Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estudos Da Literatura Portuguesa PDF
Estudos Da Literatura Portuguesa PDF
PORTUGUESA
ESTUDO DA
LITERATURA
PORTUGUESA
1
SOMESB
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.
Estudo
daLiteratura Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira
Portuguesa Vice-Presidente ♦ William Oliveira
Superintendente Administrativo e
Financeiro ♦ Samuel Soares
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Germano Tabacof
Superintendente de Desenvolvimento e>>
Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância
Diretor Geral ♦ Reinaldo de Oliveira Borba
Diretor Acadêmico ♦ Roberto Frederico Merhy
Diretor de Tecnologia ♦ Jean Carlo Nerone
Diretor Administrativo e Financeiro ♦ André Portnoi
Gerente Acadêmico ♦ Ronaldo Costa
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Gerente de Suporte Tecnológico ♦ Luís Carlos Nogueira Abbehusen
Coord. de Softwares e Sistemas ♦ Romulo Augusto Merhy
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Osmane Chaves
Coord. de Produção de Material Didático ♦ João Jacomel
♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Coordenação de Curso ♦ Jussiara Gonçalves
Autores (as) ♦ Nildete Costa da Mata dos Reis / Celina Abbade
Supervisão ♦ Ana Paula Amorim
♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos
Equipe ♦ Ana Carolina Alves, Cefas Gomes, Delmara Brito,
Diego Maia, Fábio Gonçalves, Francisco França Júnior,
Hermínio Filho, Israel Dantas e Mariucha Ponte
Editoração ♦ Diego Maia
Ilustração ♦ Mariucha Silveira Ponte/Francisco França Júnior
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
2
Sumário
A LITERATURA PORTUGUESA DA
IDADE MÉDIA AO ARCADISMO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
DO ROMANTISMO À LITERATURA
CONTEMPORÂNEA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39
3
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
O MODERNISMO PORTUGUÊS E A
LITERATURA CONTEMPORÂNEA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 61
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 73
Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 80
Referências Bibliográficas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 83
4
Apresentação da Disciplina
Apresentamos, neste Módulo, uma visão geral da Literatura Portuguesa.
O espírito que norteou nosso trabalho foi o de elaborar um material sério,
consistente e agradável, que servirá como ponto de partida para o estudo da
Historiografia Literária de Portugal.
Quanto à apresentação dos assuntos, partimos do conceito de Estilo de
Época para estudar cada momento literário, no contexto em que foi produzido e
difundido, visando que vocês, alunos, possam desenvolver, através desse
aprendizado, um espírito crítico em relação à literatura em questão. A opção por
esta divisão tem um cunho didático e funciona como uma síntese. É impossível
abarcarmos todo o conhecimento acerca de tudo o que chamamos de Literatura
Portuguesa, porém, esperamos que o conteúdo disponibilizado aqui funcione
como o início de uma longa e apaixonante viagem literária.
Longe de ser a única possibilidade de trabalho, este Módulo é um
instrumento que, utilizado como base de estudo, certamente contribuirá para
promover a reflexão e a autonomia do seu aprendizado. Como o ensino de literatura
deve estar sempre intimamente articulado com a leitura e a escrita, sugerimos
que vocês, educandos, promovam momentos de leitura dos livros mencionados
e elaborem resenhas dos capítulos estudados, procurando relacionar o conteúdo
dos textos a outras fontes de pesquisas, como a Internet, filmes, etc. E, se possível,
socializando essa reflexão com alguns de seus colegas através de e-mails e
chats.
O material está organizado em 2 Blocos temáticos, subdividido em 4 Temas
e estes apresentados em 16 Conteúdos, nomeados de acordo com os assuntos
e objetivos abordados. No Bloco 01, estudaremos desde a origem da Literatura
em Língua Portuguesa ao Arcadismo. No Bloco 02, veremos o período que
chamamos de “Romântico” até o que denominamos “Tendências
contemporâneas”. No final de cada Tema acrescentamos questões para fixação
dos assuntos estudados. Todas as atividades didático-pedagógicas deste Módulo
partem da leitura do material impresso e da sua complementação virtual,
disponível na home-page.
Esperamos que este material vá ao encontro das atuais necessidades do
curso e do aprendizado sobre a literatura lusa.
5
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
6
A LITERATURA PORTUGUESA DA IDADE
MÉDIA AO ARCADISMO
O CONDADO PORTUCALENSE
¹
Casamentos Reais:
URRACA – Filha legítima e herdeira do trono casa-se com o conde Raimundo de Borgonha e recebe a região da Galícia.
D. TAREJA – Filha ilegítima, casa-se com D. Henrique de Borgonha (primo do conde Raimundo de Borgonha) e recebe a região
denominada de Condado Portucalense, que abrange a área entre o Minho e o Tejo.
²
História Social da Literatura Portuguesa
7
Temos, portanto, uma organização social fechada, que é reiterada pelo
espírito teocêntrico. A Igreja, rica senhora feudal, além de ensinar os mistérios
da fé nas freqüentes missas e/ou em outras cerimônias religiosas, como as
Estudo
peregrinações ou romarias, era também responsável pela difusão da educação
da Literatura – o centro da instituição pública se localizava nas catedrais ou nas escolas
Portuguesa episcopais, nos conventos e mosteiros. Mediante a esse contexto, as grandes
massas adquiriam conhecimentos teóricos e práticos transmitidos por via oral.
Tradições populares, romances, sermões e provérbios tinham papel importante na formação
dos indivíduos, fato observado desde o reinado de Sancho I, filho de Afonso Henrique.
Nas feiras circulavam a literatura oral, sendo divulgada por meio dos jograis,
recitadores, cantores e músicos andarilhos. A poesia e a música estavam sempre ligadas,
o trovador compunha o poema que era cantado pelo jogral, que percorria todo o reino,
inclusive as peregrinações religiosas e as festas palacianas, acompanhado pelo menestrel,
músico agregado a uma corte.
A Literatura
De um modo geral pode dizer-se que apesar da Literatura portugue-sa ter expressão
literária em todos os gêneros, predomina o lirismo em todas as suas formas até na épica,
características aparentemente dominantes no temperamento nacional.
A primeira forma das literaturas ocidentais é a poesia e é oral: e compilada de forma
escrita posteriormente, transcritos os poemas de memória. O verso com ritmo e rima é
mais fácil de memorizar e sobreviveu até ser registrado, o que não aconteceu com as estórias
que necessariamente existiram e poderiam ter caráter literário também.
A história da poesia moderna ocidental inicia-se com a poesia cavalheiresca da
Idade Média. Depois de um período de três séculos em que a poesia provinha exclusivamente
de monastérios, e tinha a religião como tema, a poesia cavalheiresca, em pleno teocentrismo
medieval, tem como objeto o profano, o homem e os seus sentimentos, principalmente o
amor.
O lirismo provençal irradiou-se por toda a Europa meridional e não se compreenderia
Petrarca e Dante sem ela como antecedente. É proveniente de Provença, região ao sul da
França que tinha muita riqueza devido ao próspero comércio com a bacia mediterrânea e o
norte de África de Massília, cidade fundada pelos romanos. Ali dominava a língua d’oc,
doce e rica, enquanto no norte da Gália se falava a língua d’oil, rústica e veemente, que vem
a ser usada na prosa. Prosa essa que influenciará também as outras literaturas do mundo
ocidental com os romances do ciclo Bretão (rei Artur) e com as novelas do ciclo carolíngio
(Carlos Magno e a demanda do Cálice Sagrado).
Os provençais foram, portanto, os mestres e iniciadores da poesia européia moderna.
Como sua influência aconteceu em Portugal:
1 - Casamento dos três primeiros reis de Portugal com princesas do sul da Gália,
que traziam em seu séquito jograis e trovadores.
2 - A primeira dinastia é chamada de Borgonha porque foi fundada pelo conde de
Borgonha e foi toda ligada à França.
8
3 - As romarias aos santuários famosos como o de Santiago de Compostela. O
canto, a poesia e o drama litúrgico eram os meios com que o clero fomentava o interesse e
a participação do povo. Esses foram evoluindo e expulsos para os adros. Vinham romeiros
de França com seus cantares característicos. Nos santuários, vários povos confraternizavam
culturalmente.
4 - O intercâmbio de várias espécies entre portugueses e provençais: relações
comerciais, vida comum entre os cruzados, as viagens dos cruzados lusitanos, etc.
!
namorados. Os poetas trovadores mostram uma ampla experiência que a sua vida
sentimental variada lhes proporcionou. Nas canções de amigo, de origem local, o amor não
é experiência idílica, platônica, ela é realista, física.
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: O SÉTIMO SELO (Det Sjunde Inseglet, Suécia, 1957)
9
1ª Época Medieval
A POESIA LÍRICA GALEGO-PORTUGUESA
Estudo
daLiteratura O nascimento da produção literária portuguesa
Portuguesa acontece quase simultaneamente à formação da nação
lusa. Apesar de seus primeiros representantes serem
todos ligados à corte, não devemos atribuir à primeira fase da
Literatura Portuguesa, a da lírica dos trovadores – também conhecida
como poesia lírica galego-portuguesa –, um caráter nacional. É
necessário considerar que as fronteiras políticas e culturais na
Península Ibérica, nesse período, eram muito flexíveis, pois os laços
matrimoniais entre os nobres de diferentes cortes eram comuns, fato
que favorecia a sua circulação.
Embora este período seja de grande atividade poética, entra em declínio com a morte
de Afonso X e, mesmo ainda existindo trovadores importantes, é a corte de D. Dinis que
passa a ser o centro dos trovadores, sendo ele próprio um grande poeta, mas faltou em sua
corte um movimento poético que envolvesse a todos, como na geração anterior. Com a
10
morte de D. Dinis poderíamos pensar no fim do lirismo trovadoresco, no entanto documentos
comprovam ter existido, ainda, uma pequena atividade poética patrocinada por seu filho Pedro.
Uma poesia com influência Provençal e/ou uma poesia de caráter popular?
“
fin’amors mais tarde conhecido como o “amor cortês”.
Esse código possivelmente tenha chegado filtrado em Portugal e na Espanha devido
à religiosidade vigente, pois Provença era considerada a corte da luxúria e a poesia
considerada demasiadamente erótica.
E foi esta a poesia difundida por toda a Europa Ocidental, em diferentes proporções,
a depender da região. O norte da Itália e a Catalunha, por estarem mais próximas e possuírem
costumes parecidos aos da região Provençal, receberam uma influência mais direta,
enquanto a Península Ibérica teve uma influência filtrada e menor.
Os Cancioneiros
11
Cancioneiro da Biblioteca Nacional; é o mais completo.
Contém a “Arte de Trovar”, tratado poético que possui instruções para os
leitores quanto a arte de compor trovas.
Estudo Por falta de registros suficientes, não há como ter uma
daLiteratura melhor compreensão do período dos trovadores. Inicialmente,
Portuguesa por ser uma poesia destinada à oralidade, e esse motivo
tornava desnecessário um registro escrito, e também pelo
não reconhecimento da importância de conservá-la. Acredita-
se ter havido uma divulgação escrita dessas cantigas, porém
em pequeno número.
Gêneros principais da poesia trovadoresca
Cantiga de amor
O homem canta o seu amor à amada, sendo ela uma dama da alta nobreza e ele de
classe inferior. De origem provençal, embora tenha perdido um pouco da variação das formas
e da riqueza de expressão desta poesia. Isso porque, como já vimos, sofreu algumas
modificações para se adequar a Península Ibérica. Um outro fator que indica diferença dessa
cantiga de uma região para outra é que, enquanto na Provençal o amante nutre um desejo
de recompensa por parte da amada e ele vive com alegria esse amor platônico; o amante
da poesia galego-portuguesa se torna um coitado, vítima de um amor inacessível que só
traz lamento e desilusões e amar é um grande pesar que culmina com o desejo da morte.
Quanto à estrutura e regras formais, podemos dizer que embora a lírica galego-
portuguesa não tenha desenvolvido tantos estilos como a Provençal, ela manifesta uma
grande preocupação formal. As cantigas eram classificadas em dois tipos: cantigas de
refrão e cantigas de mestria (sem refrão), e os trovadores utilizavam alguns recursos
estilísticos para darem acabamento formal as suas cantigas.
Cantigas de amigo
12
Muitos estudiosos, ao se depararem com essas cantigas, se deslumbram não só
por seu caráter inovador, mas, principalmente, por pensarem estar diante de uma poesia
puramente popular. A origem dessa poesia pode ser explicada como sendo uma poesia
feminina pré-trovadoresca, o que é reforçado pelos materiais encontrados. Isso nos leva a
crer que inicialmente esse tipo de cantiga tradicional não encontrou lugar entre os nobres,
embora eles tenham com certeza apreendido um pouco do gênero. Mas não podemos
esquecer que os textos das cantigas que possuímos são obras de poetas conhecidos, dentro
de uma poética aristocrática.
“
Antes de tudo, é necessário estabelecer uma pequena diferença entre esses dois
tipos de cantiga. As cantigas de escárnio o trovador usa termos ambíguos que dificultam a
compreensão imediata dos insultos, enquanto nas de maldizer o poeta usa palavras violentas
e diretas.
REFLITA
Devido à linguagem utilizada e por tratar de temas obscenos, parece ser um gênero
totalmente distante dos demais, no entanto, se fizermos uma analise mais minuciosa veremos
que elas estão ligadas a começar pelos autores, são os mesmos das de amor e de amigo
e, sobretudo, pela capacidade desse gênero em incidir nos demais, parodiando-os.
Um outro tipo de poesia é a Mariana, que existiu no século XIII, que são cantigas
de Santa Maria. Por apresentarem temas e reflexões mais amplas e possuírem mais poesias
narrativas que de louvor à virgem, muitos autores não as consideram quando analisam a
poesia galego-portuguesa, todavia não se podem ignorar as pontes que ligam esse gênero
aos demais. O primeiro é o fato de ela ser escrita em galego-português e também ser
composta como uma unidade de música e poesia. Sem contar os traços líricos e satíricos
encontrados em algumas dessas cantigas.
Para concluir, é preciso ressaltar que, embora as inúmeras críticas feitas à poesia
galego-portuguesa, muitas vezes vista como um ramo da poesia Provençal, é incontestável
sua importância para a formação de uma nova geração poética, que muito influenciou na
poesia procedente. Além de retratar a sociedade da época de uma forma inovadora e de
vários ângulos sociais – a corte através das cantigas de amor, o ambiente mais simples e
campestre do povo com as cantigas de amigo e ainda uma crítica cômica de todo o sistema
social com as cantigas de escárnio e maldizer.
13
A Novela de Cavalaria
A Demanda do Santo Graal
Estudo
daLiteratura Considerada pelos estudiosos como um dos assuntos mais espinhosos
Portuguesa da literatura medieval, devido a enorme quantidade de textos e as inúmeras
versões de uma mesma obra, a “matéria da Bretanha” é também um dos temas
fascinantes do medievo, embora não seja nada fácil estudar esse período. Muitas vezes é
necessário que o especialista recorra a um trabalho arqueológico e filológico das obras
existentes para esclarecer datas, local de origem, etc.
O primeiro nó a desatar é quanto à originalidade da demanda
portuguesa. O único documento existente é o códice 2594 da
Biblioteca Nacional de Viena que é, na verdade, uma tradução de
um outro original, possivelmente francês, cujo paradeiro é
desconhecido. Um outro impasse é ter surgido nesta mesma época
(1400-1438) uma outra versão castelhana do mesmo texto. Isso
deu margem a inúmeras discussões acerca da prioridade de uma
sobre a outra. Mas estudos feitos por Rodrigues Lapa e D. Carolina
Michaeles de Vasconcelos demonstrou ser Portugal o responsável
pela tradução e adaptação da obra.
Vendo por este ângulo, parece impossível a junção desses dois temas, no entanto
temos textos históricos que traçam todo o caminho percorrido desde a primeira descrição
dos feitos do Rei Artur, com Nennius, até a união desses dois temas com Chrétien Troyes
na obra Perceval ou le conte du Graal em que o autor vai além dos episódios amorosos,
mergulhando em um universo místico, embora sem caracteres cristãos, é, com certeza, a
partir daí que se dá a cristianização desse material.
14
Se razões históricas e textuais explicam os laços entre o Graal e o Rei Artur, as
afinidades temáticas parecem mais eloqüentes. A vida do rei Artur é totalmente envolvida
pela magia de Merlin e pela proteção das fadas, pois foi ele gerado por meio da magia e
mesmo depois de morto foi levado pela fada Morgana à ilha de Avalon. E o povo ficou a
esperar messianicamente a volta de Artur. Percebemos nitidamente a presença marcante
do misticismo não somente na vida do rei como também na vida do reino. São pormenores
que acrescentaram á biografia de Artur aquele halo espiritual responsável pela mitificação
da lenda.
15
que a época nos legou no campo da ficção. Quanto à estrutura, podemos
dizer terem sido feitas em forma de novelas, o que permitia estruturar os
capítulos em contos independentes, com significado próprio.
Estudo
daLiteratura Um dos pontos mais importante, quando analisamos a Demanda, é
Portuguesa percebermos a influência da Igreja na sociedade da época. O remorso e a
expiação estão sempre presentes na vida dos cavaleiros. Na figura da “Besta
Ladrador” temos uma amostra da punição para aqueles que cometerem o crime do perjúrio,
considerado pecado mortal. Sendo o juramento uma condição para ingressar na santa busca.
Uma outra condição é não levar mulher na viagem, sob pena de, também, cometer pecado
mortal. Pela proibição e a pena imposta, aqueles que desobedecessem – não conseguiriam
chegar ao Graal –, percebemos que a Igreja não via com bons olhos a liberdade amorosa
cantada pelos trovadores e embalada pela fértil imaginação dos celtas.
Pobre de Lancelot, que embora seja considerado o cavaleiro
mais valente da corte arturiana é também o mais pecador. Como se
não bastasse ser o pai bastardo de Galaaz, apaixonou-se pela
esposa do rei Artur, cometendo pecado duplo: adultério e traição, o
que vai contra a moral da Igreja e a ética da cavalaria. Apesar de
conhecedor da sua enorme culpa e de padecer com o remorso que
ela lhe causa, Lancelot não consegue deixar de amá-la e só a
abandona depois que ela morre. Isso retrata a dualidade vivida por
Lancelot, de um lado o amor forte e inabalável pela rainha; do outro,
o respeito, a admiração e a amizade por Artur, que apesar de tudo,
ele continuava cultivando. Acontecimentos que o afasta das honrarias
as quais os outros cavaleiros participam e, inclusive, da possibilidade
de alcançar a conquista do Graal.
É nesse contexto que surge Galaaz como o “cavaleiro eleito”, “o puro dos puros”
porque nunca pecou contra a castidade, passando, assim, a simbolizar um novo Cristo, que
com a conquista do Graal salvaria o reino do pecado e implantaria a tão sonhada paz.
Mesmo com todos esses méritos, Galaaz não está livre da tentação, e como Jesus, foi
levado ao “deserto” para ser tentado pelo Diabo, aqui simbolizado pela mulher: durante a
noite Galaaz estava deitado quando a filha do rei penetra no seu quarto, porém ela o encontra
usando um cinto de castidade e vendo seus planos frustrados, a donzela ameaça matar-se.
Ele, desesperado, cede, mas já era tarde e ela havia morrido, mesmo assim ele foi
consolado e eximido de culpa por Boorz. Esse episódio prova que nem mesmo Galaaz, o
“
escolhido, pode se descuidar e deixa claro as muitas provações encontradas pelos
cavaleiros. Todavia pensava-se que quanto mais difíceis os obstáculos, maiores as chances
de purificação e mais eminente o perdão de Deus.
A época é de conturbada polaridade; Deus e o Diabo estão como que lado a lado,
com apelos igualmente sedutores; a Igreja e a cavalaria encontram na guerra santa e no
monge guerreiro uma forma de minimizar suas diferenças e, na literatura, o erotismo
trovadoresco e combatido pelas hagiografias sobre a vida de santos e mártires. Divididos
entre a oração e o pecado, o homem medieval vê nas cruzadas uma forma de adquirir o
perdão divino. Se confrontarmos essa realidade com a realidade dos Cavaleiros da Távola
Redonda e a Demanda perceberemos uma grande afinidade entre ambas, pois as aventuras
16
existentes na busca do Graal eram formas de peregrinação. Sendo que na Demanda a
fantasia e a realidade se misturam, a ponto de não discernimos os limites entre esses dois
mundos.
!
literário da Idade Média, pois além de ser uma obra coesa e extraordinariamente bem
estruturada, ela também retoma elementos de crença heterodoxas, não para puni-los ou
cerceá-los, mas para revê-los e até absorvê-los, segundo os dogmas da Igreja.
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: EXCALIBUR (Excalibur, inglaterra, 1981)
2ª Época Medieval
As manifestações literárias da primeira época medieval caracterizavam-se pelo
predomínio da oralidade e, por esta razão, as cantigas trovadorescas tiveram maior destaque.
O século XV, segunda época medieval, representa um momento de transição entre a literatura
trovadoresca e o Renascimento do século XVI, é quando a prosa e o teatro ganham o primeiro
plano. É um dos períodos mais dinâmicos da história portuguesa, pois, nesse século, além
de aumentar seus domínios, Portugal mostra para a Europa a força da coesão moral de um
povo solidário e fiel ao seu rei e uma unidade política inviolável, até então desconhecida.
A prosa doutrinal encontra na família de Avis expoentes notáveis no séc. XV: O Livro
da Montaria de D. João I, sobre a arte e os prazeres da caça; A Ensinança de Bem Cavalgar
Toda a Sela e Leal Conselheiro, sobre a arte de montar e sobre a ética e a prática da vida
quotidiana, respectivamente, de D. Duarte; e Virtuosa Benfeitoria, adaptação de Séneca
sobre os benefícios dos nobres, do Infante D. Pedro.
17
O gosto dos desportos
Estudo
daLiteratura Desde os meados do século XIV, a escola trovadoresca em Portugal,
Portuguesa assim como o exercício da poesia, da imaginação e da sensibilidade começou
a ser substituído pela cultura da força física. É Afonso IV que inicia
ostensivamente o predomínio do corpo sobre o espírito. Eram muitos os exercícios praticados
naquela época, dentre os mais apreciados estavam as caçadas, a montaria, sem contar as
lutas, os torneios, as justas, etc. Por conta dessa mudança no gosto da sociedade é que
surgiu uma literatura que refletia as preocupações dominantes da época. Um bom exemplo
é D. Fernando, ele trazia a casa cheia de falcões e encarregou seu falcoeiro Pero Menino
de elaborar um tratado de mezinas para aplicar às doenças que atacavam os falcões. Este
livro, entre outros semelhantes, tem reduzido valor literário; o que não acontece com o Livro
da Montaria, de D. João I, considerado um valioso documento da literatura desportiva
portuguesa.
O Leal Conselheiro
Devemos a primeira edição deste livro aos esforços de dois portugueses, moradores
de Paris: o visconde de Santarém e José Inácio Roquette, o conhecido dicionarista. Não
tendo unidade de tempo nem de pensamento: é um tratado de recopilação enciclopédica,
que versa as disciplinas mais variadas. D.Duarte, espírito exatíssimo, profundo observador,
adquiriu cedo o costume de tomar apontamentos por escrito. Não confiava na memória. O
livro era dedicado a sua esposa, a rainha, e tinha, como o título indica, um fim educativo, era
como que um guia de moral caseira.
O estilo de D. Duarte
18
desejo de se aproximar ao máximo do original e é este empenho de tradutor que dá ao seu
estilo um caráter arrevesado e truncado, pois limitava-se a aplicar a sintaxe latina na frase
portuguesa.
a) Crônica de D. Pedro
Esta crônica abrange os dez anos de reinado de D. Pedro (1357 a 1367). É constituída
por um prólogo e quarenta e quatro capítulos. Tal como fez para as restantes crônicas,
Fernão Lopes apoiou-se em fontes narrativas e diplomáticas, como é o caso dos documentos
dos livros da chancelaria de D. Pedro.
História e mito tendem a se confundir no imaginário advindo do episódio que envolve
Inês de Castro e seu amante, o futuro rei de Portugal D. Pedro, filho de D. Afonso IV. Os
primeiros textos de que se tem notícia a enfocar o drama do “Romeu e Julieta português”
(nas palavras de Alexandra MARTINS) são de Fernão LOPES (1380?-1460?), cronista que
conduz a historiografia lusitana a novas perspectivas, ao filtrar as lendas dos fatos.
b) Crônica de D. Fernando
Esta crônica foi, provavelmente, redigida por volta de 1436. É constituída por um
prólogo e cento e setenta e oito capítulos. Começa por relatar as peripécias de pouco
depois da morte de D. Pedro, em março de 1367 e finda também pouco depois da morte
de D. Fernando. Os últimos seis capítulos são de grande interesse, pois retratam a reação
do povo e de uma parte da nobreza, quando D. Leonor Teles se torna regente do Reino,
substituindo a sua filha D. Beatriz, rainha de Castela.
19
O CANCIONEIRO GERAL
A moda de colecionar a poesia cortesã viera da Espanha, pois lá, a vida cortesã e
galante começou mais cedo do que em Portugal, graças ao favor de reis como D. João II,
grande agasalhador de poetas. O que resultou, na segunda metade do século XVI, um
acusado predomínio da cultura e da língua castelhanas. Não é, pois, de se admirar que
topemos no Cancioneiro de Resende com numerosas composições em castelhano, e este
hispanismo continuará pelo século de Quinhentos, favorecido já agora pela hegemonia política
de Espanha. Mas, acentuar-se, a maior e melhor parte do Cancioneiro está em língua
portuguesa.
20
Mas o amor adquire aspectos novos, torna-se mais natural e mais atrevido. A dama
aparece em acordo com a realidade e as relações afetivas são incrementadas por um
toque de ardência sensual. Havia, pois, um conflito aberto entre as duas concepções do
amor: a tradicional, platônica, e aquela que já se respirava na atmosfera cálida e sensual da
renascença.
A corrente satírica
Dantismo e petrarquismo
O espírito clássico
21
Esse mesmo espírito clássico provocou algumas tentativas falhadas
de poesia épica. O ar andava, já então, carregado de inspirações heróicas.
Simplesmente, ainda não chegara o tempo e o poeta que as havia de
Estudo
condensarem estrofes imortais. Um poeta de então, Luís Henriques, exercitara
da Literatura o verso maior em assuntos graves. Nem todos, porém, se deixaram ir nessa
Portuguesa corrente. E um pequeno grupo de poetas, tocado de espírito horaciano,
cultivando o conceito filosófico da mediania dourada, começou a reagir à
!
margem do bulício do palácio, contra as ambições do tempo. Esse pequeno núcleo aparece
representado no Cancioneiro por Diogo de Melo, Nuno Pereira e João Roiz de Castelo
Branco.
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: 1492 - A CONQUISTA DO PARAÍSO
(1492: Conquest of Paradise, ESP/FRA/ING, 1992)
DIREÇÃO: Ridley Scott
ELENCO:Gérard Depardieu, Sigourney Weaver, Armand Assante,
Ângela Molina, Fernando Rey, Tcheky Kario, 150 min, Vídeo Arte.
! 22
Atividades
Complementares
2. Além de colocar nas mãos de Deus a possibilidade de ser feliz, o poeta atribui a
Ele a responsabilidade pela beleza da mulher. Que fragmento da cantiga expressa a
segunda idéia?
23
Estudo
3. O eu-lírico é masculino e tem um desejo.
a) O que ele pede?
daLiteratura
Portuguesa
b) A quem ele dirige seus pedidos?
c) Se os pedidos não puderem ser atendidos, qual é a solução entrevista pelo eu-
lírico?
24
DO TEATRO PORTUGUÊS AO ARCADISMO
Didaticamente, pode-se dividir em fazes o teatro vicentino. Temos três fazes principais:
25
Suas peças estão classificadas em obras de devoção, comédias,
tragicomédias, farsas e obras miúdas, como monólogos e paráfrases de
salmos e apresentam a seguinte divisão:
Estudo
daLiteratura Os Autos: são composições religiosas, pastoris, nos quais se nota a
Portuguesa influência do teatro pastoril de João de Encima, dramaturgo espanhol. São
peças de temática devota e moral, alegórica, que refletem os valores do mundo
medieval.
As farsas: preservam a mesma estrutura dos autos, traçando, porém, uma caricatura
contra os maus costumes, apresentando uma crítica social contundente, mordaz, carregada
de alusões pessoais. De caráter pedagógico moral, há uma longa tradição na farsa medieval
sobre o tema do adultério feminino.
RESUMINDO...
Primeira fase: 1890 a 1198-1434
26
inaugurado pelo regime absolutista da dinastia de Avis foi a prosa doutrinária, direcionada
para a educação da realeza e da fidalguia, com o sentido de orientá-la no convívio social e
no adestramento físico.
Classicismo
O Renascimento e a Lírica Camoniana
Humanismo
Valorização da antiguidade
Contenção lírica
Locus Amoenus
Carpe Diem
Verossimilhança
Ausência de Conflitos
27
“
VOCÊ SABIA QUE...
Platão, Petrarca, Horácio, Virgílio entre outros do clássico grego e romano, assim
como todo o Renascimento, pulsam na poesia de Camões, mas, dentre todas as influências
recebidas, Platão é considerado a principal, pois foi nas passagens da doutrina Platoniana
que Camões soube ver uma forma de investigar as relações da palavra com seu referente,
fazendo dele um exímio “manipulador” das mesmas.
[...]
Que alma é tábua rasa
Que com escrita doutrina
Celeste tanto imagina.
Que voa da própria casa
E sove a pátria divina [...]
Infelizmente, dizem alguns estudiosos, que alguns sonetos que a ele são atribuídos,
não são realmente de sua autoria, como por exemplo, um dos mais lidos e apreciados por
seu lirismo de beleza universal:
28
RESUMINDO...
Barroco
Dois fatos importantes ocorridos em 1580, quando se inicia
o Barroco em Portugal, marcam a vida cultural e política do país, a
morte de Camões e a de D. Sebastião na batalha de Alcácer-
Quibir na África. Com o desaparecimento do rei, o trono português
é passado para Felipe II, da Espanha, sendo Portugal anexado à
Espanha e permanecendo sob seu domínio durante 60 anos.
1
MOISES, Massaud. A literatura portuguesa, 3a edição, São Paulo: Cultrix, 1990.
29
A estética barroca procurava sintetizar a visão de mundo medieval de
base teocêntrica e a ideologia clássica renascentista, pagã, terrena e
antropocêntrica. Era a tentativa de conciliar elementos opostos como o claro
Estudo
e o escuro, a matéria e o espírito, a luz e a sombra visando anular pela
da Literatura unificação a dualidade do ser humano, dividido entre os apelos do corpo e os
Portuguesa da alma. A arte assume, assim, uma tendência sensorial ligada ao mundo
físico, ao mundo das percepções dando preferência às figuras de linguagem,
a um vocabulário rebuscado e aos jogos sonoros.
Não devemos pensar com isto que tais correntes jamais se cruzaram, mesmo porque
é comum encontrarmos numa mesma escritura traços tanto do Gongorismo como do
Conceptismo. Ambos obedecem a uma concepção pragmática de arte: o primeiro,
enaltecendo as sinestesias, procura criar um clima de brincadeira verbal com o objetivo de
entreter; o Gongorismo não raras vezes se propõe como espetáculo para o gozo dos sentidos,
no qual se confundem poesia e prazer lúdico.
Não podemos esquecer que o Barroco começou nas artes plásticas, sendo essa
época uma das mais importantes para as artes plásticas, embora não o seja para Portugal,
onde poucas vezes alcançaram maior nível, relativamente ao resto da Europa, incluindo a
Espanha aonde a arte barroca atingiu graus de primeira grandeza. Para Portugal esta
literatura não apresentou o brilho do século anterior. Faltou à época uma “atmosfera” comum,
pois os intelectuais eram guiados por clichês ou padrões estéticos de alambicamento e de
forçado sentido literário. Falta à época a conexão entre os homens, apenas aproximados
por coincidência.
30
Padre Antônio Vieira
Barroco, conceptista e não gongórico, o padre Vieira parte sempre de um fato real,
observado ou de flagrante presença para, de pronto, persuadir o ouvinte, chamando-o ao
dever de pensar e de reagir. Para ele, o sermão não era apenas pensamento e palavra, era
necessário pregar com gesto e voz. Voz forte, na tentativa de tirar o homem do tempo presente
e projetá-lo para o futuro eterno.
31
avassalador ímpeto carnal, explicável, inclusive, pelo quadro barroco em que
o caso amoroso se desenrola. As cartas ganham maior relevo ainda como
documento literário precisamente por não visarem a publicação nem a serem
Estudo
encaradas como peça literária.
daLiteratura
Portuguesa Dispostas da forma como se apresentam, as cartas descrevem uma
curva cujo ápice é marcado pela terceira carta na qual o sofrimento atinge o
limite máximo, graças à concentração de efeitos e sensações, apoiada numa linguagem
precisa, concisa, ao mesmo tempo em que suficientemente plástica para apreender o zigue-
zague da paradoxal confissão.
No Barroco português, a prosa foi mais explorada. Tivemos além de Vieira, Padre
Manuel Bernardes, cuja produção é marcada pela clausura. O autor procura mostrar em
seus textos que a relação com Deus é possível pelo culto das virtudes morais. D. Francisco
Manuel de Melo produziu uma obra variada e numerosa que compreende poesia,
historiografia, teatro polêmica, biografia e literatura moralista. Francisco Xavier de Oliveira
(o Cavaleiro de Oliveira, como ele assinava) escreveu obras de observação e com propósitos
definidos: realizar conquistas amorosas, defender-se dos ataques que lhe eram dirigidos e
satirizar os costumes da época. O teatro foi representado por Antonio José da Silva, que
transforma a dramaturgia portuguesa. Escreveu suas peças em prosa utilizando-se de
aspectos da sociedade de Lisboa para satirizar através do riso.
A poesia barroca
!
com o mesmo intuito das compilações dos cancioneiros
medievais. Sobressaem D. Francisco Manuel de Melo e Francisco
Rodrigues Lobo, Gabriel Pereira de Castro, Vasco Mouzinho de
Quevedo e Antônio de Souza de Macedo.
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: A MISSÃO (The Mission, ING, 1986)
Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas
pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens
mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-
se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima
européia. Embora o objetivo fosse a difusão da fé e a conversão dos
nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo.
32
RESUMINDO...
O início do Barroco em Portugal é marcado por dois fatos importantes que modificam
a vida cultural e política do país, a morte de Camões e a de D. Sebastião na batalha de
Alcácer-Quibir na África. Este último evento acarreta a incorporação de Portugal ao domínio
espanhol, sob o qual permanece durante 60 anos. Desse modo, o Barroco acontece em
meio ao fracasso econômico, estagnação cultural, recrudescimento da inquisição,
Sebastianismo e patriotismo, além de uma crise de identidade do povo português que se
esforça em preservar sua cultura e sua língua, embora perceba a impossibilidade de ignorar
as influências culturais espanholas. Ao mesmo tempo em que recebe forte influência da
Contra-Reforma.
33
portugueses o início de um processo de modernização nos setores econômico,
político, administrativo, educacional e cultural.
Estudo
A partir do reinado de D. José (1750-1777), o ministro Marques de
da Literatura Pombal, apoiado por diversos intelectuais, em especial Pe. Antônio Verney,
Portuguesa promove uma série de medidas que coloca Portugal num clima de
efervescência cultural. Dentre as mudanças efetuadas, merece destaque a
proibição do ensino jesuítico e sua substituição por uma educação renovada e mais
progressista. Tais posturas originaram um amplo debate sobre a necessidade de renovar a
cultura portuguesa.
Em 1756, funda-se a Arcádia Lusitana por iniciativa de Antônio Dinis da Cruz, Manuel
Nicolau Esteves Negrão e Teotônio Gomes de Carvalho. Inicia-se, assim, uma nova etapa
literária empenhada em expressar o repúdio às coisas inúteis (inutilia truncat) que
adornavam a poesia barroca. Acreditando que esta representou o desequilíbrio e a
decadência dos valores clássicos, querem restabelecer a simplicidade da arte renascentista,
para tanto, recuam no tempo até à Antiguidade greco-latina em busca da mitológica Arcádia
e dos princípios norteadores da nova arte.
Características do movimento:
A arte devia ser regida pelo princípio da verossimilhança, devendo, portanto, ser
constituída de imaginação, mas de uma imaginação que não se chocasse com a “natureza
das coisas”, pretendia-se, assim, atrelar a imaginação à razão.
Pregam a volta aos clássicos antigos (greco-latinos) e quinhentistas
principalmente, Camões. Parte-se do pressuposto de que a beleza absoluta foi atingida
por estes escritores, nada mais restando aos posteriores do que seguir-lhes as pegadas.
Elogio da vida simples, sobretudo da natureza, no culto permanente das virtudes
morais, uma vida medíocre materialmente, mas rica em realizações espirituais (aurea
mediocritas).
Fuga da cidade para o campo (fugere urbem), pois a primeira é considerada
foco de mal-estar e corrupção, o campo, por sua vez, resguarda o homem mantendo-o
natural, síntese de espontaneidade e simplicidade.
Desprezo ao luxo, à riqueza e à ambição, que enfraquecem o homem e elogio
da vida serena, plácida pela superação dos desejos carnais.
Idealização amorosa, neoplatonismo, convencionalismo amoroso.
O gozo pleno da vida, minuto a minuto, (carpe diem) na contemplação da beleza
e da natureza.
Racionalismo, a razão deve governar a emoção.
34
obedecia às regras rigorosas do arcadismo. Sendo um movimento de oposição aos exageros
do Barroco, buscava-se, ainda, a clareza absoluta, o equilíbrio e a simplicidade formal e de
conteúdo.
Representantes do movimento
35
Outros autores
36
Atividades
Complementares
O amor e a razão
Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete
anos [...] nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar são
duas coisas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser?
Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar.
Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro
rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não
tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme,
mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade,
que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no
coração, que não houvesse fraqueza no juízo.
1.
(Pe. Antônio Vieira, Sermão do Mandato, In Sermões)
2. A razão e o amor sempre foram discutidos pelos poetas e escritores. Veja um soneto
de Camões com o mesmo tema do texto anterior e, a partir do que foi estudado, identifique
as características próprias do estilo de época:
4.
(Camões, Os Lusíadas)
38
5. Nos quatro últimos versos, está implicada uma determinada concepção da função
da arte. Identifique essa concepção, explicando-a brevemente.
DO ROMANTISMO À LITERATURA
CONTEMPORÂNEA
DO ROMANTISMO AO SIMBOLISMO: PERÍODO DE GRANDES
TRANSFORMAÇÕES LITERÁRIAS
Romantismo: Contexto Histórico e 1ª Geração
O Romantismo corresponde não só a uma revolução literária, mas
designa, também, uma tendência geral de vida e de arte. Com esse
movimento, abre-se um ciclo de cultura novo, correspondente à
diminuição do poder das oligarquias reinantes em prol das monarquias
constitucionais ou das repúblicas federadas, e ao aparecimento do
Liberalismo em política, moral, arte etc. O comportamento romântico
caracteriza-se por uma atitude emotiva e subjetiva diante do mundo no
qual o sujeito está imerso.
Contexto Histórico
39
“
REFLITA
O rei D. João VI, que havia se refugiado no Brasil, então regressa. Todavia os
problemas em Portugal não terminam aí, a luta pelo trono português continua com veemência
gerando conturbação e desordem interna na nação. De um lado, D. João VI, representante
do liberalismo; de outro, D. Miguel, seu irmão absolutista. Depois da morte de D. João VI os
absolutistas apoderam-se do poder e iniciam uma perseguição aos liberais, levando muitos
deles a exilar-se em Inglaterra e França.
Características
O Romantismo foi uma forma de repúdio às regras que contornavam e preenchiam o
campo literário da época – o classicismo. Opondo-se às regras e modelos, os românticos
buscavam a total liberdade de criação, além de defender a mistura dos gêneros literários.
Com o domínio burguês, ocorre a profissionalização do escritor, que recebe uma remuneração
para produzir a obra, enquanto o público paga para consumi-la. Dentre as características
do movimento destacam-se pela recorrência nas obras do período:
40
pontos desse momento, o homem idealizava a mulher como uma deusa, algo divino. Recorria
também à presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação;
frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão.
Liberdade de criação: O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso
livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e
aproximando-se da linguagem coloquial. O homem deve realizar-se na criatividade e na
sensibilidade. A inspiração instantânea, a centelha intuitiva é o verdadeiro guia do escritor
romântico. A métrica, a rima, não podem ser empecilhos para a explosão sentimental do
poeta. A sua criação é fruto da pura espontaneidade. Não pode nem deve ser retocada,
torneada e acabada por critérios artesanais.
Medievalismo: Há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu
país, de seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores, por ser uma
época obscura.
Nativismo: Fascinação pela natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico
é exaltado através da natureza, da força da paisagem. Pode-se falar, também, em um
interesse romântico pelo exotismo e pelo indianismo, pois, estando no encalço do homem
em estado “natural”, o romântico se põe a procurá-lo em outras regiões que se distinguiam
pela presença dos denominados “selvagem” ou “indígena” pela diferença acentuada de seu
modo de “bárbaro” e “bizarro” em relação aos padrões europeus e ocidentais.
Luta entre o liberalismo e o absolutismo: Poder do povo X poder da
monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre.
Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram
de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
Religiosidade: Como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos,
a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de
escape diante das frustrações do mundo real. Os românticos almejavam a reabilitação do
cristianismo praticado na Idade Média.
Nacionalismo: Também chamada de patriotismo é a exaltação da Pátria, de
forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
Pessimismo: O artista vê-se diante da impossibilidade de realizar o sonho do
“eu” e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero,
frustração. O romântico era pessimista também em relação à sociedade e à civilização.
Não acredita nem em uma nem em outra, pregava a idéia de uma natureza humana primitiva,
que, no entanto, vai sendo corrompida pela cultura. Sentem-se criaturas infelizes e
desajustadas, que não conseguem enquadrar-se no contexto social e que tampouco querem
fazê-lo porque a sociedade só iria cindi-las ainda mais. Decorem disso o sentimento de
inadequação social, a aflição e a dor que induz o sujeito à busca de evasão da realidade
por meio de fugas ou, mesmo, suicídios.
A vitória das idéias românticas em Portugal não foi rápida nem do mesmo modo
durante todo o período que compreende o movimento. Desse modo, podemos falar em três
momentos diferenciados tanto no que concerne às idéias preponderantes como aos autores
que se destacaram.
Primeira Geração
Atuante a partir de 1825 é ainda bastante ligado ao Classicismo, mas muito contribuiu
para a consolidação do liberalismo em Portugal. Os ideais românticos dessa geração estão
embasados na pureza e originalidade, no nacionalismo, historicismo e medievalismo. Como
toda tendência nova, o Romantismo não veio implantar-se totalmente nos primeiros
41
momentos em Portugal. Inicialmente, buscava-se, gradativamente, apagar os
modelos clássicos que ainda permeavam o meio sócio-econômico. Os
escritores dessa época eram românticos em espírito, ideal e ação política e
Estudo
literária, mas ainda clássicos em muitos aspectos.
daLiteratura
Portuguesa Alexandre Herculano
Almeida Garrett
Em 1834, após a vitória dos liberais, passou a se dedicar ao teatro. Foi embaixador,
ministro, parlamentar, jornalista, soldado (durante a luta contra o absolutista D. Miguel).
Escreveu Camões (1825) inspirando-se na epopéia Os Lusíadas. A narrativa é uma biografia
sentimental de Camões, poema considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por
apresentar características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos
brancos, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros literários.
Almeida Garrett teve uma obra extensa, que contempla desde o resgate do teatro
português – com seus grandes autores como Gil Vicente – a uma renovação da poesia e
incursões na prosa. Garrett cultivou a oratória parlamentar, o pensamento pedagógico e
doutrinário, o jornalismo, a poesia, a prosa de ficção e o teatro, o qual entrou em contato
com o de Shakespeare quando em exílio na Inglaterra. Teve uma vida sentimental bastante
atribulada em que se sobressai o seu romance adúltero com a viscondessa da Luz, a qual
inspirou seus melhores poemas. Na vasta obra de Garrett encontramos, além de Camões,
42
outros poemas como Retrato de Vênus (1821), Dona Branca (1826) e Lírica de João Mínimo
(1829). Na prosa de ficção agrupam-se três obras: Viagens na minha terra, O arco de
Sant‘Ana e Helena. Em matéria de teatro produziu entre outras Um auto de Gil Vicente
(1838) O Alfageme de Santarém (1842) Frei Luís de Sousa (1843) Dona Filipa Vilhena
(1840).
Começou sua carreira como um poeta árcade, mas já na metade de sua vida
apresentava traços românticos bem acentuados. Sempre combativo, criticava as renovações
da Literatura Portuguesa e foi o iniciador da Questão Coimbra. Algumas de suas obras:
Cartas de Eco a Narciso (1821), A Primavera (1822), Amor e Melancolia ou a Novíssima
Heloísa (1828) Tratado de Versificação Portuguesa (1851), Felicidade pela Instrução
(1854), A Chave do Enigma (1861), O Outono (1863), dentre outras.
Romantismo: A 2ª e 3ª Gerações
Segunda Geração
43
Produziu obras ultra-românticas e satíricas. Escreveu em colaboração
com outros autores, traduziu, editou e foi jornalista; todavia, o eixo ao redor do
qual gira toda a importância do autor é constituído pela novela passional. Autor
Estudo
de obra vastíssima, inicialmente romântica, aderiu ao realismo com A Brasileira
da Literatura de Prazins, em 1882, tendo escrito Eusébio Macário em 1879 ridicularizando
Portuguesa esta escola recém-introduzida. Sua obra mais importante é Amor de Perdição,
que foi seguida por Amor de Salvação, mas não ficou restringido a estas
obras: publicou muitas novelas – com destaque para Maria Moisés – livros de poesias e
peças de teatro.
Soares de Passos
Terceira Geração
Júlio Dinis
44
João de Deus
!
estimular concretamente. Considerado pela crítica como pré-realista, mantinha, no entanto
em algumas obras, o idealismo amoroso e a visão espiritualizada da mulher. Sua poesia
biparte-se em lírico-amorosa e satírica, o amor é o motivo permanente de sua poesia.
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: Don Juan DeMarco (Don Juan DeMarco, EUA, 1995)
RESUMINDO...
1. A introdução do Romantismo
45
português e “Folhas Caídas” seus poemas mais românticos. Além de poemas,
escreveu “Viagens na minha terra”, romance com grande observação da
realidade e de denúncia da oligarquia; e “Frei Luís de Sousa”, uma obra-prima
Estudo
do teatro romântico português. É de sua autoria ainda na prosa o “Romanceiro”
da Literatura uma Pesquisa de narrativas tradicionais.
Portuguesa Merece destaque também Alexandre Herculano, escritor liberal
moderado, formado dentro do Romantismo, de grande coerência política que
se empenhou em fazer uma pesquisa histórica para definir nacionalidade. Na ficção,
preocupava-se com o problema da integração entre a matéria histórica e ficcional, desse
estilo são as obras O bobo; Eurico, o presbítero; O monge de Cister e Lendas e narrativas.
Na História, possuía um método objetivo de investigação e documentação. Suas principais
produções foram História de Portugal; História da Origem e Estabelecimento da Inquisição
em Portugal. Escreveu, ainda, poesia e uma coleção documental - Portugaliae Monumenta
Histórica.
2. O ultra-romantismo
46
Realismo
Contextualizando o Realismo
47
capital bancário interno ou externo. Emerge, então, uma massa de
descontentes formada pela pequena burguesia industrial e o resíduo do
artesanato, assim como uma parte da burguesia comercial que tende a ficar
Estudo
fora do sistema, enquanto não se organiza o partido republicano. À base, os
da Literatura camponeses, mudos, constituíam a massa de manobra dos partidos
Portuguesa governantes, na dependência imediata dos poderosos locais.
É nessas condições que as novas idéias européias penetraram, embora tardiamente,
mas ainda a tempo de criar certo mal-estar e gerar polêmicas entre realistas e românticos
em Portugal. O movimento realista operou mudanças radicais na consciência literária e na
mentalidade dos intelectuais do país. Eclodiu com a chamada Questão Coimbrã, polêmica
literária que opôs, de um lado, Antero de Quental, Teófilo Braga e a geração de escritores
surgida na década de 1860 e, de outro, os representantes da geração anterior, em 1871.
Foram importantes também para a consolidação do movimento as Conferências do Casino,
nesta nova manifestação da chamada Geração de 70. Os contornos do que seria o realismo
apareceram com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de
Queiroz intitulada “O realismo como nova expressão da arte”.
“
mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do
meio social, com vista à sua cura. Assim, reagia contra o espírito da arte pela arte, visando
mostrar os problemas morais e dessa maneira contribuir para aperfeiçoar a humanidade.
48
Os escritores realistas proclamavam uma religião sem dogmas, muito mais panteísta,
com atitudes que chegavam a ser anticlericais. Demonstravam, também, um inconformismo
com a tradição, muitos literatos consideravam que a sociedade portuguesa devia deixar de
olhar constantemente para seu passado e começar a assentar novos princípios de justiça e
dinamismo. Pregavam a crítica social e de costumes por considerarem o passado estéril e
o presente sem nada que se conseguisse aproveitar, desejavam fazer uma reforma da
sociedade. Assim, começaram a ser feitos inúmeros ataques contra a alta e média burguesia,
contra o clero, contra a política, a literatura do tempo, a educação, a economia, enfim contra
toda a sociedade com o objetivo que esta pudesse melhorar. Além disso, para que a literatura
pudesse revestir-se de certo teor científico, fazia-se necessário um esforço por analisar as
causas biológicas ou sociais do comportamento das personagens do romance. Acreditavam
ainda em uma supremacia da verdade física, considerada a única verdade válida. Toda a
crença metafísica e moral era relegada ao universo das conjecturas, enquanto as novas
teorias filosóficas eram tomadas como base para o movimento.
A implantação efetiva do Realismo em Portugal dá-se com a publicação do O Crime
do Padre Amaro (1875), seguida dois anos mais tarde pelo Primo Basílio (1876), obras
ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados
numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo
os fatores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o caráter moral
das personagens. Em ambos os romances, a descrição minuciosa e a análise psicológica
baseada em princípios deterministas, nas idéias da hereditariedade e influência do meio,
além da severa crítica de costumes, tomam nítida feição naturalista. São romances que têm
afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social. O
primeiro destes romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio generalizado.
O segundo provocou escândalo aberto.
49
Soares (1886), prefaciado por Eça de Queiroz. Outros nomes são Trindade
Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queiroz. Por volta de 1890, o
Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal. Em 1893, o
Estudo
próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas.
da Literatura Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em
Portuguesa Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento
consistente, como uma tendência estética, um sentir novo, que se opôs ao
Idealismo e ao Romantismo. A sua conseqüência mais importante foi à introdução em
Portugal das descobertas estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas
literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo. Assim,
com a absorção de teorias estrangeiras, como a irreligiosidade de Loisy e Renun, a
supremacia da verdade física, com o desenvolvimento das ciências exatas e experimentais,
as novas teorias filosóficas - Idealismo de Hegel, Socialismo de Proudhon, Positivismo de
Comte, e Evolucionismo de Darwin e Lamark, que levam à crença nos princípios de justiça
e igualdade; o materialismo otimista graças ao progresso técnico, que explica o atraso do
passado pela passividade do Homem e a sua crença nas forças sobrenaturais, provocando
uma verdadeira revolução cultural: repensa e questiona toda a cultura portuguesa desde as
origens, fixando-se no ponto alto das descobertas; pretende-se assim preparar uma profunda
transformação na ideologia política e estrutural social portuguesas isto é, a revolução
republicana de 1910.
Como não podia deixar de ser, a obra construída pelos realistas apresenta vários
ângulos, uma vez que estavam conscientes da necessidade de fornecer a cultura portuguesa
exemplos significativos em cada setor da atividade intelectual. Explica-s, assim, que essa
geração, ao lado da poesia, do conto e do romance, ainda desenvolvesse, com igual
convicção, a literatura de combate e de idéias assim como a literatura de viagens, a
historiografia e crítica literária e, em menor proporção, o teatro.
Principais autores
Guerra Junqueiro
A partir de Os simples (1892), o poeta deu novo rumo à sua poesia. Com o próprio
título, voltou-se para a temática das pessoas humildes, refletindo uma visão lírica da vida
50
rural portuguesa que, no entanto, não abandona o registro realista. Começa a repelir os
rigorosos compromissos estético-científicos e a desfazer as contradições íntimas. Os
simples é dividido em várias partes, cada uma delas tratando de um tipo de trabalhador
português. Nele, reúnem-se os elementos que, segundo a crítica, caracterizaram a poesia
da Guerra Junqueiro: a linguagem direta e simples, a temática do trabalho, a visão fatalista
da existência. Tais elementos que criam um lirismo de forte tonalidade social, marcado pela
nota popular da repetição rítmica do lamento que, como um refrão, entremeia os versos.
Cesário Verde
51
que o levaria a morte em 18 de julho de 1886. No ano seguinte, Silva Pinto,
seu amigo dos tempos de universidade, reúne seus poemas em um livro
intitulado O Livro de Cesário Verde.
Estudo
daLiteratura A poesia de Cesário Verde serviu de trânsito entre o Romantismo e o
Portuguesa Realismo, de um lado, e de ponte de passagem para algumas das atitudes
que estarão em moda na estética simbolista e na modernista. Tal caráter
transitivo explica sua posição em face do inconformismo revolucionário da geração de 70.
Alheio às lutas ideológicas em curso, só de passagem o poeta se deixar envolver pela
atmosfera contemporânea. O pensamento socialista, que levava às atitudes de reforma
social, toca-lhe apenas de passagem a poesia, e assim mesmo, sem cor política. Em suas
poesias, a realidade objetiva funde-se com a realidade subjetiva. Dotado de um
temperamento anti-literário, o poeta projeta-se nas coisas exteriores com o peso de sua
vida interior, a fim de apreender a imagem fugaz das coisas, em perpétuo dinamismo. É,
então, que nasce a poesia do cotidiano, do trivial, marca da poesia de Cesário Verde que
se coloca numa zona limítrofe que compreende o impressionismo e o expressionismo.
Entre 1877 e 1880, Cesário enfocará a cidade e os seus mistérios: o cotidiano entra-
lhe em cheio na poesia. Todavia, depois de 1881, aborrece-se da cidade e do gênero de
vida que chegou a admirar e seu amor à cidade transforma-se em amor ao campo. No
contato com o ar livre, o poeta encontrava inspiração para sua poesia e como isso a
modificava de modo que ao sombrio de antes, sucede agora a claridade; à morbidez, a
robustez; à inação, a ação.
Eça de Queirós
52
A primeira fase compreende, basicamente, crônicas jornalísticas reunidas
posteriormente em volume, sob o título de Prosas Bárbaras. Nessa fase, Eça escreveu um
romance, O Mistério da Estrada de Sintra, em parceria com Ramalho Ortigão. Fase de
indecisão, preparação e procura, percebe-se um realismo ainda incipiente que convive
com heranças românticas. A segunda fase tem início com a publicação do romance, O
Crime do Padre Amaro, em 1875. Três anos depois, o autor daria continuidade a ela com O
Primo Basílio. Aderindo às teorias do Realismo, o autor coloca-se sob a bandeira da
República e da Revolução, começa a escrever obras de combate às instituições vigentes
(Monarquia, Igreja, Burguesia) e de ação e reforma social. A ironia utilizada nesses romances
desmascara o comportamento hipócrita e ocioso da burguesia lisboeta. São algumas das
obras dessa fase que marcam o aparecimento do romance em Portugal.
!
de imaginação. Acrescente-se a nota saudosista das tradições portuguesas. Sua linguagem
vai assumindo um registro cada vez mais pessoal. Ao derrotismo e pessimismo analítico
da etapa anterior, sucede um momento de otimismo, de esperança e de fé.
Indicação de Filme
TÍTULO DA MINISSERIE: Os Maias (Brasil, 2001)
RESUMINDO...
O período histórico que marca os últimos anos do Romantismo em Portugal já indicava
uma sociedade em crise, pois, mesmo já estando institucionalizado e consolidado o
liberalismo no país, as novas instituições inseriam-se numa sociedade que sob o ponto de
vista tecnológico, econômico e mesmo social pouco progredia. Emerge, então, uma massa
de descontentes formada pela pequena burguesia industrial e o resíduo do artesanato, assim
como uma parte da burguesia comercial que tende a ficar fora do sistema, enquanto não se
organiza o partido republicano. Os camponeses, mudos, apareciam nesse cenário como
massa de manobra dos partidos governantes.
53
uma crítica à educação romântica, ao conservadorismo da Igreja, almejando
a reforma social, a representação da vida contemporânea e uma visão objetiva
da realidade. Para os representantes dessa nova literatura, o trabalho do
Estudo
escritor consistia na observação da experiência, na análise psicológica dos
da Literatura tipos, no esclarecimento dos problemas humanos e sociais, no
Portuguesa aperfeiçoamento da literatura, isentando-a da fantasia. Pregavam a arte
comprometida com o social, ou seja, a arte engajada, prezavam também a
descrição de costumes e acontecimentos contemporâneos em seus mínimos detalhes e a
reprodução da linguagem coloquial, familiar e regional.
Simbolismo
O Simbolismo é um movimento literário que surge em finais do século XIX tendo
Baudelaire como um dos mais influentes precursores. Esta arte sugestiva é teorizada em
1886 por Jean Moréas quando publica no Figaro Um Manifeste Littéraire no qual define,
pela primeira vez, o que denomina simbolismo. A este escritor juntam-se nomes como
Rimbaud, Mallarmé, Paul Verlaine, Jules Laforgue, Gustave Kahn, Pierre Louys, entre outros.
Em Portugal os primeiros sinais da escola Simbolista aparecem no ano de 1889 nas revistas
Boémia Nova e Os Insubmissos, que contavam com a colaboração de Eugênio Castro e
Antônio Nobre e divulgavam os grandes nomes contemporâneos das letras francesas, em
especial aqueles empenhados no movimento.
Características
55
Utilização de substantivos abstratos, efêmeros, vagos e
imprecisos. Os textos comumente retratam elementos como fumaça, gases,
neve e imagens grandiosas para expressar a idéia de liberdade.
Estudo
Pouco interesse pelo enredo e ação narrativa: pouquíssimos
da Literatura textos em prosa. Foi na poesia que o Simbolismo se firmou recebendo
Portuguesa influências do formalismo parnasiano, dos motivos da poesia francesa e do
neogarretismo, apegando-se ao tradicionalismo de base historicista e
folclórica.
Linguagem vaga, fluida, sugestiva e não nominativa, ela devia ser ornada, colorida,
exótica, bem rebuscada e cheia de detalhes: as palavras são escolhidas pela sua sonoridade,
num ritmo colorido, devendo evocar e não descrever, aludir e não definir.
Os procedimentos técnicos mais ligados ao Simbolismo são a sinestesia e a
musicalidade. A sinestesia corresponde à mistura de sensações, provocada exatamente
para acionar no leitor uma série de sentidos. A musicalidade é obtida com a exploração da
camada sonora dos vocábulos.
Acredita-se na existência de um mundo que se supunha existir para além da
realidade visível e concreta. Os objetos, as figuras humanas, enfim toda a realidade era
focalizada através de imagens vagas e imprecisas, que propositadamente dificultavam sua
compreensão e interpretação.
A inovação na combinação de expressões conhecidas conduziu naturalmente
os simbolistas à criação de neologismos, isto é, novas palavras.
Alguns autores
Antônio Nobre
Eugênio de Castro
56
Simbolismo Francês. Em 1890, entrou para a história da literatura portuguesa com o
lançamento do livro de poemas “Oaristos”, marco inicial do Simbolismo em Portugal. Poeta
que manifestava uma forte atração por um barroquismo de linguagem algo estranho à estética
simbolista em voga.
A obra de Eugênio de Castro pode ser dividida em duas fases: Na primeira fase ou
fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX, Eugênio
de Castro definiu algumas características da Escola Simbolista, como, por exemplo, o uso
de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e
musical. Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no
século XX, percebemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português,
revelando certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em
Portugal. Além de Oaristos, podemos citar como obras do poeta Belkkiss (1894), Saudades
do céu (1899), Constança (1900), O cavaleiro das mãos irresistíveis (1916), Últimos versos
(1938), entre outras.
Camilo Pessanha
Raul Brandão
57
linguagem estruturalmente poética, pelo jogo das imagens, pelo metafórico,
pelo ritmo, emociona e, sobretudo, pela liberdade expressiva. Considerado
pela crítica como o escritor que melhor realizou a tendência fundamental da
Estudo
prosa simbolista, acabando por ser o mais importante prosador do Simbolismo
da Literatura português.
Portuguesa RESUMINDO...
O Simbolismo é um movimento literário que surge em finais do século XIX, tendo
Baudelaire como um dos mais influentes precursores. Em Portugal, os primeiros sinais da
escola Simbolista aparecem no ano de 1889 nas revistas Boémia Nova e Os Insubmissos.
Todavia é em 1890 com a publicação do livro de poemas Oaristos, de Eugenio de Castro,
que se inicia oficialmente o Simbolismo português, durando até 1915, época do surgimento
da geração Orpheu, que desencadeia a revolução modernista no país. Essa obra, além dos
poemas, que tratam de um amor ardente e fatal, apresenta em seu prefácio o programa da
estética Simbolista, no qual o autor critica a poesia portuguesa da época. Traz como proposta
a liberdade do ritmo e um vocabulário escolhido e variado e o uso de palavras menos
vulgares.
58
fases: a fase simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX
e a segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX,
nos quais ele se volta para a Antiguidade Clássica e ao passado. É desse período ainda
Camilo Pessanha, cuja poesia influenciou vários poetas modernistas e mostra o mundo
sob a ótica da ilusão, da dor e do pessimismo. É considerado o mais simbolista dos poetas
da época e autor de apenas um livro: Clepsidra. Ainda faz parte dessa geração Raul Brandão,
autor de uma literatura forte e dramática. A sua melhor produção está na prosa de ficção,
seu estilo aproxima-se mais da poesia que do romance, o que lhe acompanha nas diversas
fases de sua carreira.
Atividades
Complementares
Texto para as questões 1 e 2
“Quero uma virgem com uma tez bem alva / pálida e pálida, amorosa
e mole / quero uma virgem, que convide os lábios / a beberem-lhe o amor
gole por gole / Quero uma virgem que receie ainda / quebrar com um ai o
fio dos pen-sares / quero uma virgem que me entenda todo / por um volver
de místicos olhares / Quero assim minha virgem: pela terra /, louco, deito-
me enfim a pro-curá-la / Um ente assim, Deus tê-lo-á formado / Guia-me
1.
anjo do amor que eu hei de achá-la”. (Junqueira Freire)
Idealismo e Realismo
Eu sou, pois associado a estes dois movimentos, e se ainda ignoro
o que seja a idéia nova, sei pouco mais ou menos o que chamam aí a
escola realista. Creio que em Portugal e no Brasil se chama realismo,
termo já velho em 1840, ao movimento artístico que em França e em
Inglaterra é conhecido por “naturalismo” ou “arte experimental”. Aceitemos,
porém, realismo, como a alcunha familiar e amiga pela qual o Brasil e
Portugal conhecem uma certa fase na evolução da arte.
(…)
Não – perdoem-me – não há escola realista. Escola é a imitação
sistemática dos processos dum mestre. Pressupõe uma origem individual,
uma retórica ou uma maneira consagrada. Ora o naturalismo não nasceu
da estética peculiar dum artista; é um movimento geral da arte, num certo
momento da sua evolução. A sua maneira não está consagrada, porque
cada temperamento individual tem a sua maneira própria: Daudet é tão
59
diferente de Flaubert, como Zola é diferente de Dickens. Dizer “escola
realista” é tão grotesco como dizer “escola republicana”. O naturalismo é a
forma científica que toma a arte, como a república é a forma política que
toma a democracia, como o positivismo é a forma experimental que toma
Estudo a filosofia. Tudo isto se prende e se reduz a esta fórmula geral: que fora da
daLiteratura observação dos factos e da experiência dos fenômenos, o espírito não
Portuguesa pode obter nenhuma soma de verdade. Outrora uma novela romântica,
em lugar de estudar o homem, inventava-o. Hoje, o romance estuda-o na
sua realidade social. Outrora no drama, no romance, concebia-se o jogo
das paixões a priori; hoje, analisa-se a posteriori, por processos tão exactos
como os da própria fisiologia. Desde que se descobriu que a lei que rege
os corpos brutos é a mesma que rege os seres vivos, que a constituição
intrínseca duma pedra obedeceu às mesmas leis que a constituição do
espírito duma donzela, que há no mundo uma fenomenalidade única, que
a lei que rege os movimentos dos mundos não difere da lei que rege as
paixões humanas, o romance, em lugar de imaginar, tinha simplesmente
de observar. O verdadeiro autor do naturalismo não é, pois, Zola – é Claude
Bernard. A arte tornou-se o estudo dos fenômenos vivos e não a idealização
das imaginações inatas…
3.
(Eça de Queirós. Cartas Inéditas de Fradique Mendes. In: Obras de Eça de Queirós.)
60
O MODERNISMO PORTUGUÊS E A LITERATURA
CONTEMPORÂNEA
Modernismo: Contexto Geral e a Geração Orfeu
Contexto Histórico-Social
61
O Modernismo em Portugal
A “GERAÇÃO DE ORFEU”
Estudo
daLiteratura Em 1915, os jovens modernistas e artistas de
Portuguesa vanguarda, estimulados pela aragem de atualidade
vinda de Paris com Sá-Carneiro e Santa-Rita (Pintor),
adeptos do futurismo, aderiram ao projeto que Luís da Silva Ramos
(Luís de Montalvor) acabava de trazer do Brasil: o lançamento duma
revista luso-brasileira. Cria-se, então, a revista Orpheu, marco
inaugural do Modernismo em Portugal. Através dela, as novas
propostas artísticas foram divulgadas e discutidas. A duração da
revista foi efêmera, prejudicada pelo suicídio de Sá-Carneiro. Esses
primeiros modernistas ficaram conhecidos, exatamente em função
da revista, por “geração de Orpheu”.
“
elaboração entre tradição e o novo. Com isso, eles conseguem retomar formar e temas
arcaicos, enquadrando-os dentro de propostas modernistas.
Fernando Pessoa possui uma faceta rica, densa e intrigante e diz respeito
ao fenômeno da heteronímia, ou seja, à sua capacidade de despersonalizar-se e
reconstruir-se em outros personagens?
62
Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1888-1935) é um poeta que se
transfigura em vários poetas, os seus heterônimos, e para cada um deles deu
uma biografia, caracteres físicos, traços de personalidade, formação cultural,
que resultam em diferentes maneiras de interpretar o mundo. Foi assim que
Fernando Pessoa “fez nascer” os poetas Alberto Caeiro, Ricardo Reis e
Álvaro de Campos.
OBSERVE: É importante não confundir heterônimo com pseudônimo.
Pseudônimo é um nome falso, sob o qual alguém se oculta. O heterônimo vai além: é um
outro nome, uma outra personalidade, uma “outra individualidade”, diferente, portanto, da
do criador. Como nos explica o próprio Fernando Pessoa:
“Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar,
nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens
distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas
vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm os poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de
Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles
idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não
aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como
estão, que é aliás como se deve ler”.
Fernando Pessoa - obra poética.
Para que você conheça um pouco melhor esses “poetas”, apresentamos, a seguir,
os heterônimos:
ALBERTO CAEIRO
Ficou conhecido como o Poeta das sensações, pois considerava que a sensação
seria a única fonte válida do conhecimento. Assim sendo, a sua produção literária é
completamente entregue à infinita variedade do espetáculo das sensações, principalmente
as visuais. Para ele o real é a própria exterioridade - “tudo é como é, e assim é o que é”.
63
Um rápido esboço de suas características:
Estudo
Fuga para o campo - rural clássico reinventado.
da Literatura Pretende ser objetivo - o mundo não carece de subjetivismos.
Portuguesa Sensacionismo - Objetiva o registro das sensações sem a
mediação do pensamento (objetivismo visualista): “pensar é estar doente dos
olhos”
Proclama-se antimetafísico - pratica o realismo sensorial, numa atitude de rejeição
as elucubrações do Simbolismo.
Poeta-filósofo, fruto do seu contato direto com a realidade (influencia Antônio
Mora).
É um poeta por natureza - “um poeta e nada mais”.
Agnóstico – nega qualquer forma de espiritualismo ou de transcendência.
Paganismo – “pensar como os deuses, pelos pés, pela boca, pelo ouvido, pelos
olhos.”
É (ou pretende ser) um homem franco, alegre, de visão ingênua. Bucólico.
Prestava-se à descrição pictórica impressionista.
ÁLVARO CAMPOS
1ª Fase
2ª Fase
64
Futurista da exaltação da energia, da velocidade e da força da civilização
mecânica (adotando um estilo febril, entre máquinas e a agitação da cidade).
Entusiasta do mundo moderno.
É um homem sujeito à máquina. É por meio da reflexão do homem inserido na
realidade moderna e naquilo que gerará a progressão dela que Campos
desenvolve os problemas existenciais.
Pela técnica, o homem pode abrir o seu caminho de regresso ao paraíso”.
Vanguardista.
Explora os aspectos fonéticos, onomatopaicos (dadaísmo).
3ª Fase
RICARDO REIS
Seus poemas têm forte influência do poeta romano Horácio, sendo assim latinizante
no vocabulário e na sintaxe. O seu estilo é densamente trabalhado e revela ainda, muito
claramente, o seu tributo à tradição clássica no uso de estrofes regulares, quase sempre de
decassílabos nas referências mitológicas, na freqüência do hipérbato, na contenção e
concisão altamente expressivas e lúcidas. Considerava-se neoclássico, classicista na
expressão das emoções e sentimentos.
65
Estoicismo – “Seremos mais felizes quanto menor forem nossas
necessidades”.
Epicurismos – Necessidade de gozar o aqui e o agora.
Estudo
Versos elegantes e nostálgicos.
daLiteratura Culto da ode.
Portuguesa Um permanente convite ao amor, ao vinho, às flores.
Culto ao paganismo - “pagão por caráter”.
A Geração de Presença
A REVISTA PRESENÇA
Alguns anos mais tarde, em 1927, surgiu a revista Presença, que não só valorizou as
obras dos artistas da Orpheu, como também as divulgou e deu continuidade a elas, adotando
uma participação ativa e dentro da realidade da vida moderna. A revista Presença, aparecida
em 1927, não só deu a conhecer e valorizou criticamente as obras dos homens do Orpheu,
como lhes herdou o espírito por intermédio de alguns dos presencistas, pertencentes já a
uma segunda geração modernista. Nela também colaborou Fernando Pessoa.
O NEO-REALISMO
Rejeitando a temática psicológica e metafísica que tinha dominado a geração anterior,
o Neo-realismo defende uma arte participativa, de temática social. Por sua postura de ataque
à burguesia, encontraram pontos de contato com o Realismo de Eça de Queirós. Mas
receberam também forte influência do chamado Neo-realismo nordestino da literatura
brasileira (que incluía nomes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz
Jorge Amado, entre outros). Parte dos artistas alinhados no Neo-realismo derivara para
uma literatura marcada pela exploração do fantástico e do absurdo. Seus principais
representantes foram: Alves Redol, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Ferreira de Castro.
66
Características do Modernismo
Outros autores
MÁRIO DE SÁ – CARNEIRO
67
um pensamento”. Ele é conhecido também por utilizar-se de frases e períodos
compridos, sendo que suas sentenças, muitas vezes, ocupam mais de uma
Estudo página, pois usa as vírgulas onde normalmente se usaria pontos finais.
da Literatura
Entretanto, seu estilo não torna a leitura mais difícil: seus leitores acostumam-
“
Portuguesa se facilmente com seu ritmo. São características que tornam o estilo de
Saramago único na literatura contemporânea: é considerado por muitos críticos um mestre
no tratamento da língua portuguesa.
Mesclando o real e o imaginário, sua obra é uma das mais conhecidas e traduzidas
da literatura portuguesa contemporânea e “aborda, freqüentemente, o fenômeno histórico
em seus movimentos e contingências, enquanto investiga e recria situações que relatam e
analisam as ansiedades e esperanças humanas. Seu estilo se caracteriza por uma pequena
influência barroca, temperada por refinada ironia”. Publicou desde poesia a peças teatrais,
mas é como autor de romances que José Saramago mais se destacou.
Obras publicadas
Poesia
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975
Crônica
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL teve, 1974
Os Apontamentos, 1976
Literatura de Viagem
Viagem a Portugal, 1981
Teatro
A Noite, 1979
Que Farei Com Este Livro?, 1980
A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
In Nomine Dei, 1993
Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, 2005
Contos
Objecto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
68
Romance
Terra do pecado, 1947
Manual de pintura e caligrafia, 1977
Levantado do chão, 1980
Memorial do convento, 1982
O ano da morte de Ricardo Reis, 1984
A jangada de pedra, 1986
História do cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio sobre a cegueira, 1995
Todos os nomes, 1997
A caverna, 2001
!
O homem duplicado, 2002
Ensaio sobre a lucidez, 2004
As intermitências da morte, 2005
Indicação de Filme
TÍTULO DO FILME: Lingua - Vidas em Português (BRA/POR, 2004)
DIREÇÃO: Victor Lopes
ELENCO: Mia Couto; José Saramago; Martinho da Vila; João
Ubaldo Ribeiro; Teresa Salgueiro; Edinho. 105 minutos
RESUMINDO...
Modernismo é uma designação genérica para um variado grupo de correntes
estéticas de vanguarda do século XX. No início do século XX. Surgiram várias manifestações
artísticas, sob a denominação genérica de correntes de vanguarda. Esses diferentes
movimentos tinham posições comuns em relação às artes: liberdade, interpretação pessoal
da realidade, rebeldia, ilogicidade, busca de novas formas de expressão, etc. Assim, aparece
o Futurismo de Marinetti, o Cubismo de Picasso, o Dadaísmo, o Expressionismo e o
Serrealismo. Portugal, então, procura adaptar-se ao ritmo da mudança européia e, ao mesmo
tempo, busca beneficiar-se do progresso cultural em curso. As bases filosóficas do
movimento eram a Filosofia de Nietzche o intuicionismo de Bergson e o anti-humanismo de
Heidegger e os escritores modernos pregavam a irreverência contra o preestabelecido, a
liberdade formal, a linguagem coloquial, o humor, a ironia, a paródia e o poema-piada. Além
da busca do novo, original e dinâmico e de uma preocupação com a observação e análise
crítica da realidade e uma consciência nacional.
69
A jovem República portuguesa, encontrava-se num impasse, pois não
conseguia resolver os problemas mais profundos do país, nem equacionar as
diferenças existentes entre os próprios republicanos. As mudanças sociais
Estudo
esperadas não aconteciam de forma a contentar os republicanos mais
da Literatura exacerbados. Assim, nasce o primeiro modernismo português (o orfismo)
Portuguesa associado à profunda instabilidade político-social da primeira república e
constituindo uma resposta artística de setores sociais mais inovadores das
classes médias urbanas. Empreendido pela geração de Fernando Pessoa, M. Sá-Carneiro
e Almada-Negreiros em consonância com a arte e a literatura européia, sem, contudo deixar
de expressar uma particularidade nacional se constituiu o núcleo do grupo modernista na
capital Lisboa, em 1913.
A “Geração de Orfeu”
A Geração de Presença
70
Neo-Realismo: uma outra geração estética
Superação do Neo-Realismo
Atividades
Complementares
1. O poema “Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro”, de José Paulo Paes, remete-nos
ao poema X de “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando
Pessoa). Leia atentamente os dois poemas, transcritos a seguir, e identifique no poema
de Alberto Caeiro as falas que, segundo o poema de José Paulo Paes, poderiam ser
atribuídas a Pessoa e a Caeiro, respectivamente. Justifique sua resposta.
71
“Muita cousa mais do que isso,
Fala-me de muitas outras cousas
De memórias e de saudades
Estudo
E de cousas que nunca foram.”
daLiteratura “Nunca ouviste passar o vento.
Portuguesa O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti”.
72
Atividade
Orientada
Caro aluno,
Crónica Breve do Arquivo Nacional é uma narração bastante sumária da vida dos
seis primeiros reis de Portugal, desde D. Afonso Henriques até D. Dinis. As Crónicas Breves
de Santa Cruz de Coimbra, ou Crónicas Avulsas, são quatro textos que foram compilados
no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Os manuscritos estão actualmente na Biblioteca
Pública Municipal do Porto. Datam a maior parte da segunda metade do século XV, sendo
possível que a primeira redacção tenha ocorrido no século XIII. Todas estas crónicas foram
publicadas por Alexandre Herculano nos Portugaliae Monumenta Historica, volume
correspondente aos Scriptores, tendo algumas delas inspirado o mesmo autor na elaboração
de certos textos de Lendas e Narrativas.
In: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/index.html
Louco, sim, louco, porque quis grandeza ‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Qual a Sorte a não dá. Que Deus concede aos seus
Não coube em mim minha certeza; Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Por isso onde o areal está Em sonhos que são Deus.
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Minha loucura, outros que me a tomem Se com Deus me guardei?
Com o que nela ia. É O que me sonhei que eterno dura,
Sem a loucura que é o homem É Esse que regressarei.
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria? Fernando Pessoa, Mensagem
Fernando Pessoa, Mensagem
73
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
O Sebastianismo
74
para verberar a corrupção da época e fazer obscuras predições, entre as quais, parece,
estavam a da conquista de Marrocos, a da derrota dos Turcos e a do Quinto Império. [...]
Durante o séc. XIX, o sebastianismo foi passando da esfera política para os domínios
literário e culturológico. O sonho heróico de D. Sebastião, a sua morte na batalha, o mito do
seu regresso e a quimera do Quinto Império inspiram poetas e prosadores. [...] No Frei Luís
de Sousa de Garrett, é Telmo, o velho criado, quem associa à fé no retorno do Rei a convicção
de que D. João de Portugal, seu amado amo, um dia aparecerá.”
(Coelho, Jacinto do Prado, DICIONÁRIO DE LITERATURA)
Alexandre Herculano: em busca das origens
Os Lusíadas
As armas e os barões assinalados
Os Lusíadas são considerados a
Que, da ocidental praia lusitana,
principal epopéia da época moderna
Por mares nunca de antes navegados
devido à sua grandeza e universalidade.
Passaram ainda além da Taprobana,
As realizações de Portugal desde o
Em perigos e guerras esforçados,
Infante D. Henrique até à união dinástica
Mais do que prometia a força humana,
com Espanha em 1580 são um marco na
E entre gente remota edificaram
História, marcando a transição da Idade
Novo reino, que tanto sublimaram.
Média para a Época Moderna. A epopéia
(...)
narra a história de Vasco da Gama e dos
Cantando espalharei por toda a parte,
heróis portugueses que navegaram em
Se a tanto me ajudar o engenho e arte
torno do Cabo da Boa Esperança e
abriram uma nova rota para a Índia.
Camões, Lusíadas, Canto I.
É uma epopéia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia
pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso
e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.
In: http://pt.wikipedia.org
75
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
D. Sebastião
Décimo sexto rei de Portugal, filho do príncipe D. João e de D.
Joana de Áustria, nasceu em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554, e morreu
em Alcácer Quibir, a 4 de Agosto de 1578. Sucedeu a seu avô D. João
III, sendo o seu nascimento esperado com ansiedade, enchendo de júbilo
o povo, pois a coroa corria o perigo de vir a ser herdada por outro neto
de D. João III, o príncipe D. Carlos, filho de Filipe II de Espanha.
De saúde precária, D. Sebastião mostrou desde muito cedo duas
grandes paixões: a guerra e o zelo religioso. Cresceu na convicção de
que Deus o criara para grandes feitos, e, educado entre dois partidos palacianos de
interesses opostos - o de sua avó que pendia para a Espanha, e o do seu tio-avô o cardeal
D. Henrique favorável a uma orientação nacional -, D. Sebastião, desde a sua maioridade,
afastou-se abertamente dum e doutro, aderindo ao partido dos validos, homens da sua
idade, temerários a exaltados, que estavam sempre prontos a seguir as suas
determinações.
Nunca ouviu conselhos de ninguém, e entregue ao sonho anacrónico de sujeitar a si
toda a Berbéria a trazer à sua soberania a veneranda Palestina, nunca se interessou pelo
povo, nunca reuniu cortes nem visitou o País, só pensando em recrutar um exército a armá-
lo, pedindo auxílio a Estados estrangeiros, contraindo empréstimos e arruinando os cofres
do reino, tendo o único fito de ir a África combater os mouros.
Chefe de um numeroso exército, na sua maioria aventureiros e miseráveis, parte
para a África em junho de 1578; chega perto de Alcácer Quibir a 3 de Agosto e a 4, o
exército português esfomeado a estafado pela marcha e pelo calor, e dirigido por um rei
incapaz, foi completamente destroçado, figurando o próprio rei entre os mortos.
Sinopse
Este filme a que dou o título de O QUINTO IMPÉRIO - ONTEM COMO HOJE, baseia-
se na peça teatral EL-REI SEBASTIÃO, de José Régio. José Régio (1900 a 1968) foi
crítico, poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta, figura cimeira do seu tempo e de hoje,
que segundo uma sua própria declaração, pretendeu analisar o Rei, o Homem e a mítica
personagem. O rei Sebastião, depois da estrondosa derrota na batalha de Alcácer-Kibir
(1578), mais conhecida pela Batalha dos Três Reis, e por jamais ter sido identificado o seu
corpo após a batalha, se tornou no mito do encoberto ele que fora antes o desejado e o
destinatário ao mito. Mito, aliás cantado e exaltado nos sermões do Padre António Vieira
(Século XVII), pelo filósofo Sampaio Bruno (século XIX) e no século XX pelo poeta Fernando
Pessoa e pelo filósofo José Marinho, entre outros escritores e psicólogos portugueses,
76
como ainda por estudiosos estrangeiros. Curiosamente, este mito também faz parte da
mitologia muçulmana com a mesma nomenclatura do encoberto e, tal como o rei Sebastião,
é suposto vir a acontecer o mesmo com o Iman muçulmano (o da décima segunda geração)
cuja crença comum é a de que virá num cavalo branco, em uma manhã de nevoeiro para
derrubar definitivamente o mal do mundo e estabelecer a concórdia entre os povos.
77
Etapa 1
Os acontecimentos da História de Portugal estão intimamente ligados
a sua produção literária. A fim de colher informações a respeito da atividade
Estudo proposta, observe os quadros e textos acima e escolha um dos temas, para
da Literatura em seguida discutir o tema e criar as duas primeiras partes do jornal/painel
Portuguesa informativo-cultural: o editorial e a reportagem. Para isso veja algumas dicas
e sugestões.
PRODUZINDO UM EDITORIAL
78
Etapa 2
Para complementar o jornal/painel informativo-cultural é necessário criar agora
algumas produções de caráter mais pessoal como a crônica e a crítica, conforme orientação
a seguir.
Escolha um texto literário para fazer uma crítica: um livro, um conto, um poema, etc.
de sua preferência, estudado durante o curso, tomando o cuidado de registrar: autor do
texto e a escola literária a qual pertence. Sugere-se que o texto possua entre 20 a 30 linhas.
79
Estudo
Etapa 3
Agora é chegado o momento de reunir todas as produções criadas
daLiteratura
Portuguesa nas etapas anteriores e montar o jornal/painel informativo-cultural. Para compor
a parte visual do jornal/painel, você poderá selecionar fotografias/figuras de
fontes diversas. Se houver entre vocês poetas e/ou contistas, seus textos serão bem vindos
para serem integrados ao jornal, pois este terá, também, cunho cultural.
80
Glossário
ABSOLUTISMO – O chamado absolutismo, etimologicamente falando, é o ato de
governar à solta, isto é, sem limites internos, sem contra-poderes, travões ou forças de
bloqueio. a forma de governo na qual um chefe de estado goza de um poder sem controle e
sem limites.
FARSA – Modalidade teatral cômica que surgiu por volta do século XIV, e se
caracteriza pelos personagens e situações exageradas, a farsa se distingue da comédia
propriamente dita por não observar regras de verossimilhança e difere da sátira ou da
paródia por não pretender questionar valores. Geralmente desligada da reflexão a respeito
da beleza e de propósitos éticos ou didáticos, pretendendo assim, provocar o riso explorando
situações engraçadas, grotescas e ridículas da vida quotidiana, apelando para a caricatura
e os exageros. Às vezes ganha conteúdo crítico ou de denúncia à revelia do autor. Não tem
outra intenção a não ser provocar o riso.
LAICIZAÇÃO – Da palavra laico - adjetivo que significa oposição a tudo o que tenha
qualquer ligação com a religião.
81
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
PANTEÍSTA - Panteísmo é uma doutrina que identifica o universo (em grego: pan,
tudo) com Deus (em grego: theos).
TROVA – (Latim, tropare = inventar, compor tropos) Durante a Idade Média (galaico-
portuguesa), o vocábulo “trova” era sinônimo de “cantiga”, e, portanto, designava toda a
espécie de poema em que havia aliança entre letra e música. A partir do século XVI, com a
desvinculação havida entre música e letra, o termo fixou-se como equivalente da quadrinha.
82
Referências
Bibliográficas
ABDALA JR & PASCHOALIN, M. Aparecido. História social da literatura
portuguesa. São Paulo: Ática, 1982.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix,
1990.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 26 ed. (rev. e aum.), São Paulo: Cultrix,
1991.
SITES CONSULTADOS:
http://www.instituto-camoes.pt
http://www.secrel.com.br
http://www.pt.wikipedia.org
http://www.itaucultural.org.br
http://www.vidaslusofonas.pt
http://www.mundocultural.com.br
http://www.citi.pt
83
Estudo
daLiteratura
Portuguesa
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead
84