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Diretoria de Ciências Exatas

Laboratório de Física

Roteiro 01

Física Geral e Experimental I

Experimento: Medidas de Grandezas Físicas


1. Medidas de grandezas Físicas

Nesta tarefa serão abordados os seguintes assuntos:

a. Medida de uma grandeza física;


b. Grandezas Físicas Fundamentais;
c. Grandezas Físicas Derivadas;
d. Incerteza de uma medida;
e. Algarismos Significativos;
f. Operações com Algarismos Significativos;
g. Notação Científica;
h. Conversão de Unidades;
i. Erros em medidas, classificação dos Erros:
- Erros sistemáticos;
- Erros estatísticos.
j. Valor médio de uma grandeza;
k. Incerteza estatística (ou desvio padrão) do valor médio;
l. Incerteza padrão final: incerteza instrumental + incerteza estatística.

2. Objetivos:

a. Analisar dados e apresentar os resultados finais de medidas de uma


Grandeza Física, segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI) e
normas gerais da ABNT.
b. Observar grandezas físicas fundamentais como comprimento, tempo e
massa, representando medidas destas grandezas, acompanhadas do erro
instrumental.
c. Explorar as operações fundamentais com algarismos significativos.
d. O aluno deverá ser capaz de identificar e classificar os possíveis erros que
ocorrem durante um processo de medição.
e. A partir de uma série de medidas do Período do pêndulo efetuadas com a
utilização de um cronômetro, o aluno deverá determinar o valor mais
provável, eleger a incerteza adequada e expressar a medida na forma
correta.

3. Material utilizado:

a. Trena;
b. Pêndulo simples;
c. Balança digital;
d. Cronômetro digital;
e. Transferidor analógico.

4. Medidas Físicas

Na resolução de problemas de engenharia, teoria e experimentação se


complementam. O método experimental requer uso intensivo de instrumentos.
Assim, é necessário que o engenheiro conheça as técnicas de medição, os
instrumentos, a forma adequada de aplicá-los em seus aparatos experimentais
e técnicas de processamento dos dados obtidos.

2
4.1. Medida de uma grandeza física

Quando pretendemos medir um objeto ou fenômeno, estamos buscando


informações sobre uma de suas propriedades. A medida poderá nos dizer o
quanto pesado é um objeto, ou quanto quente, ou quanto rápido ele é.
Uma medida é associada a um número e a uma propriedade. As
unidades de medida de uma grandeza específica são definidas e adotadas com
base em 7 grandezas fundamentais. O resultado final da medida de uma
grandeza física é apresentado da seguinte forma:

Grandeza Física = Quantidade (medida) Unidade


Exemplo 1:
Comprimento de uma barra de ferro = 5,12 metros

Neste caso, a grandeza física é o comprimento da barra de ferro; o valor


de sua medida é 5,12; e a unidade usada é o metro.

Grandezas Físicas

Uma grandeza física é um atributo a um fenômeno, corpo ou substância


que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente determinado. Há
dois tipos de grandezas físicas: as grandezas fundamentais e as grandezas
derivadas.

Grandezas Físicas Fundamentais: São grandezas que, funcionalmente, são


independentes de qualquer outra. Por exemplo, o comprimento de uma barra
de ferro e a massa de um corpo sólido. O tempo e a temperatura são outros
exemplos de grandezas fundamentais.

Tabela 1: Grandezas Fundamentais do SI e sua nomenclatura.


GRANDEZA NOME SÍMBOLO DEFINIÇÃO
“... o comprimento do percurso coberto pela luz, no
Comprimento metro M vácuo, em 1/299.792.458 de um segundo.” (1983)
“... este protótipo (um certo cilindro de liga de
Massa quilograma Kg platina-irídio), será considerado daqui por diante a
unidade de massa.” (1889)
“... a duração de 9.192.631.770 vibrações da
Tempo segundo S transmissão entre dois níveis hiperfinos do estado
fundamental do átomo de césio 133”.(1967)
“... a corrente constante que, mantida em dois
condutores retilíneos, paralelos, de comprimento
infinito, de seção circular desprezível e separada
Corrente elétrica ampère A pela distância de 1 metro no vácuo, provoca entre
-7
esses condutores uma força igual a 2.10 newtons
por metro de comprimento.” (1946)
Temperatura “... a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica
kelvin K do ponto triplo da água”.(1967)
termodinâmica
“... a quantidade de substância de um sistema que
Quantidade de contém tantas entidades elementares quanto são
mol mol os átomos em 0,012 quilogramas de carbono 12.”
substância
(1971)
“... a intensidade luminosa, na direção
perpendicular, de uma superfície de 1/600.000
metros quadrados, de um corpo negro na
Intensidade luminosa candela Cd temperatura de solidificação da platina, sob a
pressão de 101,325 newtons por metro quadrado.”
(1967)
3
Grandezas Físicas Derivadas

As Leis da Física são expressas em termos de grandezas que requerem


uma definição clara e precisa. Assim, todas as Grandezas Derivadas da
Mecânica, como velocidade, área, aceleração, força, etc., podem ser escritas
em termos das três Grandezas Fundamentais (comprimento, massa e tempo).
A Tabela 2 fornece alguns exemplos de Grandezas Derivadas no SI.

Tabela 2: Grandezas Derivas e sua nomenclatura no SI.


GRANDEZA NOME DA UNIDADE SÍMBOLO OUTRAS UNIDADES
metro por segundo
Aceleração m/s2
quadrado
Área metro quadrado m2
quilograma por metro
Densidade kg/m3
cúbico
Energia, Trabalho joule J kg.m2/s2

Força newton N kg.m/s2

Potência watt W kg.m2/s3 (J/s)

Pressão pascal Pa kg/m.s2

Velocidade metro por segundo m/s

Volume metro cúbico m3

Nota: No Sistema Internacional de Unidades, a abertura angular é dada em


radianos (rad):

S r
= 1 rad
180o = rad r 0o = 360o = 2 rad

270o = rad
Figura 1: Aberturas angulares em Radianos.

Além das unidades do SI, como o metro, quilograma e segundo, também


se pode utilizar subunidades, como o milímetro e nano segundo onde, os
prefixos mili e nano significam várias potências de dez. Alguns prefixos são
freqüentemente utilizados para expressarem potências de dez, por exemplo:
4
1 .10-3 m, é equivalente a 1 milímetro (mm) e, 1 . 103 m corresponde
a 1 quilômetro (km). De forma semelhante, 1 kg é 1 . 10 3 gramas (g). A Tabela
3 fornece alguns prefixos comumente utilizados.

Tabela 3: Prefixos do SI.


POTÊNCIA PREFIXO SÍMBOLO
1024 iota Y
1021 zeta Z
1018 exa E
1015 peta P
1012 tera T
109 giga G
106 mega M
3
10 quilo k
2
10 hecto h
1
10 deca da
0
10 = 1 -- --
-1
10 deci d
-2
10 centi c
-3
10 mili m
-6
10 micro µ
-9
10 nano n
10-12 pico p
10-15 femto f
10-18 ato a
10-21 zepto z
10-24 iocto y

Há regras e convenções específicas para se apresentar, de forma mais


compacta, o resultado do Exemplo 1. Tanto para grandezas fundamentais
como para qualquer grandeza derivada, serão adotadas as regras e
convenções do Sistema Internacional de Unidades (SI).
Podemos reescrever o resultado do Exemplo 1 da seguinte maneira:

L = 5,12 m Símbolo da unidade

Símbolo da Grandeza
Física
Resultado da medida física

5
4.2. Incerteza de uma medida

Quando pretendemos medir um objeto, percebemos que ao repetirmos a


medição de uma grandeza física em condições supostas idênticas, não
obtemos sempre o mesmo resultado, mas sim um conjunto de valores
diferentes. Cada um destes valores constitui um “valor medido” da referida
grandeza. Como uma medição nunca é exata, cada valor medido representa
uma aproximação do valor verdadeiro.
As medidas de massa, comprimento, tempo e de todas as grandezas
derivadas como, por exemplo, volume e densidade, são inevitavelmente de
precisão limitada. Nestas condições, a crítica dos resultados obtidos numa
experiência é parte fundamental da própria experiência. Ao realizar uma
medição não basta indicar o número que se obteve como resultado: é
necessário fazê-lo acompanhar de um outro que indique em que medida o
experimentador está confiante no valor que apresenta.
Por exemplo, ao medir-se a distância focal f de uma lente, o resultado
final pode ser apresentado como f = 256 ± 2 mm. Isto significa que, dadas as
condições em que foi efetuada a medição, o experimentador considera que a
distância focal deverá ter um valor compreendido entre 254 mm e 258 mm,
sendo 256 mm o valor mais provável.

4.3. Algarismos Significativos e Duvidoso

Qualquer que seja o instrumento de medição, uma régua, por exemplo,


sua precisão está limitada à sua fabricação. No caso da régua, na maioria das
vezes, a leitura da medida de um comprimento é intermediária a dois traços
consecutivos da sua escala.

Figura 02: Medida do comprimento de um parafuso.

Neste caso, a leitura do comprimento do parafuso de rosca segundo a


régua, em centímetros, é dada por:
L = 1,84 cm
Os dígitos 1 e 8 do valor da leitura da medida acima são ditos exatos
pois, segundo a leitura da escala da régua, não resta dúvida que o término do
parafuso se encontra entre os traços consecutivos 8 e 9. Como, durante a
fabricação da régua abaixo, subdivisões (mais traços) entre dois traços
consecutivos não foram impressos ao longo da régua, o último dígito 4 (terceiro

6
dígito) é dito duvidoso pois sobre ele resta uma dúvida, ou incerteza sobre
seu valor verdadeiro.
O resultado final da medida do comprimento deste parafuso é expresso,
desta forma, com três algarismos significativos. Dois algarismos exatos e um
algarismo duvidoso.
Os algarismos exatos e o duvidoso em uma medida são chamados
Algarismos Significativos.
A escolha de quantos algarismos significativos serão usados para
expressar o valor de uma medição depende da grandeza, do processo de
medida e do instrumento utilizado.
Para instrumentos analógicos é usada, geralmente, a regra para
incerteza instrumental como a metade da menor divisão impressa no
instrumento. Essa incerteza é dada, na maioria das vezes com apenas um
único algarismo significativo.
Há, entretanto, exceções. Paquímetros e micrômetros, por exemplo,
possuem um sistema próprio de precisão devido à sua fabricação.
Para a régua da Figura 1 acima, a menor divisão é 1mm. Portanto:
Incerteza instrumental da régua = 1mm/2 = 0,5 mm
Ou, em centímetros:
Incerteza instrumental da régua = 0,05 cm
Observe que temos, neste caso, dois dígitos fracionários (o 0 e o 5).
A forma geral de apresentar o resultado final do valor da medida,
incluindo a incerteza instrumental é dada através da seguinte notação:
Símbolo da Grandeza Física = (medida incerteza) Unidade
O valor final da medida do parafuso é, segundo esta convenção:
L = (1,84 0,05) cm

4.3.1. Arredondamentos de Algarismos Significativos

As operações precisas com algarismos significativos exigem o


conhecimento da Teoria dos Erros, tema do próximo tópico. Entretanto,
algumas regras básicas podem auxiliar para evitarmos o exagero de casas
decimais, muitas vezes, representando uma precisão que não corresponde à
realidade.
Desta forma, resultados finais de operações matemáticas precisam ser
arredondados (ou truncados).

Serão usadas as seguintes regras de arredondamento:

a. Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser


conservado for inferior a 5, o último algarismo (o duvidoso) a ser
conservado permanecerá sem modificação.
Exemplo:
1.) 1,5734 truncado com 3 algarismos significativos → 1,57.

b. Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser


conservado for superior a 5, ou, sendo 5, for seguido de no mínimo um
algarismo diferente de zero, o último algarismo a ser conservado deverá
ser aumentado de uma unidade.
Exemplos:
1.) 1,666 truncado com 3 algarismos significativos → 1,67;
2.) 4,8505 truncado para 2 algarismos significativos → 4,9;
7
c. Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser
conservado for 5 seguido de zeros, dever-se-á arredondar o algarismo a
ser conservado para o algarismo par mais próximo se ele for um número
impar; se um número par, o último algarismo a ser conservado não muda.
Exemplos:
1.) 4,5500 truncado para 2 algarismos significativos → 4,6; (5 é
impar)
2.) 7,156500 arredondado para 4 algarismos significativos temos
7,156; (6 é par)

4.3.2. Adição e Subtração de Algarismos Significativos

Quando se calcula um resultado, adicionando ou subtraindo parcelas, o


resultado final não pode ter mais algarismos decimais do que a parcela
com menor número de algarismos decimais presente na operação.
Exemplos:
1.) 4,58 + 17,454 + 5,1 = 27,134 ;
Esta operação deve ser arredondada para um único algarismo decimal.
Ou seja, 4,58 + 17,454 + 5,1 = 27,1
2.) 15,7 – 5 = 10,7, temos: 15,7 – 5 = 11

4.3.3. Multiplicação e Divisão de Algarismos Significativos

Quando se calcula o resultado experimental por multiplicação ou divisão


de dados experimentais arredonda-se o resultado de modo que ele tenha
tantos algarismos significativos como o fator com menos algarismos
significativos.
Exemplos:
1.) 120,3 72,5 = 8721,75 arredondando para 3 algarismos
significativos temos 120,3 72,5 = 8,72 . 103 ;
2.) 109 ÷ 7,998 = 13,6284071 truncado para apenas 3 algarismos
significativos temos: 109 ÷ 7,998 = 13,6

4.4. Notação Científica

Escreve-se um número, referente à potência de base 10 conveniente e


conserva-se, à esquerda da vírgula, apenas um único dígito maior ou igual a 1
e menor que 10.
Exemplos:
1.) 125 = 1,25 102 (3 algarismos significativos);
2.) 22,34 = 2,234 101 (4 algarismos significativos);
3.) 0,00350 = 3,50 10-3 (3 algarismos significativos: zeros à esquerda
não contam como algarismos significativos; à direita, sim);

A Notação Científica (NC) é útil e prática, pois ela permite, não só


visualizar melhor a medida da Grandeza Física como também, identificar o
número de algarismos significativos.

4.5. Conversão de Unidades

8
Reescrevendo o valor final da medida do comprimento do parafuso
acima no SI, obtemos:

L = (0,0184 0,0005) m

Uma regra geral estabelece que numa conversão de unidades, neste


caso, de centímetros para metros, o número de algarismos significativos de
uma medida física se mantém constante.
Em Notação Científica, o comprimento do parafuso do exemplo 1 acima
é escrito da seguinte forma:

L = (1,84 0,05) 10-2 m

Exemplos:
1.) 537,80 g = 5,3780 10-1 kg (5 algarismos significativos);
2.) 55,5100 cm3 = 5,55100 10-5 m3 (6 algarismos significativos);
3.) 0,57 μs = 5,7 10-7 s (2 algarismos significativos);

4.6. Conceitos relativos à Teoria de Erros

Grandezas físicas, como comprimento, tempo e massa, ao serem


mensuradas possuem uma incerteza. Esta é associada às limitações dos
equipamentos utilizados e à técnica de medição aplicada. Em cada medida,
portanto, há a presença de erros.
Os erros possuem diversas origens e podem ser classificados em duas
grandes categorias; erros sistemáticos e erros estatísticos1. Ambos serão
apresentados a seguir. Uma discussão aprofundada da diferença entre os dois
conceitos, relativos à sua interpretação estatística pode ser encontrada na
referência 1.

4.6.1. Erros sistemáticos

Os erros sistemáticos têm um causa determinável e são de mesmo sinal


e magnitude para cada repetição da medida realizada no mesmo modo (e
condição), são aqueles que não se alteram para diversas medidas, que
apresentam uma tendência. Sua natureza não é estatística e sim proveniente
de erros de calibração em instrumentos; podem também ser provenientes do
ambiente, como qualquer efeito que influencie uma medição, como efeitos de
temperatura, pressão, umidade, e outros que podem modificar os resultados no
processo de medição. Efeitos relacionados à observação também introduzem
erros sistemáticos em uma medida, pois podem adicionar pequenas alterações
de procedimentos no processo de medição, ou falhas do observador.
Uma vez eliminado as possíveis fontes de erro descritas acima, existem ainda
uma fonte de erros sistemáticos que está ligada a limitação dos instrumentos,
da máxima precisão que estes podem oferecer, que são chamados de erros
sistemáticos residuais.
Esta incerteza, representada pela letra grega (sigma), no caso de
instrumentos analógicos de medição, corresponde à metade da menor
divisão Lm do instrumento utilizado para uma mensuração.

1
As incertezas estatísticas e sistemáticas também são conhecidas, respectivamente, como incertezas do tipo A e
incertezas do tipo B.
9
Portanto, podemos escrever:
Lm
(1)
s
2
como a expressão da incerteza sistemática (ou instrumental). Como dois
exemplos práticos deste conceito, podemos citar o uso de uma régua
milimetrada e um transferidor.
A régua milimetrada possui a menor divisão 1 mm. Portanto, sua incerteza
sistemática é σs1 = 0,5 mm = 0,05 cm, enquanto um transferidor possui a
menor divisão 1º . Deste valor, a incerteza sistemática ( ou incerteza
instrumental) é σs2 = 0,5º.
A representação com um, ou dois algarismos significativos dependerá de
critérios estabelecidos previamente à medição.
Quando existem vários erros sistemáticos residuais, pode se obter uma
incerteza residual total, combinando-as de forma individual através da relação:

σ σ σ
2 2
S s1 s2

Nos instrumentos digitais os valores experimentais são lidos


diretamente num display. A incerteza sistemática residual deve ser fornecida
pelo fabricante e disposta no manual do instrumento, especificando qual a
resolução do aparelho em condições específica de trabalho.

4.6.2. Erros estatísticos

Existem fatores que podem introduzir erros em nossas medições, além


daqueles devidos as limitações de nosso instrumento de medida. Estes erros
são provenientes de fatores correspondentes às variações aleatórias da
medição, e geralmente não podem ser controlados, ou não permitem um
controle. Por exemplo, suponha uma chapa retangular com lados irregulares, a
avaliação da medida do comprimento depende da posição que se coloca o
instrumento de medida. Neste caso, a ocorrência de erros está associada a
fatores estatísticos; podemos realizar uma série de medidas e calcular a média
dos valores medidos, o que representaria a melhor estimativa para o valor
verdadeiro. Dado este valor médio, sua incerteza pode ser minimizada
repetindo-se a medição diversas vezes.
Portanto, pode-se concluir que para um determinado procedimento
experimental, há a influência de dois tipos de incertezas: as incertezas (ou
erros) sistemáticas e as incertezas estatísticas.

4.6.3. Valor médio de uma grandeza

Considere uma experiência simples, como um exemplo de obtenção de


valores do comprimento L de um fio de cobre. Foram feitas cinco medições, por
alunos diferentes, utilizando uma régua milimetrada (ou seja, a menor divisão é
1 mm). Os alunos procuraram estimar o algarismo duvidoso, como a fração do
milímetro, possível de ser observado.
Tabela 3: Valores obtidos do comprimento de um fio de cobre. Os valores são em cm.
L1 L2 L3 L4 L5
12,34 12,36 12,35 12,33 12,33

10
O valor médio, em palavras, corresponde à soma destes valores
dividida pelo número total de medidas efetuadas. A expressão matemática
simples, para obtenção da média é:
L1 L 2 L 3 L 4 L 5
L = L 12,342 cm (2)
5
Uma outra notação desta definição, considerando a representação de
somatória de valores, é apresentada abaixo e é a mais utilizada, ao invés da
notação simplificada acima.
n

Li
i 1
L
(3)
N
Na expressão acima, N é o número de dados obtidos em uma medição e
o índice i corresponde a cada medida efetuada. Este índice varia de 1 (o
primeiro valor de L) até 5 (o último valor).

4.6.4. Incerteza estatística (ou desvio padrão) do valor médio

O valor médio, embora seja fundamental numa série de medidas, pois


representa a melhor estimativa, não nos oferece a possibilidade de analisar o
quanto podemos confiar neste valor. O desvio padrão é a grandeza que nos dá
esta informação, ele representa a dispersão de um conjunto de medidas, o
quanto cada medida está afastada do valor médio.
O desvio padrão na média representa a incerteza estatística e é definido
como sendo:
n
(Li L ) 2
σ m
i 1

N(N 1)
(4)
n
Nesta expressão, i 1
(L i L) 2 representa a somatória dos desvios
médios ao quadrado e N é o número de medidas efetuadas e i varia do
primeiro até o último valor obtido em um conjunto de medições. No exemplo da
Tabela 3 anterior, para o caso do fio de cobre, este número N é cinco. L i
corresponde a cada medida efetuada e L é o valor médio obtido através da
expressão (3). Para o exemplo anterior, o valor médio é 12,34 cm.
Esta incerteza, associada apenas ao valor médio, está relacionada com
valores puramente estatísticos e não depende de fatores externos como
instrumentos de medida, técnicas utilizadas pelo observador, etc. Um ponto
importante é sua diminuição com a quantidade de medição efetuadas, devido à
divisão pelo fator N(N-1). Neste sentido, uma mensuração de uma grandeza
física ficará restrita apenas às condições experimentais submetidas pelas
condições da medição, caso seja possível tornar o desvio padrão muito
pequeno.
As condições de um experimento muitas vezes não permitem uma
tomada de informações em número suficiente, para que esta incerteza
estatística seja muito menor que a incerteza instrumental. Assim, ambas são
associadas em uma incerteza padrão final, de acordo com a seguinte regra 2:

2
Esta regra de representação de incerteza padrão está de acordo os padrões Internacionais, como definido
pelo Guide of Uncertainty in Measurements, endossado pelo International Organization of Standards, de
Geneva.
11
σ σ σ
2 2
p m s
(5)

onde s é a incerteza sistemática, m é o desvio padrão da média e p é o


desvio padrão final. A incerteza estatística, utilizando-se a expressão (4), para
a incerteza do valor médio, fornece
σ m 0,0058 0,006 cm

Para este valor, foram consideradas as regras de arredondamento e a


representação com somente um algarismo significativo. A incerteza sistemática
é s = 0,05 cm.

Combinando, portanto, ambas as incertezas, pode-se obter a incerteza


padrão final cujo valor é
σp 0,05 cm

Como pode ser observado, o valor da incerteza padrão coincidiu com a


incerteza instrumental, pois a incerteza da média é muito menor (cerca de
oitenta vezes) que a incerteza estatística.

Portanto, podemos representar o valor medido, com:

L (12,34 0,05) cm

5. Procedimento Experimental

Denominamos pêndulo simples o conjunto constituído de um fio ideal


(inextensível e de massa desprezível), fixo por uma das extremidades e que
mantém suspenso na outra extremidade um corpo de pequenas dimensões,
que oscila em torno de uma posição de equilíbrio. O período do movimento de
um pêndulo simples corresponde ao tempo gasto para uma oscilação completa
do corpo suspenso.

PÊNDULO SIMPLES

0,0º < < 10,0º

12
Figura 3: Ilustração de um pêndulo simples
Para pequenas amplitudes, ângulos ( ) de abertura que obedecem a
igualdade:

= sen

Quando é expresso em radianos, vale a equação abaixo, para a


determinação do período (T) do pêndulo simples:

Utilizaremos um pêndulo simples para aplicarmos os conceitos


adquiridos neste experimento.

5.1. Utilizando a trena meça o comprimento do fio (L) do pêndulo simples e


represente-o com a incerteza experimental (a metade da menor divisão), na
Tabela 4.

5.2. Através da balança digital obtenha a massa da esfera (me) e a do fio (mf), e
represente-as na Tabela 4 com as respectivas incertezas.

5.3. Escolha um ângulo de abertura, menor que 15º, no transferidor analógico


para as medidas dos períodos e expresse esta medida com respectivas
incertezas instrumentais na Tabela 4.

Tabela 4: Medidas coletadas e interpretadas.


Medida no SI,
Medida
Incerteza em Notação
acompanhada Número de
instrumental Científica,
Grandeza física da unidade da algarismos
acompanhada
escala de significativos na escala de
leitura da incerteza
leitura
instrumental
Massa da
esfera

Massa do fio
inextensível

Comprimento
do Pêndulo

Período de
oscilação

Abertura
angular

13
5.4. Utilizando o cronômetro meça o período de 5 oscilações completas; repita
o procedimento 10 vezes e represente os resultados em uma tabela
semelhante a Tabela 5.

Tabela 5: Conjunto de N medidas do período de um pêndulo.


Tempo de Desvio 2
Período D
5 oscilações Médio (D)
Nº 2
ti Ti Ti T Ti T
1

10
Média
n
n
Ti 2
i 1
Ti T
T i 1
N

5.5. Obter os valores médios do período do pêndulo através da relação abaixo


e escreva- os na Tabela 4 e 5.
n
Ti
i 1
T
N
5.6. Some os valores obtidos na última coluna da tabela 5, substitua-o na
forma do desvio padrão abaixo e ache o valor da incerteza estatística.
n
(Ti T) 2
σ m
N(N 1)
i 1

5.7. Calcular a incerteza padrão final (incerteza instrumental + incerteza


estatística) das medidas dos períodos feitas através do cronômetro.

σ σ σ
2 2
p m s

5.8. Expresse o valor mais provável do período, com sua devida incerteza.

T = (T p )s

T = (___________ ___________) s

14
6. Apêndice
X teór . X exp .
Erro relativo percentual: E % 100
X teór .

15

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