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MAC0317/5920 - Introdução ao Processamento

de Sinais Digitais
Primeira lista de exercı́cios

1 Espaços vetoriais
Exercı́cio 1.11 (1.12e2). Verifique que o conjunto L2 (N) do Exemplo 1.5 com
as respectivas operações é um espaço vetorial. Explique também por que L2 (N)
é um sub-espaço de L∞ (N) . Dica: use a desigualdade (x − y)2 ≥ 0 para provar
que (x + y)2 ≤ 2x2 + 2y 2 , ∀x, y.
Solução: para mostrar que L2 (N) é um espaço vetorial mostraremos as
seguintes propriedades:
1. u, v ∈ L2 (N) =⇒ u + v ∈ L2 (N)
Note que como (x − y)2 ≥ 0:

(x + y)2 ≤ (x + y)2 + (x − y)2 = x2 + 2xy + y 2 + x2 − 2xy + y 2 = 2x2 + 2y 2

e portanto:

X ∞
X ∞
X ∞
X
(uk + vk )2 ≤ 2u2k + 2vk2 = 2u2k + 2vk2 < ∞
k=0 k=0 k=0 k=0

2. ∀u ∈ L2 (N) e a ∈ L2 (N) =⇒ au ∈ L2 (N)


X ∞
X
2 2
(auk ) = a u2k < ∞
k=0 k=0
2
pois u ∈ L (N) .

3. Para todo escalar a, b ∈ R e u, v, w ∈ L2 (N) são satisfeitas as propriedades:


a) u + v = v + u

u + v = (u0 , u1 , . . . ) + (v0 , v1 , . . . )
= (u0 + v0 , u1 + v1 , . . . )
= (v0 , v1 , . . . ) + (u0 , u1 , . . . )
=v+u

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b) (u + v) + w = u + (v + w)

(u + v) + w = [(u0 , u1 , . . . ) + (v0 , v1 , . . . )] + (w0 , w1 , . . . )


= (u0 + v0 , u1 + v1 , . . . ) + (w0 , w1 , . . . )
= (u0 + v0 + w0 , u1 + v1 + w1 , . . . )
= (u0 , u1 , . . . ) + (v0 + w0 , v1 + w1 , . . . )
= u + (v + w)

c) Existe o vetor 0 tal que u + 0 = 0 + u = u


Seja 0 = (0, 0, . . . ) temos que:

X
(0)2 = 0 < ∞
k=0

2
logo 0 ∈ L (N) , e

u + 0 = (u0 , u1 , . . . ) + (0, 0, . . . )
= (u0 + 0, u1 + 0, . . . )
= (u0 , u1 , . . . ) = u
= (0 + u0 , 0 + u1 )
= (0, 0, . . . ) + (u0 , u1 , . . . ) = 0 + u

d) ∀u ∈ L2 (N) ∃w ∈ L2 (N) tal que u + w = 0


Seja P qualquer de L2 (N) wu = (−u0 , −u1 , . . . ) temos
u um elemento P
∞ ∞
2
que k=0 (−uk ) = k=0 u2k < ∞, pois u ∈ L2 (N) , e

u + wu = (u0 , u1 , . . . ) + (−u0 , −u1 , . . . )


= (u0 − u0 , u1 − u1 , . . . )
= (0, 0, . . . ) = 0

e) (ab)u = a(bu)

[ab]u = [ab](u0 , u1 , . . . )
= ([ab]u0 , [ab]u1 , . . . )
= (a[bu0 ], a[bu1 ], . . . )
= a([bu0 ], [bu1 ], . . . )
= a[bu]

2
f) (a + b)u = au + bu
[a + b]u = [a + b](u0 , u1 , . . . )
= ([a + b]u0 , [a + b]u1 , . . . )]
= (au0 + bu0 , au1 + bu1 , . . . )
= (au0 , au1 , . . . ) + (bu0 , bu1 , . . . )
= au + bu
g) a(u + v) = au + av
a(u + v) = a[(u0 , u1 , . . . ) + (v0 , v1 , . . . )]
= a[(u0 + v0 , u1 + v1 , . . . )]
= (a[u0 + v0 ], a[u1 + v1 ], . . . )
= (au0 + av0 , au1 + av1 ], . . . )
= (au0 , au1 , . . . ) + (av0 , av1 , . . . )
= au + av
h) 1u = u
1u = (1.u0 , 1u1 , . . . ) = (u0 , u1 , . . . ) = u
Para mostrar que L (N) é sub-espaço vetorial de L∞ (N) , como já demon-
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stramos que L2 (N) é um espaço vetorial, basta mostrarmos que para todo
u ∈ L2 (N) =⇒ u ∈ L∞ (N) . Faremos isso demonstrando a contra-positiva:
u∈ / L∞ (N) =⇒ u ∈ / L2 (N)

Seja u ∈
/ L (N) logo para todo M ∈ R existe k0 ∈ N tal que |uk0 | > M .
Assim:


X 0 −1
 kX ∞
X 
2 2 2 2
|uk | = |uk | + |uk0 | + |uk | > |uk0 |2 > |uk0 | > M
k=0 k=0 k=k0 +1
P∞
para todo M ∈ R, e portanto k=0 |uk |2 ≮ ∞, logo u ∈
/ L2 (N)

Exercı́cio 1.12 (1.13e2). o objetivo deste exercı́cio é provar as afirmações na


Proposição 1.4.1 para um espaço vetorial abstrato.
(a) Mostre que o vetor 0 é único. Para fazê-lo, suponha que existam dois
vetores 0a e 0b , os quais realizam a função do vetor nulo. Mostre que
0a = 0b . Dica: considere 0a + 0b .

Solução: Sejam 0a e 0b dois vetores nulos para adição, temos que:


0a + 0b = 0a pois 0b é elemento nulo (1)
0b + 0a = 0b pois 0a é elemento nulo (2)
logo, de (1) e (2) temos que:
0a = 0a + 0b = 0b =⇒ 0a = 0b

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(b) Abaixo está uma demostração de 0u = 0 em todo espaço vetorial. Nesta
demonstração −u representa o inverso aditivo de u, logo u + (−u) = 0.
Quais das propriedades listadas na Proposição 1.4.1 justificam cada passo?
Solução:
(1 + 0)u = 1u + 0u (f) (a + b)v = av + bv
1u = u + 0u (h) 1v = v
u = u + 0u (h) 1v = v
u + (−u) = (u + (−u)) + 0u (d) ∀v∃w|v + w = 0, (a)u + v = v + u
e (b) (u + v) + w = u + (v + w)
0 = 0 + 0u (c) ∃0|0 + u = u
0 = 0u.

(c) Mostre que se u + v = 0, então v = (−1)u (Isto mostra que o inverso


aditivo de u é (−1)u). Solução:
u + v = 0 =⇒ (u0 , u1 , . . . ) + (v0 , v1 , . . . ) = (0, 0, . . . )
=⇒ (u0 + v0 , u1 + v1 , . . . ) = (0, 0, . . . )
=⇒ (v0 , v1 , . . . ) = (−u0 , −u1 , . . . )
=⇒ (v0 , v1 , . . . ) = ((−1).u0 , (−1).u1 , . . . )
=⇒ (v0 , v1 , . . . ) = (−1)(u0 , u1 , . . . )
=⇒ v = (−1)u

2 Formas de ondas básicas analógicas e discretas


Exercı́cio 1.17 (1.18e2). Mostre que é possı́vel fatorar a forma de onda
bidimensional básica Em,n,k,l como:
Em,n,k,l = Em,k ETn,l ,
onde Em,k e En,l são as formas de onda unidimensionais discretas básicas
definidas na Equação 1.22, como vetores coluna (lembre-se que o sobrescrito
T denota a operação de transposição de vetores e matrizes).
Solução Temos que se se B ∈ Cm e C ∈ Cn então A = BCT ∈ Cm×n e
A(i, j) = B(i).C(j) onde A(i, j) é o elemento da i-ésima linha e j-ésima coluna
de A.
Assim temos que:
[Em,k ETn,l ](a, b) = Em,k (a).ETn,l (b)
= e2πika/m .e2πilb/n
= e2πika/m+2πilb/n
= e2πi(ka/m+lb/n)
= Em,n,k,l (a, b)

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e portanto Em,k ETn,l = Em,n,k,l .

Exercı́cio 1.18 (1.19e2). Considere a forma de onda exponencial

f (x, y) = e2πi(px+qy)

como descrita na Seção 1.5.2 (p e q não precisam ser inteiros). A Figura 1.7
nesta seção indica que a forma de onda tem uma “direção” e um “comprimento
de onda” naturais. O objetivo deste problema é compreender em que sentido
isso é verdade, e em quanto esses valores dependem de p e q.
Defina v = (p, q), assim v é um vetor bidimensional. Considere a reta L que
passa por um ponto arbitrário x0 = (x0 , y0 ) na direção de um vetor unitário
u = (u1 , u2 ) (logo, kuk = 1). A reta L pode ser parametrizada em função de x0
e u como
x(t) = x0 + tu1 , y(t) = y0 + tu2

(a) mostre que a função g(t) = f (x(t), y(t)), com x(t) e y(t) como acima (ou
seja, f avaliada sobre a reta L) é dada por

g(t) = Ae2πikvkcos(θ)t

onde A é um número complexo que não depende de t, e θ é o ângulo entre


u e v. Dica: Use a Equação 1.30.
Solução: Note que (x(t), y(t)) = (x0 + tu1 , y0 + tu2 ) = x0 + tu, assim:

g(t) = f (x(t), y(t))


= e2πi(px(t)+qy(t))
= e2πih(p,q),(x(t),y(t))i
= e2πih(v,x0 +tui
= e2πi(hv,x0 i+hv,tui)
= e2πihv,x0 i .e2πihv,tui , seja A = e2πihv,x0 i
= Ae2πihv,uit
= Ae2πikvkkukcos(θ)t
= Ae2πikvkcos(θ)t

(b) Mostre que se L é ortogonal a v então a função g (e também f ) se mantém


constante em L.
Solução: Temos que se L é ortogonal a v então u é ortogonal a v e
portanto θ = π/2. Assim

g(t) = Ae2πikvkcos(θ)t = Ae2πikvkcos(π/2)t = Ae0 = A

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(c) Encontre a frequência (oscilações por unidade de distância percorrida) de
g como uma função de t, em termos de p, q e θ.
Solução: Temos que a frequência angular de de g(t) é dada por 2π kvk cos(θ)
e assim:
ω
f=

2π kvk cos(θ)
=

= kvk cos(θ)
p
= p2 + q 2 cos(θ)

(d) Encontre o valor de θ que maximiza a frequência em que g(t) oscila. Este
θ dita a direção em que que deve-se mover, relativo a v, para que f oscile
o mais rápido possı́vel. Como este valor de θ se compara com o valor de
θ na questão (b)? Qual é a maior frequência de oscilação em termos de p
e q?
Solução: Os valores de θ que maximizam a frequência em que g oscila
são os valores em que cos(θ) atinge seu máximo,
p ou seja, são os valores
da forma 2πk para k ∈ Z e portanto a fmax = p2 + q 2 = kvk. Note que
os valores de θ que maximizam a frequência de g são os que fazem u (e
consequentemente L) paralelos v.
(e) Encontre a distância “pico-a-pico”, ou o comprimento de onda, da forma
de onda f (x, y), em termos de p e q.
Solução: Temos que o comprimento de onda de f (x, y) corresponde a um
perı́odo da forma de onda g(t) como definido no item (d). Assim:
1 1
λ= =p
f p + q2
2

3 aliasing
Exercı́cio 1.20 (1.21e2). Para uma forma de onda unidimensional pura de N
amostras, mostre a relação de aliasing
EN −k = Ek
Solução: temos que para 0 ≤ m ≤ N − 1:

EN −k (m) = e2πi(N −k)m/N


= e2πiN m/N .e2πi(−k)m/N
= e2πim .e2πi(−k)m/N
= 1.e−2πikm/N
= Ek (m)

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e portanto EN −k = Ek

Exercı́cio 1.21 (1.22e2). Encontre todas as relações de aliasing que você


conseguir (incluindo aliasing conjugados) para Em,n,k,l . Isto pode ser feito di-
retamente ou utilizando a equação 1.26 e as relações de aliasing para EN,k .
Solução

Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,k−m ETn,l = Em,n,k−m,l

Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,k ETn,l−n = Em,n,k,l−n

Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,k−m ETn,l−n = Em,n,k−m,l−n

T
Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,m−k En,n−l = Em,m−k ETn,n−l = E m,n,m−k,n−l

T T
Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,m−k En,n−l = Em,m−k−m En,n−l = Em,−k ETn,n−l = E m,n,−k,n−l

T T
Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,m−k En,n−l = Em,m−k En,n−l−n = Em,m−k ETn,−l = E m,n,m−k,−l

T T
Em,n,k,l = Em,k ETn,l = Em,m−k En,n−l = Em,m−k−m En,n−l−n = Em,−k ETn,−l = E m,n,−k,−l

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