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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/05/2020

Número: 0600492-36.2020.6.00.0000
Classe: AÇÃO CAUTELAR
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Sergio Silveira Banhos
Última distribuição : 13/05/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0600664-12.2019.6.00.0000
Assuntos: Cargo - Prefeito, Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade,
COVID-19, Ação de Investigação Judicial Eleitoral
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CHRISTIANO ROGERIO REGO CAVALCANTE (AUTOR) FABIANO FREIRE FEITOSA (ADVOGADO)
ULISSES BARROS VIRIATO (ADVOGADO)
RENATA ANTONY DE SOUZA LIMA NINA (ADVOGADO)
EDUARDO BORGES ARAUJO (ADVOGADO)
LAYS DO AMORIM SANTOS (ADVOGADO)
MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO COM O POVO SOMOS FORTES (RÉU)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
29132 14/05/2020 11:44 Decisão Decisão
238
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

AÇÃO CAUTELAR Nº 0600492-36.2020.6.00.0000 – CLASSE 12061 – ILHA DAS


FLORES – SERGIPE

Relator: Ministro Sérgio Banhos

Autor: Christiano Rogério Rego Cavalcante

Advogados: Maria Claudia Bucchianeri — OAB: 25341/DF e outros

Ré: Coligação Com o Povo Somos Fortes

DECISÃO

Christiano Rogério Rego Cavalcante, prefeito reeleito no Município de


Ilha das Flores/SE, no pleito de 2016, propõe ação cautelar, com pedido de liminar,
a fim de atribuir efeito suspensivo a recurso especial, interposto em face do acórdão
proferido nos autos do Recurso Eleitoral
390-61, pelo qual o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, por estreita maioria,
reformou sentença de improcedência e determinou a cassação do mandato do
requerente, assim como seu imediato afastamento do mandato eletivo.

O autor alega, em síntese, que:

a) este Tribunal Superior tem mitigado os verbetes sumulares 634 e 635


do Supremo Tribunal Federal e o previsto no art. 1.029, § 5º, III, do Código de
Processo Civil, nas hipóteses em que se encontram presentes a plausibilidade
jurídica do direito invocado pelo requerente, para atribuir a eficácia suspensiva a
recurso especial pendente de juízo de admissibilidade na origem, a fim de evitar a
consumação de dano irreparável ou de difícil reparação, ainda mais se considerado
o presente momento de pandemia do Covid-19. Nesse sentido, cita diversos
precedentes;

b) o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe determinou o afastamento do


requerente da Chefia do Poder Executivo. No entanto, o cargo se encontra vago, em

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razão de o Presidente da Câmara Municipal de Vereadores se encontrar em
quarentena. Em face disso, o Município está com todas as contas bloqueadas até
que seja designado um titular para a cadeira;

c) é viável a formulação do pedido para atribuição de efeito suspensivo


ao recurso especial, tendo em vista que a sentença de improcedência da ação de
investigação judicial eleitoral foi reformada por acórdão que, proferido por estreita
maioria (4 x 3 votos), cassou o requerente em situação que conflita com a
jurisprudência desta Corte Superior;

d) na origem, trata-se de ação de investigação judicial eleitoral, ajuizada


pela coligação majoritária derrotada no pleito de 2016, na qual se imputa ao ora
impetrante a suposta prática de abuso do poder econômico e do poder político,
derivados exclusivamente do fato de terem sido usadas, na campanha eleitoral, as
cores laranja e verde que, por serem as cores oficiais do município, eram as cores
de padronização da pintura de logradouros e prédios municipais;

e) “nos termos da exordial, ‘a conclusão lógica a que se pode chegar é a


de que, havendo similaridade somente entre as cores de campanha e as cores
oficiais do município, resta configurado o abuso, justificando-se, assim, a imposição
das penalidades previstas no art. 22 da LC 64/90’” (ID 28984188, p. 13);

f) ao examinar a controvérsia, o juízo de primeiro grau concluiu que, no


caso em tela, não evidenciava nenhum ilícito eleitoral, tendo em vista a ausência de
liame concreto entre a padronização dos prédios municipais com as cores oficiais da
edilidade, ocorrido desde 2013 por força da Lei Municipal 12/2013, e a campanha
eleitoral que viria a ocorrer apenas três anos depois;

g) a utilização em campanha das cores oficiais do município já tinha


sido questionada pelo Ministério Público Eleitoral, mediante a Representação
292-62, sustentando a suposta ocorrência de conduta vedada, a qual foi julgada
improcedente pelo Juízo Eleitoral, tendo sido afirmado que “taxativamente a
inexistência de qualquer irregularidade eleitoral na utilização, na campanha, por
qualquer um dos candidatos, das cores oficiais do Município, com as quais foram
padronizados os prédios públicos em 2013, com apoio em lei municipal ” (ID
28984188, p. 21), fundando-se, assim, essencialmente, no elemento temporal e na
inexistência de conotação eleitoral da conduta;

h) foram interpostos dois recursos eleitorais. A coligação limitou-se a


transcrever a petição inicial, sem impugnar nenhum dos tópicos da sentença e
sequer explorou o acervo probatório dos autos, em claro desrespeito aos arts. 932,
III, 1.010, III e 1.013, § 2º, do Código de Processo Civil. Já o órgão ministerial
apresentou recurso absolutamente dissociado dos fundamentos da sentença,
também sem observância aos aludidos dispositivos. Todavia, não obstante os
evidentes vícios processuais, ambos os apelos foram conhecidos;

i) o julgamento do recurso eleitoral, alusivo aos apelos do Ministério


Público Eleitoral e da coligação autora, deu-se por maioria apertada, com o voto de
minerva do Presidente da Corte Regional sergipana, com o afastamento da

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preliminar de coisa julgada, em face da expressa regra do art. 96-B da Lei 9.504/97
e em virtude de representação já apreciada pela Justiça Eleitoral; e o provimento
parcial dos recursos, para se reconhecer o suposto abuso do poder político, com a
reforma da sentença e cassação da chapa eleita;

j) além de incorrer em diversos vícios processuais e materiais, o


Tribunal a quo avançou para determinar a execução do aresto logo após a
publicação do acórdão condenatório, apesar da possibilidade da oposição de
embargos de declaração, o que efetivamente ocorreu;

k) diante dessa determinação, foi impetrado mandado de segurança no


Tribunal Superior Eleitoral, de relatoria do Min. Sérgio Banhos, que deferiu o pedido
de liminar, para assegurar ao requerente que permanecesse no exercício do cargo
até o julgamento dos embargos de declaração já opostos na origem;

l) apesar dos substanciais vícios do acórdão embargado, os embargos


de declaração foram rejeitados pela Corte Regional sergipana que, indo muito além,
aplicou multa ao requerente por suposta natureza protelatória, em que pese tenham
sidos os primeiros aclaratórios opostos;

m) foi interposto recurso especial, em que foram cabalmente


demonstradas violações aos arts. 275, caput e § 6º, do Código Eleitoral; 492, 932,
III, 1.010, III, 1.022, I e III, e 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil e art. 22, caput
e XVI da Lei Complementar 64/90 e cujo provimento não demandará o revolvimento
de qualquer elemento estranho ao acórdão regional;

n) conforme dispõe o art. 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil, o


voto vencido também integra a moldura fática do acórdão para todos os fins legais,
até mesmo de prequestionamento;

o) eis as premissas do acórdão que se pretende suspender:

i) a ação de investigação judicial eleitoral e a RP 326-97, cuja sentença


de improcedência já transitou em julgado, versam sobre os mesmos fatos e
possuem o mesmo conjunto probatório;

ii) a padronização de prédios e logradouros públicos com as cores verde


e laranja foi autorizada pela Lei Municipal 12/2013, a qual instituiu as cores
municipais de Ilha das Flores/SE;

iii) desde a instituição da aludida lei municipal em 2013, os prédios e


logradouros públicos foram padronizados com as cores verde e laranja;

iv) apenas uma escola estaria tendo sua pintura reavivada na véspera do
pleito.

p) todas as premissas constantes do acórdão regional, associadas às


arguidas nos aclaratórios, autorizam a concessão de efeito suspensivo ao recurso

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especial, sem que seja necessária a incursão em nenhum outro elemento dos autos,
afastando-se, assim, o óbice dos verbetes sumulares 279 do Supremo Tribunal
Federal e 7 do Superior Tribunal de Justiça;

q) a utilização das cores oficiais do município pela campanha do ora


requerente já havia sido questionada pelo Ministério Público Eleitoral na
Representação 326-97, a qual foi julgada improcedente, em sentença fundamentada
de forma idêntica à proferida na AIJE, não tendo sido interposto recurso pelo órgão
ministerial, o que evidencia a formação de coisa julgada material;

r) o Tribunal de origem rejeitou a preliminar de coisa julgada entre a AIJE


e a RP 326-97, sob o fundamento de que, embora o fato e o conjunto probatório
sejam os mesmos, os requisitos legais, os pedidos e as consequências jurídicas são
distintos na ação por abuso de poder político e na representação por conduta
vedada, afastando a coisa julgada, por meio de declaração de inconstitucionalidade
parcial, sem redução de texto, do art. 96-B, § 3º, da Lei 9.504/97;

s) “segundo o entendimento esposado no acórdão recorrido, a parte


poderia ser objeto tanto de ação de investigação judicial eleitoral quanto de
representação fundadas na mesmíssima conduta, e com base no mesmo acervo
probatório, devendo, na primeira, defender-se do abuso de poder e, na segunda, da
conduta vedada” (ID 28984238, p. 33);

t) foram opostos embargos de declaração em que foi provocada a Corte


Regional a se pronunciar a respeito do disposto no art. 492 do Código de Processo
Civil e sobre o verbete sumular 62 do TSE, que convergem no sentido de que a
parte deve se defender dos fatos e não da capitulação jurídica. Nessa linha, foram
apresentados diversos precedentes do Tribunal Superior Eleitoral;

u) é manifesta a omissão do Tribunal a quo em apreciar a tese


defensiva, repisada nos aclaratórios, a autorizar a atribuição de efeito suspensivo ao
recurso especial, tendo em vista a plausibilidade da suscitada violação aos arts. 275
do Código Eleitoral e 1.022, II, do Código de Processo Civil;

v) “a contradição interna do acórdão, neste caso específico, era


evidente, pois se é certo que um fato não enquadrado como abuso de poder (por
falta de gravidade) pode ainda vir a ser entendido como caracterizador de conduta
vedada e esse reenquadramento pode ser feito no contexto do mesmo processo, A
RECÍPROCA NÃO É VERDADEIRA, pois se ele sequer foi passível de penalização
por multa, jamais poderá, em situação idêntica, desembocar em ordem de cassação”
(ID 28984238, p. 36);

w) a Corte Regional foi instada a se manifestar sobre matéria de ordem


pública, consistente na manifesta ausência de atendimento dos pressupostos
recursais mediante os apelos manejados pela coligação requerida e pelo Parquet
Eleitoral, em ofensa aos arts. 932, III, 1.010, III, e 1.013, § 2º, do Código de
Processo Civil;

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x) o acórdão regional permaneceu omisso, visto que os excertos nele
transcritos não atestam que os requeridos se desincumbiram de impugnar
especificamente os fundamentos da sentença;

y) “ a Corte Regional, em questão de ordem, declarou a


inconstitucionalidade sem redução de texto do art. 96-B, § 3º, da Lei nº 9.504/97,
dando-lhe interpretação conforme à Constituição, a fim de ‘restringir o alcance da
regra a ações da mesma espécie daquela julgada anteriormente’” (ID 28984238, p.
44), contrariando o art. 492 do Código de Processo Civil e o enunciado do verbete
sumular 62 do TSE;

z) a plausibilidade do direito invocado no recurso especial a autorizar a


atribuição de efeito suspensivo está evidenciada na afronta aos arts. 96-B, § 3º, da
Lei 9.504/97 e 492 do Código de Processo Civil e do enunciado do verbete sumular
62 do TSE;

aa) o acórdão recorrido demonstra desconhecimento acerca da


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que, em sede de repercussão geral,
assentou que a inelegibilidade direta a que se refere o art. 22, XIV, da Lei
Complementar 64/90 não é diferente, quanto à natureza jurídica, das demais
inelegibilidades do art. 1º, I, do aludido diploma legal;

bb) o prescrito no art. 96-B, § 3º, da Lei 9.504/97 visa a evitar que a
própria Justiça Eleitoral julgue que um fato não é passível de sanção de multa, em
processo transitado em julgado, e, posteriormente, em outros autos, com lastro em
acervo probatório idêntico, venha a decidir pela gravíssima penalidade de cassação
de mandato dos mesmos acusados;

cc) a conclusão da Corte Regional sergipana revela grave afronta ao art.


22, caput, da Lei Complementar 64/90, porquanto considerou a existência de prática
de abuso de poder em virtude da mera escolha das cores que conferem identidade
ao município deste 2013, como cores de campanha.

dd) “ao extrair a prática de abuso de poder de pinturas realizadas 02


(dois) ou 03 (três) anos antes do pleito eleitoral e da mera revitalização, no período
eleitoral, de uma única pintura antiga, com a preservação das cores originais, o
acórdão violou a norma inscrita no art. 22, caput e inciso XVI, da LC nº 64/90” (ID
28984238, p. 56);

ee) se o fato de ter sido estabelecido por lei cores oficiais para o
município e se a utilização de tais cores na padronização dos prédios públicos,
desde 2013, se revela conduta ilícita, esse debate não tem relação com as eleições,
e, sim, com eventual ofensa aos princípios da impessoalidade e da moralidade;

ff) os ilícitos administrativos desvinculados das eleições não se amoldam


ao descrito no art. 22, caput, da LC 64/90;

gg) na linha da consolidada jurisprudência do TSE, não é da


competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ilícitos restritos à seara

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administrativa, mesmo aqueles que, em tese, possam ser qualificados como atos
ímprobos. Nesse sentido, cita julgados;

hh) o afastamento da chefia do Poder Executivo ocorreu na data de


ontem, com a publicação do acórdão, proferido em sede de embargos de
declaração, e o Presidente da Câmara de Vereadores não assumiu interinamente o
cargo, pois está de quarentena em Aracaju até o próximo fim de semana;

ii) a chefia do Poder Executivo se encontra vaga e as contas da


prefeitura foram imediatamente bloqueadas, havendo grave risco de instabilidade
política e de descontinuidade administrativa, em um momento delicadíssimo em
virtude da pandemia do Covid-19;

jj) de acordo com os dados de 11.5.2020, o Estado de Sergipe possui


mais de 1.800 casos de Covid-19 confirmados e mais 35 mortos. O Município de Ilha
das Flores faz fronteira com o Estado de Alagoas, o que inspira mais cuidados, uma
vez que Alagoas enfrenta um quadro mais dramático da pandemia, com 2.580 casos
confirmados e 150 mortes;

kk) “com os Decretos nº 05/20, nº 06/20, nº 21/20, nº 24/20 e nº 25/20,


todos do Governo Municipal de Ilha das Flores, o Requerente esteve à frente da
formulação, instituição e implementação de toda a estratégia de enfrentamento e
prevenção à epidemia de coronavírus e, assim, determinou medidas de isolamento,
definiu as atividades essenciais, estabeleceu os protocolos de segurança e
prevenção nos estabelecimentos em funcionamento, fixou os procedimentos para
notificação de casos suspeitos de contaminação, suspendeu as aulas na rede
municipal de ensino pública e privada, dispôs sobre o funcionamento dos órgãos
públicos e, ainda, a criação de barreiras sanitárias e da obrigatoriedade do uso de
máscaras em todo Município” (ID 28984238, pp. 64 e 65);

ll) num cenário de grave crise de saúde pública, em que não é possível
sequer realizar novas eleições, em que permanece vaga a chefia do Executivo e na
perspectiva de um acórdão tomado pelo voto de desempate, com reforma da
sentença de improcedência, fica evidente o perigo da demora, a autorizar o
deferimento do pedido de medida liminar;

mm) em recentíssima decisão monocrática, nos autos da AC


0600454-24.2020.6.00.0000, o Ministro Og Fernandes concedeu efeito suspensivo a
recurso especial pendente de juízo de admissibilidade na origem, para, em atenção
a possíveis prejuízos à política pública de enfrentamento à Covid-19, suspender
todos os efeitos do acórdão regional;

nn) nos autos do REspe 1-16, o Ministro Luís Felipe Salomão atribuiu
efeito suspensivo a agravo interno, interposto em face de decisão monocrática que
já havia negado provimento a recurso especial, por considerar a necessidade de se
evitarem descontinuidades administrativas, num contexto como o do presente caso;

oo) “no julgamento Plenário do Caso de ‘Lins’ (RESPE nº 476-43), os i.


Ministros Luís Roberto Barroso, Luís Felipe Salomão e Tarcísio Vieira de Carvalho
também sinalizaram para o grave problema, a ser devidamente enfrentado e

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neutralizado, derivado de afastamentos automáticos de mandatos impostos num
contexto de grave crise de saúde pública como o presente” (ID 28984238, p. 67).

Requer que seja atribuída eficácia suspensiva ao recurso eleitoral já


interposto, determinando-se a imediata recondução do requerente ao exercício do
mandato, até o julgamento final do recurso por este Tribunal Superior.

No mérito, postula a confirmação da tutela de urgência e a suspensão


dos efeitos do acórdão recorrido, até o julgamento final do recurso especial.

É o relatório.

Decido.

A petição inicial está subscrita por advogados habilitados nos autos (ID
28984288).

Conforme relatado, os autores pretendem a concessão de efeito


suspensivo a recurso especial interposto em 12.5.2020 (ID 28986088), de cuja
submissão ao crivo da admissibilidade perante o Presidente do Tribunal a quo não
se tem notícia.

Nessa hipótese, o art. 1.029, § 5º, do Código de Processo Civil,


dispositivo invocado pelos autores na exordial, dispõe expressamente o seguinte:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na


Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente
do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

[...]

§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a


recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da


decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado
para seu exame prevento para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

II – ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período


compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado,
nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
.

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Desse modo, na linha do dispositivo acima, nos casos em que o recurso
especial foi meramente interposto — e, portanto, não submetido ainda ao exame de
admissibilidade —, a competência para a apreciação de eventuais medidas de
urgência é do Presidente do Tribunal recorrido, ao qual também cabe o juízo prévio
dos requisitos recursais.

Trata-se da positivação dos verbetes sumulares 634 e 635 do Supremo


Tribunal Federal, cuja superação já era admitida por esta Corte em hipóteses
excepcionais (AgR-AC 33-45, rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de 5.2.2010).

Tal orientação tem sido mantida mesmo na vigência do novo CPC,


conforme entendimento já manifestado pelo Ministro Luiz Fux na Ação Cautelar
0602235-86, de 23.5.2017, referente a candidato a prefeito eleito no pleito de 2016,
na qual foi concedida a tutela de urgência, mesmo estando pendente juízo de
admissibilidade do recurso especial.

Por pertinente, destaco o seguinte trecho do mencionado decisum:

In casu, não se verifica a instauração da competência cautelar desta Corte


Superior Eleitoral, ante a ausência de juízo de admissibilidade do recurso especial
eleitoral na instância judicial a quo. Nada obstante isso, penso que as
singularidades do caso sub examine impõem a mitigação da incidência dos
verbetes das supracitadas Súmulas de nossa Suprema Corte. Explica-se.

A jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral sedimentou entendimento no


sentido de repudiar sucessivas alternâncias na chefia do Poder Executivo local,
na medida em que acarretam insegurança jurídica, incertezas na população local
e descontinuidade na gestão administrativa (Precedente: AgR-AC nº 130275, Rel.
Min. Fátima Nancy Andrighi, DJe de 22/9/2011).

Ao determinar o cumprimento imediato da decisão que cassou o Autor e seu Vice


de seus respectivos mandatos, o aresto proferido pela Corte Regional Eleitoral
cria exatamente o cenário que a jurisprudência deste Tribunal visa a interditar: o
cumprimento da decisão a fortiori implicará o afastamento do exercício da chefia
do Executivo local.

Tal circunstância justifica, a meu juízo, o abrandamento dos Enunciados das


Súmulas nº 634 e nº 635 do Supremo Tribunal, de maneira a autorizar a análise
da verossimilhança das alegações veiculadas pelo Autor.

Na mesma linha, o Supremo Tribunal Federal também já admitiu a


concessão de tutela de urgência ainda que o recurso extraordinário não tenha sido
admitido pelo Tribunal de origem (AC 26-68-MC-AgR, rel. Min. Joaquim Barbosa,
Segunda Turma, DJE de 8.10.2010).

Desse modo, embora se trate de preceito legal, é possível a sua


superação em hipóteses muito graves, em que ficar evidente a probabilidade de
provimento do recurso, tendo em conta os preceitos constitucionais da tutela
jurisdicional efetiva e da segurança jurídica.

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Isso porque a execução imediata do julgado, já indicada pelo colegiado
da Corte de origem, poderia causar danos irreversíveis à administração municipal e
ao exercício do mandato, bem como acarretar custos eventualmente desnecessários
ao erário, considerando-se o disposto no art. 224, § 3º, do Código Eleitoral.

Nessa linha, já se decidiu que “o posicionamento desta Corte é no


sentido de se evitar a alternância na chefia do Poder Executivo Municipal” (AgR-AC
32-48, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 1º.6.2009). Igualmente: “A regra é evitar-se
a alternância na chefia do Poder Executivo municipal, cabendo providência em tal
sentido para aguardar-se o desfecho de recurso” (AgR-AC 4197-43, red. para o
acórdão Min. Marco Aurélio, DJE de 25.3.2011).

É bem verdade que, mais recentemente, esta Corte entendeu que, em


princípio, é insuperável o disposto no art. 1.029, § 5º, I e III, do Código de Processo
Civil, conforme orientação firmada na AC 0600342-26, rel. Min. Tarcisio Vieira de
Carvalho Neto, julgado em 15.5.2018, cuja ementa segue transcrita na parte em que
interessa para o desate do presente caso:

ELEIÇÕES 2016. AÇÃO CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO. RECURSO


ESPECIAL. CONHECIMENTO. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PRESIDENTE DO
TRE. SUPERVENIENTE EXERCÍCIO NEGATIVO. AGRAVO. INTERPOSIÇÃO.
COMPETÊNCIA DO TSE. INAUGURAÇÃO. SUPERAÇÃO DO ÓBICE POR
ESTE FUNDAMENTO. TUTELA DE URGÊNCIA. REQUISITOS.
PLAUSIBILIDADE JURÍDICA. ÊXITO DO APELO. PROBABILIDADE NÃO
DEMONSTRADA. RISCO DE DANO DE DIFÍCIL OU IMPROVÁVEL
REPARAÇÃO. ANÁLISE PREJUDICADA. PLEITO ACAUTELATÓRIO.
INDEFERIMENTO.

I - PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE DA CAUTELAR

I.1. Nos termos das Súmulas nº 634 e 635, ambas do STF, na pendência do juízo
de admissibilidade do apelo nobre, compete ao presidente do Tribunal a quo o
exame de pedido acautelatório visando à suspensão dos efeitos de acórdão
condenatório.

I.2. Essa diretriz foi, por legítima opção do legislador, positivada no art. 1.029, §
5º, I e III, do CPC (Lei nº 13.256, de 4.2.2016).

I.3. Desse modo, não se cuida, tal como antes, de exclusiva superação de
enunciado sumular, construído ainda na vigência do CPC de 1973 e aplicável, por
analogia, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral, mas de suplantar diploma legal
no qual inserida regra expressa de competência sobre o juízo da cautelar.

I.4. Daí por que essa providência exige redobrado rigor, devendo ser circunscrita,
em atenção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição de natureza efetiva -
assim compreendida como aquela capaz de evitar o perecimento irreparável do
direito vindicado -, às situações em que: (i) formulado o pedido acautelatório ao
presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, não se tenha, em tempo
razoável, deliberação daquele órgão; e (ii) indeferido o pedido de liminar,

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permaneça pendente, na origem, o exercício do juízo de admissibilidade do
recurso especial.

I.5. O que não se pode conceber é que fique ao exclusivo talante da parte a
escolha entre formular o pedido acautelatório perante o presidente do Tribunal
Regional ou aviá-lo diretamente, de forma dissociada do texto legal, ao Tribunal
Superior Eleitoral per saltum.

I.6. Em casos tais, impõe-se a negativa de trânsito ao pedido ou, ao menos, a


declinação da competência ao Juízo a quo. [...]

Nada obstante, a aplicação do referido entendimento sem a devida


filtragem constitucional e a partir de premissas dissociadas do quadro fático que se
apresenta para julgamento, poderia acarretar grave descompasso entre a resposta
judicial e os bens constitucionais que o processo eleitoral visa a resguardar.

Nesse diapasão, embora o recurso especial eleitoral, em regra, não


tenha efeito suspensivo, em face do teor do art. 257 do Código Eleitoral, entendo
que a segurança jurídica recomenda que a execução de julgados condenatórios de
Tribunais Regionais Eleitorais deve ponderar situações que evitem não apenas a
indesejada alternância nas cadeiras do Executivo Municipal, mas, também, que
viabilizem às partes requerer a devida prestação jurisdicional ao Poder Judiciário,
inclusive quanto à postulação de tutela de urgência.

No caso dos autos, há, pelo menos, três outros elementos, peculiares à
presente demanda, que corroboram a possibilidade de acesso direto e excepcional a
esta Corte Superior.

A um, o pedido de efeito suspensivo ao recurso especial, acaso


formalizado estritamente nos termos do já citado art. 1.029, § 5º, I e III, do Código de
Processo Civil, muito provavelmente seria apreciado pelo
Desembargador-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, o qual proferiu
o voto de desempate na origem, viabilizando o provimento do apelo e o afastamento
imediato dos autos.

Destarte, conquanto seja certo que o referido exame estaria marcado


pela densidade e pela excelência dos argumentos, é perfeitamente verossímil,
presumível até, que o referido julgador manteria o comando do acórdão regional, em
linha do voto de desempate proferido por Sua Excelência.

Além desse aspecto, na linha do que se articula na exordial e conforme é


de notório conhecimento público (art. 374, I, do Código de Processo Civil), o país
enfrenta grave crise de saúde pública, decorrente dos efeitos da pandemia causada
pelo vírus SARS-Cov-2 (Covid-19), com 188.974 casos confirmados e 13.149 óbitos
[1]. No caso específico do Estado de Sergipe, dados da respectiva Secretaria de
Saúde indicam que foram confirmados 2.032 casos, com 37 óbitos [2].

Embora o Município de Ilhas das Flores/SE não registre nenhum caso da


Covid-19, aponta-se na inicial que há avanço da doença em municípios lindeiros,
informação efetivamente confirmada por meio de dados oficiais de conhecimento

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público [3], o que sugere a necessidade de adoção de medidas profiláticas pela
administração municipal da referida localidade.

Nesse contexto, assim como tem ocorrido em outros ramos do Direito, é


possível se cogitar de um Direito Eleitoral de crise e de um Direito Processual
Eleitoral, nos quais seria possível a (re)avaliação de certos institutos jurídicos a partir
de perspectiva adequada à máxima proteção dos direitos fundamentais,
notadamente os direitos à vida e à saúde.

Assim, se é certo que a observância da regra de competência prevista


no art. 1.029, § 5º, I e III, do Código de Processo Civil decorre de regras e princípios
inerentes ao devido processo legal — a exemplo do juiz natural, da igualdade de
partes e da logicidade e economia —, é igualmente certo que a resposta judicial que
se pretenda efetiva não pode implicar grave risco de instabilidade político-social e de
mácula ao direito à vida do indivíduo, mais especificamente dos munícipes de Ilha
das Flores/SE.

O terceiro aspecto fático que autoriza a superação da aludida regra de


competência bem ilustra tal risco à saúde pública.

Isso porque, segundo informação constante da inicial, o Presidente da


Câmara dos Vereadores do Município de Ilha das Flores/SE, substituto natural e
temporário em caso de dupla vacância no Poder Executivo, estaria em processo de
quarentena na capital do Estado, circunstância que o impediria de exercer
plenamente as suas atribuições.

Tal cenário sugere que a postergação, ainda que por breve período de
tempo, na apreciação do pleito do autor poderia acarretar quadro de anomia na
municipalidade, com presumíveis danos às ações de combate à Covid-19,
declinadas no relatório de atividades de ID 28988338.

Vale dizer que esta Corte Superior, já nesse contexto emergencial,


concedeu efeito suspensivo sem exame aprofundado da viabilidade recursal,
requisito legal para a concessão tutela de urgência recursal, tendo em vista a
gravidade do quadro de saúde pública do país. Eis o teor do julgado:

2. Sem adentrar as razões de mérito quanto às condutas atribuídas aos


agravantes, penso que, especificamente na hipótese, há excepcionalidade que
permite conceder o efeito suspensivo ao agravo em virtude da somatória de dois
relevantes fatores.

O primeiro consiste na notória situação de pandemia enfrentada pelo país, em


especial no Estado do Amazonas, um dos mais atingidos no contexto do sistema
público de saúde para debelar o covid-19.

Ademais, impõe-se levar em conta a situação específica do Município de


Presidente Figueiredo/AM, conforme relatam os agravantes. No ponto, cabe
considerar a extrema dificuldade de implementação de políticas públicas no
presente momento para o combate à pandemia, o que ganha contornos ainda
mais dramáticos diante das sucessivas alternâncias de titularidade na chefia do

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Poder Executivo Municipal verificadas naquela Municipalidade, com sérias
implicações na imprescindível e adequada gestão do sistema de saúde.

Desse modo, a meu sentir, a soma de todos esses fatores recomenda – neste
caso específico, diante das circunstâncias excepcionais, torno a enfatizar –
conceder o efeito suspensivo até a conclusão do julgamento do agravo interno.

(REspe 1-16, rel. Min. Luís Felipe Salomão, DJE de 19.2.2020.)

Também é digna de nota a decisão proferida pela Ministra Rosa Weber,


Presidente desta Corte, no âmbito do Processo SEI 2020.00.000002181-9, por meio
da qual foi suspensa, provisoriamente, a realização das novas eleições para o cargo
de Senador da República no Estado de Mato Grosso.

A exemplo do que entendo ser o caso dos autos, o feitos acima ilustram
a necessidade de hermenêutica própria de crise, com a superação e/ou adequação
de eventuais comandos legais quando se revele absolutamente necessário para o
resguardo de bens constitucionais de especial envergadura.

Assim, ante o perigo de mácula às cláusulas constitucionais da tutela


judicial efetiva (CF, art. 5º, XXXV), da segurança jurídica e da soberania popular
(CF, art. 1º, parágrafo único), bem como do risco aos direitos à vida (CF, art. 5º,
caput) e à saúde (CF, art. 6º, caput), conheço do pedido e passo ao exame das
alegações com vistas a aferir se está presente a situação de excepcionalidade que
autoriza a superação da aludida regra de competência.

Feitas essas considerações, passo ao exame dos requisitos da tutela


vindicada.

Nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, a concessão de


tutela de urgência pressupõe a demonstração de razões que denotem a existência
de perigo de dano e a probabilidade do direito.

Com relação ao periculum in mora, considero que ele está devidamente


demonstrado, tendo em vista que o Tribunal de origem comunicou ao juízo de
origem acerca da ordem de afastamento, o qual, por sua vez, enviou ofício ao
Presidente da Câmara dos Vereadores (ID 28988238).

Some-se a isso o risco, já declinado anteriormente, a direitos difusos e


coletivos, de elevado status constitucional, decorrente da alternância abrupta no
Poder Executivo municipal, do eventual vácuo administrativo e da possível
interrupção ou suspensão das medidas sanitárias de enfrentamento ao vírus
SARS-Cov-2.

Quanto à probabilidade do direito, consubstanciada na plausibilidade


recursal, o autos aponta, em apertada síntese: i) ofensa ao art. 275 do Código
Eleitoral e ao art. 1.022 do Código de Processo Civil; ii) ao art. 96-B, § 3º, da Lei
9.504/97 e ao art. 492 do Código de Processo Civil; iii) ao art. 22, caput e inciso XVI,
da Lei Complementar 64/90.

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Sem prejuízo de ulterior exame das demais teses recursais, destaco,
para os fins da tutela de urgência ora vindicada, aquelas vertidas nos itens “ii” e “iii”.

Conforme relatado, o autor afirma que há plausibilidade recursal da


alegada violação ao art. 96-B, § 3º, da Lei 9.504/97 e ao art. 492 do Código de
Processo Civil, uma vez que a Corte Regional Eleitoral julgou ação de investigação
judicial eleitoral que aprecia os mesmos fatos e provas de representação por
conduta vedada, julgada improcedente por meio de decisão transitada em julgado.

Sustenta que a prescrição constante dos referidos dispositivos visa a


impedir que a Justiça Eleitoral atribua, em face de contextos fático-probatórios
idênticos, consequência jurídica mais gravosa (cassação do diploma e
inelegibilidade) daquela que sequer foi cogitada na demanda transitada em julgado
(multa).

A esse propósito, do voto proferido pela relatora na origem constou que


(ID 28985538, p. 19):

Em sede de sustentação oral, os recorridos arguiram a existência de coisa julgada


material em relação à AIJE nº 309-61, sob a alegação de que a Representação nº
326-97, versando sobre os mesmos fatos objeto da ação de investigação judicial
eleitoral, foi julgada improcedente, sem que houvesse interposição de recurso.

Na sessão plenária do dia 10.09.2019, rejeitei a preliminar, no que fui seguida


pelo Des. Diógenes Barreto, o Juiz Marco Antônio Garapa de Carvalho
apresentou voto divergente, no sentido de acolhê-la, nos termos do art. 502 do
CPC e art. 96-B da Lei 9.504/97, para o fim de determinar a extinção da AIJE nº
309-61 sem resolução do mérito.

Verifico no voto proferido pelo eminente Juiz Marcos Antônio Garapa de Carvalho
que a própria jurisprudência por ele citada diz o seguinte e é bem claro que o
ajuizamento de AIJE eleitoral por suposta prática de abuso de poder econômico
prevista no artigo 22 da lei 64/90 não impede o manejo de representação por
captação ilícita de recursos, alicerçada no art. 30-A da Lei nº 9.504/97.

Depreende-se, pois, o cotejo dessas vias processuais revela que: (i) as


consequências jurídicas delas advindas não são coincidentes e, ainda que o
fossem, os requisitos legais para a configuração de um e de outro ilícito são
distintos, na linha da doutrina e da jurisprudência; (ii) o acervo probatório na AIJE,
cujo polo passivo inclui não somente o candidato eleito, mas aqueles que
houverem concorrido para a prática do ato, acarreta, naturalmente, a diversidade
desse substrato.

Portanto, Sr. Presidente, é possível com os mesmos fatos você ajuizar uma AIJE
e uma Representação. Ou seja, porque uma é mais elástica do que a outra. As
consequências de uma AIJE não são as de uma Representação.

Então pelo que eu entendi, pelo que eu li, estava muito tendente a seguir o voto
divergente, mas eu reli novamente as anotações de hoje e eu entendo que aqui
não há coisa julgada. E digo mais, o TSE disse o seguinte: as naturezas das

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ações são diferentes, a procedência de uma não impede também o ajuizamento
da outra.

Então nesse caso aqui, apesar de ser o mesmo fato e conjunto probatório, a
gente entende que são pedidos distintos que impedem a coisa julgada. Então, eu
mantenho meu voto no sentido de negar a coisa julgada.

Destaco, por elucidativo, excerto do voto divergente, proferido pelo Juiz


Marcos Antônio Garapa de Carvalho (ID 28985538, pp. 15-18):

Como se vê, embora tenha julgado em separado um dos processos (RP 326-97,
cujo trânsito em julgado se operou em 09.02.2018), o juízo da 15ª Zona usou
exatamente o mesmo raciocínio, inclusive com a mesma fundamentação em uma
e outra sentença.

Além do fato do juízo recorrido ter decidido ambas as demandas de modo igual,
apesar de ter afirmado que elas eram distintas, vê-se que nenhum ato processual
foi praticado no processo n.º 309-61 após a separação dele da RP 326-97, pois
mesmo a audiência designada para ouvir testemunhas no dia 22/03/2018, acabou
por ser encerrada sem a tomada de qualquer depoimento em razão do recorrido
ter pedido que fossem trasladados os termos das testemunhas ouvidas no
processo n.º 568-56.

Ora, não apenas fica claro o equívoco do juízo da 15ª Zona Eleitoral, que
tumultuou o andamento de todos os processos conexos ao separá-los, como
conclui-se que aquele tumulto somente trouxe prejuízos para a solução das
demandas, inclusive para aquele que foi julgado posteriormente e agora em
análise.

O registro de tais erros no procedimento por parte do juízo da 15ª Zona Eleitoral
fez-se necessário para que não haja qualquer dúvida acerca de dois pontos:

1. embora o recorrido não tenha suscitado a ocorrência de coisa julgada em


manifestação anterior, fica claro que nos autos havia ao menos a indicação, a
partir da decisão de fls. 99/100 (RE 296-62) e fl. 108 (RE 309-61), de conexão
entre as demandas e de ponto de fato em comum em ambas;

2. o Ministério Público Eleitoral – MPE atuou em todos os processos, pois em


apresentou recurso contra a sentença de improcedência do pedido e no outro fora
o autor da ação (RP n.º 326-97).

Com isso, imperiosa a conclusão de inexistência de surpresa para quaisquer das


partes envolvidas em relação à alegação de vinculação umbilical entre o processo
n. 326-97 e o RE 309-61, e da coisa julgada material.

Em relação à preliminar em si, ela deve ser acolhida.

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Primeiro, convém registrar que, ao apreciar matéria semelhante a que aqui se
discute, o TSE estabeleceu a diretriz jurisprudencial a ser seguida ao se apreciar
a ligação entre feitos regidos pela Lei das Eleições e a Lei das Inelegibilidades.
Confira-se:

[...]

Ao olhar os feitos em apreciação tendo como parâmetro lógico os apontamentos


ofertados pelo TSE, conclui-se, sem grande dificuldade, que embora versem
sobre ações distintas (AIJE e Representação) que tenham por escopo os mesmos
fatos, efetivar julgamento conjunto representaria “medida salutar à escorreita
prestação jurisdicional”.

Não à toa os feitos seguiam apensados, em obediência ao art. 96-B da Lei


9.504/97, com trâmite comum e sem qualquer evento jurídico que diferenciasse o
conjunto probatório obtido num e noutro processo.

Entender, neste momento processual, ser possível apreciar o acerto ou desacerto


da sentença quanto ao mérito da AIJE (RE 309-61) significaria autorizar que dois
feitos com rito idêntico e consequências equivalentes pudessem ter
pronunciamentos judiciais totalmente opostos, o que violaria a garantia
constitucional da segurança jurídica.

Não se olvida que o ajuizamento de ação de investigação judicial eleitoral por


suposta prática de abuso de poder prevista no art. 22 da Lei Complementar 64/90,
não impede o manejo de representação por conduta vedada, prevista no art. 73
da Lei 9.504/97. Entretanto, nos feitos em apreciação, constata-se o seguinte:

a) as consequências jurídicas somente na aparência não são coincidentes, uma


vez que todas as sanções possíveis previstas para a AIJE (inelegibilidade e
cassação do registro/diploma – art. 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90),
também teriam se processado na hipótese de procedência da representação por
conduta vedada (§ 5º do art. 73 da Lei 9.504/97 e art. 1º, inciso I, alínea “j”, da Lei
Complementar 64/90). Na verdade esta chega a ser mais abrangente, uma vez
que permite, ainda, a imposição de multa (§ 4º do art. 73 da Lei 9.504/97), o que
não se autoriza na AIJE;

b) tal qual registrado nas duas sentenças pela magistrada, o bem jurídico tutelado
pelas duas ações é equivalente, tendo sido identificado na RP 326-97 como “a
igualdade de oportunidades entre os candidatos nos pleitos eleitorais”, ao passo
que no RE 309-61 visa proteger a “a normalidade e a legitimidade das eleições”;

c) se numa demanda sobre os mesmos fatos, proposta pela mesma parte contra
o mesmo réu, o juízo natural disse que eles não foram capazes de macular o
processo eleitoral, e se esta decisão transitou em julgado, a demanda conexa que
tratava da mesma conduta, proposta pelas mesmas partes, contra o mesmo réu,
não pode ter seguimento, por ofensa à coisa julgada material.

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Diante de tal quadro, deixar de reconhecer, em relação ao objeto jurídico do RE
309-61, a ocorrência de coisa julgada material representaria grave ofensa ao
princípio da segurança, já que significaria possibilitar a desconstituição de uma
situação jurídica instalada e pacificada no sistema, qual seja, o registro de que
inexiste “ligação entre a utilização das cores laranja e verde em prédios públicos e
propagandas institucionais com eventual prejuízo à higidez do pleito eleitoral,
tampouco de tal fato condicionar o livre exercício do voto pelos eleitores de Ilha
das Flores em prol dos representados (recorridos)”.

Não obstante esse profícuo debate acerca da litispendência e coisa


julgada em ações eleitorais, prevaleceu, proferido pelo Juiz Leonardo Souza
Santana Almeida, que, sem se distanciar da premissa da identidade fático-probatória
entre a AIJE e representação por conduta vedada, resolveu questão de ordem por
ele suscitada, no sentido de conferir interpretação conforme à Constituição ao § 3º
do art. 96-B da Lei 9.504/97, para restringir o respectivo alcance a ações da mesma
espécie daquela anteriormente julgada. Eis o trecho do voto (ID 28985538, pp.
29-31):

Voltando os olhos para o § 3º, do art. 96-B, da Lei 9.504/97, incluído pela Lei nº
13.165/2015, vê-se que, a se adotar a interpretação no sentido de vedar o
ajuizamento de ação eleitoral fundada no mesmo fato apreciado em decisão
proferida em ação eleitoral distinta, haverá clara afronta à garantia fundamental
da inafastabilidade da prestação jurisdicional, contida no art. 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal. Explico. Figure-se, exemplificativamente, uma
representação por conduta vedada a agente público, em que a parte autora
alegue que a conduta do réu se subsume a uma das condutas previstas no art.
73, da Lei nº 9.504/97. Neste hipotético caso, o juiz julga improcedente o pedido,
por entender não haver subsunção do fato descrito na inicial como causa de pedir
remota e a conduta vedada por ele indicada (uma das tipificadas no art. 73).
Ressalte-se ainda que a consequência jurídica da procedência do pedido contido
na ação é a aplicação das sanções dos §§ 4º e 5º do mesmo dispositivo legal,
quais sejam, a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, multa
e cassação do registro ou diploma, com inelegibilidade indireta ou reflexa, prevista
no art. 1º, inciso I, alínea “j”, da Lei Complementar nº 64/90. Ocorre que o mesmo
fato foi alegado como causa de pedir em uma Ação de Investigação Judicial
Eleitoral – AIJE, afirmando o autor que incorreu o réu em abuso de poder político
ao praticar tal conduta. É evidente, dada a amplitude do conceito de “abuso de
poder político”, que o mesmo magistrado poderá julgar procedente o pedido,
mesmo não estando subsumida a conduta nas hipóteses previstas no art. 73, da
Lei nº 9.504/97. Acrescente-se ainda que nesta as consequências jurídicas da
procedência do pedido são diversas, quais sejam: a inelegibilidade direta dos
representados e cassação do registro ou diploma.

Pelo exemplo citado, compreende-se, sem margem para dúvidas, que a aplicação
do preceptivo legal invocado findaria por excluir previamente da apreciação
jurisdicional lesão ao interesse público primário da normalidade e da legitimidade
do pleito eleitoral, tão caro ao nosso ordenamento jurídico e previsto
originariamente no art. 14, § 9º, da Constituição Federal.

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Após uma prolongada reflexão sobre a questão, entendo que o dispositivo legal,
por comportar mais de uma interpretação, pode ser compatibilizado com a Carta
da República. E o faço por não enxergar violação à já citada garantia fundamental
na hipótese de se tratarem de ações eleitorais da mesma espécie, já que devem
ser apreciadas com base em idêntico panorama jurídico, ensejando as mesmas
consequências jurídicas. Nesse caso, penso que efetivamente, a bem da
segurança jurídica (princípio extraído da cláusula do Estado de Direito), deverá
ser vedada a propositura de nova ação, ressalva feita à apresentação de novas
provas, criando o legislador aqui uma espécie de coisa julgada secundum
eventum probationis.

O mesmo não se diga quando se tratam de ações diversas, quando então o


dispositivo legal não poderá ensejar o afastamento da apreciação jurisdicional do
mesmo fato, mas sob uma ótica diferente com consequências jurídicas distintas.
É importante observar, dialogando com a manifestação da coligação recorrida,
que a identidade da situação jurídica controvertida, quando se está diante de
representação por conduta vedada e ação de investigação judicial eleitoral, não
se apresenta, eis que os efeitos jurídicos da mesma conduta, a denominada
“causa de pedir próxima”, são distintos.

É certo, e nessa trilha caminham os precedentes invocados pela recorrida, que


ações eleitorais de espécie distinta podem veicular idênticas causas de pedir,
como por exemplo, na generalidade dos casos, a ação de investigação judicial
eleitoral e a ação de impugnação de mandato eletivo, quando ambas têm como
fundamento jurídico o abuso do poder político. Não é o caso, entretanto, como já
explicitei, do caso dos autos.

Destaque-se que a técnica da interpretação conforme à Constituição é assente na


doutrina e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e tem a finalidade de
compatibilizar a presunção de constitucionalidade da lei com a força normativa da
Constituição, extirpando do ordenamento jurídico apenas as normas
infraconstitucionais que não comportem interpretação em conformidade com o
texto constitucional.

[...]

Não é o caso, portanto, de declarar a inconstitucionalidade do multicitado


dispositivo legal, porquanto há uma interpretação possível que o compatibiliza
com a garantia fundamental contida no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal.

Ante tais razões, VOTO no sentido de resolver a questão de ordem por mim
suscitada, conferindo interpretação conforme à Constituição ao art. 96-B, § 3º, da
Lei nº 9.504/97, incluído pela Lei nº 13.165/2015, para o fim de restringir o
alcance da regra a ações da mesma espécie daquela anteriormente julgada.

Além de serem, no mínimo, questionáveis os parâmetros constitucionais


eleitos para a interpretação conforme à Constituição — tendo em vista que o art. 5º,
XXXV, e o art. 14, § 9º, do Texto Maior não impedem a criação de regras que

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condicionem o exercício do direito de ação (a exemplo das regras de litispendência e
de coisa julgada), em homenagem à segurança jurídica, à coerência da função
jurisdicional e à proteção contra o erro judiciário —, ressalto que esta Corte tem
admitido, ainda que reflexamente, a constitucionalidade do precitado § 3º do art.
96-B da Lei 9.504/97. É o que se depreende do exame da razão subjacente aos
seguintes julgados:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS REGIMENTAIS NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NOS AGRAVOS DE INSTRUMENTO. RECURSOS ESPECIAIS
ELEITORAIS. REPRESENTAÇÃO. CONDUTA VEDADA. PUBLICIDADE
INSTITUCIONAL NOS TRÊS MESES QUE ANTECEDEM O PLEITO. ART. 73,
VI, "B" E § 5º, DA LEI Nº 9.504/1997. CONFIGURAÇÃO. IDENTIDADE PARCIAL
DAS CAUSAS DE PEDIR. VIABILIDADE DO JULGAMENTO CONJUNTO. ARTS.
96-B DA LEI Nº 9.504/1997 C/C 55, § 3º, DO CPC/2015. PRINCÍPIOS DO NON
BIS IN IDEM E NON REFORMATIO IN PEJUS NÃO VIOLADOS. VEICULAÇÕES
NO SITE DA PREFEITURA. AFIXAÇÃO DE PLACAS NO MUNICÍPIO. REEXAME
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 24
DO TSE. APLICAÇÃO DE MULTA E CASSAÇÃO DO REGISTRO. DECISÃO
FUNDAMENTADA. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
MANUTENÇÃO DO DECISUM. AGRAVOS DESPROVIDOS.

1. A identidade parcial das causas de pedir nas representações nos 28-84


e 448-89 viabilizou o julgamento conjunto dos recursos eleitorais, nos
termos dos arts. 96-B da Lei nº 9.504/1997 c/c 55, § 3º, do CPC/2015.

[...]

(AgR-AI 28-84, rel. Min. Edson Fachin, DJE de 4.2.2020, grifo nosso.)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2012. PREFEITO.


AIME. COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. CONJUNTO PROBATÓRIO
DIVERSO. ART. 96-B, § 3º, DA LEI 9.504/97. CASSAÇÃO DE MANDATO.
PERDA DE OBJETO. INOCORRÊNCIA. INELEGIBILIDADE. EFEITO
SECUNDÁRIO DO DECISUM. DESPROVIMENTO.

1. Autos recebidos no gabinete em 3.10.2017.

2. Na esteira da reforma introduzida pela Lei 13.165/2015, conferiu-se


maior estabilidade aos julgamentos da Justiça Eleitoral, impedindo-se que
novas ações sejam propostas com base nos mesmos fatos.

3. Todavia, para tanto, além de similitude fática deve haver exata repetição do
material probatório levado a juízo. Ou seja, o rejulgamento que a norma visa
obstar é aquele que incide sobre as mesmas provas, a teor do art. 96-B, § 3º, da
Lei 9.504/97. Precedentes.

[...]

(AgR-REspe 40-81, rel. Min. Herman Benjamin, DJE de 15.6.2018, grifo nosso.)

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De mais a mais, o efeito prático da adoção da técnica da interpretação
conforme — consistente no julgamento de ação de investigação judicial eleitoral com
os mesmos fatos e provas e proposta, pelo mesmo autor, representação por conduta
vedada já transitada em julgado — vai frontalmente de encontro com a orientação
predominante nesta Corte acerca da litispendência e da coisa julgada em ações
eleitorais, firmada a partir do paradigmático REspe 3-48, da relatoria do Min.
Henrique Neves, DJE de 10.12.2015, de cujo julgamento resultou a seguinte
ementa:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.


ABUSO DO PODER ECONÔMICO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO.
LITISPENDÊNCIA.

1. A litispendência entre feitos eleitorais pode ser reconhecida quando há


identidade da relação jurídica-base das demandas, não sendo possível afirmar
aprioristicamente e de forma generalizada a impossibilidade de sua ocorrência.

2. As análises das situações fáticas e de direito que impõem o reconhecimento


da litispendência devem ser feitas à luz do caso concreto.

3. A litispendência pode ser verificada quando há plena identidade de fatos e


provas já examinados pela instância julgadora em feito anterior, sem que se tenha
elemento novo a ser considerado, como, por exemplo, quando descobertas novas
provas ou se pretenda a reunião de fatos isolados que, por si, podem ser
insignificantes, mas no conjunto são aptos a demonstrar a quebra dos princípios
constitucionais que regem as eleições.

4. Hipótese em que o Tribunal de origem registrou a completa identidade entre


os fatos apurados no feito e os examinados em representação anterior, cujo
pedido foi julgado procedente para cassar o mandato do representado.
Litispendência reconhecida.

Tal orientação foi reiterada em vários julgados do Tribunal Superior


Eleitoral, a exemplo de:

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES DE 2018.


PRESIDENTE E VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA. PRELIMINARES.
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. LITISPENDÊNCIA. REJEIÇÃO. DEPOIMENTO
PESSOAL. MEIO DE PROVA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
CONSENTIMENTO DA PARTE. ADMISSIBILIDADE. ABUSO DO PODER
ECONÔMICO. ELEMENTOS. CARACTERIZAÇÃO. USO. RECURSOS
PÚBLICOS OU PRIVADOS. GRAVIDADE. DESEQUILÍBRIO DO PLEITO.
ENGAJAMENTO. EMPRESÁRIO. CAMPANHA DE CANDIDATO. VEICULAÇÃO.
CRÍTICAS. LIMITES TOLERÁVEIS DO EMBATE ELEITORAL. POSSIBILIDADE.
PRESERVAÇÃO DA IGUALDADE DE CONDIÇÕES NA DISPUTA. COAÇÃO.
EMPREGADOS. INICIATIVA PRIVADA. CONFIGURAÇÃO. ATO ABUSIVO.
EXIGÊNCIA. PROVA SEGURA. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.

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1. A petição inicial é apta quando presentes seus elementos essenciais (partes,
causa de pedir e pedido) e ausentes os vícios previstos no art. 330, § 1º, do
CPC/2015, de modo a possibilitar às partes o exercício do contraditório e da
ampla defesa, bem como o esclarecimento dos fatos no curso da instrução
processual.

2. Há litispendência quando se repete ação em curso, de acordo com a tríplice


identidade – partes, causa de pedir e pedido –, conquanto possa ser
reconhecida entre ações eleitorais quando houver identidade com a relação
jurídica-base das demandas. Nesse sentido: RO nº 932–34/SP, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, DJE de 18/12/2017 e REspe nº 3-48/MS, Rel. Min.
Henrique Neves da Silva, DJE de 10/12/2015.

[...]

(AIJE 0601754-89, rel. Min. Jorge Mussi, DJE de 20.3.2019, grifo nosso.)

ELEIÇÕES 2014. RECURSO ORDINÁRIO. CARGO DE DEPUTADO FEDERAL.


AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. INCISO XIV DO ART. 22 DA
LC 64/90. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. PRELIMINAR DE
LITISPENDÊNCIA. REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE
SUFRÁGIO AJUIZADA ANTERIORMENTE. APURAÇÃO DOS MESMOS FATOS
RELEVANTES. IDÊNTICA RELAÇÃO JURÍDICA-BASE. RECONHECIMENTO
DA LITISPENDÊNCIA. PRECEDENTE: RESPE 3-48/MS, REL. MIN. HENRIQUE
NEVES DA SILVA.

1. Nos termos de recente orientação jurisprudencial desta Corte Superior, a


litispendência entre ações eleitorais pode ser reconhecida quando há identidade
entre a relação jurídica-base das demandas, o que deve ser detidamente apurado
a partir do contexto fático-jurídico extraído do caso concreto. Precedente: REspe
3-48/MS, Rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 10.12.2015.

2. O STJ possui entendimento similar, definindo a identidade jurídica das


demandas como fator preponderante no exame da ocorrência da litispendência,
mesmo nas hipóteses em que não haja exata correspondência entre os
elementos da ação. Precedente: AgRg no MS 20.548/DF, Rel. Min. OG
FERNANDES, DJe 18.6.2015.

3. Na hipótese em exame, foram ajuizados dois feitos eleitorais (Representação


por captação ilícita de sufrágio e Ação de Investigação Judicial Eleitoral) pelo
MPE para apurar o mesmo fato relevante: realização de churrasco, em 14.9.2014,
no Recinto de Exposições de Riolândia/SP, onde teria ocorrido a oferta gratuita de
comida e bebida para cerca de 200 pessoas com o alegado objetivo de angariar
votos.

4. Ações propostas com o intervalo de 1 minuto e que possuem idêntico


arcabouço fático-probatório. A Representação por captação ilícita de sufrágio
precede em sua propositura e em sua concretização da citação válida a presente
demanda.

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5. Vedação a que os legitimados para ajuizar ações de cunho eleitoral trilhem,
concomitantemente, os mais diversos caminhos dispostos na legislação de
regência com vistas a alcançar idêntico resultado - afastamento do candidato do
pleito democrático ou do exercício do mandato popular.

6. Dever de autocontenção que resulta da competência constitucional desta


Corte Superior. Necessidade de conferir sistematização e operabilidade às ações
e ao processo judicial eleitoral.

7. Recurso Ordinário provido para reconhecer a litispendência, com a


consequente extinção do feito. Prejudicado o exame do mérito recursal.

(RO 932-34, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJE de 18.12.2017.)

ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE


DIPLOMA. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. IDENTIDADE DE PARTES E CAUSA
DE PEDIR REMOTA. PEDIDO DE UMA AÇÃO ABRANGIDO PELA OUTRA.
LITISPENDÊNCIA. RECONHECIMENTO. RACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO
ELEITORAL. DESPROVIMENTO.

1. A LC nº 135/2010, também conhecida como Lei da Ficha Limpa, conferiu


nova redação ao inciso XIV do art. 22 da LC nº 64/90, acrescentando entre suas
sanções, a cassação do diploma do investigado. Pena esta que, antes de tal
alteração, somente era possível pleitear no RCED.

2. Em que pese o RCED e a AIJE sejam ações distintas, elas possuem, além
das mesmas partes, idêntica causa de pedir remota (fatos). Nesse contexto, e
com o advento das alterações promovidas pela LC nº 135/2010, fica evidente que
a consequência jurídica buscada no presente RCED está abarcada pela
investigação judicial eleitoral, cujas sanções impostas vão, além de almejada
cassação do diploma, a imposição de inelegibilidade por oito anos.

3. O ordenamento jurídico pátrio repudia a proliferação de causas promovidas


pelas mesmas partes, visando o mesmo resultado, sendo prudente evitar-se a
possibilidade de decisões divergentes. Desse modo, quando duas ou mais ações,
formuladas pelas mesmas partes, conduzam ao mesmo resultado prático,
presente a mesma causa de pedir remota, é dizer, fundadas nos mesmos fatos e
provas, configurada está a litispendência, incidindo a máxima "electa una via
altera non datur".

4. Em homenagem aos princípios da economia e da celeridade processual, é de


se manter o acórdão regional que extinguiu o RCED em tela sem resolução do
mérito, pelo reconhecimento da litispendência, uma vez que a postulação nele
veiculada já foi objeto de ação anteriormente ajuizada - AIJE, não sendo cabível
novo pronunciamento desta Justiça Especializada sobre arcabouço
fático-probatório repetido, visando a mesma consequência jurídica.

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5. Recurso especial a que se nega provimento.

(REspe 11-03, rel. Min. Luciana Lóssio, DJE de 13.6.2016.)

A partir dessa jurisprudencial, afigura-se no mínimo plausível a


pretensão recursal, o que, associado ao intenso risco de dano irreparável, já seria
suficiente para a concessão da medida.

De todo modo, também a alegada ofensa ao art. 22, caput, da Lei


Complementar 64/90 apresenta plausibilidade, ainda que mínima.

Isso porque, segundo a fundamentação constante do acórdão eleitoral, a


condenação parece ter decorrido da reprovação da conduta sob a ótica do princípio
da impessoalidade, in verbis (ID 28985538, p. 37):

De início, impende destacar que o gestor público tem autonomia para efetuar as
medidas que julgue necessárias à boa administração de seu município. Se
escolhe determinadas cores para pintar os prédios e logradouros públicos, está
dentro de sua competência e discricionariedade; no entanto, sua escolha deve ser
orientada pelo Princípio da Impessoalidade, no sentido de que jamais seja
utilizada cor(res) que relacionem sua pessoa ou seu partido diretamente com a
administração.

Não foi a situação observada no município de Ilha das Flores, isso porque do
exame do acervo probatório colacionado aos presentes autos, restou
satisfatoriamente demonstrado que diversos bens públicos foram pintados pela
Prefeitura de Ilha das Flores nas cores verde e, principalmente, laranja, ao passo
que a campanha do então gestor municipal e candidato à reeleição Christiano
Rogério Rego Cavalcante estava sendo feita tendo como marca identificadora a
cor laranja. Ante a tão evidente associação, soa mais do que lógico o intuito de
irregularmente associar a imagem da administração muncipal à figura do seu
prefeito/candidato, gerando injustificável prejuízo aos demais candidatos.

Ademais, também segundo o voto condutor, a pintura dos prédios


públicos ocorria desde 2013, sendo certo que ao menos uma escola foi pintada em
período próximo da eleição. É o que se vê no seguinte trecho (ID 28985538, p. 38):

Registre-se, nesse ponto, não merecer guarida a tese de ausência de licitude


decorrente do fato de os bens públicos virem sendo pintados desde o ano de
2013, por duas razões. Primeiro porque o cuidado para que não se pessoalize a
administração não pode ser exercido apenas nos meses próximos ao pleito,
sendo exigida a sua observância durante toda a gestão municipal. Além disso,
ainda que se vislumbre que alguns prédios já estavam pintados em laranja nos
anos de 2013 a 2015, não se pode admitir como inocente e desvinculada de suas
pretensões eleitorais a intensificação das pinturas no momento próximo à eleição,
como ficou comprovado pelo Relatório de Missão (fls. 47/61), oportunidade em
que foi constatado que uma escola municipal – que funcionaria como local de
votação – estava sendo pintada (com dispensa dos alunos pelos período de uma
semana), em data muito próxima da eleição, qual seja, 23.09.2016.

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Da leitura desses e de outros trechos do aresto regional, entendo, em
um exame prévio, próprio das medidas de urgência, que: (i) não aparenta estar
perfeitamente evidenciada a vinculação eleitoral, que desborde da seara meramente
administrativa, entre as cores dos demais prédios, pintados antes de 2016, com o
processo eleitoral; (ii) há aparente falta de gravidade a pintura de uma única escola
em período próximo da eleição.

A propósito desses temas, a jurisprudência desta Corte Superior é


iterativa no sentido de que “não compete à Justiça Eleitoral analisar práticas que
podem consubstanciar atos de improbidade administrativa e não estão diretamente
relacionadas com os pleitos eleitorais” (REspe 397-92, rel. Min. Henrique Neves da
Silva, DJE de 20.10.2015).

Igualmente: “Compete à Justiça Eleitoral apreciar a ocorrência de abuso


do poder político ou econômico com interferência no equilíbrio das eleições. As
práticas que consubstanciem, tão somente, atos de improbidade administrativa,
devem ser conhecidas e julgadas pela Justiça Comum” (RO 17172-31, rel. Min.
Marcelo Ribeiro, DJE de 6.6.2012).

Em relação à escola pintada em data próxima ao pleito, é certo que se


exige o efetivo comprometimento dos bens jurídicos tutelados pelo art. 22 da Lei
Complementar 64/90, porquanto “o abuso do poder político caracteriza-se quando o
agente público, valendo-se de sua condição funcional e em manifesto desvio de
finalidade, compromete a igualdade da disputa e a legitimidade do pleito em
benefício de sua candidatura ou de terceiros” (REspe 468-22, rel. Min. João Otávio
de Noronha, DJE de 16.6.2014).

Ainda sobre a matéria: “A procedência da Ação de Impugnação de


Mandato Eletivo exige a demonstração da gravidade dos fatos a ponto de ferir a
normalidade e a legitimidade do prélio eleitoral (RO nº 6213-34/MS, Rel. Min. Dias
Toffoli, DJe de 24.3.2014 e REspe nº 357-74/AL, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de
26.9.2014)” (REspe 2-95, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 13.5.2016).

Enfim, sem prejuízo de reexame dos fundamentos ora lançados, entendo


que estão demonstrados os requisitos para a concessão do efeito suspensivo, tendo
em vista o intenso risco de dano à esfera jurídica do autor e dos munícipes de Ilha
das Flores/SE e a plausibilidade recursal.

Diante disso, defiro o pedido de liminar, a fim de atribuir efeito


suspensivo ao recurso especial interposto nos autos da AIJE 390-61, sustando
os efeitos dos acórdãos proferidos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe
e determinando a recondução do autor ao cargo para o qual foi eleito.

Comunique-se, com urgência, ao Tribunal Regional Eleitoral de


Sergipe.

Independentemente de publicação, devolvam-se os autos


conclusos para os fins do art. 3º da Res.-TSE 23.598.

Publique-se.

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Intime-se.

Ministro Sérgio Silveira Banhos

Relator

[1] Dados do Ministério da Saúde, de 14.5.2020, disponíveis em: <


https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46882-coronavirus-188-974-casos-confirmados-e-78-424-recuperados
>, acesso em: 14 de Maio de 2020.

[2] Dados colhidos da Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe, com atualização em 14.5.2020,
disponíveis em: < https://www.saude.se.gov.br/?p=40641 >, acesso em: 14 de Maio de 2020.

[3] Dados por município disponíveis em: < https://todoscontraocorona.net.br/ >, acesso em: 14 de Maio
de 2020.

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