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DOCUMENTO 1 DA AULA 12

A QUESTÃO DISPUTADA

1) A quaestio disputata divide-se ordinariamente em artigos, que por sua vez


se dividem em etapas ou partes fixas (conquanto possa haver uma questão
disputada de um só artigo).

2) Em primeiro lugar, formula-se a pergunta ou questão de que se tratará.

3) Em segundo lugar, apresentam-se o mais perfeitamente possível as


objeções à doutrina sustentada no artigo: porque, com efeito, como dizia
Aristóteles, “não se pode soltar se se desconhece a atadura” (Metafísica, livro I,
c. 1).

4) Em terceiro lugar, dão-se os sed contra (“mas contrariamente”), que


argumentam contra essas objeções, e que podem coincidir (o que se dá o mais
das veze) ou não com a doutrina do artigo.

5) Em quarto lugar, vem o corpus, no qual a doutrina do artigo ou se


demonstra, ou, excepcionalmente, se mostra apenas como a mais provável.

6) Em quinto lugar, solucionam-se as objeções à doutrina do artigo, uma a


uma.

7) E, em sexto lugar, se e quando necessário, solucionam-se as


argumentações postas contrariamente às objeções.

8) Como diz o Padre Álvaro Calderón (A Candeia Debaixo do Alqueire, p.


19), “não é por puro arqueologismo que recorremos à quaestio disputata da
escolástica medieval. E desde já pedimos perdão ao Leitor amante da boa
literatura, porque a escolástica sacrificou impiedosamente a beleza literária – de
que, por outro lado, não seríamos capazes – em prol da clareza lógica. A
quaestio disputata é como uma radiografia do discurso científico, na qual
ninguém sai bonito, mas na qual não escapa a ninguém se há algo fora de lugar”.

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