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ciência social
brasileira
1970-2002
0 Q U E LER N A C IÊ N C IA S O C IA L B R A S IL E IR A
VO LU M E IV
EDITORA SUMARÉ
ANPOCS
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Io andar
Cidade Universitária - São Paulo-SP
Telefone: (011)30914664
CEP 05508-900
V o lum e IV
S e r g io M ic e l i ( o r g .)
EDrrOBA SUMARÉ
ANPOCS C A P E S
Dados Internacionais dc Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vários autores.
Conteúdo: V. 1. Antropologia - v. 2. Sociologia - v. 3. Ciência política.
Bibliografia.
ISBN: 85-85408-38-3
1. Ciências sociais - Brasil - Bibliografia I.
Miceli, Sergio.
02-5022 CDD-300.981
A p re se n ta ç ã o - S érgio M ic e li.................................................................................... 9
P a rte I - C u ltu r a
E sth er I. H am bu rger
In d ústria C u ltu ral B rasileira (V ista D aqui e de F o ra )................................ 53
L eopoldo W ai^bort
In fluên cias e In ven ção na Socio logia B rasileira
(D esigu ais p orém C o m b in ad o s)................................................................... 85
F ernando A . N ovais
In fluên cias e In ven ção na So cio logia B rasileira
(C om en tário C r ític o )....................................................................................... 175
S érgio A dorn o
M onopólio E statal da V io lên cia na So ciedade
B rasileira C o n te m p o râ n e a ............................................................................. 2 6 7
P a rte III - A g r ic u lt u r a
P a rte IV - E ducação
S e r g io M ic e l i
Parte I
C u ltu ra
C ultu ra B rasileira e Identidade N a c io n a l
(O Eterno R eto rn o )
K u b en G e o r g e O liv en
II
lil
Brasil, mas também à sua elite, com a qual eles estabeleciam conta
to mais íntimo. Pereira de Queiroz formulou a hipótese de que a
difusão de um modo de vida burguês começou a ocorrer no Brasil
aproximadamente a partir de 1820, muito antes de o país começar a
se tornar industrializado. Este novo modo de vida promoveu tam
bém uma diferenciação na população urbana não somente em ter
mos econômicos, mas principalmente do ponto de vista cultural, já
que os estratos superiores adotaram o requinte e o arremedo de
vida intelectual como um símbolo de distinção. A partir desse perío
do, a vida nas cidades mais ricas, quando comparada com a do campo,
começou a se tornar muito diferente em qualquer nível social (Perei
ra de Queiroz, 1973: 210).
Um processo inverso ocorre quando os intelectuais e as
elites passam a valorizar o que consideravam mais “autentica
mente brasileiro”. Essa tendência já aparece na segunda metade
do século XIX nos escritos dos representantes da escola indianista
da nossa literatura e atinge seu apogeu nos romances de José de
Alencar, nos quais se valorizam nossas raízes culturais, como o
índio e a vida rural. M as mesmo nesse caso, a form a com que a
questão é tratada possui um modelo europeu: o Romantismo
retrata-se um índio do tipo “bom selvagem”, quando na verdade
a população indígena brasileira já sofria há muito as conseqüên
cias do contato com o homem branco. Temos assim uma aparente
defasagem entre o que ocorria no mundo real e no das idéias.
Bernd assinala que no Brasil o Romantismo operou uma revolu
ção estética que, desejando imprimir à literatura brasileira o cará
ter de literatura nacional, agiu como força sacralizante que seria
característica de uma consciência ainda ingênua (Bernd, 1992:
18). A tendência a exaltar as virtudes do caráter brasileiro tem
continuidade no século XX e também é uma constante em nossa
vida intelectual (Pereira de Queiroz, 1980).
No século X IX , M achado de Assis já havia se ocupado da
questão da nacionalidade na literatura brasileira. Em um ensaio,
20 R U B E N G E O R G E O I.IV E N
IV
IV
VI
VII
VIII
IX
XI
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dação das filiações intelectuais, pois ancora a sua visão nos desa
fios suscitados pela história, capazes de provocar os nossos pen
sadores. A construção da modernidade é o problema dominante
em cada mom ento, exibindo para a nossa intelectualidade os
dilemas do país, que se transformam, por sua vez, no drama dos
produtores culturais em países periféricos: a necessidade de con
viver com idéias avançadas, mas externam ente concebidas; a
inescapabilidade de pensar sobre as nossas peculiaridades e im
passes no trânsito de realização do moderno. Já se disse que
“somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra” (Sérgio Buar-
que de Holanda, 1963: 3), maneira de sentenciar o sentimento de
mal-estar da intelectualidade cultivada.
Configura-se, então, o problema enfocado no texto, em bo
ra não de forma plenam ente explicitada. Talvez, fosse necessá
rio indagar mais profundam ente sobre a raiz desse drama inte
lectual, revelando como se conecta aos “dilemas da nossa história”.
Nos term os do autor, a questão assim se apresenta: “No Brasil,
a m odernidade, freqüentem ente, é vista como algo que vem de
fora e que deve ou ser adm irado e adotado, ou, ao contrário,
encarado com cautela tanto pelas elites como pelo povo”. A
conseqüência inevitável de tal afirm ação expressa-se na assertiva
de que, no Brasil, “nação e m odernidade cam inham juntas”. No
âm bito do pensamento, assiste-se à oscilação entre absorver as
vagas construídas a partir de contextos forâneos, desvalorizan
do-se, ipso fa cto , a cultura brasileira, ou afirm ar as suas dim en
sões intrinsecam ente populares, numa atitude de louvor da sua
riqueza expressiva. O desdobram ento natural da idéia im plica
pensar as concepções do Brasil moderno segundo marcantes
antinomias, configuradas em concepções polares: do país atrasa
do a ser abjurado e suplantado pelas form as contemporâneas de
vida, ou do país autêntico a ser valorizado, mesmo sob o risco
de se realizar um a modernidade hesitante. Não há dúvida sobre
a relevância e envergadura do problema em questão.
48 M A R IA A R M 1N D A D O N A S C IM E N T O A R R U D A
R e f e r ê n c ia s B ib l io g r á f ic a s
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C U L T U R A B R A S I L E I R A E ... (C O M E N T Á R IO C R ÍT IC O ) 51
E sther I. H am burger
3. Ver, por exemplo, Marshall Sahlins (1995); Jean e John Comaroff (1992); e
Arjun Appadurai (1996).
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sador norte-am ericano trouxe à tona dados que dem onstravam que
a T V brasileira produzia a m aior parte da program ação exibida em
h orário nobre, ficando o produto im portado, sugestivam ente ap eli
dado localm ente de “enlatado”, com horários m enos nobres, índi
ces de audiência não tão significativos e, portanto, im portância fi
nanceira secundária. E m bora a indústria de televisão brasileira tenha
surgido sobre a égide da indústria norte-am ericana, ela teria de
m onstrado a possibilidade da autonom ia nacional.
O utros autores detectam em novelas de T V a persistência de
elem entos da cultura popular no interior m esm o da indústria cultu
ral e constroem interpretações focadas no conteúdo ideológico da
program ação televisiva que, ao contrário dos trabalhos brasileiros,
tratados a seguir, salientam a existência de um a perspectiva crítica
no interio r m esm o da indústria. A presença de elem entos narrativos
originários em form as reconhecidas, com o a literatura de cordel,
evidenciaria que, ao m enos na A m érica Latina, a indústria cultural
não necessariam ente tenderia a pasteurizar repertórios a ponto de
colonizar consciências com conteúdos exógenos. W illiam Rowe e
V ivian Schelling (1991) dedicam um capítulo de seu livro Memory
an dModernity: Popular Culture in Latín America às telenovelas brasilei
ras. A qui, elem entos autenticam ente locais, produzidos na base da
sociedade, encontrariam possibilidade d e se expressar em um gêne
ro com ercial com o a novela. Textos de autores com o D ias G om es
servem com o evidência para essas interpretações, o que fez com
que o prem iado autor de roteiros de teatro e de cinem a se tornasse
com o que um troféu da R ede G lobo, dem onstração de que a em is
sora foi capaz de produzir obras de prestígio reconhecido em cír
culos acadêm icos de prim eiro mundo.
Há ainda autores que privilegiam a discussão do conteúdo
ideológico das novelas, salientando o caráter em ancipatório do fo
lhetim eletrônico brasileiro5. N ico V ink aponta a habilidade das
8. Esse dado é citado por outros autores como Fátim a Jordão (1982); ou ainda
Jo sé M ario O rtiz Ram os (1995).
IN D Ú S T R IA C U L T U R A L B R A S IL E IR A 67
9. Ver, por exem plo,M aria Rita Kehl e/a/. (1979); Maria Rita Kehl (1986); Sérgio
M attos (1982 e 1990); Sérgio Caparelli (1982); Cam pedelli (1985); e Moniz
Sodré (1977 e 1984). Sobre a publicidade, um cam po subestudado, vale
m encionar o trabalho de M aria A rm inda N ascim ento A rruda (1985).
10. C acilda H erold (1988) nota a influência norte-am ericana nas convenções
adotadas pela T V brasileira.
IN D Ú S T R IA C U I.T U R A T . B R A S IL E IR A 69
11. C orrendo em paralelo, sem diálogo com essa bibliografia, na década de 1980
proliferam experiências de estím ulo à realização de vídeo popular, muitas
delas im pulsionadas p or com unidades eclesiais de base. O esforço de se
produzir vídeos populares pode ser associado a um projeto de estím ulo à
cultura popular, autêntica, possível somente na base da sociedade e entendida
como oposta à indústria cultural. Sobre essas experiências ver Marcelo Ridenti
(2000) e Patrícia Aufderheide (1993), entre outros. Vale notar que a associação
entre essas experiências de vídeo alternativo e a Igreja Católica ocorre em um
período que esta adotara um a política de perm anecer à m argem dos m eios
de com unicação de m assa, que seria alterada posteriorm ente ante o avanço
dos evangélicos e a sua agressiva apropriação da m ídia, especialm ente da
m ídia televisiva e radiofônica. Sobre a igreja católica à margem da m ídia
eletrônica ver Paula M ontero e Ralph D elia Cava (1989). Sobre os evangélicos
e a televisão, ver E ric K ram er (2001).
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D iv e r s if ic a ç ã o de Tem as e P e r s p e c t iv a s
14. Ver Joel Zito Araújo (2000); Muniz Sodré (1999); Carmem Rial (1995); e Amélia
Simpson (1996). Ver também o trabalho de Lilia Moritz Schwarcz (1987).
15. Ver C ristiane Costa (2000) e E duardo Rios-N etto (2001).
16. Ridenti (2000).
17. Ver E lizabeth Rondelli (1997 e 1995); Ivana Bentes (1994); e Sérgio Adorno
(1995).
18. Ver, por exemplo, os artigos conflitantes de Venício Lim a (1989); Joseph
Straubhaar et al. (1989); e Carlos Eduardo Lins da Silva (1989), sobre as
eleições presidenciais de 1989 na coletânea organizada por Thomas Skidmore,
Telcvision, Politics, and the Transition to Democracy in Larin America.
74 12STH ER I. H A M B U R G E R
19. Sobre o m elodram a, ver Ismail X avier (1996 e 2000); e M onica A lm eida
K ornis (1994). Ver tam bém M arlyse M eyer (1996).
20. Ver Tirza A idar (1996); Jo sé Carlos Durand e Laerte Fernandes de O liveira
(1993); Sívia Borelli e Gabriel Priolli (orgs.) (2000); E sther H am burger (no
prelo); Laerte Fernandes de O liveira (1993); e Joseph E. Potter, R enato M.
Assuncao, Suzana M. Cavenaghi e A ndre J. Caetano (1998).
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23. Sobre a edição do últim o debate presidencial de 1989, ver Sergio Miceli
(1989). Sobre o M ST na novela O R«'do Gado , ver E sther H am burger (2000).
IN D Ú S T R IA C U L T U R A L B R A S IL E IR A 79
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Leopoldo Wai^bort
[...] com os haveres cie uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.
M a c h a d o df. A s s is
substância ao pensam ento aJi exposto, mas que perm ite ainda o u
tros desdobram entos, que apenas as lim itações de tem po e lugar
im puseram ao seu autor (essas lim itações são ressaltadas pelo fato
de A uerbach firm ar, na abertura, o período de redação do livro:
“ E scrito entre m aio de 1942 e abril de 1945”4).
U m dos aspectos m ais intrigantes da fortuna do livro é
precisam ente o fato de que ele se acha, de certa form a, aberto
para outros m odos de exposição da realidade, de sorte que po de
m o s ler outros esforços (sejam do próprio autor, sejam de o u
tros) no interio r dessa concepção geral. C om o se sabe, A uerbach
tece no livro um a com plexa e m uito m atizada concepção de
“ realism o” ; na verd ade indica um a pluralidade de “ realism os” ,
cada qual com sua p eculiaridade específica. O resultado é uma
tem atização que dissolve propriam ente um a idéia de “realism o ”
em um a série de “realism o s”. N ão cabe aqui esm iuçar este ver
dadeiro problem a. Interessa apenas indicar um registro analítico
no qual vou vagar um pouco. Pois se as investigações de Auerbach
m apeiam um a am p la gam a de feições do “ realism o” , de m odo a
d isso lver um a definição m onolítica em um a série de co n figura
ções próprias a períodos e obras literárias específicas, abre-se
então a p o ssibilidade de se pen sar outras configurações realistas
p articulares na perspectiva geral que o livro arm a. E isto que
pretendo indicar, inicialm ente.
Vou po ntuar o problem a em dois livros, publicados quase
sim ultan eam en te em 1974 e 1977: Machado de A ssis: A Pirâmide e o
Trapézio, de R aym undo Faoro, e A o Vencedor as Batatas: Forma
U terária e Processo Social nos Inícios do Romance Brasileiro , de Roberto
Schw arz — desconfiando que a faísca produzida pelo confronto
ilum in a algo significativo.
5. Ver sobre isso W. Lepenies, “Einleitung. Studien zur kognitiven, sozialen und
historischen Identität der Soziologie”, 1981, vol. 1, pp. I-XXXV.
6. Sobre história e contingência, ver G. V. G ravenitz e O. M arquard (orgs.),
K ontingent Poetik und H erm eneutik, 1998, vol. 17.
I N F L U Ê N C IA S F, IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 89
D iscern ir o p erfil da h ora tran seu n te nos caracteres, d esv en d ar, atrás
do papel te a tra l, as fun çõ es so ciais e e sp iritu ais — este o cam in h o tentado,
p ara reco n q u istar, no M ach ad o de A ssis im p resso , não o h om em e a épo ca,
m as o h o m em e a ép o ca que se criaram na tin ta e não na v id a real7.
15. Inclusive em sentido literal: Raym undo Faoro, Os Donos do Poder: Formação do
Patronato Político Brasileiro, 2001 a.
16. Faoro, op. cit., 2001b, p. 126.
17. Em bora signifique parte im portante da discussão dos autores que trato, deixo
de lado, neste texto, os diálogos que estabelecem com a fortuna crítica e a
tradição de interpretação da obra de M achado de A ssis, para concentrar-m e
na questão de fundo proposta.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 93
18. Faoro, op. d/., 2001b, pp. 128 e 536. A referência a Schiller é muito especial por
um a razão cifrada, que deixo de lado para não ter de interpor um excurso
sobre a questão. Seja dito apenas, para não fazer m istério, que Schiller não
disse ser o escritor o “vingador da realidade” , m as sim o “vingador da
natureza”. Q uem transform ou a expressão de “vingador da natureza” cm
“vingador da realidade” foi G eorg Lukács, que em seus escritos cita o passo
ora de um m odo, ora de outro. Que Faoro tenha citado a expressão em sua
forma adulterada indica, creio, que o fez através de Lukács. E isto leva-nos a
um outro auto r que está por detrás de sua análise, m as que por razões de
espaço deixei de lado. Ver Friedrich Schiller, “Über naive und sentimentalische
Dichtung”, 1997, vol. 5, p. 712; G eorg Lukács, “Aktualität und Flucht”, 1955,
p. 111; G eo rg Lukács, “M arx und das Problem des ideologischen Verfalls”,
1971, p. 278.
94 L E O P O L D O W A IZ B O R T
21. Eugênio G om es, 0 Enigma de Capitu: Ensaio de Interpretação, 1967, pp. 130-131.
22. M iécio T átí, O Mundo de Machado de Assis, 1961, pp. 67-75.
96 L E O P O L D O W A IZ B O R T
do Rom andsm o: M. H. A bram s, The M irror and the Lamp: Komantic Theory and
the Criticai Tradition , 1971, em cujo prefácio se lê: “the title o f the book
ídentífies two com m on and antithetíc m etaphors o f mínd, one com paríng the
m ind to a reflector o f externai objects, the other to a radiant projector wich
makes a contribution to the objects it perceives”. Ver Faoro, op. cit., 2001b, pp.
143, 523, 527 e 529.
30. Faoro, op. cit., 2001b, p. 528.
31. Idem, ibidem.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 99
37. E m bora Auerbach seja, com o sem pre, econôm ico, há um a gran d e proxim i
dade entre o “D arstellungsw eise” e o “Stil”, que o leitor de Mimesis entende.
38. Auerbach, op. dt., 1994, p. 34.
39. Idem, p. 36. N o registro da influência, preciosa m as algo insuficiente para o
presente andam ento, E. G om es tentou aproxim ar Machado de Assis de
Thackeray; cf. E. Gom es, “ M achado de A ssis: Influências Inglesas” , s.d., pp.
59-65. Voltarei ao ponto.
IN F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O NA SO C IO LO G IA BRASILEIRA 103
São precisam ente a estas páginas que Faoro rem ete seus
leitores41, e de que precisam os nos aproxim ar se quiserm o s com
preender o verdadeiro estatuto dado ao realism o m achadiano; de
lam buja, aquilatam os o m on tante da dívida de Faoro p ara com
Mimesis. V ejam os então com o Faoro reescreve a análise e argum en
tação de A uerbach, transposta para o caso M achado de Assis:
47. Faoro, op. cil., 2001a, p. 87; tam bém a citação de Francisco R odrigues Lobo,
pp. 99-100. Passagens equivalentes encontram -se em Faoro, op. cit., 2001b, pp.
77 e 294.
48. Faoro, op. cit., 2001b, p. 543.
49. Pense-se na interpretação de laiá Garcia por R. Schw arz, cf. infra.
50. Faoro refresca a lem brança: op. cit., 2001b, pp. 541-542.
51. Cf. i/km, p . 526.
52. Idem, pp. 526 e 529.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 107
C o n t in u a ç ã o de U m e C o m plem en to de O utro
53. M achado de A ssis, Obra Complela, 1986, vol. 3, p. 844; cf. Faoro, op. cit., 2001b,
pp. 531-532.
54. Faoro, op. cit., 2001b, p. 532.
55. Roberto Schw arz, A o Vencedor as Batatas (I). Forma U terária e Processo S ocial nos
Inícios do Romance Brasileiro , 1977, pp. 9 e 161 (1 ed.). N o curso deste texto,
108 L E O P O L D O W A IZ B O R T
citarei sem pre segundo a 5 ed.: Schwarz, A o Vencedor as Batatas. Forma Literária
e Processo Social nos Inícios do Romance Brasileiro, 2000.
56. R oberto Schw arz, Um Mestre na Periferia do Capitalismo: Machado de A ssis, 1998,
p. 12. Com a publicação deste livro, Schw arz parece ter julgado m ais apro
priado tirar o “ (I)” do U'tulo d e A o Vencedoras Batatas, assim como a m encio
nada “Explicação ao leitor” e o “(continua)”. N o meu entender, isto tem sua
razão de ser: não obstante a continuidade, há alguns deslocam entos significa
tivos entre as duas obras-m etades. E por isso, p or conta do sentido desses
deslocam entos, que a segunda m etade é deixada de lado neste texto.
57. A s referências são: Raym undo Faoro, Os Donos do Poder: Formação do Patronato
Político Brasileiro, 1958. A segunda edição, com o m esm o título e editora, é de
1973. A edição p o r m im utilizada é a 3 éd., Rio de Janeiro, Globo, 2001. A
im agem m achadiana m encionada aparece sem pre na últim a página: na 1 ed.
na p. 271; na 3 ed. na p. 838. A s outras referências a M achado de Assis em Os
Donos do Poder situam -se nas pp. 227, 254, 451, 753 e 793 (nesta, oferece sua
solução para o enigm a de Capitu...).
I N F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 109
58. Faoro, op. cit., 2001a, pp. 237, 515, 567, 573, 579 (diretam ente significativa
para o caso M achado de A ssis, em se tratando do E ncilham ento), 591, 605,
676, 820, 823-824, 830 c 833. Para um a am ostra do enorm e poder de fogo
de Faoro, ver apenas a primeira das referências: "As classes, nas suas conexões
com o d o m ín io , o c o m a n d o c a política, ganham ascendência com a socieda
de burguesa, c o m a R ev o lu ção In d ustrial. Num período pré-capitaiista —de
capitalism o com ercial ou de capitalism o politicam ente orientado - , elas se
acom odam e subordinam ao quadro diretor, de caráter estam ental. Suas
pretensões de se apropriar das decisões do Estado ou do seu m ecanism o se
perdem na m ediação de outras categorias, fortes para a ação im ediata som en
te com o predom ínio da sociedade industrial. As form as sociais e jurídicas
assum em caráter constitutivo na estrutura global, estabilizando as m anifesta
ções econôm icas, freando o dom ínio das classes. Essa posição subalterna das
classes caracteriza o período colonial, com o prolongam ento até os dias
recentes, sem que o industrialism o atual rompesse o quadro; industrialism o, na
verdade, estatalm ente evocado, incentivado e fomentado. N um a sociedade
desta sorte pré-capitalisticam ente sobrevivente, apesar de suas contínuas m o
dernizações, a em ancipação das classes nunca ocorreu. Ao contrário, a ascen
são social se desvia, no topo da pirâm ide, num processo desorientador, com
o ingresso no estam ento. A am bição do rico com erciante, do opulento pro
prietário não será possuir mais bens, senão o afidalgam ento, com o engaste na
cam ada do estado-m aior de dom ínio político”. N oto som ente que esta últi
m a frase não vale apenas para A gostinho Santos, aliás Barão de Santos.
59. U m a nota acerca do título do livro sobre M achado de A ssis: A Pirâmide e o
110 L E O P O L D O W A IZ B O R T
Trapé^io. Uma das epígrafes do livro fala das pirâm ides do Egito, algo que é
im utável, m as m uda; e outra do trapézio na cabeça de Brás, no qual sc
dependurou a idéia fixa, algo que não muda, m antém -se, balançando. O ra, a
chave está dada em Os Donos do Poder, as pirâm ides do Egito são a sociedade,
que espera por sua salvação; a idéia fixa dependurada no trapézio é o estamento,
balançando nos seis séculos de história. Cf. Faoro, op. cit., 2001a, p. 828.
Referências explícitas a Os Donos do P od erem Machado de A ssis: A Pirâmide e o
Trapézio, op. cit., pp. 250, 294, 326 e 521.
60. Cf. Schwarz, op. cit., 1998, p. 38 e Faoro, op. cit., 1 ed. p. 266, 3 ed. p. 821.
A m bos fazendo referência, em rodapé, ao capítulo inicial da História da
Revolução Russa de Leon Trotsky.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 111
61. L eon Trotsky, A História da Revolução Russa, 1977, vol. 1, pp. 24-25.
62. Há, precisam ente neste ponto, um a m udança na interpretação de Faoro nas
duas versões de Os Donos do Poder. Em bora o prefácio da 2a. edição afirm e
que a tese central do livro perm anece, c isto é verdade, há m udanças conside
ráveis entre as duas versões, que bem valem algum as horas de estudo. Aqui,
contudo, não é o lugar para tanto; fique o leitor apenas ciente que, no que
tange ao passo, contexto e utilização de Trotsky, parece haver m udanças nas
duas versões. C om o me interessa o livro sobre M achado de A ssis, vou m an
ter-me estritam ente na versão que lhe é contem porânea.
112 L E O P O L D O W A IZ B O R T
63. Faoro, Os Donos do Poder, op. cit., pp. 819, 821-824; ver também p. 107. Trotsky
é citado em m eio ao trecho que citei e foi deixado de lado para evitar a
redundância do passo já citado.
64. Faoro, Os Donos do Poder, op. cit., p. 834. O leitor lem bra-se, decerto, que com
relação a M achado de Assis formula-se a questão da peculiaridade de seu modo
de apresentar a realidade; um passo citado anteriorm ente falava da “peculiari
dade do quadro construído por M achado de Assis sobre o Segundo Reinado”.
65. “A ristocracia burocrática, estam ental no seu contexto, tocada pelos cabedais
de um certo tipo de capitalism o, pré-industrial, político nas suas conexões”.
Faoro, op. cit., 2001b, p. 23; ver ainda pp. 40-41 e 292. Tema e problem a,
evidentem ente, recorrentes em Os Donos do Poder.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 113
66. Cf. Faoro, op. cit., 2001b, pp. 201-217, cit. p. 215. N o que diz respeito ao comércio
do tráfico negreiro, Faoro parece antecipar, no início dos anos de 1970, algo das
teses e análises de Fernando Novais e Luiz Felipe de Alencastro, autores que
informarão, logo depois, alguns desenvolvimentos de Roberto Schwarz.
67, A lém d’0.r Donos do Poder, o problem a é tratado por Faoro em Existe um
Pensamento Político Brasileiro?, 1994, especialm ente p arte II: “A M odernização
N acional”.
114 L E O P O L D O W A 1Z BO R T
referência de Schw arz. Seu argum ento é suficientem ente com plexo
e m atizado para ser exposto aqui com brevidade, sendo m ais prático
aferi-lo abruptam ente na fonte68:
73. Arantes, op. cif., 1992, p. 49. J á se viu a relevância do problem a para Faoro.
118 L E O P O L D O W A IZ B O R T
74. Ver M achado de A ssis, op. cit., 1986, vol. 3, pp. 785 ss.
75. Cf. Lukács, op. cit., 1985, p. 26.
76. M ais sobre o ponto em A rantes, op. cit ., 1992, parte II.
77. Schwarz, op. cit., 2000, p. 51.
78. lelew, ibidem.
79. Roberto Schw arz, “Pressupostos, Salvo Engano, de ‘D ialéüca da M alandra
gem ’”, 1979, p. 133.
I N F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 119
R eto m an d o n o sso fio, d igam o s que a exclu são da re ferên c ia lib eral
e v itav a o d escen tram en to d as id eo lo g ias, d e q u e tanto falam o s, m as ao
p reço d e c o rta r as lig aç õ e s com o m u n d o con tem po rân eo . P ara a v a lia r as
am b igü id ad es d e sse p ercu rso , to m e-se a m ilitân cia an ti-realista d e M a c h a
d o d e A ssis, em c u jas p alav ras o R ealism o “é a n egação m esm a d o p rin c í
p io d a a rte ”. S ão eco s d a d o u trin ação da R em e des D eux M ondes, p ara a qual
R ealism o, d em o cracia, p leb e, m aterialism o , g íria, su jeira e so cialism o eram
p a rte d e um m esm o e d etestável con tín uo . A n o rm a é an tim o d e rn a em
to d a a lin h a. A re c u sa d a m atéria baixa lev a à p ro cu ra d o a ssu n to elevado ,
q u e r d iz e r ex p u rg ad o d as fin alid ad es p ráticas da v id a co n tem p o rân ea. [...]
N o entanto, h avia da p arte de M ach ado um a intenção realista n este anti-
realism o con servado r, se o con sideram o s exp ressão de exp eriên cia e c eticis
m o —o q u e não era na E urop a, onde rep resentava um recuo intelectual —em
face do cabim ento d as id éias lib erais no B rasil. D estin ad o a e sfu m a r os
an tag o n ism o s d o reg im e b u rg u ês, o an ti-realism o n ão os p o stu lav a, e nos
p ou pava da ilu são d e serm o s a F ran ça... M esm o a exclu são d o assun to
b aixo, em esp écie as m isérias m o d ern as, o casio n ad as pelo C ap ital, era p ara
n ós a exclu são de um a ssu n to com tro p ism o s frívolos. E n q u an to q u e a
e le ição d e assu n to s d eco ro so s — p atern alism o a n te s q u e d in h eiro — levava
p ara m ais p erto da v id a p o p u lar q u e a d ialé tic a do d ito C a p ita l100.
101. Lukács, op. cit ., 1965, pp. 59, 67; tb. 407. Saliente-se que “vida popular”, para
Lukács, c conseqüentem ente para Schwarz, não se refere absolutam ente ape
nas aos “de baixo”, m as à totalidade. Este mom ento é essencial. Vale citar:
“O caráter popular da arte de Scott não consiste, portanto, em que ele figure
exclusivam ente a vida das classes oprimidas- e espoliadas. Isto seria uma
concepção restrita do caráter popular. C om o todo grande poeta, W alter
Scott objetiva figurar o conjunto da vida nacional em sua com plicada intera
ção entre ‘em cim a’ e ‘em baixo’. A tendência muito enérgica ao caráter popular
m anifesta-se nele p or reconhecer no ‘em baixo’ a base m aterial c o funda
mento da explicação literária da figuração do que ocorre ‘em cim a”’. Lukács,
op. cit., 1965, p. 59; tb. 254, 346 e 360. Com o se vê, o cam inho da totalidade.
228 L E O P O L D O W A fZ B O R T
103. Cf. T h eodo r W. A dorno, “Über den Fetischcharakter in der M usik und die
Regression d es H òrens” (1938), 1982, p. 20.
104. Q ue, com o se sabe, o sociólogo exam ina no segundo capítulo do livro em
pauta: “A Im portação do Romance e suas Contradições em A lencar”, em
Schwarz, op. cit., 2000, pp. 33-79.
105. Lukács, op. cit., 1965, p. 256. E ste é um ponto m uito im portante; falta-me
fôlego e com petência para desenvolvê-lo. Rem eto às form ulações funda
m entais de Auerbach, op. cit., 1994, pp. 483-487, esp. p. 486, que precisariam
ser confrontadas e relacionadas com os problemas postos porTrotsky, Lukács
e Schwarz.
130 L E O P O L D O W A IZ B O R T
111. Erich A uerbach, Introdução aos Estudos U terários, 1970, p. 243. Embora não
citado por Schw arz, o livro resum e o problem a desenvolvido em detalhe em
Mimesis, este sim citado em A o Vencedor as Batatas. Para o mesm o desenvolvi
mento, em bora de m odo m ais elaborado, Auerbach, op. cit., 1994, pp. 34-35;
cap. 18, pp. 422-459, esp. pp. 431, 441, 447, 448, 458 e 515. Voltarei ao
ponto. N ota-se claram ente, além do problem a que estou discutindo, com o
estam os inteiram ente no âm bito da discussão de Faoro, conform e assinalei
anteriorm ente. Valeria a pena um a análise mais detelhada do entendim ento
de Stendhal por Auerbach, que talvez perm ita em alguns aspectos aproxim a
ções com M achado de A ssis, m argeando Faoro e Schwarz.
132 L E O P O L D O W A 1Z BO R T
122. Idem, p. 158, rodapé. Este ponto tam bém é enfática e recorrentem ente desta
cado por Faoro, Os D onos do Poder, op. cit., p. 835.
123. Isto é indicado no último parágrafo de A o Vencedor as Batatas e faz a transição,
assim , para Um M estre na Periferia do Capitalismo: Machado de Assis.
124. Cf. Lukács, op. cit., 1965, cap. 2.
125. Schwarz, op. cit., 2000, p. 98.
126. Idem, p. 100.
127. Cf. Lukács, op. cit., 1965, pp. 109 e 370.
IN F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 137
128. Schw arz, op. cit., 2000, pp. 106-107. C om o não posso explorar, com pare-se
com Faoro, op. cit., 2001b, pp. 250-251.
138 L E O P O L D O W A I7 .B O R T
129. Schwarz, op. cit., 2000, pp. 106-107. Aqui é lugar para um ponto pouco desen
volvido das análises de Lukács. Trata-se da idéia de que o desenvolvimento do
capitalismo oferece novas perspectivas de figuração da realidade, no sentido de
um a “ampliação do cam po de figuração”: disto se poderia sacar que o capita
lismo com o sistema mundial inscreve o exótico e distante em um nexo históri
co comum. Por outra via, um a possibilidade similar à explorada por Schwarz.
Ver Lukács, op. cit., 1965, p. 423, embora m uito rápido e parcial.
130. Este, como já se viu, um tema também faoriano por excelência. Especificamente
sobre o problema da dependência, ver Faoro, op. cit., 2001a, pp. 457-458.
131. N ote-se, m ais um a vez com pedantism o, a term inologia: “dargestellten
historichen W irklichkeit” (Lukács, op. cit., 165, p. 256) é a mesma expressão de
A uerbach, apenas enfatiz.ando o “histórico”.
132. Schw arz, op. cit., 2000, pp. 101-102.
IN F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 139
147. A qui, um sintom ático paralelo com o m estrc-açu A ce, que em sua história
literária ajusta o foco em uma figura que está para além dos limites propostos
para o estudo. Ver Schwarz, op. cit., 2000, p. 41, rodapé.
148. G eorg Lukács, B a leie und derfran^osischen Kealismus, op. cit., p. 443.
146 L E O P O L D O W A IZ B O R T
e 167; Schw arz, op. cit., 2000, p. 203, inclusive rodapé. Ver ainda T h eodo r W
Adorno, “Standort des E rzáhlers im zeitgenõssischen Roman”, em Noten %ur
Literatur, op. cit., pp. 41-48; cf. Schwarz, op. cit., 2000, p. 94.
157. Lukács, op. cit., 1965, p. 109; tb. pp. 380, 406.
158. Ver Lukács, op. cit., 1965, p. 262, que traz inclusive citação de H egel a respeito
(proveniente do parágrafo 65 da E n^klopàdie derphilosophischen Wissenschaften
im Grundrissè).
I N F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 149
160. Cf. Paulo Emílio Salles G om es, Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento, 1996,
esp. o capítulo final, que dá título ao volume.
161. Schwarz, op. cit., 2000, p. 212.
162. Idem, p. 190, já citado (“um a desarm onia que no entanto é ela m esm o um a
form a”), tb. 211. Cf. ainda Lukács, op. cit., 1965, pp. 406 e 380.
IN F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G I A B R A S IL E IR A 151
[...] M ach ad o h av ia ad o tad o id éias lib erais e assim ilara a retó rica d o p ro
g re sso e da igu ald ad e. [...] [segue-se um a p ro v a co m a citação de um tex to
d e 1859, LW ] A ilu são n ão d u ro u , e lo g o M ach ad o iria m u d ar d e co n v icção
[...]. M ais tard e, q u an d o vem a escrever seus p rim eiro s ro m an ces, estes se
alim en tam da id eo lo g ia an tilib eral. Para M ach ad o , p o rtan to , já n ão se tra
tava aqu i d e um a p o sição in icial e irrefletíd a, m as do resu ltad o d a e x p e
riência, com a p arte de realism o - se n ão d e v erd ad e - que ac o m p an h a as
d e silu sõ e s169.
175. Idem, p. 247, sendo que “casual” é acessório, supérfluo, o con trário de
“necessário”.
176. E se a análise de Thackeray por Lukács está em sintonia com a de Faoro sobre
Machado de Assis, talvez haja aí indício para a adjetivação “dialética” da mimesis.
177. Caso sem elhante é form ulado do seguinte m odo p or Schwartz, ao com entar
a existência de traços sim ilares em M achado e G eorge Sand: “A ssim , no
plano m uito abstrato c m que é possível a transposição de situações européias
para o Brasil [...], a sem elhança dos esquem as e da têm pera psicológica é um
fato”. (Schwarz, op. cit., 2000, p. 230, rodapé). M as, friso, o caso é apenas
sem elhante, pois que, no que estam os vendo em Thackeray, a sem elhança é
de um certo processo histórico da form a, na sua relação com presente e
passado; conseqüentem ente, da historicidade p ró pria de form as literárias
específicas.
178. Lukács, op. cit., 1965, p. 248.
IN F L U Ê N C IA S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 157
179. Um crítico literário, influenciado pela leitura dos livros de Faoro e Schwarz,
lançou m ão da fórm ula “deceptive realism ”: Jo h n G ledson, The Deceptive
Rea/ism o f Machado de A ssis, na sua versão nacionai com o títuio Machado de
Assis: Impostura e Realismo, 1991.
158 L E O P O L D O W A IZ B O R T
181. A strojildo Pereira, “Rom ancista do Segundo Reinado” (1939), 1991, pp. 11-
36, esp. pp. 15 e 21.
160 L E O P O L D O W A IZ B O R T
com o reais. O p rim eiro caso resu lta na elegia em sign ificad o m ais restrito , o
o utro no idílio em sig n ificad o m ais am p lo 183.
182. Cf. Faoro, op. cit., 2001 b, passim, com referência na p. 547, rodapé.
183. Friedrich Schiller, op. cit., 1997, p. 728.
184. Isto ganha força, sobretudo, no subcapítuío intitulado “U m a Cam ada Social
que se A paga: Fim de um M undo” em Faoro, op. cit., 2001b, pp. 383-391.
I N F L U Ê N C IA S F. IN V F .N Ç A O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 1 61
O m o ralista, co m suas leis, seu s salto s e suas cab rio las, não era m ais
p o ssív el, co m o v e rd a d e e com o sonho. O m u nd o p e rte n ce às instituiçõ es,
à s estru tu ras so ciais, às classes —o hum our é ap en as o exp ed ien te en tre dois
m o m en to s, o q u e p asso u e o q u e não c h e g o u 190.
189. O ferece, portanto, a seu modo, um encam inham ento para um problem a que
perm anece, creio, irresoluto nas form ulações de Auerbach.
190. Faoro, op. cit., 2001b, p. 416.
191. H á um a nota do Stendhal analisado por Auerbach que reverbera em Machado
de Assis, m as um a nota de som próprio e difícil de definir. O “m al-estar” e
um a espécie de “resistência” com relação ao seu tem po — cf. A uerbach,
Mimesis, op. cit., 1994, pp. 428, 434 —aparecem transm utados em M achado, e
isto já pode ser percebido na leitura de A ugusto M eyer, um dos grandes
interlocutores de Faoro.
164 L E O P O L D O W A IZ B O R T
transcrita nos conflitos que analisamos. E talvez se possa dizer que mais tarde,
quando reduziria a vida social ao m ovimento caprichoso da vontade, M acha
do estilizava em veia tam bém pessim ista, m as agora côm ica, esta m esm a
experiência”. Schwarz, op. cit., 2000, p. 131. J á mencionei a extração lukacsiana
do “ regular”.
195. Lukács, op. cit., 1965, pp. 56, 57, 124-125.
196. Idem, pp. 152, 288 e 343.
166 L E O P O L D O W A IZ B O R T
201. Schwarz, op. cit., 2000, pp. 145, 146-147 para o passo e as expressões que o
precedem.
202. D e m odo m uito sutil, Schw arz oferece solução para um problem a radicado
no âm ago da em preitada auerbachiana, o problem a das “ forças históricas”.
Sobre isto um ard go próximo.
IN F L U Ê N C I A S E IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 169
PR O D O M O
203. A aproxim ação de Lukács e A uerbach foi indicada por K âte H am burger,
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170 L E O P O L D O W A IZ B O R T
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204. Cf. A ntonio Cândido, Literatura e Sociedade, 2000, p. 101.
205. A ntonio C ândido, O Romantismo no Brasil, 2002, p. 101.
I N F L U Ê N C IA S 12 IN V E N Ç Ã O N A S O C IO L O G IA B R A S IL E IR A 171
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In flu ê n cia s e In v e n ç ã o na S o c io l o g ia B rasileira
( C o m e n tá r io C r ític o )
Fernando A. Novais
que se propôs. Por isso optou por tom ar um caso. Acontece que
o caso em questão é muito específico e envolve muitas variáveis,
inclusive a literatura. É preciso que fique claro então, para que o
caso considerado não se relacione com a proposta original ape
nas alusivamente. E preciso saber como essas variáveis estão
sendo vistas. Um mesmo autor, Machado, tratado por dois soció
logos. A questão que se coloca então é: a pergunta dos dois é a
mesma?
O traço com um entre eles é a inspiração em Auerbach e o
tratamento dado a Machado. Mas Auerbach, que eu saiba, não é
sociólogo. Quando ele discute realismo, está pensando em teoria
e história literária. E em que medida a literatura expressa a reali
dade social? O que foi exposto e o que está presente no texto é
como isso aparece em Faoro; a comparação com o Roberto ainda
não foi realizada.
No meu entender, a diferença entre os dois - que eu supo
nho não coincida com a visão de Leopoldo — é a seguinte:
quando se toma a obra literária, a questão da realidade, conside
ram-se dois autores que usam Auerbach. Mas me parece que
Auerbach elabora o conceito para poder avaliar a obra literária e
não para explicá-la. Sua preocupação, como teórico e historiador
da literatura, é explicitar a obra literária, e não usá-la como
documento. Ao contrário, é ter elementos para julgá-la. Parece-
me que não há dúvida alguma em relação a isso. Os bons, os
grandes autores são aqueles que são mais realistas; os que não o
são não conseguem perceber a realidade. Por isso eles são valori
zados: Auerbach mostra como todos os grandes autores —muitos
dos quais não são considerados “realistas” (como Dante, por exem
plo) —têm a capacidade de apreender a realidade. Ninguém está
dizendo que Dante é um autor “realista”. Ele vai argumentar que
realismo é outra coisa, é a capacidade de apreensão da história.
Então, essa é a razão dele. Porém, quando se está pensando numa
ciência - na sociologia ou, numa “menos” ciência, a história - está
178 F E R N A N D O A . N O V A IS
ria são as artes, que também têm musas, e a filosofia. Isso significa
que a história é mais antiga do que as ciências sociais, até mesmo do
que a ciência em geral, do que a própria universidade. Isso aparece
em todos os trabalhos de história da historiografia. Só que não se
retiram as conseqüências disso, que são graves. Por exemplo, pode-
se estudar o impacto da universidade sobre a historiografia, o im
pacto da sociologia sobre a historiografia, da economia sobre a
historiografia, da psicologia sobre a historiografia - e não o contrá
rio. Não existe o impacto da historiografia sobre a sociologia; não
existe isso. A historiografia já existia quando Durkheim e Weber
começaram a criar a sociologia. Desde os gregos, desde os cronistas
medievais; eles estão fazendo história. O que distingue, então, a
historiografia moderna da tradicional? É que a moderna mantém um
inevitável diálogo com as ciências sociais e que foi institucionaliza
da a partir dos Annales. Este diálogo —que independe da vontade
das pessoas —existe em vários planos. Existe num plano acadêmico
e que são as pequenas vaidades: o que é mais importante, história é
mais importante, esse é meu campo, aquele campo tem mais vagas
etc. etc. Existe também um diálogo explícito; um diálogo mais
acadêmico —que é esse que nós estamos fazendo aqui; um diálogo
implícito nas obras. Se se tomar, por exemplo, um livro como o de
Burckhardt —para dar exemplos em alemão —sobre o Renascimento,
e compará-lo com o de Von Martin, vê-se que eles têm praticamente
a mesma visão, o material utilizado é praticamente o mesmo (Florença
no século XV), as idéias e as conclusões são muito semelhantes —e
não há a menor dúvida sobre qual é o livro do sociólogo e qual é o
livro do historiador. O historiador parte dos fatos para construir a sua
narrativa, enquanto o sociólogo parte dos conceitos. Em geral, os
historiadores conhecem menos conceitos do que os sociólogos e
os sociólogos conhecem menos história do que os historiadores.
Isto é evidente. O que eu quero dizer c o m is s o é que o diálogo da
história com as ciências sociais é específico. Não é como o diálogo
da economia com a sociologia, da sociologia com a psicologia, ou
IN F L U Ê N C IA S F. IN V E N Ç Ã O ... (C O M E N T Á R IO C R Í T I C O ) 181
1. Uso a expressão de R enato O rtiz (2001: 177) que adverte sobre o equívoco
dessa atribuição.
2. J á tive a oportunidade de sugerir algum as vertentes desse processo em Elide
Rugai Bastos (1986).
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A PA U L IST A 185
0 A traso co m o E ix o
Pa d rão T eó r ic o - M e t o d o l ó g ic o
15. D ois trabalhos de G abriel Cohn (1999 e 2000) sum arizam e com entam , com
muita precisão e competência, os dois textos principais de Florestan Fernandes.
16. Tem sido ressaltada, nos balanços sobre a sociologia no Brasil, a oposição
G uerreiro Ram os —Florestan Fernandes. Todavia, as raízes da discussão, que
se encontram na definição de um a problem ática “verdadeiram ente nacional”,
tem sido, se não esquecida, pelo m enos pouco aprofundada. Aliás, o debate é
bem m ais antigo do que tem sido norm alm ente apontado, envolvendo Roger
Bastide. Ver G uerreiro Ram os (1953) e R oger Bastide (1953). Para um a visão
m ais geral do problem a consultar Lucia Lippi O liveira (1995), principalm ente
os capítulos 4 e 5, bem com o a entrevista com G uerreiro Ramos.
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A P A U L IST A 193
17. A crítica dirige-se diretam ente à obra de Gilberto Freyre. Vários estudiosos
desse autor apontam para o fato da expressão não figurar em seus livros,
constatando, assim , um a “atribuição” de Florestan que não corresponderia à
posição daquele autor. N a verdade, aparece na obra de Gilberto inúmeras vezes
a expressão “dem ocracia étnica” associada à idéia de democracia social. O fato
de Florestan retomar o termo “racial” substituindo “étnico” tem embuüda uma
crítica a um a sociologia aparentemente esvaziada de conteúdo político. Absor
vendo a argum entação dos movimentos negros que retomam politicam ente a
expressão “raça” como forma de conscientização sobre a situação social vivida
pelos seus membros, o trabalho recente de Antonio Sérgio Guimarães (2002)
reconstrói o percurso da expressão “democracia racial”.
194 F.I.ID F. R U G A I B A S T O S
18. Em outro texto, o autor m ostra o surgim ento tardio da sociologia política em
São Paulo, principalm ente quando com parada aos estudos desenvolvidos no
Rio de Janeiro (S allu m jr., 2002).
196 R U D E RU G A I BASTO S
19. O autor comenta o ambiente institucional da USP nos anos 1960, principalmen
te na entrevista concedida a Luiz Carlos Jackson (José de Souza Martins, 1998).
20. E ssa abordagem , que aparece em vários artigos, dissertações e teses, ganha
um tratam ento especial em W illiam H éctor G óm ez Soto (2002).
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A P A U L IST A 197
p r o c e s s o s q u e in v e s tig o e s tã o s itu a d o s t a n t o n o m e io ru ra l q u a n to no
u r b a n o ( M a r t i n s , 1 9 7 5 : 1 ).
21. Sobre a questão da terra e sua definição, é im portante assinalar com o essas
expressões constituirão o léxico que ancorará, posteriorm ente, as discussões
não só no âm bito da análise, com o na própria luta pela terra em preendida
pelos m ovim entos sociais.
198 FXIDF, RUGAI BASTO S
22. É certo que só um a análise que se detivesse especificamente sobre Gilberto Freyre
permitiria avaliar os efeitos políticos de suas idéias. No caso desse autor, sugiro
que seu pensamento opera diretamente no sentido de minimizar essa fragilidade
fornecendo elementos que possibilitam um a conciliação entre interesses diversos,
aproximando-se de outros protagonistas do cenário político. Sua proposta confi-
gura-se, assim, como elemento importante da formação do bloco agrário-indus-
trial resultante do pacto de 1930. Ver Elide Rugai Bastos (1986).
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A P A U L IST A 199
Ten sã o co m o C o n st it u t iv a da S o c ied a d e
25. Lem bro que R oberto participou, ainda com o aluno do curso de Ciências
Sociais da TJSP, do célebre sem inário de estudos de O Capital\ organizado
pelos professores assistentes da C adeira de Sociologia I, com a participação
de professores de outros departam entos: Fernando Novais, da H istória, Jo sé
A rthur G ianotti e Bento Prado Jr., da Filosofia.
202 ET.1DE RUGAI BASTOS
26. N ote-se que o texto é do prefácio da prim eira edição de 1962. Já no prefácio
da segunda edição, escrito em 1976, o tom de esperança sobre as possibilida
des de sua geração intervir na sociedade desaparece. Sem dúvida, com o
golpe de 1964 havia se apagado “o anseio de renovação e de grandes espe
ranças” que atravessava a universidade brasileira anteriormente.
27. Os textos reunidos no livro foram produzidos entre 1969 e 1971.
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A P A U L IST A 203
Crise
Passado e Presente
37. Vale lem brar a colocação de Gabriel C ohn (2001: 387): “[...] G ilberto Freyre,
form a com Florestan o mais perfeito par de opostos que se possa imaginar.
Não pela tem ática, que é em m uitos pontos a mesma entre ambos. N em pela
form ação e pelas linhas de pesquisa, que em am bos percorre o arco que vai
da análise etnológica à reconstrução histórica em grande e pequena escala,
centrando, é claro, na análise sociológica. M as pelo contraste entre a perspec-
216 E L ID E R U G A I B A S T O S
Am bivalência
O ethos conciliador sem p re falou m ais forte em suas av aliaçõ es, sem
lh e retirar co n tu d o a a rg ú c ia d o diagn ó stico . O au to r, m esm o re c o n h e
cen d o de fo rm a am b ígu a certo s v ício s p o lítico s ad v in d o s d o excessivo
fo rtale cim e n to d as in stitu içõ es p o líticas d o E stad o , saú d a a con ciliação
co n ferin d o -lh e v irtu d e s que se referiam à n ecessid ad e d o q u e c h am av a de
“ liberdades práticas ” (Idem, p. 66).
U m a A m b iê n c ia C r ia t iv a
A asso ciação en tre ag ricu ltu ra ex ten siv a [...] e b arb árie [...] fun d a
m en tará, em d ife re n te s m o m en to s d a h istó ria d e n o ssa fo rm ação so cial,
u m a missão civili^adora, sem esq u ecer u m an te rio r em p en h o de ev an g elização
q u e as classes d o m in an tes atrib u irão p ara si m esm as. A o s p o lítico s, alto s
fu n cio n ário s, fazen d eiro s ilu strad o s e p u b licistas, n um n ível, e e d u c a d o
re s, e x te n sio n ista s e a s s is te n te s so c ia is, em o u tro , c a b e ria p ro je ta r e
o p e rac io n alizar a civ ilização d o s costu m es atrav és da m o d ern ização das
p rátic as d e cultiv o (L o uren ço, 2001: 13).
A n tie sc rav ism o , v alo riz ação d o trab alh o , ad u b ação , u so do arado,
p ro d ução c am p o n esa, en sin o agríco la: tod o s tó p ico s q u e se in au gu ram em
tem p o s co lo n iais e p ersistirão n as su cessivas p ro p o siçõ es dos p ro jeto s de
refo rm a da ag ricu ltu ra b rasileira (Idem, p. 15).
A C r is e da M o d e r n id a d e
39. Ver, por exem plo, Sergio Miceli (2001); Fernanda Peixoto (2000); H eloisa
Pom es (1998)-, e Sylvia G em ignani G arcia (2002).
P E N S A M E N T O S O C IA L D A E S C O L A S O C IO L Ó G IC A P A U L IST A 225
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P arte II
J u st iç a e S egurança
Est u d o s so bre o S ist e m a de J u s t iç a 1
1. Registro meus agradecimentos a Luiz W erneck Vianna e aos demais colegas que
discutiram um a versão preliminar deste texto na reunião da Anpocs, em 2001.
234 M A R IA T E R E Z A S A D E K
A s In s t i t u i ç õ e s de J u s t i ç a n a P e n u m b r a
tual, tendo o funcionam ento das instituições políticas como foco analítico e a
consolidação do regim e dem ocrático com o parâmetro norm ativo” (p. 43).
238 M A R IA T F .R E Z A S A D E K
4. São inúm eros hoje os trabalhos sobre estes autores. Para um a interpretação
global da ideologia autoritária ver especialm ente Lam ounier (1974) e W G.
Santos (1970).
E S T U D O S S O B R E O S IS T E M A D E JU S T IÇ A 239
[...] os nossos reform ad o res con stitucion ais e os nossos sonhadores liberais
ainda n ão sc con venceram d e q u e nem a generalização d o sufrágio direto,
nem o self-government v alerão nada sem o p rim ado do P oder Judiciário - sem
que este p o d er ten h a p elo B rasil todo a penetração, a segurança, a acessibili
dade que o pon h a a toda hora e a todo m om ento ao alcance do Je c a m ais
hum ilde e d esam p arad o , n ão precisan do ele —para tê-lo jun to a si - d e m ais
do que um g esto da sua m ão n um a p etição o u de um a p alavra de su a b oca
num apelo. Sufrágio d ireto o u su frágio universal, regalias de autonom ia,
federalism os, m unicip alism o s - d e nada valerão sem este prim ado do J u d i
ciário, sem a g en eralid ad e d as garan tias trazidas por ele à liberdade civil do
cidadão, p rincipalm ente d o h om em -m assa d o interior” (V ianna, 1987).
0 S is t e m a d e Ju s t iç a no H o r iz o n t e
10. Lam entavelm ente, esse tipo de inform ação não apresentou continuidade. A
despeito da im portância desses dados para fundam entar políticas relaciona
das à segurança pública —um a das questões centrais em nossos dias - dados
nacionais confiáveis sobre essas questões não foram produzidos durante os
anos de 1990.
E S T U D O S S O B R E O S IS T E M A D E JU S T I Ç A 247
0 S is t e m a d e J u s t iç a em Fo c o
[...] a p ro p o sta im p líc ita e m todos [os ensaios] é e stim u lar a C iên cia do
D ireito a sair d e su a lim itad a zo n a de c erteza trad icio n al, d e u m lad o
su jeitan d o -se ao p erig o d e c o n t o r n o s in d e fin id o s e d e n o çõ es equiv o cas,
m as, d e o utro , com a v an tag em de p o d er atu aliz ar-se e lib ertar-se d e seu
co n h ec id o ranço. E ssa é, n a verdade, a fun ção d a S o cio lo g ia d o D ireito [...]
um a ciên cia que so m en te g an h o u seu e statu to ep istem o ló gico à m ed id a
qu e saiu da d ep en d ên cia do d ireito p o sitiv o p ara ab o rd ar u m a realid ad e
m al ex p lo rad a e m al e n ten d id a p elo s ju ristas trad icio n ais, o u san d o ex p licitar
as relaçõ es de p o d e r q u e fo rm am os su jeito s e os do m ín io s do co n h eci
m e n to no u n iverso ju ríd ico (F aria, 1984: IX).
14. E sta lista certam ente está bastante incom pleta. Trata-se, contudo, da relação
que foi possível obter nos atuais arquivos da Anpocs.
E S T U D O S S O B R E O S IS T E M A D E J U S T I Ç A 251
15. C onform e consta no texto de O liveira e Adeodato (1996), a Almed foi criada
em 1974, sob a liderança do professor do m estrado em Ciências Ju ríd icas da
TJFSC, Luis W arat, tendo entre seus objetivôs a reform ulação das bases
epistem ológicas da produção do conhecim ento na área do D ireito, conside
rado um fetiche.
16. Roberto L yra Filho, da UnB, defendia um a perspectiva crítica dialética sobre
o D ireito, fortem ente influenciada pelos trabalhos de M arx. Sua escola teve
considerável influência no m eio estudandl da época.
252 M A R IA T E R E Z A S A D E K
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M o n o pó lio Estatal da V iolência na S ocied ade
B r asile ira C o n t e m po r â n e a
Sérgio Adorno
In t r o d u ç ã o
0 M o n o p ó l io E s t a t a l d a V io l ê n c ia
2. Creio que nesse dom ínio das revisões e balanços de literatura, a Revista do
Boletim Bibliográfico em Ciências Sociais - BIB, publicação tradicional da Anpocs,
tem se constituído um veículo privilegiado, p or excelência, além de repositó
rio da m em ória nacional em ciências sociais.
3. A descrição do processo de construção do E stado m oderno e de pacificação
da sociedade foi extraída de texto anteriorm ente publicado (Adorno, 1998).
M O N O P Ó L IO E S T A T A L D A V IO L Ê N C IA . 273
E continua,
[..■1 é cad a vez m ais d ifícil p ara os E stad o s assu m irem suas funções c lá ssi
cas. O m o n o p ó lio leg ítim o da v io lê n c ia físic a p arece a to m iz a d a e, na
p rática, a céleb re fó rm u la w eb erian a p arece cad a v e z m en os ad ap tad a às
realid ad es c o n tem p o rân eas (W iev io rk a, 1997: 19).
N a p r á t ic a , a o lo n g o d a s d é c a d a s e m q u e v ê m e x e r c e n d o su a
h e g e m o n ia , tê m s e lim ita d o a c e r c a r o s b a irro s p o p u la re s c o m u m a e s p é c ie
M O N O PÓ LIO ESTATAL DA VIO LÊ N CIA. 293
d e c o r d ã o s a n itá r io re p re s s iv o , la n ç a n d o a p o líc ia c o m o c ã e s s o b r e o s
p o b re s e p ro te g e n d o as á re a s n o b re s d a c id a d e (S o a re s , 2 0 0 0 : 45).
0 P ro b le m a da L egitimidade
mentos legais. Não sem razão, vimos assistindo, nas duas últimas
décadas, a manifestações coletivas de obsessivo desejo punitivo
que contemplam punição sem julgamento, pena de morte, violência
institucional, leis draconianas de controle da violência e do crime.
Em outras palavras, em nome da lei e da ordem, propõe-se justa
mente controle social carente de legalidade.
Soares aborda também esta questão em seu livro ao tratar
da violência policial e da corrupção.
* * *
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V eredas da Q u e stã o A g r á r ia e En ig m a s
do G rande S ertão
G r a n d e L a v o u r a : A M a t r iz da N a c io n a l id a d e
1. N esse livro, Caio Prado desenvolve com um a docum entação m ais farta e
bem elaborada o esquem a analítico que já apresentara em Evolução Política do
Brasil, publicado em 1933. N ão seria portanto anacronism o considerar os três
autores como participantes de um m esm o momento do debate intelectual.
Fernando H enrique Cardoso, à época ministro das Relações Exteriores, profe
riu conferência no Instituto Rio Branco, form ador de novos diplomatas, sobre
esses três autores e os “livros que inventaram o Brasil” (cf. Cardoso, 1993).
VEREDAS DA Q UESTÃO A G R Á R IA .. 313
10. 70% da população vivia no cam po em 1950, contra 30% em 1980 (cf. Sachs,
Pinheiro e W ilheim , 2001).
VEREDAS DA Q U ESTÃO AG RÁRIA. 321
11. N ote-se que o texto de M oacir Palm eira (1971) é apresentado com o tese de
doutorado em Paris à época em que já havia sido recrutado com o pesquisa
dor do recém -criado Program a de Pós-G raduação em A ntropologia Social
324 AFRÀN IO G ARCIA J R . E M ARIO GRYNSZPAN
Pang (1979), Ralph D elia Cava (1970), Linda Lewin (1987), para
citar apenas alguns.
Também no campo da sociologia verifica-se que o s en sa ios
a b ra n gen tes sobre as form as de resolver a questão agrária im pri
mindo um idnerário pardcular ao desenvolvimento do Estado e
da nação brasileiros foram sendo substituídos por monografias
dedicadas à análise de categorias particulares dos grupos subal
ternos rurais, como os bóias-frias, no caso de M aria da Conceição
dTncao (1975), os colonos do café e os posseiros da Amazônia, no
caso de José de Souza M artins (1979 e 1980), os colonos do vinho,
no caso de José Vicente Tavares dos Santos (1978), ou ainda de
redes de sociabilidade, como no caso da família de sitiantes tradi
cionais', de Lia Fukui (1979), sendo que na maior parte desses
casos as monografias correspondiam tam bém a teses de doutora
do, ou seja, ao rito de passagem ao ofício do sociólogo. Efetiva
mente, dentre os sociólogos da geração precedente, poucos fo
ram os que, como O ctá v io lan n i (1976) e Maria Isaura Pereira de
Queiroz (1973), passaram a fazer do trabalho monográfico a for
ma de desenvolvimento de suas obras e de suas reflexões. Tam
bém no caso dos sociólogos a atenção mais acurada foi dispensa
da às categorias de autoclassificação dos agentes sociais, embora
enco n tra-se f r e q ü e n t e m e n t e a n á lises d o s dados e s t a t ís t ic o s
censitários produzidos pelas agências oficiais, como o IBGE, ou
ainda utilização de questionário próprio. Em sociologia usou-se
mais freqüentem ente do que nas monografias antropológicas m é
todos quantitativos, que perderam um pouco do prestígio nos
anos de 1970 por força da baixa confiabilidade dos dados oficiais,
manipulados freqüentem ente pelos tecnocratas ligados aos mili
tares para im pedir toda constatação desfavorável aos rum os que
então tomava o desenvolvimento econômico do Brasil. Ressalte-
se ainda a colaboração entre sociólogos e econom istas rurais na
análise da modernização agrícola do país, em inentemente centrada
no perfil tecnológico dos produtores, na tipologia dos produtos
33Í) AFK ÂN IO G ARCIA J R . E M AR IO GRYNSZPAN
T e m a s P r iv i l e g i a d o s nas D u a s Ú l t im a s D é c a d a s
A u t o n o m ia d o C a m p o In t e le c t u a l e C u m u l a t iv id a d e do C o n h e c im e n t o
E q u a n d o p e la n o ssa im p re v id ê n c ia in eg áv el d e ix a m o s q u e en tre
eles se fo rm asse um n úcleo d e m an íaco s, n ão v im o s o traço su p erio r do
aco n tecim en to . A b reviam o s o esp írito ao co n ceito estreito de um a p reo
cu p a çã o p a rtid á ria . T iv e m o s u m e sp a n to c o m p ro m e te d o r an te aq u elas
ab erraçõ es m o n stru o sas e, com arro jo d igno d e m elh o res cau sas, b atem o -
n o s a c a rg a de b aio n etas, reed itan d o p o r n o ssa vez o p assad o , n um a entrada
342 AFRÂN IO G ARCIA JR . E M ARIO GRYNSZPAN
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In t r o d u ç ã o
A Ed u c a ç ã o com o C am po de E stu d o s e
Pe s q u is a s S o c io l ó g ic a s no B r a s il
9. O Iseb foi criado cm 1955 para ser um “centro perm anente de altos estudos
polídcos e sociais de nível pós-universitário, onde se aplicariam as categorias e
os dados das ciências sociais à com preensão crítica da realidade brasileira
visando à elaboração de instrum entos teóricos que perm itíssem o incentivo e
a prom oção do desenvolvim ento nacional” (Cunha, 1981: 8-9). Para os teóri
cos do Iseb a educação era um instrum ento estratégico na ruptura com a
sociedade tradicional e para a form ação de hábitos e da aceitação dos valores
que acom panhariam o processo de desenvolvim ento nacional.
10. D estacam -se com o sociólogos preocupados com a questão educacional, em
especial Florestan Fernandes, Antonio Cândido, Luís Pereira e Marialice Foracchi.
11. M aria Isaura Pereira de Q ueiroz (1972: 522), na análise sobre o desenvo lvi
m ento das pesquisas em píricas na sociologia, cham ava atenção que “dos
aspectos d o real nenhum parece ter inspirado tanto os pesquisadores quanto
os que tratam de sociologia educacional”.
E ST U D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E EDUCAÇÃO NO B R A SIL 357
19. Forte influência tiveram os estudos de Carlos Langoni (1976) sobre o investi-
m ento em educação no Brasil, publicados no início da década de 1970.
20. G ouveia (1985) ressalta que, com a teoria da dependência, a atenção dos
cientistas recai sobre os aspectos m acroestruturais do país e sua reíação com
os países de capitalism o avançado. O estudo de M anfredo B erger (1976)
sobre educação e dependência é representadvo desta m udança.
ESTU D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E EDUCAÇÃO NO BR A SIL 361
21. N o final da década de 1970, a orientação teórica dos trabalhos sobre educa
ção m uda especialm ente com a contribuição de Antônio G ram sci, que funda
m enta o debate sobre teoria e prática e a figura do educador com o um
intelectual orgânico das classes subalternas. N esse sentido, um a contribuição
im portante foi a obra de Bárbara Freitag (1977).
362 CLA R ISSA F.CKF.RT BAETA N EVES
A S o c io l o g ia da E d u c a ç ã o : A l g u m a s T e n d ê n c ia s
de P e s q u is a no C e n á r io I n t e r n a c io n a l
seu seio e a m an eira com o se en co n tra g aran tid o o co n tro le so cial dos
co m p o n en te s in d iv id u ais. E x iste m , a ssim , esq u em as o rg a n iz a d o re s (ou
c ó d ig o s) d o s sab eres esco lares q u e g o v e r n a m sim u ltan eam en te, seu m o d o
d e c o e x istê n c ia no âm b ito d o cu rrícu lo e as m o d alid ad es p ed ag ó gicas de
sua tran sm issão (B ern stein , 1971 apud F orquin, 1995: 153).
24. Eram estudos longitudinais, a partir de grupos bastante grandes, para acom
panhar o percurso dos alunos em quase todos os níveis de ensino, nos setores
público e privado: características sociodem ográficas; trajetórias escolares das
coortes em escala nacional; fluxos financeiros; conhecim ento quantitativo das
universidades; m ecanism os que regulam “a passagem ” de aparelho educativo
para o aparelho produtivo; inserção profissional; carreiras profissionais etc. A
sistematização e a abrangência desses dados perm itiu aos pesquisadores apoiar
suas próprias pesquisas em bases em píricas sólidas e avançar na direção de
análises mais qualitativas.
25. E specialm ente na França, m as tam bém na G rã-Bretanha, foram desenvolvi
das inúm eras teorias explicativas sobre a questão da desigualdade, com o a
teoria culturalista, a conflitualista ou político-ideológica, o modelo fatorial e o
sistêmico (Forquin, 1995: 21-78).
ESTU D O S SO C IO LÓ G IC O S SO B R E ED U CAÇÃO NO BR ASIL 367
27. Som ente em 1959 vai ocorrer a prim eira reunião de sociologia de educação
na Sociedade Alem ã para Sociologia. Tam bém é deste ano a prim eira coletâ
nea sobre sociologia da educação publicada com o Caderno E special na Kölner
Z eitschriftfür Sociologie.
370 CLARISSA ECK ERT BAETA N EVES
Os E s t u d o s S o c i o l ó g i c o s s o b re E d u c a ç ã o n a A t u a lid a d e
[...] p assad as as d écad as d e p essim ism o em relação à esco la, esta in stitu i
ção ap a re ce n o v am en te co m o o b jeto im p o rtan te da an álise so cio lógica.
T rata-se d e re lacio n ar o “efe ito estab elecim en to ” à eficácia d as escolas no
d e se m p en h o e sco lar (B arb o sa, 2 000a: 2).
35. Ver tam bém o estudo de M aria Alice N ogueira (1991: 89-112), sobre trajetó
rias escolares, estratégias culturais e classes sociais, em cjue analisa as estratégias
e com portam entos das famílias pertencentes às diferentes classes e frações de
classes em matéria de escolaridade e de destino profissional de seus filhos.
380 CLARISSA ECK ERT BAETA N EVES
Escola e violência
O tema da violência “contra” e “na” escola é expressão das
novas e mais complexas condições de inserção dessa instituição na
sociedade contemporânea. A preocupação com a temática teve seu
início nos anos de 1980, com a elaboração de diagnósticos que
buscavam constatar tipos de violência praticados contra a institui
ção escolar, especialmente nas zonas de periferia das grandes cida
des. Muitos desses diagnósticos tiveram o apoio de organizações
não-governamentais, bem como de organismos públicos.
O fenômeno da violência escolar cresceu na década de
1990 quando, além da violência contra a escola, passa-se a o b '
servar a violência na escola. Constata-se, também, a partir desse
período, um aumento da pesquisa acadêm ica nas universidades,
especialm ente nos program as de pós-graduação, sobre o tema da
382 C L A R ISSA E CK E R T BAETA NEVES
38. O utros trabalhos relevantes com o o de Viscardi (1999) e de Cam acho (2001)
investigam a vida escolar de adolescentes de classes m édias e de segmentos de
elites e os efeitos da prática de violência entre seus pares. Araújo (2001)
investiga as vivências escolares de jovens alunos m oradores da periferia de
Belo H orizonte, cujo coüdiano é m arcado pela violência, insegurança pública
e exclusão social.
E STU D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E EDUCAÇÃO NO BRASIL 385
41. As críticas ao Saeb estão relacionadas ao tipo de registro dos dados, dificul
tando a associação entre os dados de m edidas das habilidades cognitivas e os
dad o s so cio p ed agó gico s e so cio eco nô m icos. O utra crític a refere-se à
confiabilidade e à com parabilidade das baterias de testes.
394 CLA.RISSA. ECK ERT BAETA NEVES
43. O s prim eiros trabalhos sobre o ensino superior no Brasil trataram especial
m ente da construção da “ideia” de universidade. V ários estudos im portantes
se destacam com o obras de referência: Teixeira (1968); A zevedo (1958);
Ribeiro (1969); Pinto (1962).
44. O s e s t a d o s realizaram um a crítica à R eform a U niversitária consentida, des
tacando a sua funcionalidade pela m aior racionalização da un iversidade e
dos custos (V ieira, 1982; Fávero, 1994), analisando o im pacto da substitui-
396 CLA R ISSA ECK ERT BAETA N EVES
47. Ver, por exem plo, a proposta “Por um a Universidade Pública” da Associação
N acional de D ocentes/A ndes, publicado em 1986 e reeditado em 1996.
48. A produção do N upes, em especial, incluiu vários estudos sobre a questão
398 C LA R ISSA ECK ERT BAETA N EVES
dos custos das universidades (f. Paul e E. W olynec, 1990; J. Schwartzm an,
1995; Penaloza, 1999), com o tam bém sobre a construção de indicadores de
produtividade para as universidades federais (F. G aetani e J. Schwartzm an,
1991; J. Schw artzm an, 1994).
49. Ver o trabalho de M aria Francisca Pinheiro (1998) sobre as polêm icas visões
da autonom ia universitária.
EST V D O S SO C IO LÓ G IC O S S O B R E ED U CAÇÃO NO BR A SIL 399
52. Ver também o trabalho de Clarissa E. B. Neves (1995) sobre a experiência das
universidades com unitárias no Rio G rande do Sul.
404 C LARISSA ECK ERT BAETA N EVES
O u tro s T e m as de Pe s q u is a
53. N esse sentido, ver a tese de doutorado de D aniel X im enes A quino (2001)
sobre a avaliação da universidade. R ecorrer igualm ente à discussão sobre este
tem a na coletânea organizada p or Sguissardi (1997).
406 C LA R ISSA ECK ERT BAETA N EVES
Educação e Trabalho
54. Ver a importante revisão da bibliografia internacional realizada por Paiva (1991).
55. Ver especialm ente a crítica realizada por Frigotto (1984).
ESTU D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E ED U CAÇÃO NO BR A SIL 407
E d u cação e Gênero
C o n c lu sã o
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SOCIOLÓGICOS
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Form ação sobre Relações Raciais, Cultura form al
EDUCAÇÃO
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UFS G rupo de E studos sobre Exclusão, C ida E ducação, espaço público e cidadania 2000
dania e D ireitos H umanos
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Educação de jovens e adultos em assentam entos rurais
BAETA
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Política, Educação e Cultura
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p artir da separação Estado-Igreja
Depoimentos professores eméritos Universidade do Brasil
D esigualdade e escolaridade no ensino básico
Tendências do ensino superior brasileiro
UNICAMP Grupo de Estudos sobre Movimentos, D e M ovim entos sociais e gestão da educação 1992
canidades e Afrodescendência
E gressos da pós-graduação
Form ação de docentes para a educação básica
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Profissão docente e cidadania o
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U niversidade e sociedade
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Sociedade, universidade e produção de conhecim ento c
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Educacão 1992
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tem poraneidade
CLARISSA
UNIR D esen volvim ento Sustentável e Sistem as Avaliação institucional em ciência e tecnologia 2000
S o c io c u ltu ra is: c a b o c lo s e c o lo n o s na Form ação de professores urbanos
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A m azô nia
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UNICAMP Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Política educacional 1996
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FJP/M G Eqüidade, Financiam ento e D escentraliza Processos de descentralização de políticas públicas 1996
ção na Educação Pública
UN ESP Grupo de Estudos Interdisciplinares sobre C ultura escolar, educação e gênero 1996
Cultura e D esenvolvim ento
ESTUDOS
UFRRJ Ciência, Form ação e Ecologia Ciência, técnica e formação 1995
SOCIOLÓGICOS
e D esenvolvim ento
FURG PPG em E ducação Am biental E ducação am biental e m anejo costeiro integrado 1994
E ducação am biental não-form al e inform al
Educação ambiental: currículo e formação de professores
SOBRE
Fundam entos da educação ambiental
EDUCAÇÃO
UFPI N upec —N úcleo de Pesquisa e Estudo so Estado, sociedade e políticas públicas 1992
bre Criança e Adolescente Infância, juventude e violência
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I es G r u p o d e P e s q u is a L in h a s d e P e s q u is a A no
3. Ver a este respeito K arl M annheim (1978: 25-72) e T h eodo r A dorno (1995:
119-185).
4. Ver a esse respeito, por exem plo, Theodore Schultz (1971 e 1973).
442 C A R LO S BEN ED ITO M ARTINS
5. A esse respeito ver os trabalhos de Max Weber (1967: 107-154, e 1992: 97-183).
ESTU D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E ... (CO M ENTÁRIO C R ÍT IC O ) 443
10. Ver, por exem plo, os próprios trabalhos de Florestan Fernandes, entre os
quais destacam -se Educação e Sociedade tio Brasil, 1966; Universidade Brasileira:
Reforma ou Revolução?, 1975; O Desafio Educacional, 1989. A lguns trabalhos que
foram elaborados por docentes da FFC I, da USP, sob forte influência de
Florestan Fernandes, são: Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni (1959);
M arialice Foracchi (1965 e 1972). Ver tam bém os trabalhos de Luis Pereira
(1967, 1969 e 1971). V ários outros trabalhos tam bém foram realizados no
interior da FFCL, tais com o: A parecida Joly G ouveia (s. d.) e Jo ão Batista
Pereira (1969). Entre os vários estudos consagrados ao papel central exercido
p or Florestan Fernandes na configuração da sociologia brasileira, ver Maria
A rm inda do N ascim ento A rrud a (1995) e D ébora M azza (1997). Com rela
ção à discussão sobre as condições de prestígio acadêm ico no interior do
cam po científico, ver os trabalhos de Pierre Bourdieu (1980:113-121, e 1997).
Ver tam bém a este respeito o trabalho de T erry Shinn (1988).
ESTU D O S SO CIO LÓ G ICO S SO B R E ... (C O M E N TÁRIO C R ÍT IC O ) 449
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