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Apreciação crítica da obra “Felizmente Há Luar!

”,
de Luís de Sttau Monteiro

Felizmente Há Luar! é uma obra dramática do dramaturgo português Luís de Sttau


Monteiro. A peça de teatro foi inicialmente publicada pelo escritor em 1961, contudo esteve
proibida pela polícia de censura, a PIDE, até 1974. Por este motivo, apenas foi levada à cena
pela primeira vez, num teatro nacional, em 1978.
Quanto ao formato do livro, podemos observar na capa o título da obra, o nome do
autor, a editora e uma ilustração que, ao que tudo indica, remete para o luar que cobria a
noite do grande acontecimento do segundo ato. Na contracapa, o livro apresenta uma
pequena sinopse da obra e uma citação do autor. O livro contém duas abas com informações
detalhadas sobre a vida e obra do autor. Mais concretamente, na primeira são referidas as
principais obras publicadas e na seguinte encontra-se uma pequena biografia do mesmo.
O livro é de leitura rápida, tendo apenas 140 páginas, que estão divididas em dois atos.
A sua leitura é ainda facilitada pela existência das didascálias que nos ajudam a visualizar
melhor uma situação, a perceber melhor as intenções de cada personagem, ou seja, os
motivos que as levam a tomar determinadas decisões ou a agir de determinado modo e, em
alguns momentos, nos permitem entrar na pele da personagem, revelando-nos como esta se
sente e como reage em função do que vai acontecendo.
O primeiro ato aborda assuntos mais políticos, havendo uma predominância de falas
entre os três conscienciosos governadores do Reino (D. Miguel Forjaz, Beresford e o
Principal Sousa) sobre assuntos de natureza política, estratégias e discussões neste sentido.
Pelo facto deste ato ser, na sua maioria, muito politizado, este torna-se de difícil
acompanhamento e um pouco confuso. Um aspeto positivo a ressaltar deste ato, é forma
como o autor desenvolve a sua crítica, pois ao mesmo tempo que critica a governação inglesa
em Portugal, critica também, através de analogias, a governação no Estado Novo.
Pelo contrário, o segundo ato revela-se completamente diferente. Ao invés de se
abordar assuntos políticos e formais e com o foco no Estado, temos neste ato o ponto de vista
da mulher do General Gomes Freire D’Andrade, Matilde de Melo, que está completamente
devastada, revoltada e desesperada por não poder estar com seu marido. É uma personagem
com emoções bastantes fortes e complexas e, como tal, interessantes. O autor usa esta
personagem e suas emoções, de forma bastante inteligente, para criticar a sociedade e a
repressão sofrida pelo povo, funcionando até um pouco melhor que a forma utilizada no
primeiro ato. Passo agora a recitar um excerto da obra que exprime os sentimentos de
Madalena e onde a sociedade é criticada pela sua estrutura (páginas 83, 84, 85 e 86, apenas
a fala de Matilde).
O protagonista da história, o General Gomes Freire, é implementado apenas através da
esperança do povo, das perseguições dos governantes e da revolta de sua mulher, pois na
verdade nunca aparece ao longo da obra. Tal como o autor diz «está sempre presente embora
nunca aparece». Foi uma jogada muito interessante e um acréscimo muito bom deste
personagem, pois ouvimos várias versões do mesmo homem, quer de bondade, quer de
esperança, quer como homem que representa a destruição de uma pátria. As múltiplas ideias
sobre o mesmo homem, permite-nos perceber também as diferentes formas como eram vistos
os generais da revolução.
Posso dizer que o meu personagem favorito é Vicente, apresentado no início do
primeiro ato, junto dos populares, como um demagogo. É considerado traidor do povo, por
entregar as esperanças deste para os superiores para subir na vida, e fá-lo com sucesso. É a
minha personagem favorita pelo seu carisma, pelo seu sarcasmo/ironia e pelo fato de ser o
personagem que me fez gostar do primeiro ato, sendo o único que dá vida no início da obra
pela força das suas opiniões.
No geral, achei uma boa obra pelo tema que aborda, ou seja, a crítica ao
posicionamento do Estado, quer da ocupação dos ingleses, quer da ditadura de Salazar. Para
além da temática interessante, gostei da obra por ser simples e de leitura rápida. Contudo,
penso que é uma obra que fica melhor quando interpretada no teatro, do que lida
casualmente.

Pedro Ricardo
11º15

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