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“Num ser racional, cultura é a capacidade de escolher seus fins em geral e, portanto,
de ser livre. Por isso, só a cultura pode ser o fim último que a natureza tem condições
de apresentar ao gênero humano.” (Crítica do Juízo, 83)
Em idêntico sentido Hegel informou: “Um povo faz progressos, tem seu
desenvolvimento e tem seu crepúsculo” Evidencia-se que a cultura é produto ou fonte
de reunião humana.
Para os gregos, a cultura nesse sentido foi à busca e a realização humana. E tem duas
características constitutivas a primeira com íntima ligação com a filosofia, na qual se
incluíam todas as formas de investigação; a segunda característica muito relacionada
om a vida social.
Excluía igualmente qualquer atividade ultra-humana que não tivesse voltada para
realização do homem no mundo, mas para um destino ultraterreno.
O ideal clássico de cultura foi, a priori, aristocrático pelo segundo, foi naturalista,
sendo contemplativa e investindo na vida teórica inteiramente dedicada à busca da
sabedoria superior, que seria o fim da cultura.
Na Idade Média tal conceito foi apenas parcialmente conservado e modificado apesar
de ter mantido o caráter aristocrático e contemplativo, alterou-se principalmente o
viés naturalista.
Desta forma, a filosofia exerceu função proeminente na cultura medieval, porém bem
diferente daquela função exercida no mundo grego, deixou de ser um complexo de
investigações autônomas pelas quais o homem organiza os instrumentos naturais que
dispõe tais como sentidos e inteligência, além de propiciar a compreensão, a defesa e
sempre que possível a demonstração da verdade religiosa.
Assim a vida ativa já não é estranha ao ideal de cultura assim também o trabalho passa
fazer parte desse ideal, sendo registrado de seu caráter utilitário e servil.
Destaca-se a Enciclopédia Francesa[6] como a maior expressão dessa fase, mas foi
somente um dos meios de difusão da cultura entre todos os homens, acelerando a
ambição de torná-la universal.
Ser culto é ter uma vida humana equilibrada e rica. E “ser culto” não significa apenas
dominar somente as artes liberais de tradição clássica, mas conhecer em certa medida,
a matemática, física e ciências naturais além, das disciplinas históricas e filosofias que
haviam formado.
Então o conceito de cultura começou a significar enciclopedismo, ou seja,
conhecimento geral e sumário de todos os domínios do saber.
Lamentava-se que o homem possui tantos conhecimentos, mas que ficam limitados a
um pequeno círculo de fatos, ou pior, fica perdido em meio aos fatos dos mais
variados tipos e, resta o homem privado de diretriz, ou conforme se diz, privado de fé.
Croce, porém, achava mal, mas não era devido à especificação das disciplinas e, sim,
devido ao predomínio do positivismo, que privilegiava a cultura naturalista e
matemática. E, então, propunha como solução uma cultura que fosse harmoniosa
cooperação entre filosofia e história, entendidas no seu significado mais amplo e
verdadeiro.
Mas tal solução era sugerida pelo polêmico espírito antipositivista e pela orientação
típica da filosofia cruciana na qual a cultura científica e o próprio espírito científico não
encontravam lugar. No fundo, o problema da cultura agravou-se ainda mais nos anos
cinquenta após o diagnóstico de Croce.
Inútil ignorar o equívoco de uma cultura reduzida a ser o “puro tratamento técnico”
em determinado campo e restrita ao uso profissional de conhecimentos utilitários.
Pois a cultura designa a formação humana completa e ampla e, ainda visa a realização
do homem em sua forma autêntica ou em sua natureza humana.
Evidentemente que competências específicas, habilidades peculiares, destreza e
precisão são materiais ou conceituais sendo úteis e indispensáveis à vida do homem
em sociedade e à sociedade, mas não podem substituir a cultura como formação
equilibrada e harmônica do homem.
E, para solucionar esse impasse que se discute a noção de cultura geral que deve
acompanhar todos os graus e formas de educação, até mesmo a mais especializada.
Mas resta evidentemente que a solução do busilis é apenas aparente enquanto não se
tiver uma noção objetiva do que seja cultura em geral.
Também é óbvio que a cultura geral pode ser constituída por noções vazias e
superficiais que não suscitaram interesse e, não contribuiria para esquecer a
personalidade do indivíduo e sua capacidade de comunicarem-se como os outros.
Em segundo lugar por consequência de uma cultura viva e formativa, deve estar aberta
para o futuro, mas ancorada no passado.
O homem culto não se desarvora diante do novo e, nem foge dele, mas sabe
considerá-lo como justo valor, vinculando-o ao passado e elucidando suas
semelhanças e disparidades.
Concluímos que não há cultura sem o que chamamos de “ideias gerais”, mas estas não
devem nem podem ser impostas ou aceitas, arbitrária ou passivamente, pelo homem
cultuo na forma de ideologias institucionalizadas, devem poder formar-se de modo
autônomo sendo continuamente comensurada mente com as estações reais.
É evidente que para a formação de uma cultura com essas características formais são
igualmente necessários o enfoque histórico-humanístico do passado e o espírito crítico
e experimental de pesquisa científica.
Cada cultura, cada processo e cada declínio trazem seus graus e seus períodos internos
que são necessários, possui duração determinada e o uso de forma recorrente
símbolos.
As civilizações são os estados extremos e mais refinados aos quais pode chegar espécie
humana. Capaz de crescente humanização e compreensão do multiverso que nos cerca.
O caráter global, mas nem por isso sistemático de uma cultura, que corresponde às
necessidades fundamentais do grupo humano, a diversidade dos modos com as várias
culturas correspondem a essas necessidades e o caráter do aprendizado ou
transmissão da cultura, são traços característicos expressos por essas definições,
traços que se repetem em quase todas as definições que atualmente são consideradas
válidas.
Notas
Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) foi um importante filósofo grego. Um dos pensadores
com maior influência na cultura ocidental. Foi discípulo do filósofo Platão. Elaborou
um sistema filosófico no qual abordou e pensou sobre praticamente todos os assuntos
existentes, como a geometria, física, metafísica, botânica, zoologia, astronomia,
medicina, psicologia, ética, drama, poesia, retórica, matemática e principalmente
lógica.
Encyclopédie, ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers foi
uma das primeiras enciclopédias que alguma vez existiram, tendo sido publicada na
França no século XVIII. Os últimos volumes foram publicados em 1772. Esta grande
obra, compreendendo 35 volumes, 71 818 artigos, e 2 885 ilustrações, foi editada por
Jean le Rond d'Alembert e Denis Diderot. D'Alembert deixou o projeto antes do seu
término, sendo os últimos volumes obra de Diderot. Muitas das mais notáveis figuras
do iluminismo francês contribuíram para a obra, incluindo Voltaire, Rousseau, e
Montesquieu. De acordo com Denis Diderot no artigo "Enciclopédie", o objetivo da
obra era "mudar a maneira como as pessoas pensam". Ele e os outros contribuintes
defendiam a secularização da aprendizagem, à distância dos jesuítas. Diderot queria
incorporar todo o conhecimento do mundo para a obra, e esperava que o texto
poderia disseminar todas as informações para as gerações públicas e futuras.
Coordenada por D'Alembert e Diderot, "Encyclopédie" foi elaborada entre 1751 e 1780.
Com base nos ideais iluministas, filósofos pretendiam, através do saber, criar o
"cidadão esclarecido". Nº 12 da série "Os Europeus". No decorrer dos séculos 17 e 18,
os cientistas haviam acumulado conhecimentos que suplantavam tudo o que até então
era considerado saber válido. Descobriram-se as relações do sistema planetário e o
emprego da força hidráulica, novos continentes foram explorados, e ficara provado
que a Terra não era plana. Cada vez mais se impunha o princípio de que o saber, e não
a fé, deveria nortear a busca de respostas às questões da vida. Isso, contudo, também
invalidava em grande parte o modelo explicativo da Igreja Católica. Pois sua definição
da vida repousava, basicamente, numa existência no temor de Deus, com perspectivas
a abundante recompensa no Além. Durante séculos, as Sagradas Escrituras e a
interpretação apostólica forneceram às pessoas um sentido sobrenatural para a
vida. Isso facilitava, para uns, suportar as injustiças terrenas e, para outros, justificá-
las.
O ato de educar foi barbarizado, barbarizado pela apatia, pelo politicamente correto e
pelas falácias produzidas pela mídia. Nesse sentido é que o ato de educar torna-se um
tema vivo, por necessitar de constante reflexão. A reflexão sobre que seres e que
sociedade desejamos para nossa geração e para as gerações futuras. Essa era a
questão da Paideia grega, uma vez que, na Grécia Antiga, educava-se para a vida em
comunidade, em todas as suas nuanças. É preciso indagar se nossas práticas
educativas têm ajudado para nos tornarmos seres melhores, posto que o ato de
educar pode ser o motor da construção de sujeitos éticos dotados de
responsabilidade, solidariedade e de caráter para dar novos rumos à história humana".