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Credo - Parte 2

Abrange do 6º ao 12º artigo!

Art. 6 “Jesus subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso”
“O ser humano encontra lugar em Deus” (Bento XVI)

Cristo, uma vez plenamente vitorioso pela Cruz, já ressuscitado e permitindo-se todos os
efeitos da União Hipostática na carne humana, sobe aos céus, na carne, à glória eterna a qual
lhe é própria. Por isso, “sentar-se à direita” segundo a linguagem de São Marcos, partilhando
da mesma majestade. Subsequentemente à Igreja professa a segunda vinda do Cristo, onde
no final dos tempos, como Ele próprio anuncia na parábola do joio e do trigo, da pesca e, ainda,
como diz diretamente no evangelho de São Mateus, retornará para julgar as almas e toda a
história.

Art. 7 “De onde há de julgar os vivos e os mortos”


“Deus não rejeita nenhuma alma; ela é que se rejeita a si própria. Cada uma é para si o próprio
tribunal.” (Jakob Bohme, místico)

Cristo julgará com o poder que adquiriu como Redentor do mundo, que veio para salvar os
homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como a conduta de cada um em
relação a Deus e ao próximo. Todo homem será repleto de vida ou condenado pela eternidade,
de acordo com suas obras. Assim se realizará "a plenitude de Cristo" (Ef 4,13), na qual "Deus
será tudo em todos" (1Cor 15,28). [Compêndio 135]

Nisto é necessário lembrarmos de 2 pontos distintos, o juízo particular, e o destino resultante


deste juízo, o juízo universal. O juízo particular consiste no julgamento de cada biografia
humana, ou seja, após a morte a alma se encontra nu diante de Deus, afinal, ela está diante de
toda a Verdade, ela conhece de forma angélica toda a natureza, a perversidade do pecado e a
sua própria autobiografia com total clareza. Uma vez que esse conhecimento é dado a alma,
fica completamente exposto a ela o estado em que ela morreu, se morreu na graça de Deus,
ela está em amizade com Deus, e assim através do espírito que habita em sua alma, ela possui
a vida divina (Zoé) que nos foi merecida por Cristo.

Do contrário, se a alma morreu em pecado mortal, ela rompeu sua amizade com Deus e, uma
vez fora do tempo e plenamente consciente do mal do pecado por ela desejado, odeia a Deus
em seu coração, portanto a presença de Deus, ao invés de conforto lhe trás um profundo
sofrimento, mas como ela não consegue livrar-se de Deus, porque Ele a enxerta na existência,
Deus para poupá-la retira toda a sua presença dessa alma, exceto a como Criador e
Fundamento de sua existência, a este estado desgraçado chamamos inferno. Às almas salvas
ainda podem ser possíveis dois estados, sendo um temporário e o outro eterno, o purgatório
(local de purificação) e o céu, estar diante do Absoluto, o Sumo bem.
O purgatório advém de uma necessidade teológica, uma vez que nada impuro entra diante do
trono de Deus, como nos dizem as escrituras. Assim sendo, é necessário que as almas que
não amaram a Deus plenamente nesta vida, purifiquem-se, não de seus pecados, mas das
consequências temporais deles. Por analogia, podemos usar uma ferida, estar aberta seria o
pecado, a hemorragia segue e corre-se o risco de morte, ao fechá-la no entanto, permanece a
cicatriz, as consequências temporais dessa ferida. O purgatório, portanto, não serve para se
purificar dos pecados, isso é feito pela confissão ainda em vida, mas para purificar-se das
consequências do pecado. Quanto à alma plenamente purificada, seja pela santidade de vida,
seja por uma indulgência plenária ou pelo purgatório, vive-se em estado de glória onde se vê a
Deus face a face, em plena perfeição e no aguardo do juízo universal e da ressurreição da
carne.

Art. 8 “Creio no Espírito Santo”


“Em Jesus Cristo, o próprio Deus fez-Se homem e permitiu-nos por assim dizer, lançar um olhar
na intimidade do próprio Deus. E ali vemos algo totalmente inesperado...O Deus misterioso não
constitui uma solidão infinita; Ele é um acontecimento de amor. ... Existe o Filho que fala com o
Pai. E ambos são um só no Espírito Santo que é, por assim dizer, a atmosfera do doar e do
amar, que faz deles um único Deus.” (Bento XVI)

Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima


Trindade, que procede do Pai e do Filho, e é "adorado e glorificado com o Pai e o Filho". O
Espírito foi "enviado aos nossos corações" (Gl 4,6) a fim de recebermos a nova vida de filhos
de Deus. [Compêndio CIC. 136]

Aqui a Igreja novamente professa a igual co-majestade do Espírito Santo, uma vez que o fato
Dele ser Deus com o Pai e o Filho fora questionada pelo arianismo e o macedonismo. Aqui a
Igreja universalmente professa que ele é Criador, como o pai e o filho, e santificador, pelo dizer
“dá a vida”, e procede do Pai e do Filho, (Filioque) inserido na versão latina do Credo para
reforçar a divindade do Espírito Santo e que Ele vem a nós, do Pai através do Filho. Ainda
indica que Ele foi o responsável pelos profetas, pelos evangelistas e etc. Uma vez que São
Pedro diz em sua primeira carta, “a escritura não é objeto de interpretação humana porque foi
por virtude do Espírito Santo, que homens falaram da parte de Deus”.

O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja. Espírito de Amor, ele dá aos batizados a
semelhança divina perdida por causa do pecado e os faz viver em Cristo a Vida mesma da
Trindade Santa. Manda-os testemunhar a Verdade de Cristo e os organiza nas suas mútuas
funções, a fim de que todos produzam "o fruto do Espírito" (Gl 5,22). [Compêndio CIC. 145]

Art. 9 “Creio na Santa Igreja Católica e na comunhão dos Santos”


“Amar Cristo e a Igreja: trata-se da mesma coisa” (Irmão Roger Schutz)

Neste é necessário discorrermos um pouco mais sobre o que chamamos eclesiologia, área da
teologia que estuda a Igreja, e o que significa essa fé na Igreja. Primeiro devemos definir o que
é Igreja: “Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os recantos da terra, para
constituir a assembleia dos que, pela fé e pelo Batismo, se tornam filhos de Deus, membros de
Cristo e templo do Espírito Santo.” (Compêndio CIC. 147). É através disto que somos capazes
de compreender o significado do que é dito no Símbolo Niceno, para maior didática seguirei da
ordem inversa, da última para a primeira característica.

● A Igreja é apostólica, ou seja, se baseia na Fé dos apóstolos, tudo que recebemos,


através deles é que recebemos.
A Igreja é apostólica por sua origem, estando edificada sobre o "alicerce dos Apóstolos (Ef
2,20); por seu ensinamento, que é o mesmo dos Apóstolos; por sua estrutura, porquanto
ensinada, santificada e dirigida, até a volta de Cristo, pelos Apóstolos, graças a seus
sucessores, os bispos em comunhão com o sucessor de Pedro. [Compêndio CIC. 174]

Nosso Senhor os enviou a todo o mundo para administrar seus sacramentos, que ainda não
possuíam esse nome mas já o eram, e pregar a boa nova. Os 12 apóstolos são a refundação
do povo de Deus da antiga aliança, assim como os 12 filhos de jacó deram origem ao povo de
Israel, os 12 apóstolos dão origem ao novo povo de Deus, a Igreja. Estes apóstolos,
percebendo o fim de sua vida, instituíram Bispos, seus sucessores, que seriam responsáveis
por proteger o povo de Deus; “Bispo” (em latim “episcopus)” vem do verbo grego “episkopein”,
que se atribui aos apóstolos e seus sucessores. Significa olhar, zelar, tomar conta dos que lhe
são entregues. Daí o substantivo “epíscopes”, que se atribui aos auxiliares e sucessores dos
apóstolos, cuja função era cuidar do rebanho de Cristo. Daí vem o termo “Bispo” ou
“Epískopos” (em grego).”

Os Bispos, portanto, são responsáveis por proteger a Fé apostólica, em outras palavras, a


Revelação Divina nos dada pelo próprio Cristo. Ademais, o segundo aspecto apostólico da
Igreja é a Sucessão apostólica, a sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento
da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos a seus sucessores, os Bispos. Graças a essa
transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao
longo dos séculos ordena, para a difusão do Reino de Cristo sobre a terra, todo o seu
apostolado. (Compêndio CIC. 176). Ela funciona como uma árvore genealógica que conecta
todo bispo validamente ordenado, a um dos doze apóstolos. Alguns exemplos de bispos
seriam, São Timóteo e São Tito a quem São Paulo escreve, ou ainda, Santo Inácio de
Antioquia e São Policarpo de Esmirna, ordenados por São João. Como nos diz mais este
trecho retirado do site da CNBB: “O Bispo é pois “sucessor dos apóstolos”. Há uma
“genealogia”, isto é, na ponta inicial da corrente ininterrupta de ordenações episcopais houve
um apóstolo que transmitiu o carisma apostólico ao sucessor.”

● A Igreja também é católica, universal.


Portanto contempla todos os lugares, em todos os tempos e a todos, que em uníssono,
proclamam a mesma fé, além do céu, do purgatório e da terra. Por isso ela é a “comunhão de
todos os batizados”, daí também deriva a profissão “confesso um só batismo” todos os que
estão unidos a Cristo, seja unido pela ordem da profissão de fé e da graça (Igreja Militante),
seja se purificando no purgatório (Igreja Padecente), seja na glória do Céu (Igreja Triunfante).
A Igreja é católica, ou seja, universal, porque nela está presente Cristo:
"Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica" (Santo Inácio de Antioquia):
Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; contém e administra a plenitude dos meios de
salvação; é enviada em missão a todos os povos, em qualquer tempo e a qualquer que seja a
cultura a que pertençam. [Compêndio CIC. 166]

● A Igreja também é Santa, primeiro e antes de tudo, porque é Santo seu fundador, o
próprio Deus vivo.
Assim como todos aqueles unidos a Ele, e que portanto cada um a seu modo, participa de sua
santidade. Nisto se forma o corpo místico de Cristo, cujo Cristo é a cabeça, a Videira, e nós os
membros ou ramos. Todo corpo recebe uma alma, algo que lhe dá vida (anima) o Espírito
Santo. Portanto devemos entender que a Igreja não erra em matéria de fé ou moral, ao analisar
o depósito da Fé e aplicá-lo e, ainda que seja composta de homens pecadores, é
absolutamente imaculada já que os homens, quando pecam, desobedecem ao Cristo Deus e
obviamente à sua Igreja. Portanto a fronteira de onde começa e termina a Igreja, é interna, não
externa. É a parte plenamente convertida e que participa plenamente da vontade de Deus, e a
parte não convertida que a Ele ofende em cada um de seus membros. Portanto, mesmo que
homens possam ter se utilizado do nome da Igreja para pecar, a culpa não pode ser atribuída a
ela, mas antes uma dupla culpa a seu membro pecador.

● E finalmente, a Igreja é Una.


Portanto, não existe nela qualquer divisão, a instituição histórica é uma só e mesma realidade
com a Igreja celeste, com a Igreja em diversos tempos e lugares e com o próprio Cristo, sua
cabeça. Todas as distinções que foram feitas são, portanto, formais. Assim como podemos
distinguir em uma árvore, por exemplo, qual parte é a copa, os galhos, as raízes, mas se trata
de um único ente, completo. Do mesmo modo, uma é só é a Igreja, mesmo possuindo vários
aspectos distintos em sua composição. Portanto a Igreja confessa: A única Igreja de Cristo,
como sociedade constituída e organizada no mundo subsiste (subsistit in) na Igreja católica,
governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele. Somente por meio
dela se pode obter a plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da
Nova Aliança ao único colégio apostólico, cujo chefe é Pedro. (Compêndio CIC. 162)

Art. 10 “Creio na remissão dos pecados”


“A confissão das más ações é o passo inicial para a prática de boas ações.” (Santo Agostinho)

O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados do


Batismo. Para os pecados cometidos depois do Batismo, Cristo instituiu o sacramento da
Reconciliação ou Penitência, por meio do qual batizado se reconcilia com Deus e com a Igreja.

Portanto:

A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados porque o próprio Cristo lhe conferiu:
"Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os
retiverdes, ficarão retidos” (Jo 20,22-23).
Art. 11 “Creio na ressurreição da carne”
“Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal,
ressuscitarão para a condenação” (Jo 5, 29)

O juízo universal trata justamente da segunda vinda, onde os séculos se desfarão em cinzas
(recomendo a leitura do Dies Iræ) onde os corpos dos santos serão ressuscitados, e reunidos
às suas almas, assim como dos condenados, os primeiros ressuscitarão à imagem e
semelhança de Cristo, glorificados e aos últimos será transmitido ao corpo todas as
consequências e alterações causadas na alma pelos pecados. Após isso Cristo julgará toda a
história, conjunto de todas essas biografias, e imputará os resultados de suas ações
cronologicamente, tanto os méritos como deméritos. Além disso, julgará também os vivos, já
que prometeu que as portas do inferno jamais prevalecerão sobre a Igreja e que conosco
estaria até o final dos tempos. Isso, somado ao descrito em Apocalipse, confirma que haverão
pessoas ainda vivas no fim dos tempos e que, portanto serão julgadas nesse mesmo juízo
universal (de tudo, e todos), já aqueles que já foram julgados apenas irão referendar suas
sentenças eternas e receber as respectivas consequências de suas ações.

O termo carne designa o homem na sua condição de fraqueza e de mortalidade. "A carne é o
eixo da salvação" (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus criador da carne; cremos no
Verbo feito carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne, consumação da
criação e da redenção da carne. (Compêndio CIC. 202)

Art. 12 “Creio na vida eterna”


“Não morro; entro na vida.” (Santa Teresa de Lisieux)

A vida eterna é a Zoé, que nos foi merecida por Cristo na cruz, comunicada aos mortos e, após
a ressurreição, comunicada aos vivos pelo Espírito Santo. Nós a recebemos pela união na
graça, pela inabitação trinitária, Deus nos dá a participar de sua vida, que será plenamente
manifestada logo depois da morte. Ela não terá fim.

“Bom Pastor, pão de verdade, piedade, Jesus, piedade, conservai-nos na unidade, façai-nos
contemplar o bem supremo na terra dos vivos” (Sequência de corpus christi)

● A palavra hebraica “Amen”, que conclui também o último livro da Sagrada Escritura,
algumas orações do Novo Testamento e as da liturgia da Igreja, significa o nosso "sim"
confiante e total ao que professamos crer, confiando-nos totalmente naquele que é o
"Amém" definitivo: Cristo Senhor. (Ap 3,14) [Compêndio CIC. 217]
YouCat
● Julgamento
○ 111 e 112
● Espírito Santo
○ 113
● Igreja
○ 129 (“Porque só pode haver uma Igreja”)
○ 132, 133 e 137
● Comunhão dos Santos
○ 146
● Remissão dos Pecados
○ 150
● Ressurreição da carne
○ 152, 153
● Vida eterna
○ 156, 157
○ Céu, Purgatório e Inferno
■ 158, 159, 161, 162

Bibliografia Complementar
● Como entender que a Igreja não erra? (I) (8 min)
● Como entender que a Igreja não erra? (II) (12 min)
● 48 - A Resposta Católica: Fim dos tempos (8 min)
● Como saber se um fato pertence à Tradição? (8 min)
● Desde quando a Igreja começou a usar o nome de “católica”? (8 min)
● Podemos dizer que a Igreja é uma “casta prostituta”? (8 min)
● DIES IRAE (TRADUÇÃO) - Músicas Católicas - LETRAS.MUS.BR (belíssima
imaginação do Julgamento Final)
● https://youtu.be/8vZQ_0tWaYg?si=Wuo6kW4IJcBMhzeN (“Anasteseos Imera”, música
sobre a Ressurreição e a Vida Eterna)

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