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Documentação
Imobiliária
para
Corretores de Imóveis
Curso de
Documentação Imobiliária
Sumário
ASPECTOS DO DIREITO IMOBILIÁRIO 2
ASPECTOS SOBRE DIREITO DE PROPRIEDADE 2
ASPECTOS SOBRE DIREITO DE CONSTRUIR 4
ASPECTOS DO DIREITO DE VIZINHANÇA 4
ASPECTOS SOBRE DIREITO AMBIENTAL 5
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS 5
DOCUMENTAÇÃO OBRIGATÓRIA 7
ESCRITURA 7
LISTA DE DOCUMENTOS DO VENDEDOR, SE PESSOA FÍSICA 8
LISTA DE DOCUMENTOS DE COMPRADOR(ES), SE PESSOA FÍSICA 9
LISTA DE DOCUMENTOS DE COMPRADOR OU VENDEDOR, SE PESSOA JURÍDICA 11
LISTA DE DOCUMENTOS DE CORRETOR(A) DE IMÓVEIS 12
LISTA DE DOCUMENTO DE PROCURADOR (CASO HAJA) 12
LISTA DE DOCUMENTOS DO IMÓVEL 12
LISTA DE DOCUMENTOS ADICIONAIS PARA LAVRATURA DA ESCRITURA 13
REGISTRO DE IMÓVEIS 13
TIPOS DE CARTÓRIOS NO BRASIL 14
LISTA DE DOCUMENTOS PARA REGISTRO DO IMÓVEL 15
SOBRE CERTIDÕES 16
CERTIDÃO DOS DISTRIBUIDORES CRIMINAIS 17
CERTIDÃO DOS CARTÓRIOS DE PROTESTOS 17
CERTIDÃO DOS DISTRIBUIDORES CÍVEIS ESTADUAIS 18
CERTIDÃO DE FALÊNCIA E CONCORDATA 18
CERTIDÃO DO DISTRIBUIDOR DE EXECUTIVOS FISCAIS MUNICIPAIS E ESTADUAIS 18
CERTIDÃO DE OBJETO E PÉ 18
CERTIDÃO DE DISTRIBUIÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL 19
CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS TRABALHISTAS 19
CERTIDÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 19
CERTIDÃO DE INTERDIÇÃO, TUTELA E CURATELA 19
CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS RELATIVOS AOS TRIBUTOS FEDERAIS E À DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO 20
CERTIDÃO DA JUNTA COMERCIAL (SE PESSOA JURÍDICA) 20
CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS DO INSS (SE PESSOA JURÍDICA) 20
CERTIDÃO DE REGULARIDADE DE SITUAÇÃO DO FGTS (SE PESSOA JURÍDICA) 20
CERTIDÃO NEGATIVA DE TRIBUTOS FEDERAIS DA PESSOA JURÍDICA 21
CERTIDÃO NEGATIVA DE IMPOSTOS MUNICIPAIS (DO IMÓVEL) 21
CERTIDÃO DE CADASTRO DE IMÓVEL RURAL 21
CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO FLORESTAL (PARA IMÓVEL RURAL) 21
O CONTRATO 22
CONTRATO DE COMPRA E VENDA 22
CONTRATO DE LOCAÇÃO 22
CONTRATO DE LOCAÇÃO PARA TEMPORADA 23
CONTRATO DE ADMINISTRAÇÃO DE IMÓVEIS 23
FRAUDES E PENHORA 24
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA 26
DOAÇÃO E USUFRUTO 28
USUCAPIÃO 30
USUCAPIÃO ORDINÁRIA 30
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 30
USUCAPIÃO ESPECIAL 31
USUCAPIÃO POR ABANDONO DO LAR DE EX-CÔNJUGE 31
TERMOS MAIS USADOS 32
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A SABER:
A função social da propriedade está diretamente relacionada à sua capacidade
produtiva (objetivo social). Portanto, ao objeto da propriedade deve-se dar um
destino ÚTIL em termos sociais.
Exemplos de destino útil no caso de propriedades imobiliárias: Moradia, produção
rural, instalação de uma empresa, seja escritório, loja ou indústria.
Exemplos de imóveis que não apresentam destinação útil: Terreno baldio, casa
abandonada.
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É nesse contexto que reside parte da justificativa para a existência do que se chama
USUCAPIÃO, que é a obtenção do direito de posse ou de aquisição de um bem, devido
ao seu uso prolongado, contínuo e ininterrupto, durante um tempo estabelecido por lei
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Art. 1.309 do CC/2002: São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para
uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.
Artigo 225 da CRFB/1988: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. [...] § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Art. 2º, § 2º, do Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012): As obrigações
previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer
natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
A SABER:
Área Contaminada: uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição
ou contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que
nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados
de forma planejada, acidental ou até mesmo natural.
Por não haver fronteiras físicas determinísticas no solo entre os terrenos, a
contaminação do solo e do lençol freático expande-se na condição e velocidade de
fluidez do elemento contaminante.
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Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de
mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se
a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência e prudência, e a
prestar ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do
negócio.
Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao
cliente todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das
alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da
incumbência.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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Documentação Obrigatória
Em se tratando de documentação imobiliária, há de se entender que para os trâmites
obrigatórios que determinam a transferência da propriedade existe uma lista de
documentos obrigatórios a serem utilizados para efetivar a escrituração e o registro no
Cartório de Imóveis.
Em adição, existe uma lista de documentos importantíssimos que será apresentada para
assegurar que um corretor de imóveis, de verdade, realizou sua atividade com todo o
zelo, prudência e emprenho que a Lei estabelece.
ESCRITURA
Ato Jurídico: toda conduta lícita que tem por objetivo a aquisição, o resguardo, a
transmissão, a modificação ou ainda a extinção do direito (Escritura pública é um ato
jurídico).
Art. 108 do CC/2002: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País.
A SABER:
A escritura de um imóvel é um ato jurídico praticado no Cartório de Notas, o qual
contém a manifestação de vontade das partes em realizar essa transmissão de
propriedade.
A escritura pode ser lavrada em qualquer cartório de notas, mesmo que em outro
município daquele onde se localiza o imóvel.
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Se Pessoa física:
1. Documento de Identificação válido em todo território nacional. Pode ser o RG ou a
CNH. Mas é importante que esteja atualizado.
2. CPF - Cadastro de Pessoas Físicas
3. Fotocópia do comprovante de residência, que pode ser uma conta de água, luz,
telefone fixo ou mesmo uma declaração com firma reconhecida do proprietário,
quando imóvel for locado.
Se Pessoa Jurídica:
1. Cartão do CNPJ.
2. Certidão Conjunta de Débitos Relativos aos Tributos Federais e à Dívida Ativa da
União.
3. Certidão Negativa da Previdência Social.
4. Certidão Simplificada da Junta Comercial (validade 90 dias).
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2. Carnês do IPTU.
3. Certidão Negativa de Débitos Municipais.
4. Declaração de Quitação do Condomínio emitida pela Administradora de Condomínio
ou pelo Síndico.
5. Isenção do ITBI emitida pela Prefeitura da sede do imóvel.
6. Cópia do Contrato Particular da negociação do imóvel.
Importante: Quando tratar-se de Imóvel de marinha, existem 2 documentos adicionais:
7. CAT - Certidão de Autorização para Transferência, emitida pela Secretaria do
Patrimônio da União – SPU.
8. Recolhimento do Laudêmio, que é recolhido por meio de guia apresentada pelo
Cartório ou pelo órgão arrecadador.
Importante: Caso tratar-se de imóvel da COHAB, existe mais um documento necessário:
9. Termo de quitação, podendo ser fotocópia do instrumento de cancelamento junto
ao Ofício de Registro de Imóveis.
Registro de Imóveis
O Registro do imóvel é o ato jurídico que estabelece quem é o proprietário do imóvel
ou se a propriedade deste bem está sendo transmitida de uma pessoa para outra.
Seguem artigos do Código Civil (CC), LEI nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002:
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Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos
títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título
translativo no Registro de Imóveis.
§ 1º. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido
como dono do imóvel.
§ 2º. Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade
do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono
do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar
que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel,
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
1. Cartório de Registro Civil é responsável pelos atos que afetam diretamente a relação
jurídica entre diferentes cidadãos, ou seja, emitir certidões de nascimento e
casamento, acordos pré-nupciais, adoção, registro de óbito, reconhecimento de
paternidade, interdição, opções de nacionalidade e emancipação de menores.
2. Cartório de Notas é o responsável por dar fé pública a um documento, ou seja,
elaborar escrituras, procurações, testamentos, reconhecer firma e autenticar cópias.
Lembrando, este é o cartório para lavrar a Escritura Pública do imóvel.
3. Cartório de Registro de Imóveis é responsável pela matrícula, registro e averbação
de atos relativos a bem imóvel. Por isso, neste cartório é arquivado todo o histórico
dos imóveis da região onde se localiza. Portanto, o registro do imóvel está restrito
ao cartório de imóveis que atende à região onde o imóvel está situado. Somente
existirá um único Cartório de Registro de Imóveis em cada região. Em cidades
pequenas é comum ter um único Cartório de Registro de Imóveis para atender a
cidade inteira, mas as cidades maiores são divididas em algumas regiões e cada
região tem um único Cartório de Registro de Imóveis.
4. Tabelionato de protesto serve para dar publicidade da inadimplência de uma
obrigação. O protesto de títulos e outros documentos de dívida é um direito do
credor para provar que a obrigação que tinha o devedor de lhe pagar uma quantia
certa, reconhecida como dívida em dinheiro, não foi cumprida na data marcada para
o pagamento. Então, é no cartório de protestos que se protocolam os documentos
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A SABER:
Os cartórios que interessam no contexto deste material são o de Notas (para a
escritura) e o de Registro de Imóveis (para o registro do imóvel).
O registro do imóvel é feito na matrícula, ou seja, os dados da compra e venda são
anotados na matrícula daquele determinado imóvel transacionado.
A matrícula do imóvel é o número que um determinado imóvel recebe na primeira
vez que seja registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Esse número de ordem é
único, exclusivo e intransferível. É o número desse imóvel e de nenhum outro. Na
matrícula do imóvel são averbados todos os atos jurídicos do imóvel.
1. Escritura Pública original ou uma cópia autenticada pelo Cartório que a lavrou. Se a
escritura pública tiver sido lavrada fora da comarca, será necessário proceder ao
reconhecimento de firma do subscritor desta. Existem casos de alienação fiduciária
em que não existe a Escritura Pública, mas sim um Instrumento Particular com força
de Escritura Pública. Nesses casos, deve-se apresentar as 3 vias desse documento.
Muitos cartórios dispensam o reconhecimento de firma das partes envolvidas.
Contudo, a indicação é que se faça, sim, o reconhecimento de firma das partes
envolvidas.
2. Pagamento do ITBI referente ao imóvel a ser registrado.
3. Apresentar o comprovante de quitação do IPTU do corrente ano.
4. Certidão do registro do imóvel, devidamente atualizada, com validade de 30 dias,
caso o título anterior esteja registrado em outro Ofício.
5. Cópias autenticadas da cédula de identidade e do Cadastro de Contribuinte de
Pessoa Física (CPF) do adquirente.
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Sobre Certidões
As Certidões dos vendedores e do imóvel compõem um conjunto de documentos de
suma importância nas transações imobiliárias.
Pelas certidões torna-se possível demonstrar atos, fatos ou direitos que se queira, ou
precise, comprovar.
Numa transação imobiliária, importa comprovar que o imóvel esteja livre de ônus e que
pode ser transacionado com segurança. Também importa comprovar que os
vendedores não estejam inadimplentes, nem estejam sendo processados, a ponto de o
imóvel correr risco de ficar impedido à venda.
Portanto, é fundamental comprovar que, tanto o imóvel, quanto seus proprietários,
estejam livres para procederem a transferência da propriedade.
A propriedade imóvel é assunto inerente aos Direitos Reais ou Direitos das Coisas.
Direito Real é o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos homens
sobre as coisas apropriáveis. É um ramo do direito privado que trata dos direitos de
posse e propriedade tanto dos bens móveis quanto dos bens imóveis. As coisas
apropriáveis são aquelas que podem ser objeto de propriedade e que, por serem úteis
e raras, despertam interesse econômico. Não são coisas apropriáveis os bens
abundantes que não tenham valoração econômica, como, por exemplo, a água do mar,
o ar que se respira, a luz do sol. Ninguém pode ser proprietário da luz do sol. A energia
gerada a partir do uso da luz, a qual pode ser comercializada, não é a luz do sol. A coisa
pública também não é apropriável.
Direito Real trata das formas pelas quais os direitos de posse e propriedade podem ser
transmitidos. É importante entender que somente pessoas, exclusivamente, podem ter
direitos sobre as coisas. Os Direitos Reais se constituem do direito sobre a coisa própria
(propriedade) e o direito sobre a coisa alheia (posse por usufruto, gozo ou fruição).
Art. 1.225 do CC/2002: São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
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X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso; e
XIII - a laje.
Art. 1.227 do CC/2002: Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos
referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Esta é uma certidão que se torna necessária em função do Artigo 91 do Código Penal
que estabelece como efeito da condenação em processo criminal, a obrigação de
indenizar o dano causado pelo crime, prevendo a perda do bem em favor da União.
Art. 91 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Art. 91 - São
efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido
pelo agente com a prática do fato criminoso.
§ 1º. Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou
proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no
exterior.
§ 2º. Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual
poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para
posterior decretação de perda.
O Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), em seu Artigo 789,
dispõe que “O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”.
Portanto a Certidão dos Cartórios de Protestos ganha peso e relevância. É interessante
que seja obtida esta certidão, pelo menos, dos últimos 5 anos.
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Essa Certidão atesta possíveis ações em nome do vendedor, que possam estar sofrendo
algum tipo de cobrança de crédito de natureza fiscal, sejam impostos, taxas e tributos.
Caso, nessa Certidão, conste algum apontamento, torna-se necessário obter a Certidão
de Objeto e Pé.
CERTIDÃO DE OBJETO E PÉ
Este é um documento oficial sobre o objeto do processo e em que "pé" ele está, ou seja,
em que fase do trâmite está o processo.
A Certidão de Objeto e Pé é expedida pelo cartório judicial da vara em que tramita ou
tramitou a ação e contém um breve resumo do processo, incluindo a natureza da ação,
as partes envolvidas, os principais atos praticados, a movimentação, as intimações das
partes e a fase processual. Com esta certidão, é possível que alguém que não consultou
os autos do processo tenha informação a respeito dos atos já praticados.
Dessa forma, pode-se avaliar o risco da compra de um imóvel em que o vendedor tenha
algum processo e, junto com o comprador, decidir, de acordo com atos já praticados
desse processo, se a compra poderá ou não ser realizada.
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Esta certidão também é conhecida por Certidão de Incapacidade Civil ou ainda por
Certidão de Não Interdição. Esta certidão ganha importância, pois um dos requisitos
legais para a validade do Ato Jurídico é que o agente desse ato seja capaz.
Essa Certidão de Interdição serve para comprovar se a pessoa está interditada, tutelada
ou curatelada. A certidão será negativa caso a pessoa não esteja interditada, nem
tutelada, tampouco curatelada. As pessoas interditadas são impossibilitadas de
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Esta certidão somente será emitida quando for verificada a regularidade fiscal do
contribuinte quanto aos créditos tributários federais administrados pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil e quanto à Dívida Ativa da União administrada pela
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
A regularidade fiscal, caracteriza-se pela não existência de pendências relativas a
débitos, a dados cadastrais e à apresentação de declarações.
Esta certidão é emitida pela Junta Comercial do Estado onde se encontra a empresa.
A Junta Comercial normalmente disponibiliza uma Certidão Simplificada que já é
suficiente, pois é nela que são relatadas algumas informações básicas sobre a empresa
tais como nome empresarial, CNPJ, data de início de atividade, atividades econômicas,
capital social, sócios e suas respectivas participações no capital social e filiais, quando
existirem.
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Esta certidão é emitida no CNPJ do estabelecimento matriz, tendo validade para todos
os demais estabelecimentos.
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O Contrato
Basicamente, existem 4 contratos muito comumente utilizados no exercício da atividade
profissional dos corretores de imóveis:
1. Contrato de Compra e Venda;
2. Contrato de Locação (ou Arrendamento);
3. Contrato de Locação para Temporada;
4. Contrato de Administração de Imóvel.
CONTRATO DE LOCAÇÃO
Pelo Contrato de Locação, uma das partes, intitulada locador, cede à outra parte,
intitulada locatário, o uso e gozo do imóvel, por tempo determinado ou não, mediante
certa retribuição, normalmente em dinheiro. Nesse contrato, importa que conste, pelo
menos:
- Dados pessoais das partes envolvidas, seja do locador, do locatário e do fiador, caso
tenha sido definido um fiador;
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Fraudes e Penhora
Para a concretização do negócio imobiliário com sucesso, faz-se necessário
compreender, e evitar, os riscos inerentes à fraude ao credor e fraude à execução.
A principal diferença entre a Fraude contra Credor e a Fraude contra Execução está
relacionada ao momento de sua ocorrência. A fraude contra credor ocorre se a dívida
já exista antes de existir alguma demanda judicial. Já a fraude contra execução ocorre
se a demanda judicial já existe.
Seguem artigos do Código Civil (CC), LEI nº 10.406/, de 10 de janeiro de 2002, sobre
FRAUDE CONTRA CREDOR:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o
ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.
§ 1º. Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2º. Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação
deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente,
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço
e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com
a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o
preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159 , poderá ser intentada contra o devedor
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da
dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se
tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de
dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis
à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do
devedor e de sua família.
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Doação e Usufruto
A pessoa proprietária de um bem, conforme o Artigo 1.228 do Código Civil, tem a
faculdade de usar, gozar e DISPOR da coisa. Por dispor, entende-se o direito de transferir
essa propriedade para outra pessoa, seja de forma onerosa, num processo de compra e
venda, ou de forma gratuita, através de uma doação.
A SABER:
Considera-se DOAÇÃO o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do
seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (Art. 538 do Código Civil - Lei nº
10.406/2002).
Para se efetivar a doação de um imóvel, deve-se lavrar uma Escritura Pública de Doação,
feita e assinada em Cartório de Notas. Todas as documentações se fazem necessárias,
sendo a documentação do imóvel, a do doador (mesmos documentos da lista de
documentos do vendedor) e do donatário (mesmo documentos da lista de documento
do comprador). Os impostos também deverão ser pagos.
Depois de lavrada a escritura de doação do imóvel, ela deve ser registrada no Cartório
de Registro de Imóveis. Somente depois do registro na matrícula desse imóvel é que a
propriedade fica de fato transferida à pessoa do donatário.
Também é possível realizar uma doação com reserva de usufruto. Nesse caso, transmite-
se somente a nua-propriedade para o donatário, sendo que o usufruto fica reservado ao
doador. Isso significa que o doador tem o direito de permanecer no uso e no gozo do
imóvel pelo prazo estipulado, que pode, inclusive, ser vitalício.
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Usucapião
Usucapião é uma forma de transferência de propriedade disciplinada pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988 (Artigo 183 e 191) e pelo Código Civil (artigos
1.238 a 1.244).
Pré-requisito básico e fundamental para aquisição da propriedade por usucapião é a
posse do imóvel, por determinado lapso de tempo, de forma contínua e ininterrupta.
O ornamento jurídico para a usucapião encontra-se em legislação esparsa.
Existem quatro modalidades de usucapião de bens imóveis, as quais se subdividem em
um total de oito possibilidades, de acordo com a situação.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA
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USUCAPIÃO ESPECIAL
Esta modalidade de usucapião apresenta 3 possibilidades, sendo uma para imóvel rural,
outra para imóvel urbano individual e uma terceira para imóvel urbano coletivo:
1. Para imóvel rural: Posse prolongada pelo tempo de 5 anos contínuos de imóvel
com área máxima de 50 hectares em zona rural, ter tornado a propriedade
produtiva, ter constituído moradia e não ser possuidor ou proprietário de outro
imóvel, seja urbano ou rural (Artigo 191 da Constituição Federal, Lei nº 6.969/1981
e Artigo 1.239 do CC).
2. Para imóvel urbano individual: posse prolongada pelo tempo de 5 anos contínuos
de imóvel em área urbana com, no máximo, 250 m2, onde tenha sido constituída
moradia própria ou da família, não sendo possuidor ou proprietário de outro
imóvel seja urbano ou rural, além de não ter tido esse tipo de benefício de
usucapião anteriormente Artigo 183 da Constituição Federal, Lei nº 10.257/2001
e Artigo 1.240 do CC).
3. Para imóvel urbano coletivo: posse prolongada pelo tempo de 5 anos contínuos
de imóvel em área urbana com mais de 250 m2, destinada à moradia da população
posseira, que estes sejam de baixa renda e que não sejam possuidores ou
proprietários de outro imóvel urbano ou rural (Lei nº 10.257/2001).
Por esta modalidade de usucapião, aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e
sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 m², cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-
o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural (Art. 1.240-A do CC e Lei nº
12.424/2011).
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