CONEXÕES E • PAISAGEM E A TRANS- (EF03GE02) Explicar como os pro-
ESCALAS FORMAÇÃO DO MEIO cessos naturais e históricos atuam
GEOGRÁFICO na produção e na mudança das
paisagens naturais e artificiais nos
seus lugares de vivência, compa-
rando-os a outros lugares.
FORMAS DE • RELAÇÕES TOPOLÓGI- (EF03GE03) Representar os elemen-
REPRESENTAÇÃO CAS (PERTO, LONGE, tos do espaço geográfico de Teresina
E PENSAMENTO DENTRO, FORA, AO através de mapas sem escala (croqui).
ESPACIAL LADO, VIZINHO, NÃO
VIZINHO) E PROJETIVAS (EF03GE04) Identificar imagens bi-
(DIREITA, ESQUERDA, dimensionais e tridimensionais em
EMBAIXO, EM CIMA) diferentes tipos de representações
• REPRESENTAÇÕES CAR- cartográficas em tecnologias digitais
TOGRÁFICAS (IMAGEM distintas.
BIDIMENSIONAL, TRIDI-
MENSIONAL E VISÕES (EF03GE05) Elaborar símbolos e le-
OBLÍQUA E VERTICAL) gendas para representar diferentes
• ELABORAÇÃO DE elementos em representações carto-
LEGENDA gráficas.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 135
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • FORMAÇÃO (EF03GE07) Conhecer a formação po-
E SEU LUGAR POPULACIONAL pulacional de Teresina.
NO MUNDO DE TERESINA
(EF03GE08) Identificar, em seus luga-
res de vivência (escola, bairro, povoa-
do, rua), marcas de contribuição cul-
tural e econômica de grupos sociais
de diferentes origens.
CONEXÕES E • ESPAÇO PÚBLICO (EF03GE09) Identificar os principais
ESCALAS TERESINENSE espaços públicos de Teresina e suas
• MUDANÇAS NO USO funções.
DO SOLO EM TERESINA
• AS UNIDADES DE (EF03GE10) Conhecer as transforma-
CONSERVAÇÃO EM ções que ocorrem no espaço vivido
TERESINA (PARQUES decorrentes do comércio, do abaste-
AMBIENTAIS, ÁREAS cimento de água, da coleta de lixo e
DE PROTEÇÃO do saneamento básico.
AMBIENTAL, FLORESTA
NACIONAL) (EF03GE11) Compreender a impor-
tância das unidades de conservação
para a manutenção da biodiversida-
de e do patrimônio nacional.
FORMAS DE
REPRESENTAÇÃO
E PENSAMENTO
ESPACIAL
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
136 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • A CIDADE E O CAMPO: (EF03GE12) Reconhecer os diferentes
E SEU LUGAR APROXIMAÇÕES E modos de vida de povos de comu-
NO MUNDO DIFERENÇAS nidades do campo e da cidade (qui-
lombolas, caiçaras, indígenas, etc.)
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 137
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE
REPRESENTAÇÃO
E PENSAMENTO
ESPACIAL
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
• PRODUÇÃO, (EF03GE18) Reconhecer os tipos
CIRCULAÇÃO, de lixo produzidos pelas atividades
DISTRIBUIÇÃO econômicas desenvolvidas em Te-
E CONSUMO resina (agropecuária, indústria, co-
EM TERESINA mércio e serviços).
• IMPACTOS
AMBIENTAIS EM (EF03GE19) Relacionar o consumo
TERESINA excessivo à produção de lixo (in-
dustrial, comercial, doméstico ou
da escola), identificando suas con-
sequências.
NATUREZA: MEIO
(EF03GE20) Construir propostas
GEOGRÁFICO E
para a consumo consciente, consi-
QUALIDADE DE
VIDA derando a ampliação de hábitos de
redução, reuso e reciclagem/des-
carte de materiais consumidos em
casa, na escola e/ou entorno.
138 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
4º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • TERRITÓRIO (EF04GE01) Selecionar, em seus lu-
E SEU LUGAR E DIVERSIDADE gares de vivência e em suas histórias
NO MUNDO CULTURAL familiares e/ou da comunidade, ele-
• PROCESSO mentos de distintas culturas (indíge-
DE FORMAÇÃO DO nas, afro-brasileiras, europeias e de
POVO BRASILEIRO outras regiões do país e do mundo),
valorizando suas particularidades e
contribuições na cultura local, regio-
nal e brasileira.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 139
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • RELAÇÃO (EF04GE06) Reconhecer especificidades do
ESCALAS CAMPO E campo e da cidade (campo como fornece-
CIDADE dor de matéria prima e cidade como forne-
cedora de bens e serviços).
• CONSERVAÇÃO
E DEGRADAÇÃO (EF04GE13) Identificar as características das
DA NATUREZA paisagens naturais (relevo, cobertura ve-
NATUREZA: MEIO getal, rios etc.) e artificiais no meio em que
GEOGRÁFICO E vive, bem como a ação humana na conser-
QUALIDADE DE vação ou degradação dessas áreas.
VIDA
(EF04GE14) Reconhecer a importância da
conservação das paisagens de Teresina.
140 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • FORMAÇÃO HIS- (EF04GE15) Conhecer o processo de for-
E SEU LUGAR TÓRICO- mação histórico-territorial do Piauí.
NO MUNDO TERRITORIAL DO
PIAUÍ (EF04GE16) Identificar os primeiros núcle-
os de povoamento e suas atividades eco-
nômicas (bandeirismo, pecuária).
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 141
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • INSTÂNCIAS DO (EF04GE22) Distinguir funções e papéis dos
E SEU LUGAR PODER PÚBLICO órgãos do poder público municipal de Te-
NO MUNDO E FORMAS DE resina e formas de participação social na
PARTICIPAÇÃO gestão do município, incluindo a Câmara
SOCIAL de Vereadores, Conselhos Municipais, Asso-
ciações de Bairros, etc.
142 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
5º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • DINÂMICA (EF05GE01) Descrever as dinâmicas
E SEU LUGAR POPULACIONAL: populacionais nas cidades brasileiras
NO MUNDO 1. DISTRIBUIÇÃO (com destaque para Teresina), reco-
DE DIFERENTES nhecendo o uso e ocupação das áre-
GRUPOS SOCIAIS as centrais e periféricas por diferentes
E DESIGUALDADES classes sociais e grupos culturais, mo-
TERRITORIAIS vimentos políticos e agrupamentos
2. MOVIMENTOS étnico-raciais.
E REINVINDICAÇÕES
SOCIAIS (EF05GE02) Reconhecer que a orga-
nização espacial das cidades brasilei-
ras resulta de desigualdades sociais
historicamente constituídas.
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • CARTOGRAFIA: (EF05GE03) Utilizar o sistema de
REPRESENTAÇÃO ELEMENTOS DA orientação por meio dos pontos car-
E PENSAMENTO ORIENTAÇÃO deais (norte, sul, leste, oeste) como
ESPACIAL referência universal de localização
imprescindível para o conhecimento
do espaço geográfico.
DIVISÃO SOCIAL E • TRABALHO (EF05GE04) Compreender que as
TERRITORIAL DO E ACÚMULO formas de produção e a distribuição
TRABALHO DE CAPITAL NA desigual de capital geram paisagens
ORGANIZAÇÃO distintas tanto no espaço urbano
DAS PAISAGENS quanto no espaço rural.
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 143
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • TERRITÓRIO: (EF05GE05) Identificar as funções urbanas
ESCALAS REDES E de Teresina e as transformações em seu ter-
URBANIZAÇÃO ritório decorrentes das mudanças econô-
micas e sociais.
144 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • MAPAS E (EF05GE09) Comparar as transformações
REPRESENTAÇÃO IMAGENS DE das paisagens de Teresina em tempos dis-
E PENSAMENTO SATÉLITES tintos por meio de diferentes fontes, como:
ESPACIAL • PROPORÇÃO E fotografias, fotografias aéreas, mapas, ima-
ESCALA gens de satélites, tabelas e gráficos.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 145
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • REPRESENTAÇÃO (EF05GE15) Utilizar a linguagem cartográfi-
REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO ca para interpretar e representar elementos
E PENSAMENTO GEOGRÁFICO do espaço geográfico de Teresina, do Piauí
ESPACIAL e do Brasil.
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
• QUALIDADE (EF05GE16) Identificar e descrever proble-
AMBIENTAL mas de degradação do meio natural e cons-
• DIFERENTES truído propondo soluções.
TIPOS DE
POLUIÇÃO (EF05GE17) Reconhecer e comparar as dife-
rentes formas de uso e de poluição da água
DA ÁGUA (continentais e oceânicas).
NATUREZA: MEIO • GESTÃO
GEOGRÁFICO E PÚBLICA DA (EF05GE18) Identificar formas e usos de
QUALIDADE DE QUALIDADE ocupação do território que promovem de-
VIDA DE VIDA gradação dos recursos hídricos.
146 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
6º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO 1. IDENTIDADE (EF06GE01) Observar e comparar mo-
E SEU LUGAR SOCIOCULTURAL: dificações dos territórios e das paisa-
NO MUNDO TERRITÓRIO, gens de Teresina ao longo do tempo,
PAISAGEM E LUGAR ponderando diferentes sujeitos e vi-
vências, de acordo com os agentes
transformadores (sociais, físicos, cultu-
rais, políticos e econômicos).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 147
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • ORIENTAÇÃO E (EF06GE07) Compreender os sistemas de
REPRESENTAÇÃO COORDENADAS orientação e de coordenadas geográficas,
E PENSAMENTO GEOGRÁFICAS bem como sua importância para as diversas
ESPACIAL • CARTOGRAFIA: atividades humanas.
SEMIOLOGIA
GRÁFICA E A (EF06GE08) Identificar modelos tridimen-
LEITURA DOS sionais, mapas táteis, blocos-diagramas e
MAPAS perfis topográficos e de vegetação visando
a representação de elementos do espaço
geográfico.
(EF06GE09) Utilizar a noção de proporcio-
nalidade/escala para a elaboração de diver-
sas formas de representação cartográfica.
(EF06GE10) Compreender diferentes fenô-
menos geográficos (distribuição popula-
cional, clima, vegetação, recursos naturais,
relevo etc.) a partir da leitura de mapas te-
máticos, reconhecendo as convenções uti-
lizadas em sua elaboração.
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
• TERRA (EF06GE11) Compreender a origem do Uni-
E UNIVERSO: verso através da Teoria do Big Bang, consi-
DINÂMICA IN- derando, também, outras teorias ou visões
TERNA de mundo.
E EXTERNA
(EF06GE12) Compreender a dinâmica inter-
na da Terra e suas implicações na constitui-
NATUREZA: MEIO ção da estrutura do relevo.
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE (EF06GE13) Perceber que a modelagem do
VIDA relevo terrestre resulta de diferentes agen-
tes (chuva, vento, água superficiais, seres
vivos, etc.).
148 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • CLIMA EM (EF06GE15) Analisar a constituição dos
ESCALAS DIFERENTES climas em diferentes escalas geográficas
ESCALAS compreendendo a articulação entre ele-
1. TEMPO mentos e fatores e a interação entre essas
ATMOSFÉRICO escalas (do microclima ao global, passando
2. ELEMENTOS E pelas escalas intermediárias).
FATORES DO
CLIMA
FORMAS DE • CARTOGRAFIA (EF06GE16) Utilizar a linguagem cartográfi-
REPRESENTAÇÃO • SEMIOLOGIA ca para obter informações e representar a
E PENSAMENTO GRÁFICA E A espacialidade dos fenômenos geográficos.
ESPACIAL LEITURA DOS
MAPAS (EF06GE17) Reconhecer a importância dos
mapas temáticos no estudo dos fenôme-
nos climáticos e hidrográficos.
DIVISÃO SOCIAL E
TERRITORIAL DO
TRABALHO
• CICLO (EF06GE18) Conhecer o ciclo da água e
HIDROLÓGICO comparar o escoamento superficial no
meio rural e urbano.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 149
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • LEITURA (EF06GE21) Utilizar a linguagem cartográ-
REPRESENTAÇÃO DE MAPAS: fica para obter informações e representar
E PENSAMENTO ASPECTO os fenômenos de urbanização e atividades
ESPACIAL URBANOS econômicos.
E ECONÔMICOS
DIVISÃO SOCIAL E • TRANSFORMA- (EF06GE22) Identificar as características das
TERRITORIAL DO ÇÃO DAS paisagens transformadas pelo trabalho hu-
TRABALHO PAISAGENS mano a partir do desenvolvimento das ati-
NATURAIS vidades econômicas (agropecuária, extrati-
E ARTIFICIAIS vismo e indústria).
150 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
7º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • OS GRUPOS (EF07GE01) Conhecer os grupos hu-
E SEU LUGAR HUMANOS NA manos na formação do território bra-
NO MUNDO FORMAÇÃO sileiro respeitando seus direitos e cul-
TERRITORIAL turas.
BRASILEIRA
(EF07GE02) Compreender as diferen-
tes contribuições dos povos (euro-
peus, indígenas e africanos) na forma-
ção territorial brasileira.
CONEXÕES E 1. FORMAÇÃO (EF07GE03) Analisar a influência dos
ESCALAS SOCIOECONÔMICA fluxos econômicos e populacionais na
E TERRITORIAL DO formação socioeconômica e territorial
BRASIL do Brasil compreendendo os conflitos
e as tensões históricas e contemporâ-
neas.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 151
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • CARTOGRAFIA: (EF07GE08) Interpretar mapas temáticos
REPRESENTAÇÃO MAPAS com os componentes físicos e naturais do
E PENSAMENTO TEMÁTICOS território nacional.
ESPACIAL
(EF07GE09) Utilizar a linguagem cartográfi-
ca na compreensão de aspectos econômi-
cos no Brasil, no Piauí e em Teresina.
DIVISÃO SOCIAL E • PRODUÇÃO, (EF07GE10) Analisar a influência e o papel
TERRITORIAL DO CIRCULAÇÃO, das redes de transporte e comunicação na
TRABALHO DISTRIBUIÇÃO E configuração do território brasileiro.
CONSUMO DE
MERCADORIAS, (EF07GE11) Estabelecer relações entre os
BENS E SERVIÇOS processos de industrialização e inovação
tecnológica com as transformações socio-
econômicas do território brasileiro.
152 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • POPULAÇÃO (EF07GE16) Analisar as transformações que
ESCALAS BRASILEIRA ocorreram nas taxas de crescimento po-
pulacional do Brasil (a partir do século XX),
as mudanças em sua pirâmide etária e as
consequências socioeconômicas dessas
mudanças.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 153
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • DIREITOS (EF07GE22) Reconhecer os direitos de uso
ESCALAS DE USOS DO do território pelos povos indígenas origi-
TERRITÓRIO nários, pelas comunidades remanescentes
PELOS POVOS de quilombos, pelos ribeirinhos, pelos pos-
ORIGINÁRIOS, seiros, pelas caiçaras, dentre outros grupos
DENTRE OUTROS sociais do campo e da cidade.
154 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
8º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • MOBILIDADE (EF08GE01) Compreender a dinâmica
E SEU LUGAR POPULACIONAL migratória mundial e brasileira na con-
NO MUNDO NO MUNDO temporaneidade.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 155
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
FORMAS DE • CARTOGRAFIA: (EF08GE9) Reconhecer questões da
REPRESENTAÇÃO MAPAS TEMÁTICOS, realidade mundial a partir da leitura
E PENSAMENTO CROQUIS de mapas e do uso dos conceitos de
ESPACIAL E ANAMORFOSES território e Estado-nação.
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
156 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • INTEGRAÇÃO (EF08GE13) Reconhecer a atuação de orga-
ESCALAS LATINO- nismos internacionais (ONU, OMC, FMI, OIT,
AMERICANA, dentre outros) nos processos de integração
GEOPOLÍTICA cultural, política e econômica, nos contex-
INTERNACIONAL, tos americano e africano.
ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS (EF08GE14) Analisar alguns dos processos e
E OS CONFLITOS estratégias geopolíticas dos Estados Unidos
NO CAMPO E NA da América no cenário internacional, con-
CIDADE. siderando sua posição de liderança global,
com ênfase nas relações políticas e econô-
micas com países de diferentes níveis de
desenvolvimento.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 157
2º BIMESTRE
NATUREZA: MEIO
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
158 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E
ESCALAS
FORMAS DE • FORMAS DE (EF08GE21) Analisar dados e informações
REPRESENTAÇÃO EXPRESSÃO sobre desigualdades socioeconômicas
E PENSAMENTO CARTOGRÁFICA: mundiais por meio do IDH.
ESPACIAL MAPAS
TEMÁTICOS, (EF08GE22) Utilizar a linguagem cartográfi-
CROQUIS, ca para a compreensão de diferentes pro-
ANAMORFOSES blemáticas urbanas da América Latina.
E GRÁFICOS.
(EF08GE23) Analisar diferentes tipos de ma-
pas com dados fornecidos pelos organis-
mos internacionais (ONU, OIT, UNASUL, etc.)
sobre as desigualdades entre países.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 159
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • DIVERSIDADE (EF08GE30) Conhecer a diversidade étnica
E SEU LUGAR ÉTNICA DA da África, identificando os povos, sua loca-
NO MUNDO ÁFRICA: TENSÕES lização no continente e sua diversidade lin-
E CONFLITOS guística e cultural.
160 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
NATUREZA: MEIO • DIVERSIDADE (EF08GE38) Conhecer as paisagens da Amé-
GEOGRÁFICO E DO MEIO rica Latina, considerando os aspectos da
QUALIDADE DE GEOGRÁFICO E geomorfologia, da biogeografia, da clima-
VIDA AS TRANSFOR- tologia e da hidrografia.
MAÇÕES NAS
PAISAGENS DA
AMÉRICA LATINA (EF08GE39) Conhecer as paisagens natu-
E NA ÁFRICA. rais do continente africano (geomorfologia,
biogeografia, climatologia e hidrografia).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 161
9º ANO
1º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • GLOBALIZAÇÃO (EF09GE01) Compreender, por meio
E SEU LUGAR de dados geográficos, o processo de
NO MUNDO integração mundial (econômica, po-
lítica e cultural) a partir da expansão
planetária das redes geográficas (uti-
lizadas para transportes e comunica-
ção).
162 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
CONEXÕES E 2. CARTOGRAFIA (EF09GE07) Reconhecer como a carto-
ESCALAS E PODER: grafia, atendendo a diferentes propósi-
ANAMORFOSE, tos, sempre produz imagens parciais e
PROJEÇÕES distorcidas da realidade representada.
CARTOGRÁFICAS,
(EF09GE08) Identificar os artifícios (re-
CROQUIS, MAPAS cursos, técnicas, seletividade no uso
TEMÁTICOS DO dos dados e das informações) utiliza-
MUNDO dos para distorcer as informações que
são transmitidas por alguns mapas.
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 163
2º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • CORPORAÇÕES (EF09GE13) Analisar a atuação das corpo-
E SEU LUGAR E ORGANISMOS rações internacionais e das organizações
NO MUNDO INTERNACIONAIS econômicas mundiais na vida das socieda-
des em relação ao consumo, à cultura e à
mobilidade.
164 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
DIVISÃO SOCIAL E • TRANSFORMA- (EF09GE19) Relacionar as mudanças técni-
TERRITORIAL DO ÇÕES ESPACIAIS cas e científicas decorrentes do processo de
TRABALHO NA SOCIEDADE industrialização com as transformações na
URBANO- oferta, permanência e condições de traba-
INDUSTRIAL NA lho na Europa e na Ásia.
EUROPA E NA
ÁSIA (EF09GE20) Compreender os principais as-
• CADEIAS pectos da dinâmica populacional europeia
INDUSTRIAIS e asiática (crescimento natural, população
E INOVAÇÃO economicamente ativa, expectativa de
NO USO DOS vida, pirâmide etária etc.).
RECURSOS
NATURAIS (EF09GE21) Compreender os fluxos migra-
E MATÉRIAS- tórios contemporâneos como resultado da
PRIMAS profunda desigualdade socioeconômica
construída ao longo da história (fuga de cé-
rebros, refugiados etc.).
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 165
3º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO • AS MANIFESTA- (EF09GE26) Reconhecer diferentes manifes-
E SEU LUGAR ÇÕES CULTURAIS tações culturais de minorias étnicas como
NO MUNDO NA FORMAÇÃO forma de compreender a multiplicidade
POPULACIONAL cultural em diferentes cidades, na escala
mundial, defendendo o princípio do respei-
to às diferenças.
166 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
• DIVERSIDADE NO (EF09GE35) Compreender as transforma-
MEIO GEOGRÁ- ções da paisagem da Europa e da Ásia, a
FICO partir das relações entre natureza, meio e
E AS TRANSFOR- atividades antrópicas, enfatizando a neces-
MAÇÕES NAS sidade da conservação dos recursos natu-
PAISAGENS DA rais.
EUROPA E DA
NATUREZA: MEIO ÁSIA
GEOGRÁFICO E
QUALIDADE DE
VIDA
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 167
4º BIMESTRE
UNIDADES OBJETOS DO HABILIDADES ODS
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O SUJEITO
E SEU LUGAR
NO MUNDO
CONEXÕES E • INTERCÂMBIOS (EF09GE36) Relacionar as paisagens aos
ESCALAS HISTÓRICOS modos de viver de diferentes povos na Eu-
E CULTURAIS ropa e Oceania, valorizando identidades e
ENTRE EUROPA E interculturalidades regionais.
OCEANIA
(EF09GE37) Analisar transformações territo-
riais na Oceania, considerando as tensões e
conflitos resultantes do processo de coloni-
zação e da expansão do capitalismo.
FORMAS DE • REPRESENTA- (EF09GE38) Localizar espacialmente a Oce-
REPRESENTAÇÃO ÇÕES ania, comparando-a aos demais continen-
E PENSAMENTO CARTOGRÁFICAS tes nos aspectos demográficos e naturais.
ESPACIAL DA OCEANIA
(EF09GE39) Utilizar a linguagem cartográfi-
ca para compreender a distribuição da po-
pulação, dos recursos naturais e das ativida-
des econômicas da Oceania.
DIVISÃO SOCIAL E • CIRCUITOS (EF09GE40) Analisar os circuitos espaciais
TERRITORIAL DO PRODUTIVOS E produtivos e de inovação e as consequ-
TRABALHO INOVAÇÃO ências dos usos de recursos naturais e das
diversas fontes de energia em diferentes
países.
168 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 169
170 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
PARTE 13
ORIENTAÇÕES PARA
O PROFESSOR
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 171
ORIENTAÇÕES PARA
O PROFESSOR
Vivemos atualmente o processo de globalização, um momento da humanidade marcado
13 pela unicidade das técnicas, pela convergência dos momentos, pela hegemonia capitalista, pela
cognoscibilidade do planeta e por crises de diferentes naturezas, como nos esclarece o geógrafo
Milton Santos. Diante desse cenário repleto de mudanças e de complexidades crescentes, qual
o papel do ensino de Geografia?
A Geografia constitui a busca diuturna pela compreensão do mundo, que é real e mutável,
e em tempos de globalização se nos apresenta confuso e é confusamente percebido, como
explica Milton Santos. Nesse sentido, o trabalho da Geografia escolar deve afastar-se da ideia
da simples memorização de dados e informações. Seu papel é, indubitavelmente, mais amplo,
significativo e autêntico. A geografia escolar deve primar por levar o cidadão a uma consciência
crítica acerca do mundo que o cerca, e do qual ele faz parte como sujeito ativo.
Dessa forma, a educação em Geografia que se busca para Teresina em pleno século XXI
tem como objetivo a transformação da sociedade, pela qual o professor provocará no estudante
a busca pela descoberta, o exercício da crítica, da pesquisa, da identificação de problemas e
de suas soluções. Sendo assim, a sala de aula deve ser um campo de interação que permita
que os estudantes sejam sujeitos da investigação, da observação do espaço real, de homens
reais com suas contradições e da análise de fatos para entenderem o significado de produção e
organização do espaço geográfico (PASSINI, 2012).
Cabe à Geografia o papel de alfabetizar o estudante para a leitura do espaço geográfico,
possibilitando compreendê-lo com criticidade e instrumentalizá-lo para interferir na construção
consciente desse espaço. Para tanto, esse componente curricular deve fundamentar-se em
princípios de universalidade, igualdade e progresso, contribuindo para a construção de um
mundo mais humano e solidário.
Nas três últimas décadas do século XX e nas primeiras do século atual, as ciências humanas
passaram por fortes discussões do pensamento científico e filosófico em decorrência das
transformações sociais, políticas, econômicas, territoriais, etc. Nesse contexto, as reflexões da
Geografia e de outras ciências humanas têm buscado compreender os processos de mudanças
e suas implicações na organização socioespacial. Para tanto, faz-se necessário adotar uma
Geografia Nova, ou seja, a Geografia Crítica, capaz de compreender o espaço, sua historicidade
e sua relação dialética com a sociedade incorporando um significado mais social, relacionando
fenômenos naturais e humanos.
Para que o estudante entenda a realidade espacial é necessário analisar o meio sem dissociar
o natural do humano, o local do global. Nesse sentido, é importante que o professor desenvolva
os objetos de conhecimento da Geografia a partir de princípios elaborados no processo de
constituição desta ciência: analogia (comparação de fatos em diversas escalas e contextos),
conexão (relacionamento dos fatos locais e interlocais), diferenciação (variação dos fenômenos
geográficos), causalidade (justificativa causal ou não dos fenômenos) e extensão (delimitação e
localização do fenômeno pela superfície terrestre), dentre outros.
Em geral, os princípios da Geografia representam preocupações originais, de modo
a compreender as diferentes regiões do globo, até questões mais complexas. Assim, torna-se
possível entender o porquê de determinada distribuição espacial e as relações entre os elementos
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 173
constituintes dessa distribuição, bem como as conexões existentes entre os componentes físico-
naturais e as ações engendradas pela sociedade.
13.2 INTERDISCIPLINARIDADE
13.3 PLANEJAMENTO
174 C u r r í c u l o d e Te r e s i n a
ações que proporcionam a construção do próprio conhecimento pelo estudante.
13.4 AVALIAÇÃO
C u r r í c u l o d e Te r e s i n a 175
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SEMEC
Secretaria Municipal
de Educação