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Annelida, palavra que vem do latim annulus, significa anél. Tal nome foi dado em
referência aos segmentos presentes no corpo desses animais que se assemelham a anéis
fusionados (observa-se a presença de segmentação metamérica). Os anelídeos são
organismos restritos a ambientes úmidos, possuem corpo vermiforme, têm o corpo mole,
são circulares e são formados por segmentos e um sistema de órgãos. Seus segmentos são
individualmente divididos por septos (finas bainhas de tecido derivado do mesoderma).
Esse filo tem sido dividido em Polychaeta, Oligochaeta e Herundinea. Inicialmente, o filo
Annelida incluía três grupos de animais que eram considerados como filos independentes:
Pogonophora (agora chamado de Siboglinidae), Echiura e Sipuncula. Dados
morfológicos e moleculares sugerem que todos esses protostômios devem ser incluídos
em um único filo: os anelídeos.
Por advento dos avanços no estudo desses organismos, a taxonomia desses grupos
estabeleceu-se de forma que os Echiura, Sipuncula e Pogonophora (os então chamados
de Siboglinidae) estejam agrupados dentro de Polychaeta (constituindo,
aproximadamente, mais de 60% das espécies relatadas de anelídeos) como famílias
independentes. Uma das primeiras evidências de afinidade dos siboglinídeos (antigo
Pogonophora) com os anelídeos foi observada quando uma região corporal foi
descoberta: o opistossoma (segmentação restrita a uma região do animal). Ele é usado na
locomoção, onde o animal se arrasta sobre o sedimento ou usa para se ancorar dentro do
seu tubo quitinoso. É um tipo de segmentação encontrada, aproximadamente, em
poliquetas que apresentem de 6 a 25 segmentos possuindo um compartimento celômico
isolado dos outros compartimentos adjacentes por septos musculares. A presença do
opistossoma, evidências obtidas através de estudos genético-moleculares, a estrutura da
hemoglobina e a morfologia das setas (cerdas quitinosas) são os pilares que sustentam
essa afinidade.
Os equiúros, por sua vez, não apresentam segmentação na fase adulta. A sua
afinidade com Annelida ainda é um fato devido a observação de estudos moleculares
durante a embriogênese, onde bolsas celômicas aparecem por um breve momento e
apresentam segmentação do sistema nervoso na fase de desenvolvimento larval. Ainda
que não exista segmentação nos indivíduos adultos, tal condição pode representar uma
perda secundária da segmentação a partir de um ancestral segmentado (visto que,
geralmente, a maioria das sanguessugas mostram a perda dos septos). Como muitos
poliquetas, os equiúros não têm distinção entre gônadas. A produção dos gametas ocorre
no revestimento peritonial do celoma e dispersados na cavidade celômica (ocorrendo de
forma idêntica nos sipuncúlidos) com a liberação dos mesmos pelos nefridióporos na água
do mar ao redor, sendo o mar o local que irá ocorrer a fertilização. Semelhante aos
poliquetas e siboglinídeos, o desenvolvimento desse organismo é propriamente
protostômico, originando uma larva trocófora.
Por último e não menos importante, os sipuncúlidos estão inclusos em Polychaeta,
pois apresentam larvas trocóforas em seu desenvolvimento, cavidade celômica revestida
por peritônio e parede corporal externa revestida com quitina. Além disso, estudos
recentes em sequenciamento genético apontam outra evidência de afinidade: a presença
de um par de supostos quimiorreceptores na introverte em alguns sipuncúlidos, chamados
de órgãos nucais. Apesar de os sipuncúlidos não apresentarem qualquer característica de
segmentação nas etapas do desenvolvimento e muito menos cerdas quitinosas, isso faz
com que se acredite que os indivíduos foram perdendo tais caracteres ao longo da
evolução.
Em virtude dos fatos mencionados, no que tange a relação de Pogonophora,
Echiura e Sipuncula, é possível ver a importância do conjunto de técnicas e processos
empregados na pesquisa, pois apenas fazendo uso de estudos morfológicos não seria
suficiente, como também, não seria suficiente apenas a análise de estudos genético
moleculares para apontar evidências taxonômicas confiáveis para designar as relações
filogenéticas entre os grupos citados.
Referência
PECHENIK, J. A. Biologia dos invertebrados. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.