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Amar Como Jesus Ama #1

O Amor é Fundamental

Leitura Bíblica: 1 Coríntios 13.1-3

O amor é o tema mais mencionado nas músicas de sucesso.


Contudo, apesar de ser tão comentado e discutido, este assunto é
um daqueles que geralmente é bem pouco compreendido. No Yahoo
respostas, que é uma plataforma onde as pessoas postam perguntas
e respostas, um determinado usuário postou: O que é amor? A
resposta escolhida como melhor resposta foi uma que relacionou o
amor com um sentimento, o qual acontece inevitavelmente e para o
qual não existe escapatória. Mãos geladas, borboletas na barriga e
aquela sensação boa de simplesmente estar juntos. Para alguns, o
amor é uma espécie de atração irresistível. Inconscientemente,
somos influenciados pela filosofia grega, na qual havia um deus,
chamado Eros ou Cupido, que era um menino alado disposto a
disparar flechas nos corações, despertando-lhes o amor e a paixão.
Em nossos dias, a palavra amor está com o significado bastante
desgastado, especialmente por este uso que é realizado. Amor
tornou-se símbolo do intercurso sexual fora do casamento. Algumas
pessoas, dizem trair em nome do amor, ou garantem estar matando
em nome do amor. O texto bíblico magno sobre o amor nos
apresenta uma explicação bastante distinta daquilo que nossa
sociedade professa.
Em Corinto, havia uma igreja realmente vibrante. Em um
grande centro comercial e cultural do Império Romano, nossos
irmãos haviam conhecido a Cristo por intermédio da pregação de
Paulo, que ficou ali por um ano e meio. Tratava-se de uma
comunidade abençoada por Deus em diversos aspectos. Paulo chega
a dizer que a esta igreja não faltava nenhum dom (1Co 1.7).
Contudo, bem pouco tempo após a saída de Paulo daquela igreja,
começaram a surgir vários problemas. Haviam contendas entre os
irmãos, que estavam divididos entre aqueles que pregaram a
Palavra entre eles. Os partidos estavam determinados: Paulo, Pedro
(Cefas), Apolo e Cristo. Contaminados pela cultura de sua época, os
coríntios confundiram o conteúdo do Evangelho e a importância de
seus mensageiros. O ponto central na pregação é a mensagem, mas
os coríntios prontamente formaram panelinhas na congregação.
Os irmãos se reuniam para celebrarem por meio de uma
refeição a comunhão, mas o que acontecia era uma verdadeira
tragédia. Enquanto alguns se empaturravam de comida e se
embriagavam na bebedeira, outros irmãos ficavam esquecidos em
um canto passando fome e sede. Por isso, Paulo diz em 1Co 11.17:
“Vocês estão se ajuntando não para melhor, e sim para pior”.
Este é o contexto de toda a pregação de Paulo aos coríntios
nesta carta. Corinto era uma igreja espiritualmente imatura. As
práticas dos dons, que são descritas entre os capítulos 12 e 14
deixam claro que o momento do culto era um instante de
competição, de rivalidade, onde os irmãos buscavam uma aparência
de espiritualidade que fosse mais expressiva do que dos demais. A
igreja é uma unidade orgânica, onde somos membros uns dos
outros. Nossas diferenças são um presente de Deus para que
possamos nos complementar mutuamente, assim como os diversos
membros de nosso corpo. O apelo de Paulo para que os irmãos
utilizassem sabiamente os dons era necessário, pois faltava ordem e
decência no culto. Havia disputas sobre quem tinha mais dons, mais
línguas, mais conhecimento, mais profecias. Em tudo isto, faltava o
mais importante, que é o que aparece no capítulo 13: o amor.
No fim do capítulo 12 há a explicação sobre o motivo de Paulo
falar sobre o amor: o amor é o caminho mais excelente. A vida
espiritual saudável não é mensurada pelo que comemos ou
bebemos, tampouco pelos dons que temos. Sem amor, nada somos.
O amor é a prova de nosso relacionamento com Deus, e não os dons.
“Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura
não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de
mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23). É por intermédio
do amor que todo o mundo reconhecerá que somos discípulos de
Jesus (cf. Jo 13.35)

Paulo faz três duras declarações sobre o cristão que não tem
amor:

I. SEM AMOR, EU OFENDO OS OUTROS


Na cidade de Corinto, havia o famoso culto a Dionísio,
que era celebrado com rituais de orgia. Em meio ao festejo idólatra e
imoral, era tocado uma espécie de instrumento de corda, chamado
címbalo. O címbalo só possuía uma corda e seu som era usado no
culto pagão para provocar êxtase, invocar a deidade ou espantar os
demônios. O som do címbalo era mais do que pesado e monótono:
era irritante. Determinado autor diz que o som do bronze soando e
do címbalo que retine seria tão irritante quanto o latido de um
cachorro.
O amor é essencial. Tão essencial, que sem ele eu sou
apenas ofensivo e irritante. Não importam se minhas palavras são
verdadeiras: sem amor, sou irritante. Não importa se estou sendo
honesto com meu próximo: sem amor, sou apenas pesado e
monótono. Nossas palavra são apenas ocas manifestações de nossa
arrogância enquanto não estamos permeados pelo amor de Deus.
Não há vida espiritual sem amor, apenas badalação,
apenas barulho. E há uma frase conhecida, que diz: “um tambor
vazio também faz muito barulho”. Nossos gestos são vazios sem
amor, são sem sentido, não produzem bênção na vida das pessoas
ao nosso redor. Falar as línguas dos homens tem a ver com saber
comunicar-se, ter uma boa retórica e oratória. Falar as línguas dos
anjos, seria uma hipérbole, um exagero. E ainda que alcançássemos
este patamar de pretensa espiritualidade, sem amor, seremos apenas
uma ofensa, uma irritação ao nosso próximo.

II. SEM AMOR, EU NADA SOU


Deus não pode usar, para a sua glória, um cristão sem
amor. Os coríntios pensavam que aqueles que conheciam os
mistérios e profetizavam seriam superiores aos demais. A fé que
transporta montes refere-se um provérbio judaico, também citado
por Jesus, que teria o tom de mostrar o poder da fé em tornar
possível o impossível.
Sem amor, tiramos nota 0. Posso ter os melhores dons
místicos ou a melhor capacidade intelectual, mas não irei produzir
fruto sem amor. O amor é a virtude mais insistida em todo o NT. A
verdade deve ser dita em amor. O amor não deve ser fingido. O
amor não é uma opção ou adereço, mas a essência da vida cristã.
Paulo não está diminuindo a importância do
conhecimento e dons, mas enfatizando que sem amor o portador de
tais virtudes não é nada. Assim como a fé sem obras é morta, a fé
sem amor é ineficaz. Conhecimento sem amor é arrogância; fé sem
amor é perda de tempo; dons espirituais sem amor nos levam para o
caminho da carnalidade.
Sem amor, sou como a terra que só produz espinhos e
perto está da maldição. Sem amor, sou inútil, até mesmo para o
Reino de Deus.

III. SEM AMOR, EU NADA GANHO


Paulo menciona agora um ato de extrema dedicação: doar
os bens aos pobres e entregar o próprio corpo para ser queimado. As
obras de assistência social que envolvem a entrega dos bens
materiais geralmente são chamadas de obras de caridade. O que
Paulo tem em mente com o “entregar o corpo para ser queimado”
certamente tem a ver com o martírio.
É possível fazer tudo isto sem amor. É possível doar bens,
sem doar o coração. É possível entregar ao sacrifício, sem contudo
fazer isto com a motivação adequada. A. W. Tozer diz que “a prova
pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo”.

Nesta relação de motivos como em muitas outras, os fariseus dão


exemplos claros. Eles continuam sendo o mais triste fracasso
religioso do mundo, não por causa do erro doutrinário, nem porque
eram pessoas de vida abertamente dissoluta. Todo o problema deles
estava na qualidade dos seus motivos religiosos. Os crentes
especialmente os mais ativos, freqüentemente devem separar um
tempo para sondar a sua alma, a fim de certificarem-se dos seus
motivos.

Mesmo o serviço religioso mais elevado é consignado à futilidade,


se não for motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres,
oradores, filantropos e mártires são despedidos sem recompensas.
Resumindo, podemos dizer que, aos olhos de Deus, somos julgados
não tanto pelo que fazemos e sim por nossos motivos para fazê-lo.
Não "o quê", mas "por quê" será a pergunta importante que
ouviremos, quando nós, crentes, comparecermos no tribunal, a fim
de prestarmos contas dos atos praticados enquanto estivemos no
corpo.

Ler este texto em Coríntios pode nos deixar sem esperança. Vou
dizer por mim, que ainda não falei com anjos, não movi nenhuma
montanha pela fé e também não teria coragem de entregar meu
corpo para ser queimado.
Contudo, o Evangelho traz esperança para pecadores que não
sabem amar. Jesus evidencia isto em Marcos 10.17-22.

IV. AMAR COMO JESUS: PECADORES SEM AMOR


Geralmente chamamos o personagem apresentado de
jovem rico. Mas, por razões que logo ficarão claras, podemos chama-
lo de “o homem que não sabia amar”. El se aproxima de Jesus com
uma ótima pergunta, que revela um interesse genuíno. Ele quer
saber sobre a vida eterna. Todavia, ele quer saber o que fazer para
ser salvo. Jesus lhes apresenta os mandamentos, aos quais o jovem
prontamente diz obedecer desde a sua juventude.
Permita-me enxergar estes mandamentos sob um prisma
um pouco diferente. Jesus não está apresentando os mandamentos
como uma série de elementos que deveriam ser obedecidos como
um pacto de obras para a salvação. Obedecer os mandamentos,
especialmente estes mencionados por Jesus, consistem em amor ao
próximo.
A resposta de Jesus serviu para desnudar o coração do
jovem. Ao dizer que ele obedecia os mandamentos, ele afirmava que
sabia o que era amar. Mas o amor de Jesus o fez entender que ele, de
fato, não sabia o que era o amor.
Não somos mais amáveis que o jovem rico. Precisamos do
amor de Jesus, que é a iniciativa para que possamos também amar.

Devemos ser cuidados para não confundir sentimentalismo


humano, alegria carnal, amabilidade e afabilidade humana com o
verdadeiro amor espiritual. O amor que Deus ordena,
primeiramente para com Ele e então para com os outros, não é o
amor humano. Não é um amor indulgente e egoísta, o qual já está
em nós por natureza. Se indulgentemente permitirmos que nossas
crianças cresçam com pouca ou nenhuma disciplina, Provérbios
claramente diz que não as amaremos, a despeito da
sentimentalidade humana e da afeição que podemos sentir por elas.
O amor não é um paparicar sentimental de um para com o outro,
com uma indiferença para com o nosso andar e obediência diante do
Senhor. Encobrir as faltas dos outros para nos agradar na estima
deles, não é amor espiritual.

Soli Deo Gloria!

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