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Computação Musical - Uma visão geral∗

Rodrigo Dias Flores1


1
Acadêmico do Curso de Ciência da Computação
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
dflores@inf.ufsm.br

Resumo. Esse trabalho apresenta um histórico resumido da Música Eletrônica,


alguns conceitos da Computação Musical e a sua aplicação tanto na Ciência
da Computação quanto na música. A Música Eletrônica, precursora da Com-
putação Musical, permitiu um importante desenvolvimento de tecnologia para
as pesquisas atuais. A Computação Musical é uma área da Ciência da Com-
putação dedicada ao estudo das aplicaões dos computadores a problemas mu-
sicais. É considerada interdisciplinar por abranger diversas áreas do mundo
científico. Assim como a Computação Gráfica, a Computação Musical inves-
tiga métodos, técnicas e algoritmos para processamento e geração. Porém esta
se refere a som, e aquela à imagens.

1. Introdução
A computação musical é uma área da ciência da computação dedicada ao estudo das
aplicações dos computadores a problemas musicais[E. M. Miletto]. Assim como a com-
putação gráfica, a computação musical investiga métodos, técnicas e algoritmos para pro-
cessamento e geração de dados. Porém esta se refere a som, e aquela à imagens. A
computação musical envolve várias áreas de pesquisa, tornando-se uma das atividades
mais interdisciplinares existentes. Engloba aspectos de música, computação, engenharia
elétrica, física e psicologia.
Os primeiros trabalhos produzidos sobre computação musical foram na década de
cinqüenta com auxílio do computador através de lingüagens de programação para compor
música[F. Richard Moore]. A partir dessa década os computadores também foram sendo
utilizados para estudar síntese e análise do som. Entretanto, só foi possível desenvolver
tais trabalhos devido a evolução da tecnologia sonora (música eletrônica), tendo como
marco inicial a invenção do telefone.

2. História da Música Eletrônica


O marco inicial do desenvolvimento da música eletrônica foi a invenção do telefone por
Alexangre Grraham Bell (1876). Tal aparelho permitia a conversão do som, mais especi-
ficamente a voz, para sinais elétricos e vice-versa. Por sua vez, a invenção do gramofone
possibilitou o armazenamento e alteração do som. Tempo depois, Thaddeus Cahil apre-
sentou o Telharmonium - primeiro instrumento que produzia som por meios elétricos. A
geração do som era feita a partir de geradores mecânicos de energia elétrica com trans-
missão por meio de fios telefônicos.

Artigo referente ao seminário apresentado na disciplina de Computadores e Sociedade do Curso de
Ciência da Computação da UFSM, em outubro de 2007. Professora Andrea Schwertner Charão
O físico norte-americano Lee De Forest, por volta de 1915, inventou o oscilador a
válvula o qual representa a base para a geração do som eletrônico. Esse passo importante
da história facilitou a construção de instrumentos eletrônicos mais fáceis de manejar. Em
seguida, em 1920, o russo Lev Termen desenvolveu o Theremin: instrumento musical
baseado num oscilador controlado pelo movimento da mão em volta de uma área vertical.
Muitos outros instrumentos eletrônicos surgiram nessa época, e em 1928 o amer-
icano Lores Hammond produziu o primeiro órgão elétrico. A história da computação
musical inicia com Max Mathews, considerado pai da computação musical, em 1957. Ele
criou o primeiro software musical que gerava notas(Music I). O Music I deu origem a uma
série de programas musicais mais elaborados e complexos de diversas categorias devido a
difusão dos microcomputadores e a utilização de linguagens de programação de alto nível
e grande portabilidade. Desse modo, pode-se classificar essas produções musicais em:
- Música Concreta: são composições baseadas em gravações de sons pré-existentes,
posteriormente transformados a partir de diversos processos.
- Música Eletrônica: são composições geradas por meios eletrônicos sem a inter-
ferência de sons naturais.
- Música Eletroacústica: são composições que utilizam simultaneamente sonori-
dades concretas e sons eletrônicos.

3. Computação e Música
A evolução da computação e o resultado dos trabalhos e experimentos abordados anteri-
ormente permitiu a criação de novos ramos de pesquisa utilizando computadores, auto-
falantes e sintetizadores. O uso de computadores permite controlar precisamente de onde
o som parece ser proveniente, como se ele estivesse sendo emitido por uma fonte que se
movesse num espaço ilusório, o qual percebe-se através dos ouvidos. Além disto, pode-
se gravar sons do ambiente e alterá-los através das técnicas de processamento digital de
sinais e combinar digitalmente com fontes artificiais de som para mimicar qualquer som
natural ou tão próximo quanto se deseja, até mesmo produzir sons inauditos.
Esses são os principais objetivos da música computacional:
- Produzir novos instrumentos: os novos instrumentos são desenvolvidos beseando-
se em técnicas de processamento digital de sinais, algoritmos, de modo a adquirir
flexibilidade, controle preciso do som e novos modos de estabelecer relações entre
o que faz o executante e o resultado musical.
- Produzir uma nova música: explorar a tecnologia dos computadores e os sons
criados para desenvolver algo novo.
- Gerar novo conhecimento sobre música: explorar e compreender as diferenças
entre sons musicalmente interessantes e outros, entre performances excitantes e
outras, entre obras convincentes e outras.

4. UFRGS x UFSM
Para complementar o referido trabalho, buscou-se laboratórios de pesquisa sobre música
computacional na Universidade Federal de Santa Maria e a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
4.1. UFSM
Entrevistamos alguns professores e alunos do curso de Música da universidade e descob-
rimos que não há laboratórios ou desciplinas no curso que abordam o assunto de música
computacional. Entretanto, existe o Laboratório de Música Eletroacústica de Santa Maria
(LAMESM), criado em meados de agosto de 1996 pelos compositores gaúchos Dr. Fred-
erico Richter e Dr. Eduardo Reck Miranda. Hoje, o laboratório se encontra em Porto Ale-
gre e tem como principais objetivos desenvolver pesquisa na área de música eletroacús-
tica, promover cursos e seminários, promover e dar suporte a composição, promoção de
concertos, de publicações, de gravações, de produção de material didático e promover
intercâmbios entre compositores e pesquisadores.
O Dr. Frederico Richter nasceu em Santa Maria, foi professor titular do De-
partamento de Música da UFSM até 1998, fez pós-doutorado em composição e música
eletrônica na McGill University Canadá e é um dos pioneiros da música eletrônica no Rio
Grande do Sul.
O Dr. Eduardo Reck Miranda nasceu em Porto Alegre, formou-se em Processa-
mento de Dados, estudou música na UFRGS e filosofia na PUC-RS. Tem doutorado em
Música pela Universidade de Edinburgh Escócia e atualmente desenvolve projetos com a
Empresa Sony envolvendo inteligência atificial.

4.2. UFRGS
Há em Porto Alegre, o Centro de Música Eletrônica da UFRGS iniciado em 1999 pelo Dr.
Eloi Fritsch. O Centro de Música Eletrônica é formado por três laboratórios vinculados
ao Departamento de Música do Instituto de Artes da UFRGS. Os laboratórios são utiliza-
dos pela comunidade em cursos de extensão, pesquisadores e compositores oriundos dos
Cursos de Graduação e Pós-graduação em Música da UFRGS. O Dr. Eloi Fritsch nasceu
em Caxias do Sul, formou-se em Ciência da Computação e fez mestrado e doutorado em
Música. Hoje é professor na UFRGS e integrante da banda Apocalypse.

5. Conclusão
Esse trabalho apresentou uma opção de ramo de pesquisa para profissionais interessa-
dos em música e computação. Existem muitas bibliografias na internet sobre o assunto
e muitos artigos interessantes envolvendo inteligencia artificial, composição algorítmica,
sistemas distribuídos. Minha intenção não foi detalhar com precisão a computação musi-
cal ou a música eletrônica, mas sim apresentar uma área da ciência da computação pouco
conhecida no meu meio acadêmico. Para completar, estão disponíveis os links de algumas
entrevistas realizadas nas referências desse trabalho.

6. Referências bibliográficas
- [1]. E. M. Miletto, L. L. Costalonga, L. V. Flores, E. F. Fritsch, M. S. Pimenta
e R. M. Vicari - INTRODUÇÃO À MÚSICA COMPUTACIONAL - Instituto de
Informática - Laboratório de Computação e Música - Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - IV Congresso Brasileiro de Ciência da Computação CBComp
2004
- [2]. F. Richard Moore -Música Computacional. Uma Breve Descrição - Computer
Audio Research Laboratory Center for Music Experiment University of Califor-
nia USA - Tradução de: Gilberto Carvalho Escola de Música da UFMG Depar-
tamento de Teoria Geral da Música - Acessado em: 19/09/07 - Disponível em:
http://www.musica.ufmg.br/ gilberto/CMBDESC.PDF
- [3]. Apostila - Programa de Extensão em Música Eletrônica - Introdução à Com-
putação Musical - Prof. Dr. Eloi Fritsch - 31/03/2004
- [4]. Apostila - Programa de Extensão em Música Eletrônica - Introdução à Música
Eletrônica - Prof. Dr. Eloi Fritsch - 24/03/2004
- [5]. Centro de Música Eletrônica da UFRGS - Disponível em:
http://www6.ufrgs.br/musicaeletronica/index.php
- [6]. Linguagem CSound - Disponível em: www.csounds.com
- [7]. Eduardo Reck Miranda - Home Page Disponível em:
http://neuromusic.soc.plymouth.ac.uk
- [8]. Cronologia da Gravação do Som - Acessado em: 19/09/07 - Disponível em:
http://www.img.lx.it.pt/ mpq/st04/ano2002 03/trabalhos pesquisa/T 11/cronologia
da gravacao de som.htm
- [9]. FLORES, Rodrigo Dias - Meu ’Music I’ - Disponível em:
www.inf.ufsm.br/ dflores/musica.zip
- [10]. Entrevista 1 - http://www.youtube.com/watch?v=9QZJ2KN-k-c
- [11]. Entrevista 2 - http://www.youtube.com/watch?v=tEO86CoY 60
- [12]. Entrevista 3 - http://www.youtube.com/watch?v=33RID45wRrY
- [13]. Entrevista 4 - http://www.youtube.com/watch?v=dmxz58lrxfI
- [14]. Entrevista 5 - http://www.youtube.com/watch?v=q4pfSHFGo-4

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