1) A quaestio disputata divide-se ordinariamente em artigos, que por sua vez
se dividem em etapas ou partes fixas (conquanto possa haver uma questão disputada de um só artigo).
2) Em primeiro lugar, formula-se a pergunta ou questão de que se tratará.
3) Em segundo lugar, apresentam-se o mais perfeitamente possível as
objeções à doutrina sustentada no artigo: porque, com efeito, como dizia Aristóteles, “não se pode soltar se se desconhece a atadura” (Metafísica, livro I, c. 1).
4) Em terceiro lugar, dão-se os sed contra (“mas contrariamente”), que
argumentam contra essas objeções, e que podem coincidir (o que se dá o mais das veze) ou não com a doutrina do artigo.
5) Em quarto lugar, vem o corpus, no qual a doutrina do artigo ou se
demonstra, ou, excepcionalmente, se mostra apenas como a mais provável.
6) Em quinto lugar, solucionam-se as objeções à doutrina do artigo, uma a
uma.
7) E, em sexto lugar, se e quando necessário, solucionam-se as
argumentações postas contrariamente às objeções.
8) Como diz o Padre Álvaro Calderón (A Candeia Debaixo do Alqueire, p.
19), “não é por puro arqueologismo que recorremos à quaestio disputata da escolástica medieval. E desde já pedimos perdão ao Leitor amante da boa literatura, porque a escolástica sacrificou impiedosamente a beleza literária – de que, por outro lado, não seríamos capazes – em prol da clareza lógica. A quaestio disputata é como uma radiografia do discurso científico, na qual ninguém sai bonito, mas na qual não escapa a ninguém se há algo fora de lugar”.