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Existem Alguns Erros na Bíblia?


Dr. Norman Geisler

A Bíblia não pode errar, pois é a Palavra de Deus. E Deus não pode
errar. Isto não significa que não existam dificuldades na Bíblia. Porém
estas dificuldades não se devem à perfeita revelação de Deus, mas à
nossa imperfeita compreensão. A história dos críticos da Bíblia revela
que esta não contém erros, mas sim, os críticos. A maioria dos
problemas recai sobre uma das seguintes categorias:
1. - Supor que o Não Explicado é Inexplicável - Quando um
cientista encontra uma anomalia na natureza, ele não desiste da
exploração científica. Em vez disso, o que é não explicado fomenta
mais estudo. Antes, os cientistas não conseguiam explicar os
meteoros, eclipses, tornados, furacões e terremotos. E até
recentemente, eles não conseguiam explicar como uma abelha
consegue voar. Todos estes assuntos têm guardado, pacientemente,
os seus segredos. Os cientistas não sabem como a vida pode se
desenvolver nos ventos quentes e nas profundezas do mar. Mas,
nenhum deles se atira de uma torre, gritando: “Um absurdo!”. Do
mesmo modo o verdadeiro estudioso da Bíblia aproxima-se dela com a
mesma pressuposição de que ela tem respostas para o não explicado.
Certa vez, os críticos propuseram que Moisés não poderia ter escrito os
cinco primeiros livros da Bíblia (o Pentateuco), porque a cultura dos
tempos de Moisés era de antes da invenção da escrita. Hoje, eles
sabem que a escrita já existia milhares de anos antes de Moisés. Os
críticos também acreditavam que as referências bíblicas sobre o povo
hitita eram totalmente fictícias, pois um povo com aquele nome jamais
havia existido. Agora, a biblioteca nacional dos hititas foi descoberta
na Turquia. Então, temos motivos para crer que outros fenômenos não
explicados contidos na Escritura, terão, também, uma explicação.
2. - Pressupor que a Bíblia é culpada de erros, antes que ela
comprove ser inocente - Muitos críticos pressupõem que a Bíblia
contém erros, até que seja provado o contrário. Contudo, como um
cidadão americano, que é acusado por um crime, tem direito à defesa,
à Bíblia deveria ser dada pelo menos a mesma credibilidade de que ela
é correta, do mesmo modo como esta é dada a outras literaturas que
eles afirmam ser não ficção. Esta é a maneira de nos achegarmos
todas as comunicações humanas. Se não o fizéssemos, a vida não
seria possível. Se supuséssemos que os sinais de tráfego nas estradas
não são corretos, provavelmente iríamos morrer, antes de comprovar
que eles são corretos. Se admitíssemos que os alimentos são mal
rotulados, iríamos desistir de comprar todas as garrafas e os pacotes
que se vendem no mercado. Do mesmo modo, a Bíblia, como qualquer
outro livro, deveria ser considerada como nos contando, exatamente, o
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que os autores disseram, experimentaram e ouviram. Contudo, os
críticos negativos partem, exatamente, de uma pressuposição de que a
Bíblia contém erros.
3. - Confundir nossas falíveis interpretações com a infalível
revelação de Deus - Jesus disse que “A Escritura não pode ser anulada”.
(João 10:35). Sendo um livro infalível, a Bíblia é, também, irrevogável.
Jesus declarou: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.
(Mateus 5:18) ... “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.”
(Lucas 16:17). As Escrituras têm também a autoridade final, como a
última palavra em todos os discursos. Jesus usou a Bíblia para resistir
ao tentador (Mateus 4:4; 7:10); para resolver disputas doutrinárias
(Mateus 21:42) e para vindicar a Sua autoridade (Mateus 11:17).
Algumas vezes, o ensino da Bíblia se apóia em algum pequeno detalhe
histórico (Hebreus 7:13-17); ou sobre uma diferença entre o singular e
o plural (Gálatas 3:16). Mas, conquanto a Bíblia seja infalível, as
interpretações humanas são falíveis. Conquanto a Palavra de Deus seja
perfeita (Salmo 19:7), enquanto existirem seres humanos imperfeitos,
haverá errôneas interpretações da Palavra de Deus e falsas visões
sobre o seu mundo. Daí por que não deveríamos ter pressa em supor
que uma atual suposição predominante na ciência seja a palavra final.
Algumas das irrefutáveis leis do passado são hoje consideradas pelos
cientistas como erro.
Desse modo, as contradições entre as opiniões popularizadas na
Ciência e as interpretações da Bíblia amplamente aceitas podem ser
esperadas. Mas, tudo isso falha em comprovar que a Bíblia tenha
contradições.
4. - Falhar em estudar o contexto - O erro mais comum nas
interpretações da Bíblia, inclusive de certos críticos eruditos, é ler o
texto fora do devido contexto. Como diz o provérbio popular: “Um
texto fora do contexto é um pretexto”. Ninguém pode comprovar erro
algum na Bíblia, usando este errôneo procedimento. A Bíblia diz: “Não
há Deus” (Salmo 14:1). Ora, o contexto é: “Diz o insensato, não há Deus.”
Alguém pode afirmar que Jesus nos admoestou a não resistir ao mal
(Mateus 5:39). Mas, o contexto anterior, no qual Ele faz esta
declaração não deve ser ignorado. Muitos lêem a declaração de Jesus,
para darmos a quem nos pedir algo. Mas seria bom entregar uma
arma letal a uma criança que no-la pedisse? A falha em determinar a
legítima significação da passagem, conforme o contexto, tem sido o
motivo principal dos que encontram erros na Bíblia.
5. - Falha em interpretar o que é difícil pelo que é claro -
Algumas passagens são difíceis de ser entendidas, ou parecem
contradizer outras passagens da Escritura. Por exemplo, Tiago parece
estar dizendo que a salvação é pelas obras.(Tiago 2:14-26); enquanto
Paulo ensina que a salvação é pela graça, conforme Efésios 2:8-9:
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“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Mas o contexto revela
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.
que Paulo trata da justiça diante de Deus (somente através da fé),
enquanto Tiago está falando sobre a justiça diante dos homens (que
vêem somente o que fazemos). Mas, Tiago e Paulo falam ambos do
fruto que sempre acontece na vida de quem ama realmente a Deus.
6. - Esquecer as características humanas da Bíblia - Com
exceção de algumas poucas passagens - como os 10 Mandamentos,
que foram escritos pelo dedo de Deus (Êxodo 31:18) - a Bíblia não foi
verbalmente ditada. Seus autores não eram secretários do Espírito
Santo. Houve escritores humanos que empregaram os seus próprios
estilos literários e suas idiossincrasias. Suas fontes eram tão humanas
como o seu material (Josué 10:13; Atos 17:28; 1 Coríntios 15:33; Tito
1:12). A verdade é que cada livro da Bíblia tem um escritor humano -
40 deles - e ela também apresenta diferentes estilos humanos. Seus
autores escreveram do ponto de vista do que observaram, como, por
exemplo, sobre o nascer e o pôr do sol (Josué 1:15). Eles também
revelaram modelos de pensamento humano, inclusive lapsos de
memória (1 Coríntios 1:14-16), bem como emoções humanas (Gálatas
1:14). A Bíblia revela específicos interesses humanos. Oséias tem um
interesse rural; Lucas, um interesse médico e Tiago, pela natureza
humana. Como Cristo, a Bíblia é totalmente humana, mesmo não
contendo erro algum. Esquecer a humanidade da Escritura pode fazer
com que se impugne a sua integridade, quando se espera um nível de
expressão mais elevado do que o normal, em um documento humano.
Isto se torna mais óbvio, quando lidamos com os erros apontados
pelos seus críticos. [NOTA 1 DE HÉLIO]
7. - Supor que um registro parcial é um falso registro - Muitas
vezes os críticos se apressam em concluir que um registro parcial é
falso. Contudo, não é assim. Se o fosse, a maior parte do que tem sido
dito seria falso, visto como o tempo e o espaço raramente permitem
um registro absolutamente completo. Por exemplo, a famosa confissão
de Pedro, nos Evangelhos:
“E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16:16)
“E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu
sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o
Cristo.” (Mc 8:29)
“E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou?
E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de
Deus.” (Lc 9:20)
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Até mesmo os Dez Mandamentos, que foram “escritos pelo


dedo de Deus” (Deuteronômio 9:10), são apresentados com
variações, nas outras vezes em que são registrados (Êxodo 20:8-11;
Deuteronômio 5:12-15). Existem muitas diferenças entre os Livros de
Reis e o de Crônicas em sua descrição dos mesmos fatos, porém não
existe contradição alguma nos eventos apresentados.

8. – Supor que as citações do Velho Testamento no Novo


Testamento têm que ser palavra por palavra - Os críticos muitas
vezes apontam variações entre as escrituras do Novo e do Velho
Testamento, como se fossem erros. Eles esquecem que cada citação
não precisa ser uma citação palavra- por- palavra. Muitas vezes, são
usadas citações indiretas [que dizem exatamente a mesma coisa, mas
podendo ter algumas palavras e estruturas um pouco diferentes, ainda
que exatamente equivalentes às palavras originais] e outras vezes,
citações diretas indiretas [que repetem exatamente a mesma
sequência de letras]. Portanto, este é um estilo literariamente aceitável
quanto à essência da citação, mesmo que não se usem as mesmas
palavras. A mesma significação pode ser expressa sem que se usem as
mesmas expressões verbais.

As variações nas citações do Velho Testamento feitas no Novo


Testamento são de variadas categorias. Algumas vezes elas acontecem
quando há mudança do narrador. Por exemplo, é registrado o Senhor
dizendo (Zacarias 12:10 “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de
Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem
traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e
.
chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.”)
E quando isto é narrado no Novo Testamento, quem fala é João e não
Deus. (João 19:37 “E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que
traspassaram.”).
Outras vezes, alguns escritores citam apenas parte do texto do Velho
Testamento. Jesus agiu assim, na citação feita na Sua cidade natal de
Nazaré (Lucas 4:18-19), quando citou Isaías 61:1- 2. A verdade é que
Ele parou na metade da citação, pois se tivesse avançado, teria
perdido o objetivo central do texto, que dizia: “Hoje se cumpriu esta
Escritura em vossos ouvidos”(verso 21), pois a próxima frase referia-se a
Isaías 61:1-2, tratando da Sua segunda vinda.

Algumas vezes o Novo Testamento parafraseia [NOTA 2 DE HÉLIO] ou


reduz os textos do Velho Testamento (Mateus 2:6). Outras vezes, ele
junta dois textos em um (Mateus 27:9-10). Ocasionalmente, uma
verdade geral é mencionada, sem citar o texto específico. Por
exemplo, Mateus 2:23 diz que Jesus se mudou para Nazaré, sem citar
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um determinado profeta, mas apenas o “profeta”. Vários textos tratam
da humilhação do Messias. Ser de Nazaré, ser um nazareno, era ter
um status muito baixo, em Israel, na época de Jesus.
9. - Supor que narrativas divergentes sejam falsas - Pelo fato
de duas ou mais narrativas do mesmo evento serem diferentes, isto
não significa que elas sejam mutuamente exclusivas. Mateus 28:5 diz:
“Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que
que havia um anjo no túmulo de Jesus.
buscais a Jesus, que foi crucificado”;
Mas João afirma que havia dois anjos (João 20:12). Ora, não se trata
aqui de registros contraditórios, naquela confusa manhã. Mateus não
disse que havia apenas um anjo. Bem poderia haver um anjo num
ponto, perto do túmulo e outros dois, noutro ponto. Só haveria
contradição se Mateus tivesse dito que haveria “apenas um anjo”. E
quando um crítico usa esta passagem para mostrar erro na Bíblia, o
erro não é da Bíblia, mas do tal crítico.
Do mesmo modo, Mateus 27:5 informa que “Judas foi-se enforcar”,
enquanto Lucas diz que ele “precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas
entranhas se derramaram”. (Atos 1:18). Mais uma vez, estas duas
narrativas não são mutuamente exclusivas, pois Judas poderia ter-se
enforcado à margem de um precipício, numa área rochosa, ou à
margem de um canal, e suas entranhas poderiam ter-se derramado,
exatamente conforme a vívida descrição de Lucas.
10. - Supor que a Bíblia aprova tudo que ela registra - É um
erro supor que tudo que está contido na Bíblia seja aprovado por ela.
A Bíblia inteira é a verdade (João 17:17), porém, ela registra [com
verdade e fidelidade] algumas mentiras [ditas por mentirosos]; por
exemplo, as de Satanás (Gênesis 3:4; João 8:44); e a de Raabe (Josué
2:4). A inspiração compreende toda a Bíblia, no sentido de que ela
registra, correta e fielmente, até as mentiras e os erros dos seres
pecadores. Sua verdade é encontrada no que ela revela, não no que
ela registra. E se esta distinção não for feita, poderemos chegar à
errônea conclusão de que a Bíblia ensina a imoralidade, quando narra
o pecado de Davi (2 Samuel 11:4); que ela promove a poligamia,
quando registra quantas mulheres Salomão teve (1 Reis 11:3) ou que
ela aprova o ateísmo, quando cita o Salmo 14:1: “Não há Deus”.
11 - Esquecer que a Bíblia não é um Livro Técnico - Ela não
precisa usar a linguagem técnica, nem a chamada linguagem científica.
Ela foi escrita para as pessoas comuns de cada geração, usando,
portanto, a linguagem comum do dia-a-dia. Sua linguagem não é
anticientífica. As Escrituras foram escritas nos tempos antigos, por
modelos antigos e seria anacrônico impor-lhes os modernos modelos
científicos. Mesmo assim, ela não é menos científica, quando cita o sol
“parado” (Josué 10:12), do que referindo-se ao “sol nascendo” (Josué
1:16), pois os modernos metereologistas ainda usam termos como o
“nascer” e o “por do sol”.
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12 - Supor que números arredondados são falsos - Como


acontece na linguagem comum, a Bíblia também usa números
arredondados (Josué 3:4; 4:13). Ela se refere ao diâmetro como sendo
1/3 da circunferência de alguma coisa (Crônicas 19:18; 21:5).
Conquanto isto seja apenas uma aproximação, (Lindsell 165-166),
pode ser visto como impreciso do ponto de vista da sociedade
tecnológica falar 3.14159265, em vez de “3” , mas não é incorreto. Já
no Livro de Crônicas a descrição entregue sobre as meticulosidades do
templo não poderia ser usada em um computador. Não se pode
esperar que os atores numa peça de Shakespeare falem sobre um
relógio de pulso, pois esta se refere a uma época pré-científica. [Nota
da Tradutora: Neste exato momento, um e-mail vindo da Alemanha
avisou que eu me tornei bisavó de um alemãozinho, que vai receber o
nome de Paul Maximilian Schultze, em homenagem ao meu teólogo
favorito. Isto seria possível há 50 anos?] .
13 - Negligenciar a observação das tendências literárias - A
linguagem humana não se limita a um modo de expressão. Portanto,
não há razão para supor que somente um gênero literário fosse usado
em um livro divinamente inspirado. A Bíblia revela uma porção de
tendências literárias. Livros inteiros são escritos em forma de poesia
(Jó, Salmos e Provérbios). Os evangelhos sinópticos mostram
parábolas. Em Gálatas 4, Paulo usa a alegoria. O Novo Testamento
está cheio de metáforas (2 Coríntios 3:23; Tiago 3:6); de semelhanças
(Mateus 20:1; Tiago 1:6); de hipérboles (João 21:25; 2 Coríntios 3:2;
Colossenses 1:23); e até de figuras poéticas (Jó 41:1). Jesus usou a
sátira (Mateus 19:24; 23:24). Figuras de linguagem são comuns em
toda a Bíblia. Não é errado um escritor bíblico usar uma figura de
linguagem, mas é errado um leitor tomar literalmente uma figura de
linguagem. Obviamente, quando a Bíblia fala que o crente “se abriga à
sombra das asas do Senhor” (Salmo 36:7), ela não está dizendo que
Deus seja uma ave cheia de penas. Quando ela diz que Deus
“desperta” (Salmo 44:3), como se Ele estivesse dormindo, isto
significa apenas que Deus entra em ação.
14 - Esquecer que somente o texto original é inerrante [NOTA
DE HÉLIO 3] - Erros genuínos têm sido encontrados nas cópias dos
textos bíblicos que foram escritos centenas de anos, após os
autógrafos. Deus ditou somente o texto original das Escrituras, não as
cópias. Portanto, somente o texto original é isento de erros. A
inspiração não garante que cada cópia seja isenta de erros,
principalmente as cópias feitas de outras cópias. Por exemplo, a Bíblia
King James, na 2 Reis 8:26, dá a idade o Rei Acazias como sendo de
22 anos, enquanto a 2 Crônicas 22:2 diz que era 42. O último número
não pode estar correto, pois, assim, ele seria mais velho do que o seu
pai. Claro que este é um erro do copista, mesmo que não altere a
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inerrância da narrativa original. [NOTA DE HÉLIO 3]
Primeiro, há erros nas cópias [NOTA DE HÉLIO 3], mas não nos
originais.
Segundo, são erros sem importância (geralmente nos nomes e nos
números, o que não afeta o ensino) [NOTA DE HÉLIO 3].
Terceiro, esses erros dos copistas são relativamente poucos [NOTA
DE HÉLIO 3].
Quarto, geralmente, pelo contexto ou por outra escritura,
descobrimos o erro. Exemplo, Acazias deveria ter 22 anos [NOTA DE
HÉLIO 3]. Finalmente, embora havendo erro do copista, toda a
mensagem chega até nós. E quanto mais erros se encontram nas
cópias, mais devemos confiar nos originais. Por isso, os erros dos
copistas não afetam a mensagem básica da Bíblia.
15 - Confundir declarações prevalentes com declarações
universais
Como acontece a outros tipos de literatura, a Bíblia costuma usar
generalizações. O Livro de Provérbios contém muitas delas. Os ditos
proverbiais, pela sua exata natureza, oferecem uma direção prevalente
mas não uma garantia universal. Paulo agradava ao Senhor e, mesmo
assim, os seus inimigos o apedrejaram. (Atos 14:19) [N.T. - Embora o
Senhor tenha permitido que, no seu estado inconsciente, o qual os
psicanalistas modernos chamam de “E.Q.M. (Experiência de Quase
Morte”), Paulo tenha ido ao Terceiro Céu]. Jesus Cristo agradou a
Deus o Pai e, mesmo assim, os Seus inimigos O crucificaram. Na maior
parte dos casos, os cristãos que agradam ao Senhor podem conseguir
[de Deus] que os seus inimigos diminuam o antagonismo, [N.T. -
provavelmente edificados pela paciência do cristão].
Os provérbios mostram sabedoria. Quando a Bíblia declara : “Sede
santos porque eu sou santo”, (Levíticos 11:45), aqui não há exceção
alguma. A santidade, o amor, a bondade, a verdade e a justiça estão
enraizados na exata natureza de um Deus imutável, enquanto a
literatura da sabedoria aplica verdades universais de Deus a muitas
características da vida. Embora os resultados não sejam sempre os
mesmos, de qualquer modo, a sabedoria sempre ajuda.
16. - Esquecer que a revelação mais atual sobrepuja a mais
antiga [NOTA 4 DE HÉLIO] - algumas vezes os críticos não
reconhecem a revelação progressiva. Deus não revela tudo de uma só
vez, nem usa as mesmas condições em cada período da história.
Algumas de Suas últimas revelações na Bíblia sobrepujam as
revelações anteriores. Os críticos da Bíblia às vezes confundem essa
mudança na revelação como sendo erro.
Um pai pode permitir que um filho pequenino coma com as mãos, mas
nunca permite que um filho maior faça o mesmo. Seria isto uma
contradição? O mesmo acontece com a revelação progressiva,
adaptando-se às circunstâncias. Houve um tempo em que Deus proibiu
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que Adão e Eva comessem do fruto de uma determinada árvore, no
Jardim do Éden. (Gênesis 2:16-17). Este mandamento divino já não
está em efeito, mas a revelação atual não contradiz a primeira
revelação, que se embasava no ato de obedecer ou não obedecer ao
Senhor. Também houve um período na Lei Mosaica em que Deus
ordenou o sacrifício de animais, a fim de remir os pecados dos
homens. Mas, desde que Cristo se ofereceu em sacrifício pelos nossos
pecados (Hebreus 10:11-14), este mandamento perdeu o efeito. Não
existe contradição alguma entre o primeiro e o segundo
mandamentos.
Claro que Deus não pode mudar os Seus mandamentos, pois isso tem
a ver com a Sua natureza imutável (Malaquias 3:6; Hebreus 6:18). E
visto como “Deus é amor” (João 4:16), Ele não pode ordenar
que nós O odiemos. Ele também não pode ordenar o que seja
logicamente impossível... Mas, apesar dos limites morais, Deus pode
dar revelações progressivas, não contraditórias, as quais, quando
tomadas no devido contexto e sendo justapostas, podem parecer
contraditórias. Quando isso acontece, temos um erro como se
admitíssemos ser correto um pai permitir que o seu filho de seis anos
fique acordado, à noite, exatamente como o faz com o filho
adolescente.
Em resumo, a Bíblia não pode errar, mas os críticos sempre erram.
Não existe erro algum na revelação divina, mas na compreensão da
mesma. Portanto, quando chegamos às dificuldades bíblicas, não
devemos afirmar que o Autor do Livro esteja errado, mas (1) que o
manuscrito tem falhas [NOTA DE HÉLIO 3]; (2) que a tradução está
errada ou (3) que não o entendemos.

“Are There Any Errors in the Bible?” - Dr. Norman Geisler


Traduzido e adaptado por Mary Schultze, em 01/04/2013.

- NOTA 1 DE HÉLIO:
- Bem, eu estou voltando a crer naquela que, pejorativamente, os que
nos odeiam chamam de "TEORIA DO DITADO MECÂNICO". Estou
voltando a crer como se cria alguns séculos atrás, isto é, que Deus
ditou as SUAS exatas PALAVRAS à mente e esta à mão do autor, e
este foi usado como um mero amanuense, mero instrumento para
registrar as palavras originadas diretamente no próprio Deus. Deus
poderia sempre ter usado absolutamente um mesmo vocabulário e
estilo, em todos os 66 livros da Bíblia, mas soberanamente (talvez para
testar as fé dos ouvintes e nossa?) escolheu usar, em cada livro, o
vocabulário e estilo do autor do livro (Moisés, etc.).
Ver todos os versos sobre inspiração, por exemplo:
- "... pois engrandeceste a TUA PALAVRA palavra acima de todo o teu
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nome." (Salmos 138:2). A ênfase é em cada PALAVRA, não em
"conceitos gerais". E cada palavra é literalmente de Deus, toda dEle,
só dEle. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi mero
instrumento.

- "... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a PALAVRA que sai
da BOCA de DEUS." (Mateus 4:4). A ênfase é em cada PALAVRA, não
em "conceitos gerais". E cada palavra é literalmente da boca de Deus,
toda dela, só dela. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi
mero instrumento.

- "... convinha que se cumprisse a Escritura que o ESPÍRITO SANTO


predisse PELA boca de Davi, ..." (Atos 1:16) Cada letra da Escritura é
do Espírito Santo, toda dEle, só dEle, mesmo que a tenha posto na
boca de Davi. Quando ele as falou e escreveu, e quando alguém as
copiou, recopiou, foi mero instrumento.

- "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana,


mas com as [PALAVRAS] que o Espírito Santo ensina, ..." (1 Coríntios
2:13). Cada palavra da Escritura é literalmente de Deus, toda dEle, só
dEle. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi mero instrumento.

- "Toda a Escritura é DIVINAMENTE INSPIRADA {2315 theopneustos =


"assoprada por Deus"}, e proveitosa para ..." (2 Timóteo 3:16). Cada
palavra da Escritura é literalmente assoprada por Deus e é toda dEle,
só dEle. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi mero
instrumento.

- "E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque depois de


haver DITO: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias,
DIZ o SENHOR: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei
em seus entendimentos; acrescenta: ..." (Hebreus 10:15-17). Cada
palavra da Escritura foi dita pelo Espírito Santo e pelo Senhor, portanto
é toda dEle, só dEle. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi
mero instrumento.

- "... a profecia nunca foi produzida por vontade {2307 thelema,


escolha ativa} de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados [ou MOVIDOS] pelo Espírito Santo." (2 Pedro 1:21).
Nenhuma palavra da Escritura foi uma escolha ativa, uma decisão de
quem as falou ou escreveu; ao contrário, estes homens santos de
Deus falaram e escreveram totalmente movidos pelo Espírito Santo.
Portanto, cada palavra da Escritura é literalmente de Deus, toda dEle,
só dEle. Quem as falou, escreveu, copiou, recopiou, foi mero
instrumento.
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NOTA 2 DE HÉLIO: O autor, e só ele, pode parafrasear o que disse, de


modo a explicar de modo ao atual ouvinte entender melhor o que o
autor quis dizer. Eu posso ter dito, há 10 anos atrás, “pegue o bicho
antes que ela pegue alguém”, e hoje, contando a meu neto, eu posso
dizer que eu disse “mate a cobra antes que ele fira alguém.” Mas só o
autor da Bíblia pode se exprimir de modo que julgue melhor ao
ouvinte de hoje, ninguém mais tem direito a mudar sequer a menor
letra e menor acento.
NOTA 3 DE HÉLIO: Nos outros pontos até que Geisler vai mais ou
menos bem. Mas, aqui, comete erro gravíssimo (se bem que
extremamente comum, depois dos alexandrinos e do mau espírito da
moderna e má crítica textual): o autor acredita que copistas
introduziram erros que se disseminaram a um tal ponto que a maioria
ou todos os manuscritos não mais são EXATEMENTE a palavra de Deus
preservada com absoluta perfeição em cada jota e til, de Gn 1 a Ap
22. Ah, como dói ver “fundamentalistas” e outros “defensores” da
Bíblia dizerem que a Bíblia basicamente somente FOI perfeita no dia
exato em que cada ORIGINAL foi escrito pelas mãos de Moisés, João,
Paulo, etc., pois depois disso Deus não teve o poder (que fracote
deus!) ou não teve o desejo (que mal deus!) de preservar Sua
Palavra!!! Ver resposta a isso em http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-
PreservacaoTT/Biblia-PreservPerfeitaOuRestaucInsegura-Helio.htm e
em http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-PreservacaoTT/ . A propósito
do suposto erro na idade de Acazias, ver http://solascriptura-
tt.org/Bibliologia-InspiracApologetCriacionis/2Rs8_26Versus2Cr22-8-
IdadeAcazias-Helio.htm .
NOTA 4 DE HÉLIO: Claro que concordo que a revelação de Deus é
progressiva. Mas o autor foi infeliz na escolha de certas palavras. Ao
usar “sobrepuja”, alguém poderia pensar que Deus estava errado em
algo (em Si mesmo ou que preconizou para os homens) depois se
arrependeu e Se aperfeiçoou (em Si mesmo ou no Seu modo de tratar
os homens). Os exemplos também deixam a desejar, alguém poderia
pensar que Deus tolerava no crente inferior do VT algumas coisas
pecaminosas aos olhos de Deus, e que somente ao crente superior do
NT revelou que aquilo é pecado e que Ele nunca gostou muito de tê-lo
permitido.

Fontes:

G. L. Archer, Jr., An Encyclopedia of Biblical Difficulties


W. Arndt, Bible Difficulties
---, Does the Bible Contradict Itself?
Augustine, City of God.
Augustine, Reply to Faustus the Manichaean, in P. Schaff, ed., A Select Library of the Nicene and Ante-
Nicene Fathers of the Christian Church
11
N. L. Geisler, "The Concept of Truth in the Inerrancy Debate," ., October-December 1980
---and T. Howe, When Critics As

---and W. E. Nix, General Introduction to the Bibl


J. W. Haley, Alleged Discrepancies of the Bibl
H. Lindsell, The Battle for the Bibl
J. Orr, The Problems of the Old Testament Considered with Reference to Recent Criticism
J. R. Rice, Our God-Breathed Book-The Bibl
E. Thiele, The Mysterious Numbers of the Kings of Israel
R. Tuck, ed., A Handbook of Biblical Difficulties
R. D. Wilson, A Scientific Investigation of the Old Testament

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