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A Comunhão dos Santos

A comunhão dos Santos, nesta aula, fala sobre o significado profundo da expressão
"comunhão dos santos", da relacionalidade existente entre os que estão na Igreja padecente,
militante e triunfante e de como todos formam a única família de Deus.

Quando no Credo se afirma: "[..] na comunhão dos santos", não se está fazendo referência
somente àqueles santos que já foram canonizados, mas sim, de todos aqueles que foram
incorporados à Igreja de Cristo, membros do Corpo de Cristo. O Catecismo completa esse
raciocínio dizendo: "Que é a Igreja, se não a assembleia de todos os santos? A comunhão dos
santos é precisamente a Igreja."(946). Sendo a Igreja o Corpo de Cristo e sabendo que, de
maneira lógica, deve existir uma relacionalidade entre os membros desse Corpo (que são
todos os batizados), o Catecismo prossegue esclarecendo:

"Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros...
Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais
importante é Cristo, por ser a Cabeça... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os
membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja. Como esta Igreja é
governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam
necessariamente um fundo comum." (947).

A ideia de "comunhão" traz em si uma distinção e um relacionamento. No caso da "comunhão


dos santos", eles estão "intimamente interligados: comunhão nas coisas santas (sancta) e
comunhão entre as pessoas santas (sancti)." (948). O Cristianismo, nesse sentido, é bem
diferente das doutrinas orientais, os chamados "panteístas", para os quais "tudo é Deus",
assim, o homem nada mais é que uma gota d'água que um dia irá se transformar num grande
oceano. Para eles, as peripécias da gota d'água até o seu destino final são as reencarnações.
Porém, o que se tem, nesse caso, não é salvação, mas sim, perdição, pois, se um dia a gota (ser
humano) transformar-se no oceano (Deus), deixará de ser ela mesma, perdendo a sua
identidade, ela se perderá, pois deixará de existir. A fé católica ensina que a identidade pessoal
é preservada quando se entra em comunhão com Deus, a qual, por sua vez, propicia uma
comunhão com outros membros do Corpo de Cristo, que transforma os atos pessoais em atos
eclesiais. É possível, portanto, uma relacionalidade entre aqueles que estão vivos, no
purgatório e no céu, pois a morte não separa o homem do Corpo de Cristo. Na Carta aos
Romanos, São Paulo ensinou nesse sentido:

"Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados,
nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra
qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus,
nosso Senhor." (Romanos 8, 38-39)

A palavra "santo" pode significar aquelas pessoas que foram canonizadas pela Igreja e,
portanto, que estão no céu. Quando se fala em "comunhão dos santos", porém, o sentido que
se dá é aquele mesmo de São Paulo, ou seja, aqueles que foram incorporados ao Corpo de
Cristo, todos os batizados. O Catecismo explica como se dá a comunhão dos bens espitiruais.
Sobre a comunhão na fé, diz que ela não pode ser escondida, mas sim, difundida, e que todo
cristão tem a missão de evangelizar. É como São João, em sua primeira carta, afirmou:
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o
que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida -Porque
a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna,
que estava no Pai e que se nos manifestou -, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para
que também vós tenhais comunhão conosco." (1,1-3)

A comunhão dos sacramentos é uma realidade consoladora, pois usufruir dos sacramentos,
especialmente da Eucaristia, enriquece não apenas a pessoa que a recebe, mas toda a Igreja.
"O fruto de todos os sacramentos pertence a todos os fiéis", diz o Catecismo Romano.

Quanto à comunhão dos carismas, São Paulo ensina que eles são para o bem comum, para a
utilização de todos, diferentemente dos dons do Espírito Santos, o quais são dados
especificamente para a pessoa e só depois os outro recebem os benefícios desses dons. Os
carismas, conforme já foi dito, são dados para a comunidade por meio de uma pessoa. Em
seguida, o Catecismo elenca "punham tudo em comum", que representa a comunhão dos bens
dos fiéis, a partilha entre os irmãos. "O cristão é um administrador dos bens do Senhor",
portanto, como mero administrador, deve estar atento às necessidades dos irmãos e ser
generoso em supri-la.

Por fim, a comunhão da caridade, explicada pelo Catecismo com citações de São Paulo em seu
belíssimo hino acerca do amor, na Primeira Carta aos Coríntios, 13. E finaliza dizendo: "O
menor dos nossos atos praticados na caridade irradia em benefício de todos, nesta
solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos.
Todo pecado prejudica essa comunhão." (953)

Quanto à comunhão entre a Igreja do céu e a da terra, o Catecismo nos recorda que existem
três estados da Igreja. O primeiro é a igreja militante, que trata da realidade terrena, dessa
vida passageira que espera lutando pela volta do Senhor Jesus Cristo. O segundo é da chamada
Igreja padecente, formada por pessoas que estão sendo purificadas no purgatório. Por fim, a
igreja triunfante, formada por aqueles que já estão céu.

Os santos podem interceder do céu pois eles fazem parte do Corpo de Cristo, portanto,
enxergam a Igreja militante em Deus. O livro do Apocalipse fala das almas dos justos que
intercedem junto de Deus.

Existe também a realidade de que a Igreja militante pode interceder pela padecente, ou seja,
rezar pelas almas do Purgatório. A Lumen Gentium, sobre o tema, diz:

"Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja
terrestre, desde os tempos primievos da religião cristã venerou com grande piedade a
memória dos defuntos (...) e já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos
para que sejam perdoados de seus pecados, também ofereceu sufrágios em favor deles." (CIC
958)

Por fim, o Catecismo afirma que todos formam a única família de Deus, "... em Cristo,
enquanto nos comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor à
Santíssima Trindade, realizamos a vocação própria da Igreja." (959).

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