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Diretas já
Diretas já foi um movimento popular formado para lutar pela volta das eleições
diretas para presidente da República. O movimento iniciou em 1984, nesse
momento o Brasil ainda vivia a ditadura militar e os presidentes eram escolhidos
pelos próprios militares.

Em 1984 o regime militar já havia perdido força e a população foi às ruas pedir
pela volta das eleições diretas para presidente. Esse movimento marcou a luta
pela redemocratização do Brasil, ou seja, a volta das eleições democráticas
com participação popular.

As próximas eleições aconteceram em 1985, mas nesse ano ainda ocorreram


de forma indireta e o novo presidente foi eleito por um colégio eleitoral. Na
ocasião Tancredo Neves foi o eleito. Mas o presidente não chegou a assumir o
cargo, pois faleceu antes mesmo da data da posse. Em seu lugar assumiu José
Sarney.

Como surgiu o movimento?

Os primeiros passos que levaram ao surgimento do movimento aconteceram em


1983. Em março deste ano foi proposto um projeto de emenda à Constituição
Federal com o objetivo de retomar as eleições diretas no país. O projeto foi
apresentado pelo deputado federal Dante de Oliveira. Por isso a proposta
recebeu o nome de Emenda Dante de Oliveira.

Durante o ano de 1983 o movimento começou a crescer e se espalhar pelo país.


A primeira grande manifestação das Diretas Já aconteceu no dia 27 de novembro
desse ano, em um comício realizado no estádio do Pacaembu.

Depois desse foram realizados outros grandes comícios pelo país, que contaram
com grande adesão popular, como o comício da Praça da Sé (25 de janeiro de
1984) e da Candelária (10 de abril de 1984).

A última manifestação de apoio às Diretas já antes da votação aconteceu na cidade de


São Paulo, no Vale do Anhangabaú. Neste dia mais de um milhão de pessoas estiveram
presentes para demonstrar apoio ao movimento.

A votação da Emenda Dante de Oliveira

A emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Com a rejeição da
medida foi formada a Aliança Democrática, formada pelo PMDB (Partido do
Movimento Democrático Brasileiro) e por alguns membros do PDS (Partido
Democrático Social). A Aliança Democrática propôs a candidatura da chapa
Tancredo Neves (presidente) e José Sarney (vice-presidente).
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A proposta ganhou alguns apoios políticos, além de chamar atenção da imprensa


nacional, que passou a cobrir os acontecimentos no país. Neste período o
movimento já tinha recebido o lema que o fez tão conhecido: movimento
das Diretas já.

A força do movimento

O movimento das Diretas já foi ganhando muita adesão popular com o passar
dos meses. Além do apoio dos cidadãos em geral, uniram-se ao movimento
diversos políticos, artistas e intelectuais que usaram sua imagem para dar
visibilidade à luta pela volta da eleição direta.

Alguns dos nomes que se destacaram foram: Ulysses Guimarães, Fernando


Henrique Cardoso, Lula, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Mário Covas, José
Sarney, Tancredo Neves, Sócrates, Osmar Santos, Mário Lago, Dom Paulo
Evaristo Arns, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento,
Henfil, Ziraldo, Wagner Tiso, Fafá de Belém, Gonzaguinha e Lucélia Santos.

O movimento ganhou um lema que ficou muito conhecido: "Eu quero votar para
presidente".

Fim das Diretas já

O movimento das Diretas já teve seu ponto alto e suas maiores manifestações
entre 1984 e 1985, mas a causa defendida pelo movimento só obteve sucesso
cinco anos depois, em 1989.

No dia 15 de novembro o Brasil teve sua primeira eleição direta depois da


ditadura. No primeiro turno concorreram 22 candidatos, entre eles: Fernando
Collor de Melo (PRN), Luís Inácio Lula da Silva (PT), Paulo Maluf (PDS), Leonel
Brizola (PDT), Enéas Carneiro (PRONA), Fernando Gabeira (PV), Mário Covas
(PSDB), Ulysses Guimarães (PMDB) e Roberto Freire (PCB).

A disputa de segundo turno ocorreu entre os candidatos Fernando Collor de


Mello e Luís Inácio Lula da Silva. Collor foi eleito com 53% dos votos e governou
o país de março de 1990 até dezembro de 1992, quando renunciou sob
acusações de crime de responsabilidade.

O que são as eleições diretas?

As eleições são chamadas de diretas quando os candidatos são eleitos pelo


voto direto do povo. Já as eleições indiretas acontecem sem a participação
popular e os candidatos são escolhidos por um grupo chamado colégio eleitoral.
Os membros deste grupo são eleitos pelo povo, mas é o colégio que vota nos
candidatos.
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Durante a história o Brasil teve períodos alternados de voto direito e indireto. A


Constituição de 1891, a primeira Constituição brasileira, determinou que as
eleições para presidente da República aconteceriam de maneira direta.

Em 1937 a nova Constituição mudou esta regra, determinando que a eleição


passaria a ser indireta. Assim, o presidente deveria ser eleito por um colégio
eleitoral e não mais através do voto dos cidadãos. 9 anos depois, a Constituição
de 1946 determinou a volta das eleições diretas e em 1967 a nova Constituição
voltou à antiga regra e as eleições para presidente se tornaram indiretas
novamente.

Escolha dos presidentes durante a ditadura

Durante a ditadura militar (1964-1985) os oito presidentes que ocuparam o cargo


nesse período foram escolhidos por membros do Exército.

Foi somente em 1989, 4 anos depois do fim da ditadura, que o Brasil voltou a ter
eleições diretas para a presidência.

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