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Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do furor de Deus.

Ele me levou e me fez andar em trevas e não na luz.


Deveras ele volveu contra mim a mão, de contínuo, todo o dia.

Lamentações 3:1-3

Um Salmo de lamentações

Os salmos de lamentações são comuns nas escrituras nele Deus


demostra a fragilidade humana e lhes dar o direito de chorar e expressar em
palavras suas dores. A primeira destruição de Jerusalém foi absolutamente
catastrófica para o povo judeu. Quando, por fim, após um cerco prolongado, a
cidade caiu pelos babilônios, os israelitas não perderam apenas uma cidade,
mas o que lhes era mais importante, e não apenas a cidade mais importante,
mas a capital deles. Jerusalém era o ponto mais defensável dos judeus. Perder
Jerusalém significava perder tudo que representava externamente a nação de
Israel, a linhagem de governo de Davi, os sacerdotes, os sacrifícios e o Templo;
e também toda a Terra Prometida estava perdida! Não conseguimos nem sequer
começar a imaginar como essa perda final foi devastadora, pois perder aquele
espaço significa perder a promessa de Deus, e perder a promessa de Deus
representava perder o relacionamento especial que tinham com o Senhor.

O profeta prometera em suas mensagens que a Babilônia traria o


julgamento de Deus sobre Jerusalém e Judá. O livro de lamentações está
estritamente relacionado a queda da cidade de Jerusalém. É uma reação a
desastre que se abateu sobre Jerusalém. Lamentações foi escrito por uma
testemunha ocular do cerco e da queda da cidade. Suas discrições desses
terríveis acontecimentos são recentes e vividas e carregam todas as marcas de
uma experiência em primeira mão. É muito provável que lamentações tenha sido
escrito dentro ou perto da própria cidade destruída. A septuaginta, a mais antiga
tradução grega do AT hebraico introduz o livro com as seguintes palavras: “E
aconteceu depois que Israel foi levado cativo e Jerusalém ficou destruída,
Jeremias sentou –se chorando e lamentou sobre Jerusalém”.

O livro de Lamentações é composto por 5 lamentos.

1. Descreve a destruição e o sofrimento de Jerusalém, sobretudo em


contraste com sua antiga gloria.

2. Ressalta que a catástrofe ocorrera por causa do juízo de Deus, portanto


qualquer esperança de alivio para cidade precisava vir dele.

3. Apresenta uma formulação mais pessoal, defendendo a importância da


experiência do próprio profeta.
Esse capitulo concentra –se especialmente na existência de um divino
amor inabalável que fornece uma base genuína para a esperança em
relação ao futuro.

4. Emerge novamente nos detalhes aterrorizantes da catástrofe termina


porem com a antecipação de uma inversão futura das circunstâncias de
opressor e oprimido.

5. É uma oração que termina com uma afirmação do reinado eterno dp


Senhor e de sua justiça.

Como você vê, o livro de Lamentações foi escrito não apenas para expressar
o pesar pela perda, como poderíamos achar graças ao seu título. Ele também
foi produzido para ajudar o povo de Deus — até mesmo o próprio autor — a
enfrentar a perda e a tentação de se desesperar ao lembrar-lhes a presença e o
governo de Deus. Ou seja, ajuda as pessoas a ver a bondade e o poder de Deus
em meio ao sofrimento. O sofrimento é um momento importante na vida de
qualquer pessoa, e, de uma maneira ou de outra, você pode testificar essa
verdade. O sofrimento age como uma verificação de nossas esperanças, ele as
refina e talvez as mude.

Lamentação não é murmuração.

Murmuração é a reclamação de alguém que perdeu a fé. Alguém que


mergulhando em um dilema resolveu expressar sua dor em completa amargura
exemplo as águas de Mara porque sã amargas eles bebem e reclama. Em todo
texto que narra o lamento do profeta ou de um salmista não tem apenas
reclamação mas tem também louvor, adoração fé. Só tem a mera expressão da
dor não tem louvor. A murmuração e a reclamação de alguém que já não
consegue crer em Deus que não consegue mais ter fé. A lamentação não é coisa
para quem perdeu a fé. Não e para quem já jogou tudo para o alto. A lamentação
não é coisa de gente impiedosa, gente incrédula, não é oração de gente que em
um determinado momento diz: chegar não quero mais saber de igreja. Não quero
mais saber de culto, reunião de oração, não quero mais saber de grupo de
oração, eu não quero saber de mais nada disso. A lamentação é sempre oração
de alguém que não perdeu a fé a lamentação é para a gente de fé. E a oração
de alguém que tem fé, mas está mergulhado em dúvida e sabe que tem um Deus
que é pai amoroso que não vai lança-lo fora porque na dor gritou mais alto.
Lamentação e dor no contexto de confiança e adoração sem ignorar a
sofrimento. Na lamentação a vida é vivida entre dois polos o do lamento e o do
louvor. Essa tensão é brilhantemente expressa no salmo 22 .1-meu deus meus
… v4 contudo tu es santo. No meio da confissão de fé vem também as confissões
das dúvidas e incertezas. Suplica sem louvor é desespero, ausência de
esperança. Louvor sem suplica é complacência, arrogância.

E curioso que os nossos cânticos são triunfalistas demais, não tem


mais espaço para cânticos de lamentações nas nossas igrejas. O espaço
só é dado para confessar nossas vitorias, nossas certezas. Pensamos que nós
podemos cantar e orar apenas nossas vitorias e certeza, mas a lamentação é
um cântico e uma oração que Deus nos deu para você também oramos as
nossas incertezas e dilemas. Será que as nossas orações não jogam para
debaixo do tapete a nossa maior oportunidade de ser desperto pelo sofrimento
pela voz de Deus? Será que você não está perdendo a oportunidade de esvaziar
o seu peito e derramar todas as lágrimas e dilemas diante de Deus sem rodeios
e sem medo: Não andeis ansiosos de cousa alguma, em tudo, porém, sejam
conhecidas diante de Deus, … Deus nos deu a liberdade de chorar e vivenciar a
dor você não precisa fugir disso se entupindo de calmantes. Ele é nosso Pai.
Não jogue a sua dor para debaixo do tapete faça conhecida. Cris Wilder no Livro
O Deus que eu não entendo escreveu:

Sinto que a linguagem da lamentação é seriamente negligenciada na


igreja muitos cristãos parece achar não ser certo no louvor comunitário. A um
falso conceito o que Deus quer sempre que siamos todos eufórico do culto. Há
uma pressão implícita para abafarmos os nossos verdadeiros sentimentos
porque nos é dito pelos pregadores da negação da dor que precisamos ter fé.

Eu fui para um sepultamento de um irmão querido e chorávamos quando


um diácono me repreendeu disse “não chore conforte a família” e eu retruquei
“eu quero ter o direito de chorar com eles Deus os confortara assim como a mim”.
Eu queria não só falar do seu sofrimento, mas aqueles que estão vivendo ao lado
de pessoas que sofrem estão amarguradas, carregadas de dor e tristeza eo que
menos aquela pessoa precisa é de uma palavra de otimismo o que elas precisam
é que você der para elas a liberdade da lamentação. A dadiva graciosa dada
pelo espírito de Deus de seu povo diante dele todas as suas questões, ainda que
seja questões relacionadas a ele.

O filósofo cristão Nicholas Wolterstorff na ocasião em que seu filho Eri de


então 25 anos, morreu tragicamente num acidente de alpinismo na Áustria
escreveu está lamento:

Dizem que homens devem ser fortes e que a força de um homem, em


meio a desgraça, se percebe em sua face sem lágrimas. Mas como celebrar uma
estóica ausência de lágrimas? Como insistir em nunca externar o que dentro está
sangrando? Será que suportar chorando não requer tanta força quanto nunca
chorar? Por que devemos sempre esconder o nosso sofrimento? Não devemos,
por vezes, permitir que as pessoas o vejam e participem dele? Por que é tão
importante parecer forte? Fui agraciado com a força para suportar, mas fui
agredido e ferido, gravemente ferido. E feridas são desagradáveis, eu sei,
causam repulsa. Mas será que elas devem ser escondidas?

A propósito, o que você diz a alguém que está sofrendo? Algumas


pessoas são dotadas de palavras de sabedoria. Por elas, somos profundamente
gratos. Mas nem todas são assim, algumas delas falam sem pensar, coisas
estranhas, sem nexo. Tudo bem, nem sempre as palavras têm de ser sábias. No
final das contas, a intenção com que se fala é mais importante do que as palavras
pelas quais se fala.

Bom, se você não imagina algo para dizer, diga apenas “Não sei o que
dizer, mas quero muito que você saiba que estou solidário com seu sofrimento.”
Ou então apenas abrace, simples assim. Mas, por favor, não diga que a morte
não é realmente tão má, porque é sim! A morte é terrível, demoníaca. Se você
pensa que seu dever como amigo é me dizer que “realmente, considerando
todos os ângulos, as coisas não são tão más assim” você não se aproxima de
mim e de minha angústia. Pelo contrário, você se coloca muito distante de mim.
E a essa distância, você em nada me ajuda.

O que necessito ouvir de você é que de fato você reconhece o quanto a


morte é dolorosa e que você realmente está comigo em meu desespero. Para
me confortar, você tem de chegar perto de mim. Venha aqui, sente-se ao meu
lado, no meu banco de luto. Venha olhar o mundo através das lágrimas. Talvez
você veja coisas que jamais veria com os olhos secos.

Chorai com os que choram…disse o apostolo Paulo. Deus nos deu a lamentação
para colocarmos para fora aquilo que está corroendo o nosso coração. A
lamentação é aquilo que nos faz colocar o nosso coração diante de Deus e expor
as trevas que estão aqui dentro e sair da sua presença de maneira iluminada.
Se você se arrepender dos seus pecados e crer em cristo hoje, você vai ser livre
da maldição da lei, do inferno, das culpas, mas não está livre do sofrimento
temporal da dor. Mas você vai ter um Deus que não se escandaliza quando você
grita na ora da dor. A Bíblia nos ensina a dar voz ao sofrimento não abafar a sua
voz com calmantes mas observa da maneira com que Deus através do
sofrimento nos acorda.

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Jeremias não foi o único profeta que chorou e lamentou. A escritura nos
dar conta de outro profeta sofredor, um profeta maior do que Jeremias. Ele na
noite em que foi traído por um dos seus amigos mais íntimos sozinho chorava
em um jardim pedido ao Pai para não sofre, porém logo acrescentou: mas não
seja feita a minha vontade, mas a tua. Depois de ser entregue a tanta dor ele na
cruz não se furtou de lamentar. Jesus nos mostra essa graça que Deus nos deu
de gritar na hora da dor. Ele bradou em alta voz, meu Deus, meu Deus, porquê
me abandonaste. Ali jesus não estava querendo dar evidencias de que ele e era
o Cristo, que ele era o filho de Deus, mas ele se apropria do salmo porque era
exatamente daquele jeito que ele estava se sentido. Muitos de nós já
compartilhamos estes pensamentos e sentimentos ao logo da caminhada da
vida. Podemos ter sentido uma terrível solidão, mas nunca estávamos
verdadeiramente sozinhos nestes momentos, pois Jesus estava ali conosco.
Jesus, sem dúvida, orou os lamentos durante sua jornada nesta terra Hb 5.7:

Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e
lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido
por causa da sua piedade,

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Anos mais tarde Pedro escrevendo aos cristãos da Asia menor e disse:
Por isto…Porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo
injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há,
se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se,
entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com
paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados,
pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para
seguirdes os seus passos(I Pedro 2.19-21). Paulo escreveu: E na verdade todos
os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições 2 Tm
3.12 …

Não existe cristianismo sem cruz. Se você quer entorpecer a dor, se você
não quer sofrer saiba que você não achara lugar na igreja para você. Porem se
você abraça o profeta que sofreu e tomar a sua cruz ainda que você tenha que
chorar em algumas ocasiões pode esperar pois a suas misericórdias e infinita.
Ainda que ele entristeça a alguém usará de compaixão.

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