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R.T. Eng. Geotécnico Prof.

Edgar Pereira Filho

ENSAIO DE PERMEABILIDADE “IN permeabilidade é expresso numericamente


SITU” pelo coeficiente de permeabilidade.
RESUMO A interpretação dos ensaios baseia-se em
hipóteses simplificativas, de que o
escoamento é laminar (campo de aplicação
Neste breve artigo apresentamos a da lei de Darcy), que o meio é isotrópico e
metodologia executiva, do ensaio de homogêneo e que o regime de escoamento
permeabilidade in situ em furo de é permanente. Nestas condições, a vazão
sondagem (Lefranc). Q é proporcional à permeabilidade,
caracterizada pelo coeficiente k , e à carga
São abordadas as recomendações da hidráulica h :
ABGE (Associação Brasileira de Geologia
de Engenharia) e do U.S. Bureau of Q = k.C.h
Reclamation – Earth Manual e Harry R.
Cedergreen – Seepage, Drainage and Flow C é um coeficiente característico da forma
Nets. da concavidade.
Não existe normatização brasileira sobre o
tema. O coeficiente de permeabilidade do solo é
definido como a velocidade média
PALAVRAS CHAVE: aparente de escoamento da água através
de uma área total da seção transversal do
Ensaio de permeabilidade, sondagem, solo sob um gradiente hidráulico unitário.
permeabilidade in situ, ensaio de
infiltração, coeficiente de permeabilidade. Junto do ensaio de perda d’água sob
pressão, a permeabilidade in situ constitui
DEFINIÇÃO o conjunto de ensaios de permeabilidade
executados em furos de sondagens,
Os ensaios de permeabilidade em furos de usualmente utilizados no campo para a
sondagens consistem na medida da vazão, caracterização hidrogeotécnica dos
representada pelo volume d’água terrenos naturais.
absorvido ou retirado, durante um
intervalo de tempo, em função da EQUIPAMENTOS
aplicação de diferenciais de pressão
induzida por colunas d’água, resultante da Bomba d’água: Deverá ter capacidade
injeção ou da retirada de água do furo. mínima de 0,040 m³/Min.
(WILSON, 1999).
Hidrômetro: Não deverá apresentar desvio
Os ensaios de permeabilidade, executados superior a 10% do valor real na faixa de
em furos de sondagem tem por finalidade vazão entre 0,01 e 0,04 m³/Min.
a determinação do coeficiente “K” de
permeabilidade do solo. Tambor: Capacidade de aproximadamente
200 l.
A permeabilidade é a propriedade que o Provetas: Ou cargas graduadas a cada 50
solo apresenta de permitir o escoamento ml, com capacidade mínima de 1L.
da água através dele. O seu grau de
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Funil: Orifício inferior de 1’’, e diâmetro Em termos comparativos, os ensaios


maior de 20 cm, acoplável à peça de realizados com carga hidráulica constante
redução rosqueada no revestimento. são de realização mais trabalhosa mas dão
resultados fáceis de interpretar. Já os
Escarificador: É constituído por uma haste ensaios com carga variável são de
com ponteira decimétrica de madeira ou realização menos trabalhosas, mas a
de metal com pregos sem cabeça semi interpretação dos resultados não é, tão
cravados. simples.

Como representado na figura 2, o ensaio


de permeabilidade in situ consiste na
cravação de um tubo de revestimento de
sondagem no terreno até a cota
determinada para o ensaio.

Figura 1 – Equipe de ensaio de


permeabilidade da AP&L Geotecnia e
Fundações.

EXECUÇÃO DO ENSAIO

Um dos métodos de ensaio mais utilizado


na determinação da permeabilidade “in
situ” que possui formações terrosas é o Figura 2 - Esquema executivo de um ensaio
ensaio de Lefranc. de infiltração com trecho revestido acima do
N.A.
Este ensaio pode ser executado em
diversas profundidades. Consiste em Onde;
introduzir ou bombear água numa
cavidade de forma constante, estando essa Q – Vazão.
cavidade situada a profundidade do nível L – Comprimento (mínimo de 100 cm).
do terreno onde se pretende conhecer a H – Altura da amostra.
permeabilidade. Tu – Altura da superfície até o N.A.
R – Raio externo do furo.
Embora possa ser executado a carga K – Coeficiente de permeabilidade.
constante ou variável vamos apresentar a
metodologia executiva do ensaio de carga Para execução abaixo do Nível de água o
hidráulica constante. comprimento de H é dado até a
profundidade no N.A.
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A carga hidráulica é dada pela altura de até que se observe a água de retorno sem
água no furo acima do nível freático (a detritos.
carga é considerada nula antes do ensaio).
Recomenda-se durante o processo de
Para minimizar os erros no cálculo do cravação dos revestimentos não girar os
coeficiente de permeabilidade é tubos à medida que são aprofundados.
conveniente garantir a forma da cavidade, Desta maneira espera-se reduzir a
utilizando tubos de revestimento no trecho possibilidade de fuga d’água no espaço
a ensaiar. Estes mantêm estáveis as anelar entre o revestimento e paredes do
paredes do furo e permite o afluxo de furo.
água ao maciço sem grandes perdas de
carga. Pode-se também introduzir Para execução do ensaio propriamente
pedregulhos grosseiros no trecho final do dito, enche-se o furo de água até a boca,
furo levantando depois a os tubos de tomando esse instante como tempo zero.
revestimento até a cota do ensaio.
O revestimento deve ser posicionado em
Com frequência o trecho de ensaio tem no mínimo de 100 cm acima do nível do
comprimento entre 0,5 e 1 m. terreno e preenchido com água até a boca.

A parede do furo, no horizonte de solo a


ser ensaiados, deve ser desobstruída por
raspagem com escarificador.

A partir daí o nível de água no furo deve


ser mantido constante, alimentado por
uma fonte apropriada, medindo-se o
volume de água introduzido durante um
certo intervalo de tempo.

Faz-se o registro das informações


necessárias ao cálculo do coeficiente de
permeabilidade, tais como, vazão, nível
d’água, diâmetro, profundidade do furo,
etc.
Figura 3 – Esquema executivo de ensaio de
infiltração, abaixo do nível de água. As medidas de absorção d’água no ensaio
de infiltração serão feitas com, hidrômetro
Nas sondagens a percussão e rotativas, acoplado à canalização da bomba, quando
onde o método de escavação é através da forem superiores a 0,01m³/min., e com
circulação de água, após a escavação do proveta graduada quando forem inferiores
furo e, ao se atingir a profundidade onde a 0,001m³/min.
será realizado o ensaio, deverá se levantar
alguns centímetros a composição de As leituras de absorção d’água estarão
perfuração e manter a circulação d’água estabilizadas quando não for observada
variação progressiva nos valores lidos,
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como também quando a diferença entre DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE


leituras isoladas e valor médio não superar DE PERMEABILIDADE
20%.
Exemplificamos abaixo o procedimento de
É mantida uma carga hidráulica constante, cálculo do coeficiente de permeabilidade,
alimentando constantemente o furo por para o ensaio de infiltração do tipo
uma fonte apropriada, medindo-se o Lefranc acima do N.A.
volume de água introduzido durante um
determinado intervalo de tempo. Tendo como exemplo a medição de vazão
da figura 4 e a representação do ensaio de
Pode-se estimar um tempo médio de 20 campo da figura 5, podemos chegar ao
minutos por cada ensaio realizado. coeficiente de permeabilidade a partir da
formulação:
Para cargas hidráulicas, no trecho
ensaiado, superior a 0,2 kgf/cm2
Q  K .C .h
recomenda-se o ensaio de rebaixamento.
Onde:
K= Coeficiente de permeabilidade (cm³/s).
É essencial também registrar todo
C= Coeficiente de forma relativo à cavidade.
fenômeno que ocorra durante o ensaio. h= Altura da amostra revestida + ½ L. (cm).

Finalizando o ensaio, elabora-se um 2. . L


gráfico onde são lançados nas abscissas o Se L >>D → C
2. L
tempo, e nas ordenadas o volume ln
D
acumulado Q 2L
K  ln
2. .L.h D
Tal gráfico possibilita a observação da
estabilização da vazão que é caracterizada
TABELAS DE PERMEABILIDADE
por uma reta. Essa é a vazão que será
POR TIPO DE SOLOS
utilizada para o cálculo da permeabilidade.

K 10³ 10² 10¹ 1


Solo Pedregulhos Areias
K- cm/s

K
Areias finas siltosas e argilosas, siltes
Solo argilosos Argilas
Tabela 1 – Permeabilidade por tipo de
solo.

Figura 4 – Gráfico de ensaio, realizado pela


AP&L, para Indústrias Nucleares do Brasil.

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REFERÊNCIAS

NBR 6484: 2001 - Execução de


Sondagens de simples reconhecimento
dos solos - Métodos de ensaio.

NBR 8036:1983 - Programação de


sondagem de simples reconhecimentos
dos solos para Fundações de Edifícios –
Procedimento.

NBR 9603: 1986 – Sondagem a trado.

NBR 6502: 1995 - Rochas e Solos –


Terminologia.

NBR 13441:1995 - Rochas e Solos –


Simbologia.

BOLETIM 04 – ABGE: 1999 – Ensaios


de Permeabilidade em Solos.

WILSON, S. I. Manual de sondagens.


São Paulo: Associação Brasileira de
Geologia de Engenharia, 1999, 4° edição.

AP&L Geotecnia e fundações:


www.apl.eng.br

AP&L Geotecnia e fundações – Execução


de ensaio de permeabilidade in situ:
http://www.apl.eng.br/permeabilidade

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Publicações: www.apl.eng.br/publicacoes

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Obras: www.apl.eng.br/clientes

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