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O SUFRÁGIO PELOS MORTOS

Sufrágios são orações que a Igreja formula em favor dos falecidos. Deve-se também ter respeito
pelos mortos – Tb 2, 1-9.

Quando alguém morre, a Igreja considera a possibilidade de que ainda tenha resquícios de pecado,
dos quais se deve purificar. Por conseguinte, ela institui sufráguo ou orações em favor dos falecidos;
em outras palavras, a Igreja pede a Deus que os fiéis defuntos sejam prontamente isentos de
qualquer mancha de pecado leve que lhes impeça a visão de Deus face a face.

As almas no purgatório não podem acelerar o processo de sua purificação, pois são incapazes de
merecer algo (o período de méritos é somente a vida presente). Contudo, os cristãos na terra podem
ser-lhes úteis em virtude da comunhão dos santos (a comunhão dos bens sagrados), que une todos -
os membros da Igreja entre si, já que todos os fiéis – militantes, padecentes e triunfantes – formam
o Corpo de Cristo, os méritos de uns beneficiam os outros. Assim podem, os fiéis na terra satisfazer
pelas almas no purgatório. Os sufrágios aplicados às almas do purgatório fazem com que estas
sejam mais profundamente penetradas pelo amor de Deus, que nelas há de se consumir as
impurezas do pecado.

Todas as almas são beneficiadas pelos sufrágios da Igreja, não há alma abondonada.

Mais explicitamente: não se deve imaginar o purgatório como se fosse um cárcere onde se
encontrem prisioneiros de origens diversas; os que tem família numerosa e rica aí recebem mais
visitas e presentes, ou seja, passam melhor do que aqueles que pertencem a famílias pobres ou
negligentes. Não devemos crer que uma alma do purgatório pela qual ninguém reza – ou porque não
tem familiares na terra ou porque só tem familiares incrédulos ou pobres – é “uma alma
abandonada”, na verdade, ela está envolvida pela infinita misericórdia de Deus, à qual a Igreja
sempre eleva suas preces em favor de todos os que carecem (doentes, moribundos, viajantes,
crianças, almas do purgatório...).

Acontece, porém, que entre nós e as almas do purgatório há o dever de sufragar...

Como sufragar?
Evidentemente a Santa Missa, sendo o sacrifício da cruz perpetuado para beneficiar os homens
através dos séculos, é o meio mais eficaz para ajudarmos as almas do purgatório.

Os sufrágios podem ter efeito retroativo; aplicam-se aos fiéis na medida em que deles necessitem.
Se alguém reza por uma alma que já se acha na glória do céu, as suas preces beneficiarão a quem
ainda precise delas.

Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada
Escritura fala: “Eis porque ele (Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos
que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado (2Mc 12, 46)”.

Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos.

A Comunhão dos Santos


Os Três Estados da Igreja:
“Até que o Senhor venha em sua majestade e com Ele todos os anjos, e destruída a morte, todas as
coisas lhe forem sujeitas, alguns dentre os seus discípulos peregrinam na terra, outros, terminada
esta vida, são purificados enquanto que outros são glorificados, vendo claramente o próprio Deus
Trino e uno, assim como é”.
Todos, porém, em grau e modo diverso, participamos da mesma caridade de Deus e do próximo e
cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus.

Pois todos são de Cristo, tendo o seu Espírito, congregam-se em uma só Igreja e nele estão unidos
entre si.

“A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo, de maneira
alguma se interrompe; pelo contrário, segundo a fé perene da Igreja, vê-se fortalecida pela
comunicação dos bens espirituais”.

A Intercessão dos Santos


“Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com
mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai,
apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo
Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso
auxílio”.

“Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que
durante a minha vida (São Domingos moribundo a seus irmãos)”.

A Comunhão com os Santos


“Veneramos a memória dos habitantes do céu somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda mais
para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo exercício da caridade fraterna. Pois assim
como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o consórcio
com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte e cabeça emana toda a graça e a vida do
próprio Povo de Deus”.

Nós adoramos Cristo, filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos como discípulos e imitadores
do Senhor e, o que é justo, por causa da sua incomparável devoção pelo seu Rei e Mestre. Possamos
também nós sermos companheiros e condiscípulos seus.

A Comunhão com os Falecidos


“Reconhecendo esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os
tempos primitivos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos e, 'já que
é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados'
(2Mc 12, 46), também ofereceu sufrágios em favor deles. A nossa oração por eles pode não somente
ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós”.

Na Única Família de Deus


“Todos os que somos filhos de Deus e constituimos uma única família em Cristo, enquanto nos
comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor à Santíssima Trindade,
realizamos a vocação própria da Igreja”.

O culto dos Santos é uma variante da memória dos defuntos, mas em vez de se reunir a família no
luto, reune-se a Paróquia na Igreja local para admirar a obra que Deus realizou em seus Santos
(Cardeal Godfried Dannels).

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