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Alunas: Ana Carolina Suarez, Ana Cássia Gonzales, Camila Miranda, Juliana de O Lessa,
Milena Munhoz Lucena, Nathália de Almeida.
Turma: 100 Grupo tutorial: B
Disciplina: Fisiologia Professor: Carlos Lacerda
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Sumário
1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------------------- 2
1.1) Sinapse química
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1. Introdução
A sinapse é a transmissão de impulsos através de junções especializadas (sinapses) entre dois
neurônios é, em grande parte, química e depende da liberação de neurotransmissores a partir do
lado pré-sináptico. Isto causa uma alteração no estado elétrico da membrana neuronal pós-
sináptica, resultando em sua despolarização ou hiperpolarização. Os padrões da terminação axonal
variam consideravelmente. Um único axônio pode fazer sinapse com um neurônio (p. ex., fibras
trepadeiras terminando em neurônios cerebelares de Purkinje), ou, mais frequentemente, com
muitos neurônios (p. ex., fibras paralelas cerebelares, que fornecem um exemplo extremo deste
fenômeno). Nos glomérulos sinápticos, por exemplo, no bulbo olfatório e no cerebelo, e em
cartuchos sinápticos, os grupos de sinapses entre dois ou muitos neurônios formam unidades
interativas encapsuladas por neuróglia). Há dois tipos principais de sinapses: (Figura 1) químicas
onde as células nervosas se comunicam umas com as outras e com as células musculares e
glandulares, esta comunicação pode ser feita por meio de um neurotransmissor. E elétricas em que
a comunicação se dá por meio de junções comunicantes (GAP).
Embora a maioria das sinapses no cérebro seja química, no sistema nervoso central podem
coexistir e interagir sinapses químicas e elétricas. A transmissão bidirecional das sinapses elétricas
permite-lhes colaborar na coordenação das atividades de grandes grupos de neurônios
interconectados. Por exemplo, as sinapses elétricas são úteis para detectar a coincidência de
despolarizações subliminares simultâneas dentro de um grupo de neurônios interconectados; isso
permite aumentar a sensibilidade neural e promover o disparo sincronizado de um grupo de
neurônios interconectados.
2. Componente pré-sináptico
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As sinapses químicas têm organização estrutural assimétrica, coerente com a natureza
unidirecional da sua transmissão. Todas exibem uma área de membrana pré-sináptica aposta a uma
membrana pós-sináptica correspondente: as duas são separadas por uma fenda estreita, a fenda
sináptica. Vesículas sinápticas contendo neurotransmissor situam-se no lado pré-sináptico,
aglomeradas junto a uma placa densa na face citoplasmática da membrana pré-sináptica. Uma
região correspondente de material denso submembrânico está presente no lado pós-sináptico.
Juntas, estas definem a zona ativa, a área da sinapse onde a neurotransmissão ocorre. Também
podem ser classificadas de acordo com vários parâmetros diferentes, incluindo as regiões
neuronais que formam a sinapse, suas características ultraestruturais, a natureza química do(s)
seu(s) neurotransmissor(es) e seus efeitos sobre o estado elétrico do neurônio pós sináptico. As
sinapses podem ocorre entre um axônio e um dendrito ou um soma, quando o axônio é expandido
como um pequeno bulbo ou botão. Isto pode ser o terminal de um ramo axonal (botão terminal)
ou de uma fileira de terminações semelhantes a contas, quando o axônio faz contato em vários
pontos, muitas vezes com mais de um neurônio (botão de passagem). Os botões podem fazer
sinapse com dendritos, incluindo espinhas dendríticas ou com a superfície plana de uma haste
dendrítica, com um soma (geralmente na sua superfície plana, mas ocasionalmente sobre
espinhas), com o cone de implantação e com os botões terminais de outros axônios. A conexão é
classificada de acordo com a direção da transmissão, e a região terminal que chega é denominada
primeiro. As sinapses axodendríticas são mais comuns, embora conexões axossomáticas sejam
frequentes. Todas as outras combinações possíveis são encontradas, porém são menos comuns:
axoaxônica, dendroaxônica, dendrodendrítica, somatodendrítica ou somatossomática. As sinapses
axodendríticas e axossomáticas ocorrem em todas as regiões do SNC e nos gânglios autônomos,
inclusive naqueles do SNE. Os outros tipos parecem restritos a regiões de interação complexa entre
neurônios sensitivos maiores e microneurônios, por exemplo, no tálamo. Ultra estruturalmente, as
vesículas sinápticas podem ser internamente claras ou densas, e de diferentes tamanhos
(classificadas de forma geral como pequenas ou grandes) e forma (redondas, achatadas ou
pleomórficas de formas irregulares). O material denso submembranoso pode ser mais espesso no
lado pós-sináptico que no pré-sináptico (sinapses assimétricas), ou equivalente em espessura
(sinapses simétricas). As fitas sinápticas são encontradas em locais de neurotransmissão na retina
e orelha interna. Elas têm morfologia característica, pelo fato de que as vesículas sinápticas estão
agrupadas em torno de material denso, semelhante a uma fita ou bastão, orientado
perpendicularmente à membrana celular. Os botões sinápticos fazem contatos próximos as
estruturas pós-sinápticas, mas muitos outros terminais não possuem zonas de contato
especializadas. Áreas de liberação de transmissor ocorrem nas varicosidades dos axônios não
mielinizados, onde os efeitos são às vezes difusos, por exemplo, as vias aminérgicas dos núcleos
basais e nas fibras autônomas na periferia. Em alguns casos, esses axônios podem se ramificar
amplamente através de áreas extensas do encéfalo e afetar o comportamento de populações muito
grandes de neurônios, por exemplo, a inervação colinérgica difusa do córtex cerebral. A
degeneração patológica nestas vias pode, portanto, causar distúrbios amplamente disseminados na
função neural. Os neurônios expressam uma variedade de neurotransmissores, tanto como uma
classe de neurotransmissor por célula ou, mais frequentemente, como várias. Boas correlações
existem entre alguns tipos de transmissores e características estruturais especializadas das
sinapses. Em geral, as sinapses com pequenas vesículas relativamente esféricas estão associadas a
acetilcolina (ACh), glutamato, serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT), e algumas aminas; aquelas
com vesículas de centro denso incluem muitas sinapses peptidérgicas e outras aminas (p. ex.,
noradrenalina [norepinefrina], adrenalina [epinefrina], dopamina). Foi demonstrado que sinapses
simétricas com vesículas achatadas ou pleomórficas contém ácido γ-aminobutírico (GABA) ou
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glicina. As terminações neurossecretórias encontradas em várias partes do encéfalo, nas glândulas
neuroendócrinas e nas células do sistema neuroendócrino disperso compartilham muitas
características com os botões pré-sinápticos. Elas todas contêm peptídeos ou glicoproteínas dentro
de vesículas de centro denso. Estas últimas são de tamanho e aparência característicos: elas são
muitas vezes elipsoides ou de forma irregular e relativamente grandes, por exemplo, as vesículas
de oxitocina e vasopressina na neuro-hipófise podem ter até 200 nm de diâmetro. As sinapses
podem causar despolarização ou hiperpolarização da membrana pós-sináptica, dependendo do
neurotransmissor liberado e das classes de molécula receptora na membrana pós-sináptica. A
despolarização da membrana pós-sináptica resulta em excitação do neurônio pós-sináptico,
enquanto a hiperpolarização tem o efeito de inibir transitoriamente a atividade elétrica. Variações
sutis nestas respostas também podem ocorrer nas sinapses onde misturas de neuromediadores estão
presentes e seus efeitos são integrados.
2.2) Sinapses tipo I e tipo II
Há duas categorias amplas de sinapse: sinapses tipo I, nas quais a área densa citoplasmática é mais
espessa no lado pós-sináptico, e sinapses tipo II, nas quais as áreas densas pré e pós-sináptica são
mais simétricas, porém mais finas. Os botões tipo I contêm predominantemente pequenas vesículas
esféricas com aproximadamente 50 nm de diâmetro, e os botões tipo II contêm uma variedade de
formas achatadas. Em todo o SNC, as sinapses tipo I são, geralmente, excitatórias e as de tipo II,
inibitórias. Em alguns casos, sinapses tipo I e II são encontradas em estreita proximidade,
orientadas em direções opostas através da fenda sináptica (uma sinapse recíproca).
2.3) Mecanismos de atividade sináptica
A ativação sináptica começa com a chegada de um ou mais potenciais de ação no botão pré
sináptico, o que causa a abertura de canais de cálcio voltagem sensíveis na membrana pré-
sináptica. O tempo de resposta em sinapses de ação rápida típicas é então muito rápido; um
neurotransmissor clássico (p. ex., ACh) é liberado em menos de um milissegundo, o que é mais
rápido que o tempo de ativação de um sistema de segundo mensageiro no lado pré-sináptico. A
entrada de cálcio ativa as proteinoquinases dependentes de Ca2+. Isto desacopla as vesículas
sinápticas de uma malha de espectrina-actina dentro da terminação pré-sináptica, à qual elas estão
ligadas por meio de sinaptinas I e II. As vesículas encostam-se na membrana pré-sináptica, através
de processos ainda não completamente compreendidos, e suas membranas se fundem para abrir
um poro através do qual o neurotransmissor se difunde para dentro da fenda sináptica. Uma vez
que a vesícula tenha descarregado seu conteúdo, sua membrana é incorporada na membrana
plasmática pré-sináptica e é, então, mais lentamente reciclada de volta para dentro do botão por
endocitose em torno das margens do local ativo. O tempo entre a endocitose e a reliberação pode
ser de aproximadamente 30 segundos; vesículas recém-recicladas competem aleatoriamente com
vesículas previamente formadas pelo ciclo seguinte de liberação de neurotransmissor. A fusão das
vesículas com a membrana pré-sináptica é responsável pelo comportamento quântico observado
na liberação de neurotransmissor, tanto durante a ativação neural quanto espontaneamente, na
condição de repouso com leve vazamento.
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3. Fenda sináptica
A fenda sináptica é o que separa o terminal pré-sináptico do corpo do neurônio pós-sináptico,
tem largura na faixa de 200 a 300 angstroms. É um componente imprescindível para a ocorrência
da sinapse química.
4. Componente pós-sináptico
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A importância da existência desses dois tipos de receptores, inibitórios e excitatórios, é que dá
dimensão adicional à função nervosa, possibilitando a contenção ou excitação das ações neuronais.
Eles agem através de mecanismos distintos:
Excitação:
1) Abertura dos canais de sódio, permitindo o fluxo de grande número de cargas elétricas positivas
para a célula pós-sináptica. Esse evento celular aumenta o potencial intracelular da membrana em
direção ao potencial mais positivo, no sentido de atingir o nível do limiar para a sua excitação.
2) Condução reduzida pelos canais de cloreto ou potássio ou de ambos. Esse evento diminui a
difusão de íons cloreto, com carga negativa para o neurônio pós-sináptico ou a difusão de íons
potássio com carga positiva para fora da célula. Em ambos os casos, o efeito é o de fazer com que
o potencial interno da membrana mais positivo do que o normal, o que tem caráter excitatório.
3) Diversas alterações no metabolismo do neurônio pós-sináptico, para excitar a atividade celular
ou em alguns casos, aumentar o número de receptores de membrana excitatórios, ou diminuir o
número de receptores inibitórios da membrana.
Inibição:
1) Abertura dos canais para íon cloreto na membrana neuronal pós-sináptica. Esse fenômeno
permite a rápida difusão dos íons cloreto com carga negativa do meio extracelular para o interior
do neurônio pós-sináptico, dessa forma, transportando cargas negativas para o interior da célula e
aumentando a negatividade interna, o que tem caráter inibitório.
2) Aumento na condutância dos íons potássio para o exterior do neurônios. Esse evento permite
que íons positivos se difundam para o meio extracelular, provocando aumento da negatividade do
lado interno da membrana do neurônio, o que é inibitório para a célula.
3) Ativação de enzimas receptoras que inibem as funções metabólicas celulares, promovendo
aumento do número de receptores sinápticos inibitórios, ou diminuindo o número de receptores
excitatórios.
Há dois tipos básicos de receptores na membrana dos neurônios pós-sinápticos: receptores
ionotrópicos e receptores metabotrópicos (Figura 4). Os receptores ionotrópicos são canais iônicos
que se abrem quando se ligam a um neurotransmissor e deixam passar íons para dentro ou para
fora do neurônio pós-sináptico. Dependendo do tipo de neurotransmissor, quando ele se liga a um
receptor ionotrópico isso pode provocar uma pequena despolarização local na membrana (pela
entrada de carga positiva) ou uma pequena hiperpolarização local na membrana (pela entrada de
carga negativa). Uma despolarização local na membrana é chamada de potencial pós-sináptico
excitatório e uma hiperpolarização local é chamada de potencial pós-sináptico inibitório. No caso
dos receptores metabotrópicos, sua ligação com neurotransmissores não provoca a abertura de
canais iônicos de forma direta, mas de forma indireta porque os receptores metabotrópicos não
formam canais iônicos. Quando um neurotransmissor se liga a um receptor metabotrópico, este
libera proteínas chamadas de “proteínas G” no meio intracelular. As proteínas G se ligam a
moléculas sinalizadoras – chamadas de segundos mensageiros – que desencadeiam uma sequência
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de eventos bioquímicos no interior do neurônio pós-sináptico. Essa sequência pode causar diversos
fenômenos, como a abertura de canais iônicos, a alteração conformacional (sem a abertura de
canais) de proteínas de membrana e de moléculas transportadoras e até alterações na expressão
gênica. As modificações causadas pela ligação de um neurotransmissor com um receptor
metabotrópico ocorrem mais lentamente e são mais duradouras do que as modificações causadas
pela ligação de um neurotransmissor com um receptor ionotrópico. Além disso, elas podem ocorrer
em locais mais distantes da região da sinapse.
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excitatório do cérebro é o glutamato e o principal neurotransmissor inibitório é o GABA (ácido γ-
aminobutírico). Os dois podem atuar tanto sobre receptores ionotrópicos como metabotrópicos. Os
principais receptores ionotrópicos para o glutamato são os chamados receptores AMPA e NMDA.
Eles recebem estes nomes por causa das drogas agonistas que os ativam (ácido α-amino-3-hidroxi-
metil-4-isoxazolepropriônico, ou AMPA; e N-metil-D-aspartato, ou NMDA). Tanto os receptores
AMPA como NMDA, quando ligados ao glutamato, atuam como canais iônicos para cátions em
geral (Na+, Ca2+, etc), embora o receptor NMDA seja mais permeável ao Ca2+ do que o receptor
AMPA. As correntes resultantes (para dentro da célula) têm potenciais de reversão em torno de 0
mV. A corrente iônica associada ao receptor AMPA é ativada e inativada muito rapidamente. Já a
corrente associada ao receptor NMDA é ativada mais lentamente e a sua inativação é muito mais
lenta. Além disso, a condutância dos receptores NMDA tem uma dependência com a voltagem
mais complicada e o seu comportamento não pode ser reproduzido pelo modelo padrão de
Hodgkin-Huxley. Para modelá-la, é necessário modificar um pouco o modelo de Hodgkin-Huxley.
O neurotransmissor inibitório GABA ativa dois tipos de receptores, chamados de GABAA e
GABAB. O receptor GABAA é ionotrópico e constitui um canal iônico para o Cl− cuja
condutância se ativa e inativa de maneira relativamente rápida. Já o receptor GABAB é
metabotrópico e produz um aumento mais lento e duradouro da condutância ao K+. As correntes
resultantes (para dentro ou para fora da célula) têm potenciais de reversão em torno de −75 mV.
Por causa disso, a geração dos potenciais pós-sinápticos pode ser bem modelada pelo formalismo
de Hodgkin e Huxley, que descreve o comportamento temporal de voltagens e correntes em termos
de alterações em condutâncias (a única exceção é condutância dos receptores NMDA). Como se
trata de sinapses, essas condutâncias são chamadas de condutâncias sinápticas.
O estudo das sinapses químicas, portanto, se faz necessário para a prática médica, pois, em
suma, a regulação da homeostase possui extrema dependência nesse processo. Dessa forma,
as interferências na produção e funcionalidade de seus componentes são também importantes
no conhecimento da medicina, sendo elas causas de doenças ou focos de ações de fármacos.
Ao se tratar da produção irregular de qualquer dos componentes que interfira na cadeia da
transmissão neuronal, impedindo-a de acontecer, inicia uma soma fatorial que, a curto ou longo
prazo, torna-se uma fisiopatologia. Podem ser citados transtornos de humor, ansiedade,
distúrbios de memória e aprendizagem e, em casos mais graves, doenças neurológicas e
transtornos motores graves.
A doença de Parkinson, por exemplo, relaciona-se à perda de estímulo de dopamina, na rota
nigroestriatal, devido à deterioração dos neurônios da substância nigra compacta (SNc) e
consequente falta de ligação dos mesmos ao neoestriado, causando bradicinesia (rigidez
muscular e movimentos mais lentos). Em casos mais graves, a falta dos receptores da
dopamina ou o bloqueio dos mesmos resulta na dificuldade ou incapacidade de planejamento
dos movimentos motores. Já o esgotamento do neurotransmissor causa a perda de capacidade
de iniciação dos movimentos.
Logicamente, alterações farmacológicas nos compostos da sinapse também são utilizadas na
área da terapêutica. Tratamentos de depressão, ansiedade, transtornos de déficit de atenção e
até mesmo inibidores da dor, dentre outros, tem como base a regulação de receptores, enzimas
e os próprios neurotransmissores. Há medicamentos, no entanto, que atuam no local da
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desregulação e outros, igualmente eficientes, que utilizam de outras vias de compensação para
homeostasia.
O uso de inibidores da MAO e inibidores seletivos da recaptação da serotonina são
amplamente utilizados na terapia da depressão clínica, importantes para a área da psiquiatria
como um todo. Outro fármaco rotineiramente administrado em pacientes é a morfina, opioide
antagonista de receptores opioides μ, κ e δ, com resposta analgésica rápida e intensa,
imprescindível, como muitos outros, para a prática médica.
6. Referências bibliográficas
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