Você está na página 1de 14

Povos ibéricos pré-romanos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Portugal

Pensa-se que a Península Ibérica foi habitada primordialmente por povos autóctones que
vieram a ser conhecidos como Iberos. Entre eles estão os Tartessos.

Península Ibérica
A Península Ibérica fica situada no Sudoeste da Europa. Politicamente, três países
localizam-se nesta península: Portugal, Espanha e Andorra, além de um enclave
território britânico ultramarino, Gibraltar.

Formando quase um trapézio, a Península liga-se ao continente europeu pelo istmo


constituído pela cordilheira dos Pireneus, sendo rodeada a Norte, Oeste e parte do Sul
pelo oceano Atlântico, e a restante costa sul e leste pelo mar Mediterrâneo. O seu ponto
mais ocidental é o Cabo da Roca e o mais oriental o Cabo de Creus.

Com uma altitude média bastante elevada, apresenta predomínio de planaltos rodeados
por cadeias de montanhas, e que são atravessados pelos principais rios. Os mais
importantes são o rio Tejo, o rio Douro, o rio Guadiana e o rio Guadalquivir, que
desaguam no oceano Atlântico, e o rio Ebro, que, por sua vez, desagua no mar
Mediterrâneo.

As elevações mais importantes são a Cordilheira Cantábrica, no Norte; o Sistema


Penibético (serra Nevada) e o Sistema Bético (serra Morena), no Sul; e ainda a
Cordilheira Central (serra de Guadarrama), de que a serra da Estrela é o prolongamento
ocidental. Densamente povoada no litoral, a Península Ibérica tem fraca densidade
populacional nas regiões interiores. Excepção a esta regra é a região de Madrid,
densamente povoada.

Iberos
Os Iberos eram um povo que habitou o Sul e o Este da Península Ibérica na
antiguidade. A respeito da sua origem, há duas teorias:

Segundo uma teoria os Iberos são os habitantes originais da Europa Ocidental e os


criadores da grande cultura megalítica que teve início em Portugal. Segundo outra
teoria, os Iberos seriam de origem caucasiana, e teriam construído oppida muito
semelhantes às mesmas construções encontradas na Escócia. A mesma forma de tecer e
colorir cobertas de lã grossa são as mesmas em regiões do Cáucaso, no sul de Portugal
(Alentejo) e na Escócia. [1], no fim do VI milénio a.C., e se espalhou pela Península
Ibérica, França, Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca, até meados do II milénio a.C. Essa
teoria está apoiada em evidências arqueológicas, genéticas e linguísticas. A ser verdade
esta teoria, os Iberos teriam sido o mesmo povo dominado pelos Celtas no primeiro
milénio a.C., na Irlanda, Grã-Bretanha e em França. Quando as primeiras migrações
celtas chegaram ao ocidente europeu, os íberos já estavam estabelecidos alguns milênios
antes, principalmente no este da península ibérica de onde guerrearam contra a
dominação romana. Migração e viagens eram muito comuns naqueles tempos. Contra os
romanos a aliança entre Iberos e Celtas tornou-se mais forte. A própria Enciclopédia
Britânica define os ingleses como descendentes dos Iberos e dos Celtas. Contudo eram
povos de cultura e raças bem diferentes.

Alternativamente, outra teoria sugere que eram originários do Norte da África, de onde
emigraram provavelmente no século VI a.C. para a Península Ibérica (à qual cederam o
nome), onde ocuparam uma faixa de terra entre a Andaluzia e o Languedoc (na França).
Foram parceiros comerciais dos Fenícios, os quais fundaram dentro do território dos
Iberos várias colônias comerciais, como Cádiz, Eivíssia e Empúries. Foram assimilados
pelos Celtas no século I a.C. formando o povo conhecido como Celtiberos.

As ondas de emigração de povos Célticos que desde o século VIII a.C. até o século VI
a.C. entraram em massa no noroeste e zona centro da actual Espanha, penetraram
também em Portugal e Galiza, mas deixaram intactos os povos indígenas da Idade do
Bronze Ibérica no Sul e Este da península.

Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro


(Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sueste, mas que no tempo do historiador
grego Heródoto (500 a.C.), é aplicado a todos os povos entre os rios Ebro e Huelva, que
estavam provavelmente ligados linguisticamente e cuja cultura era distinta dos povos do
Norte e do Oeste. Havia no entanto áreas intermédias entre os povos Célticos e Iberos,
como as tribos Celtiberas do noroeste da Meseta Central e na Catalunha e Aragão.

Das tribos Iberas mencionadas pelos autores clássicos, os Bastetanos eram


territorialmente os mais importantes e ocupavam a região de Almeria e as zonas
montanhosas da região de Granada. As tribos a Oeste dos Bastetanos eram usualmente
agrupadas como "Tartessos", derivado de Tartéssia que era o nome que os gregos
davam à região. Os Turdetanos do vale do rio Guadalquivir eram os mais poderosos
deste grupo. Culturalmente as tribos do noroeste e da costa valenciana eram fortemente
influenciadas pelas colónias gregas de Emporium (a moderna Ampúrias) e na região de
Alicante a influência era das colónias fenícias de Malaca (Málaga), Sexi (Almuñeca), e
Abdera (Adra), que passaram depois para os cartagineses.

Na costa este, as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado


independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de
Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos. Em santuários religiosos
encontraram-se estatuetas de bronze e terra-cota, especialmente nas regiões
montanhosas. Há uma grande variedade de cerâmica de distintos estilos ibéricos.

Foi encontrada cerâmica ibérica no sul da França, Sardenha, Sicília, e África e eram
frequentes as importações gregas como a esplêndida Dama de Elche, um busto com
características que mostram forte influência clássica grega. A economia Ibérica tinha
uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida.

A língua Ibérica era uma língua não Indo-europeia, e continuou a ser falada durante a
ocupação romana. Ao longo da costa Este, utilizou-se uma escrita Ibérica, um sistema
de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenício e grego,
mas de origem desconhecida. Ainda sobrevivem muitas inscrições dessa escrita, mas
poucas palavras são compreendidas, excepto alguns nomes de locais e cidades do século
III, encontradas em moedas.

Os Iberos conservaram a sua escrita durante a conquista romana, quando se começou a


utilizar o alfabeto latino. Ainda que inicialmente se pensou que a língua basca era
descendente do Ibero, hoje considera-se que eram línguas separadas.

Tartessos
Tartessos (Τάρτησσος) era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira
civilização do Ocidente. Herdeira da cultura megalítica andaluza, que se desenvolveu no
triângulo formado pelas actuais cidades de Huelva, Sevilha e São Fernando (Cádiz),
pela costa sudoeste da Península Ibérica, teve por linha central o rio Tartessos, que os
romanos chamaram logo de Baetis e os árabes Guadalquivir. Os tartessos
desenvolveram uma língua e escrita distinta a dos povos vizinhos, e tiveram influências
culturais de egípcios e fenícios.

Não é certo que tenha existido uma cidade com este nome, dado que ainda não se
encontrou sua localização, ainda que estejam perfeitamente documentados outros
povoados ao longo do vale do Guadalquivir, território de expansão da civilização dos
Tartessos. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de
Santa Maria, na desembocadura do Guadalete, de cuja raiz “tr” sairiam todas as formas
de Tartessos. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C.,
dedicadas ao comércio, a metalurgia e a pesca. A posterior chegada dos fenícios e seu
establecimento em Gadir (actual Cádis), talvez tenha estimulado o seu imperialismo
sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre
e prata (Os Tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do
Mediterrâneo), assim como a navegação até às ilhas Casitérides (Ilhas Britânicas ou
mais concretamente as ilhas da Sicília), de onde importaram o estanho necessário para a
produção de bronze, ainda que também o obtivessem pela lavagem de areias que
continham estanho.

A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze.
Heródoto fala de 6.000 anos.

No século VI a.C., Tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrida


por Cartago que, depois da batalha de Alalia, o fez pagar assim sua aliança com os
gregos. Outros dizem que foi refundada, sob condições pouco claras, com o nome de
Carpia. Os romanos chamaram à ampla Baia de Cádiz Tartessius Sinus, mas o reino já
não existia mais.

Quando o viajante Pausanias visitou a Grécia no século II a.C. (Paus. Desc. 6.XIX.3)
viu duas câmaras num santuário de Olímpia, que a gente de Elis afirmava realizadas con
bronze tartesso.

«Dizem que Tartessos é um rio na terra dos Iberos, chegando ao mar por duas
desembocaduras e que entre esses dois locais se encontra uma cidade desse mesmo
nome. O rio, que é o mais longo da Ibéria, e tem marés, chamado em dias mais
recentes Baetis, e há alguns que pensam que Tartessos foi o nome antigo de Carpia,
uma cidade dos Iberos»

O solar de Tartessos se perdeu e provavelmente está enterrado sob camadas de sal


marinho que substituiram antigos estuários e dunas na moderna desembocadura única
do Guadalquivir. Actualmente o delta fluvial foi bloqueado gradualmente por uma
enorme faixa de areia que se estende desde o rio Tinto, próximo de Palos de la Frontera,
até a ribeira oposta em Sanlúcar de Barrameda. A área está protegida actualmente sob o
nome de Parque Nacional de Doñana.

O nome de Carpia sobrevive em um lugar num dos meandros do Guadalquivir. De todas


as formas, o nome foi associado ao seu monumento mais característico, uma torre
mourisca erguida em 1325 pelo construtor responsável do Alcázar de Sevilha.

Na Bíblia aparecem referências a um lugar chamado "Tarshish", também conhecido


como Tarsis ou Tarsisch.

"De facto, o Rei Salomão tinha naves de Tarsis no mar junto com as naves de Hirão. As
naves de Tarsis vinham uma vez a cada três anos e traziam ouro, prata, marfim, bugios e
pavões." Antigo Testamento, Livro dos Reis I, 10-22

Este lugar se tem relacionado com Tartessos, ainda que exista uma árdua discussão
sobre o assunto.

Apesar de existirem numerosos restos arqueológicos no sul da Espanha, como o tesouro


do Carambolo, que se considera pertencente à cultura tartessa, a cidade de Tartessos
ainda não foi encontrada. A sua possível localização foi objeto de estudo pelo
arqueólogo e hispanista alemão Adolf Schulten (1870-1960), que morreu sem ver
cumprido seu sonho de encontrar a cidade.

Reis de Tartessos

Através de gerações nos chegaram documentos que falam dos lendários líderes de
Tartessos.

 Gerião - Primeiro rei mitológico de Tartessos. Segundo a lenda, era um gigante


tricéfalo, que pastoreava suas ovelhas pelas proximidades do Guadalquivir.

 Norax - Neto de Gerião, conquistou o sul da Sardenha, onde fundou a cidade de


Nora.

 Gárgoris - Primeiro rei da segunda dinastia mitológica tartessa. Inventou a


apicultura.

 Habidis - Descobriu a agricultura, atando dois bois a um arado. Formulou as


primeiras leis, dividiu a sociedade em sete classes e proibiu o trabalho aos
nobres. Sob seu reinado se estabelece um sistema social em que uns poucos
vivem às custas do trabalho e da miséria de uma maioria pobre.
Sobre estes dois monarcas se escreveu a Tragicomédia de Gárgoris e Habidis,
que menciona um sistema social baseado na exploração do homem pelo homem,
nascido depois do descobrimento da agricultura. Tratam-se de personagens
mitológicos, cuja existência real é tão duvidosa como a de Héracles.
 Argantonio - Primeiro rei do qual se tem referências históricas. Último rei de
Tartessos. Viveu 110 anos, segundo Heródoto, ainda que alguns historiadores
pensem que possam referir-se a vários reis conhecidos pelo mesmo nome.
Propiciou o comércio com os gregos, que criaram várias colónias costeiras
durante seu reinado.

Indo-europeus
O termo indo-europeus pode aplicar-se a:

 os proto-indo-europeus, falantes de uma hipotética Língua Proto-indo-europeia.


 Falantes de línguas indo-europeias da Idade do Bronze (3º a 2º milénio a.C.) que
ainda não se tinham separado em famílias diferentes, nomeadamente os dialectos
Centum e Satem (falantes de línguas precedentes do proto-indo-iraniano, proto-
grego, proto-itálico, proto-celta, proto-germânico, proto-balto-eslavo, etc.

Normalmente o termo não se refere a falantes de línguas indo-europeias em tempos


históricos, embora isso possa acontecer; os linguistas usualmente designam estes
especificamente como anatólios, tocarianos, arianos (iranianos, indo-arianos), gregos,
celtas, itálicos, germânicos, bálticos, eslávicos, arménios, albaneses (ou subdivisões
destes grupos).

É de notar que a classificação como indo-europeu refere-se apenas a matérias


linguísticas, e não necessariamente a etnias ou culturas.

Celtas
Celtas é a designação dada a um conjunto de povos, organizados em múltiplas tribos,
pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela maior parte do
noroeste da Europa a partir do segundo milénio a.C.. A primeira referência literária aos
celtas (Κελτοί) foi feita pelo historiador grego Hecateu de Mileto no século VI a.C..

Boa parte da população da Europa ocidental pertencia às etnias celtas até a eventual
conquista daqueles territórios pelo Império Romano; organizavam-se em tribos, que
ocupavam o território desde a península Ibérica até a Anatólia. A maioria dos povos
celtas foi conquistada, e mais tarde integrada, pelos Romanos, embora o modo de vida
celta tenha, sob muitas formas e com muitas alterações resultantes da aculturação
devida aos invasores e à posterior cristianização, sobrevivido em grande parte do
território por eles ocupado.

Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os bretões, os
gauleses, os escotos, os eburões, os batavos, os belgas, os gálatas, os trinovantes e os
caledônios. Muitos destes grupos deram origem ao nome das províncias romanas na
Europa, as quais que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e
modernos da Europa.

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Europa, dando


origem naquele continente à Idade do Ferro (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como
das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias
das estepes asiáticas).

Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se até pelo


menos o século XVII na Irlanda, país onde por seu isolamento, melhor se preservaram
as tradições de origem celta.[1] Outras regiões europeias que também se identificam com
a cultura celta são o País de Gales, uma entidade sub-nacional do Reino Unido, a
Cornualha (Reino Unido), a Gália (França), o norte de Portugal e a Galiza (Espanha).
Nestas regiões os traços linguísticos celtas sobrevivem nos topônimos, nalgumas formas
linguísticas, no folclore e nas tradições.

A influência cultural celta, que jamais desapareceu, tem mesmo experimentado um ciclo
de expansão em sua antiga zona de influência, com o aparecimento de música de
inspiração celta e no reviver de muitos usos e costumes.

Celtiberos
Os celtiberos são o povo que resultou, segundo alguns autores, da fusão das culturas do
povo celta e do povo ibero, nativo da península Ibérica. Habitavam a Península Ibérica,
nas regiões montanhosas onde nascem os rios Douro, Tejo e Guadiana, desde o século
VI a.C.. Não há, contudo, unanimidade quanto à origem destes povos entre os
historiadores. Para outros autores, tratar-se-ia de um povo celta que adaptou costumes e
tradições iberas. Estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava
as tribos, embora cada uma destas fosse autónoma, numa espécie de federação. Esta
organização social e a sua natural belicosidade, permitiram a estes povos resistir
tenazmente aos invasores Romanos até cerca de 133 a.C., com a Queda de Numância.

Lusitanos
Os lusitanos constituíam um conjunto de povos de origem indo-europeia, habitando a
porção oeste da Península Ibérica (hoje grande parte de Portugal e da Extremadura
espanhola).

A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos
romanos. Outros líderes conhecidos eram Punicus, Cæsarus, Caucenus, Curius,
Apuleius, Connoba e Tantalus.

 Origem
Os antepassados dos lusitanos compunham um mosaico de diferentes tribos que
habitaram Portugal e a Extremadura espanhola desde o Neolítico. Não se sabe ao certo a
origem destas tribos, mas é provável que fossem oriundas dos alpes suíços ou mesmo
nativas de Portugal. Miscigenaram-se parcialmente com os invasores celtas, dando
origem aos lusitanos.

Entre as numerosas tribos que habitavam a Península Ibérica quando chegaram os


romanos, encontrava-se, na parte ocidental, a dos lusitani, considerada por alguns
autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os
romanos.[1][2]

 Tribos
Povos (populi) que constituíam os Lusitanos (Lusitani):

 Igaeditani
 Lancienses Oppidani
 Tapori
 Coilarni ou Colarni
 Lancienses Transcudani
 Aravi
 Meidubrigenses
 Arabrigenses
 Paesures

Estes são os povos descritos, na Ponte de Alcântara (CIL II 760).

As principais inscrições foram feitas em território português em Lomas de Moledo e


Cabeço das Fráguas; a outra inscrição procede de Arroyo de Cáceres (Extremadura,
Espanha). Como exemplo segue-se a inscrição de Cabeço das Fráguas do século III
d.C.:

OILAM TREBOPALA

INDI PORCOM LAEBO


COMMAIAM ICCONA LOIM
INNA OILAM VSSEAM
TREBARVNE INDI TAVROM IFADEM[...]

REVE TRE[...]»

Esta inscrição traduz-se habitualmente como: "[é sacrificada] uma ovelha a Trebopala, e
um porco a Laebo, oferenda a Iccona Luminosa, uma ovelha de um ano a Trebaruna e
um touro semental a Reve Tre[baruna(?)]".

Descrição linguística: As inscrições lusitanas (escritas em alfabeto latino) mostram


uma língua celtóide facilmente traduzível e interpretável, já que conserva em maior grau
a sua semelhança com o celta comum. A conservação do p- inicial nalgumas inscrições
lusitanas, faz que muitos autores não considerem o lusitano como uma língua celta mas
celtóide. O celta comum perde o p- indoeuropeu inicial. Por exemplo: "porc/om" em
lusitano seria dito "orc/os" em outras línguas celtas como o celtibero, goidélico ou
gaulês.

Para estes autores, o lusitano mais do que uma língua descendente do celta comum
,seria uma língua aparentada ao celta comum, ou seja, uma variante separada do celta
mas com muita relação a ele.

Os lusitanos foram considerados pelos historiadores, como sendo hábeis na luta de


guerrilhas, num determinado acontecimento quando chefiados por Viriato, livraram-se
do cerco de Vetílio e perseguiram-no até ao desfiladeiro da Serra de Ronda, onde
dispersaram as tropas romanas. Utilizavam como armas o punhal e a espada, o dardo ou
lança de arremesso, todo de ferro, e a lança de ponta de bronze. É referido também que
os lusitanos tinham o hábito de untar o corpo, tomavam banhos de vapor, lançando água
sobre pedras ao rubro, e tomavam em seguida um banho frio e que comiam apenas uma
vez por dia. O alimento mais característico era o pão de bolota ou glande de carvalho;
bebiam leite de cabra e cerveja de cevada, reservando o vinho para as festas. As casas
de pedra tinham forma redonda ou rectangular; eram cobertas de palha, e ficavam
situadas no alto de morros ou colinas, agrupando-se em aldeias - os castros citados pelos
historiadores antigos. Os grandes castros tinham muralhas defensivas feitas de grandes
pedras, chegando a alcançar um quilómetro de perímetro. Os instrumentos musicais
incluíam a flauta e a trombeta, com que acompanhavam seus coros e danças, de que os
romanos nos deixaram algumas descrições. Os locais de culto funerários são sempre de
grande interesse para os arqueólogos que se encontram por todo o território da antiga
Lusitânia. Do período paleolítico conhecem-se cemitérios onde os corpos estavam
dispostos com restos de alimentos, utensílios e armas; do megalítico abundam os
dólmens, conhecidos em Portugal como antas, ou mamoas - porque os montículos de
terra que se acumularam sobre eles, criaram essa forma arredondada.

Praticavam sacrifícios humanos e quando o sacerdote feria o prisioneiro no ventre,


faziam-se vaticínios segundo a maneira como a vítima caía. Sacrificavam a Ares, deus
da guerra, não só prisioneiros, como igualmente cavalos e bodes. Praticavam exercícios
de ginástica como o pugilato e corridas, simulacros de combates a pé ou a cavalo:
bailavam em danças de roda, homens e mulheres de mãos dadas, ao som de flautas e
cornetas; eram tipicamente monogâmicos Usavam barcos feitos de couro, ou de um
tronco de árvore.

As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram em 193 a.C.. Em 150 a.C. o pretor
Sérvio Galba, após ter infligido grandes punições aos lusitanos, aceitou um acordo de
paz com a condição de entregarem as armas, aproveitando depois para os chacinar. Isto
fez lavrar ainda mais a revolta e durante oito anos, os romanos sofreram pesadas baixas.

Esta luta só acabou com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três companheiros
tentados pelo ouro romano. Mas a luta não parou e para tentar acabá-la mandou Roma à
Península o cônsul Décimo Júnio Bruto, que fortificou Olisipo, estabeleceu a base de
operações em Méron próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e
destruindo tudo o que encontrou até à margem do Rio Lima. Mas nem assim Roma
conseguiu a submissão total e o domínio do norte da Lusitânia só foi conseguido com a
tomada de Numância, na Celtibéria que apoiava os castros de Noroeste.
Em 60 a.C. Júlio César dá o golpe de misericórdia aos lusitanos.

Cerca de 1000 a.C. mas provavelmente ainda antes, a região passou a ser habitada por
povos Indo-Europeus, de origem Celta que coexistiram com os povos Iberos, habitando
regiões distintas da Peninsula Ibérica. Na zona Leste da meseta Central, os povos Celtas
mesclaram-se com os povos Iberos dando origem aos Celtiberos, que não se devem
confundir com os Celtas Ibéricos (Celtas da Península Ibérica) que em Inglês se
denominam de Celtiberians.

Vários povos habitavam a Península Ibérica, divididos em três ramos étnico-culturais


primordiais: Os Celtas Indo-Europeus, os Iberos de origem desconhecida e os
Celtiberos que viviam na Meseta Central. Entre esses povos encontravam-se: os
Lusitanos, os Calaicos ou Gallaeci e os Cónios, entre outras menos significativas, tais
como os Brácaros, Célticos, Coelernos, Equesos, Gróvios, Interamicos, Leunos,
Luancos, Límicos, Narbasos, Nemetatos, Gigurri, Pésures, Quaquernos, Seurbos,
Tamagani, Taporos, Zoelas, Turodos. Influências mínimas exerceram os Gregos e os
Fenícios-Cartagineses com as suas pequenas colónias-feitorias comerciais costeiras
semi-permanentes de grande importância estratégica. Estes últimos dois povos não
contribuiram virtualmente para a ascendência dos povos da Península.

Rufo Avieno no seu poema Ode Marítima (século IV d.C.) relata as aventuras de um
navegador grego nos finais do século VI a.C., que descreve a existência de várias etnias
na costa meridional atlântica que já praticavam a cultura megalítica e seriam,
provavelmente, os responsáveis pelo comércio com o atlântico norte — os Estrímnios e
os Cinetes (ou Cónios). São os Celtas, os responsáveis pelos sufixos dunuum e briga em
nomes de cidades, como Conímbriga (que viria a dar o nome à cidade de Coimbra), ou
Miróbriga (Santiago do Cacém), Caetóbriga (Setúbal) e Lacóbriga (Lagos). Os Celtas
viviam principalmente na zona Norte e Ocidental da Peninsula enquanto que os Iberos
viviam na zona Sul e Leste da mesma.

História de Portugal
A compreensão de Portugal e da sua História como problema é uma constante da
Historiografia e do Pensamento portugueses pelo menos desde o início do século XIX.
As condições que tornaram possível a autonomização de Portugal da força centrípeda de
Leão e Castela e, depois, lhe permitiram construir e manter uma identidade na Península
e no mundo são temas que estiveram no cerne da análise e da reflexão de historiadores e
pensadores como Herculano, Oliveira Martins, Antero, Sampaio Bruno, Jaime Cortesão,
António Sérgio e Joel Serrão, para citar apenas alguns nomes. E, independentemente da
variedade dos caminhos propostos, um factor específico avulta, entre os que
contribuíram para a construção da Nação Portuguesa: território situado no extremo
sudoeste da Europa, com uma área de cerca de 90 000 Km2 (3 vezes a Bélgica mas 1/5
da Espanha) e uma fachada atlântica de cerca de 840 km, Portugal tem, pelas sua
posição geográfica, acentuada ainda pelas características geomorfológicas do seu
território, uma posição excêntrica relativamente à Europa. A posição atlântica de
Portugal, prolongada, desde o início do Séc. XV, pelos dois arquipélagos atlânticos
descobertos e povoados por Portugueses, o dos Açores e o da Madeira, foi a chave da
sua História e da sua identidade nacional. O Atlântico selou o destino histórico de
Portugal: encravado entre um poderoso vizinho e o mar, os Portugueses souberam tirar
partido da sua situação estratégica, quer construindo no mar um poderio militar, quer
aliando-se à potência naval dominante (aliança inglesa), assegurando a sua
sobrevivência face às pretensões hegemónicas das potências europeias. Com razão
escreve Veríssimo Serrão (História de Portugal, vol. 1) : «em face de uma Espanha
superior em dimensão cinco vezes, não houve milagre no caso português, mas somente
a adequada integração dos seus naturais num quadro político que lhe assegurou a
existência autónoma que qualquer periferia marítima amplamente favorece.» A leitura
da História de Portugal em termos de um ciclo de apogeu e queda, de potência mundial
à irrelevância geopolítica, é uma leitura marcadamente oitocentista, e que deve situar-se
no contexto da reflexão política de finais do século XIX. A ideia de que certos factores
como a União dinástica com a Espanha, em que Portugal perdeu a sua dinastia e por
isso a sua independência política (dinastia filipina: 1580-1640), o Terramoto de 1755, as
invasões francesas (Guerras Napoleónicas), a independência do Brasil em 1822
determinaram a "decadência" de Portugal releva mais de um certo inconsciente
colectivo do que da necessária contextualização histórica. A Revolução Republicana de
1910 iria dar uma feição modernizadora a Portugal, dando porém origem a um regime
parlamentar instável, marcado por frequentes revoltas militares e pela trágica
intervenção no teatro da Primeira Guerra Mundial. A ditadura do Estado Novo,
instaurada na sequência da Revolução militar de 1926 (Salazarismo), marcou o Século
XX português pela sua excepcional duração (48 anos). Em 25 de Abril de 1974 eclodiu
um golpe militar organizado pelo Movimento das Forças Armadas (Revolução dos
Cravos), maioritariamente constituído por capitães do exército ("Capitães de Abril") que
derrubou a ditatura. Portugal entrou, após um conturbado período revolucionário, no
caminho da Democracia Parlamentar, ao mesmo tempo que procedia à descolonização
de todas as suas colónias. Membro fundador da NATO, o Portugal democrático
reforçou a sua modernização e a sua inserção no espaço europeu com a sua adesão, em
1986, à Comunidade Económica Europeia (CEE).

Antes de Portugal
A região que corresponde actualmente a Portugal começou a ser habitada há cerca de
quinhentos mil anos, primeiro pelos Neandertais e, mais tarde, pelo Homem moderno.

Entre 20 000 a.C. e 10 000 a.C., a Península Ibérica começou a ser colonizada por
grupos humanos Cro-Magnon e, milénios mais tarde, passou a abrigar outros povos,
autóctones e sem parentesco aparente com quaisquer outros povos conhecidos. Entre
eles, estavam os iberos, na costa mediterrânica de Espanha, os tartessos (relacionados
aos turdetanos, túrdulos e cónios), no extremo sul de Portugal (regiões do Algarve e
Alentejo) e os aquitanos e vascones (prováveis antepassados dos actuais bascos), na
região dos Pireneus. A hipótese de todos serem de origem berbere, do norte da África
(citada na teoria do Vascoiberismo), hoje é amplamente desacreditada, embora o
parentesco entre iberos e bascos ainda continue a ser investigado. Porém, segue-se a
crença de que todos eram povos distintos etnicamente entre si.

No século VII a.C., a região passou a ser habitada por povos indo-europeus, sendo estes
tribos proto-célticas e celtas. As tribos iberas e algumas vagas celtas misturaram-se,
dando origem aos celtiberos, em partes de Espanha. Outras populações proto-célticas e
celtas acomodaram-se em território português, como os lusitanos, os vetões (ou
Vettones) e os galaicos (ou Gallaeci), entre outras menos significativas, tais como os
brácaros, célticos, coelernos, equesos, gróvios, interamici, leunos, luancos, límicos,
narbasos, nemetatos, pésures, quaquernos, seurbos, tamagani, taporos, zoelas, turodos).
Influências menores foram os gregos e os fenícios-cartagineses (com pequenas feitorias
comerciais costeiras semi-permanentes).

Romanização

No século III a.C. os Romanos penetraram na Península Ibérica no contexto da Segunda


Guerra Púnica que mantiveram contra Cartago. Foram anexadas duas regiões da
Península Ibérica por Roma como províncias das Hispânias (a Citerior e a Ulterior).
Entre 209 e 169 a.c., o exercito romano levou para Roma cerca de 4 toneladas de ouro e
800 toneladas de prata que obtiveram como expólio de guerra retirado dos tesouros das
tribos nativas.[1] A exploração mineira, como a das Três Minas ,das maiores do mundo
romano, que terá iniciado no tempo de Augusto (27 a.C.-14 a.C.),ou das minas do
campo de Jales ou da Gralheira[2] era um dos principais factores económicos para o
interesse romano na região.

A Citerior foi subjugada e ocupada com relativa facilidade, mas a anexação da Ulterior)
só se tornou efectiva muito depois. A conquista total da península pelos Romanos só
ocorreu no tempo do imperador Augusto.

Viriato, o líder lusitano, conseguiu conter a expansão romana durante alguns anos,
fazendo com que fosse dos últimos territórios a resistir à ocupação romana da Península
Ibérica. Erigindo-se em chefe dos Lusitanos após escapar a uma matança perpetrada à
traição pelo romano Galba, uniu à sua volta um número crescente de tribos e travou uma
guerra incansável contra os invasores. Perito em tácticas de guerrilha e em iludir o
adversário, derrotou sucessivamente os vários generais romanos enviados contra ele. No
auge da sua carreira, o Senado reconheceu-o e declarou-o "amigo do povo romano".
Não obstante, seria morto à traição (140 a.C.) por três companheiros de armas
comprados pelos romanos.
Desprovidos de chefe, os Lusitanos sujeitaram-se ao jugo romano, mas por pouco
tempo. Na sequência das guerras civis, o general romano Sertório, da facção derrotada,
foi convidado pelos Lusitanos a chefiá-los contra Roma. Excelente general, derrotou
mais uma vez todos os generais enviados contra ele, incluindo o célebre Pompeu.
Sertório era um hábil e carismático político. Perpena, um outro general romano que se
lhe juntou, veio a assassiná-lo traiçoeiramente. A partir daí, a romanização do território
que viria a ser português prosseguiu sem dificuldades de maior para Roma.

Os Romanos deixaram um importante legado cultural naquilo que é hoje Portugal, nos
costumes, na arte, na arquitectura, na rede viária e nas pontes, algumas das quais servem
até aos nossos dias, como a de Trajano sobre o rio Tâmega em Chaves (Aquae Flaviae)
ou a de Vila Formosa (Alter do Chão), mas pouco terão contribuido para a composição
étnica portuguesa actual. Uma variante do Latim (Latim Vulgar) passou a ser o idioma
dominante da região. Surgiram novas cidades e desenvolveram-se outras, segundo o
modelo habitual de colonização romana. No fim do século I a.C. o imperador Augusto
criou a província da Lusitânia, que correspondia a grande parte do actual território
português, embora não à sua totalidade, já que as terras a norte do rio Douro integravam
a Tarraconense. Em 74 D.C. o imperador Vespasiano concedeu o "direito latino"
(equiparação aos municípios da Itália) a grande parte dos municípios da Lusitânia,
datando dessa época um importante surto urbano. Difundiu-se também a cidadania
romana, que viria a ser atribuída a todos os súbditos (livres) do império pela chamada
Constituição Antoniniana, ou édito de Caracala (212 D.C.). Em finais do século III d.C.
o imperador Diocleciano subdividiu a Tarraconense em outras províncias, entre as quais
se achava a Callaecia, que integrava o norte do actual Portugal, a Galiza e as Astúrias.

Durante o Império Romano o Cristianismo difundiu-se em toda a Hispânia, pelo menos


a partir do século III.

Invasões dos Bárbaros

Em 409 d.C., os chamados povos bárbaros, compostos principalmente por Suevos


(Quados e Marcomanos), Vândalos (Silingos e Asdingos) e Visigodos, todos de origem
germânica, além dos Alanos, de origem persa, fixam-se na Hispânia. Em 411 estes
povos dividem entre si o território: os Vândalos Asdingos ocuparam a Galécia, os
Suevos, a região a norte do Douro, enquanto os Alanos ocuparam as províncias da
Lusitânia e a Cartaginense, e os Vândalos Silingos, a Bética.

Algum tempo depois, ocorre a entrada dos Visigodos na península ao serviço do


Império Romano e com o objectivo de subjugar os anteriores invasores.

De todos estes povos, os Suevos e os Visigodos seriam aqueles que teriam uma
presença mais duradoura no território que é hoje Portugal. Estabelecendo a capital do
seu reino em Braga, os Suevos dominam um território que também inclui a Galiza e
chegam a dominar a parte ocidental da Lusitânia. Estabelecidos na condição de
federados do Império Romano, os Suevos eram pagãos, tendo sido evangelizados por S.
Martinho de Dume e convertidos ao catolicismo. A partir de 470 crescem os problemas
do reino suevo com o vizinho reino visigodo. Em 585 o rei visigodo Leovigildo toma
Braga e anexa o reino suevo. A partir daqui toda a Península Ibérica fica unificada sob o
reino visigodo (com excepção de algumas zonas do litoral sul e levantino, controladas
pelo Império Bizantino) até à queda deste reino em 711. A estabilidade interna deste
reino foi sempre difícil, pois os visigodos eram arianos, enquanto a maioria da
população era católica. Recaredo, convertendo-se ao catolicismo, facilitou a união das
duas populações; mas questões dinásticas reacenderam os conflitos e vieram a estar na
origem do colapso final.

Os povos bárbaros eram numericamente inferiores à população hispano-romana, pelo


que foram obrigados à miscigenação étnica e cultural com esta. Muitas cidades foram
destruídas durante este período e verificou-se uma ruralização da vida económica.

Ocupação Muçulmana

Em 711 a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos do Norte de África


(basicamente Berberes com alguma componente de Árabes). Estes dominaram partes da
península por mais de cinco séculos: inicialmente sobre o controlo do Califado de
Damasco, como uma província do império omíada, o Al-Andalus, mais tarde sob a
forma de um emirado e califado e, devido ao colapso deste, em pequenos reinos (taifas)
com autonomias características. Durante estes séculos, nas Astúrias, a única região que
resistiu à invasão árabe, desenvolvia-se um movimento de reconquista da Península,
culminando no fim do poder político islâmico nesta com a tomada de Granada pelos
Reis Católicos (1492). A esta altura, já o reino de Portugal estava formado, soberano e
completo e, talvez por isso, o país explorava o além-mar, em parte sob o pretexto do
espírito das Cruzadas, para difundir o Cristianismo. Os muçulmanos que não foram
expulsos ou mortos durante o processo de reconquista, tiveram de aderir aos costumes
locais (incluindo o Cristianismo). Não se sabe ao certo o grau existente de mescla com
estes berberes na população portuguesa actual, mas há um consenso de que esta mescla
existe.

O nascimento de Portugal

Se rápida foi a invasão árabe, a reconquista cristã foi francamente mais lenta. Este
processo gradual originou o nascimento de pequenos reinos que iam sendo alargados à
medida que a Reconquista era bem sucedida. Primeiro, o Reino das Astúrias, que viria a
dividir-se entre os filhos de Afonso III das Astúrias quando morreu. Assim nasciam os
reinos de Leão e Galiza e, mais tarde, de Navarra e Aragão e Castela.

Mais tarde Afonso VI de Leão e Castela (autodenominado Imperador de toda a


Espanha), entregou, por mérito, ao seu genro D. Henrique de Borgonha, o governo dos
territórios meridionais, o Condado Portucalense, grosso modo entre os rios Minho e
Douro e o Condado de Coimbra, entre os rios Douro e Mondego. Destes condados, que
faziam ainda parte do reino de Leão, mas que dele tinha grande independência, nasceria
o reino de Portugal. D. Henrique governou no sentido de conseguir uma completa
autonomia para o seu condado e deixou uma terra portucalense muito mais livre do que
aquela que recebera. Por morte de D. Henrique (1112), sucede-lhe a viúva deste, D.
Teresa, no governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques. O
pensamento de D. Teresa foi idêntico ao do seu marido: fortalecer a vida portucalense,
conseguir a independência para o condado. D. Teresa começou (1121) a intitular-se
«Rainha», mas os muitos conflitos diplomáticos e a influência que concedeu a alguns
nobres galegos (principalmente a Fernão Peres) na gerência dos negócios públicos
prejudicou o seu esforço. Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques
arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis – tornando-se assim
guerreiro independente, e passando a viver em Coimbra a partir de 1130. A posição de
favoritismo em relação aos nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e
eclesiásticos portucalenses originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D. Afonso
Henriques.

A luta entre D. Afonso Henriques e sua mãe desenrola-se, até que em 1128 se trava a
Batalha de São Mamede (Guimarães) e D. Teresa é expulsa da terra que dirigira durante
15 anos. Uma vez vencida, D. Afonso Henriques toma conta do condado, declarando-o
principado independente.

Continuou, no entanto, a lutar contra as forças de Afonso VII de Leão e Castela


(inconformado com a perda das terras portuguesas), enquanto paralelamente travava
lutas contra os muçulmanos. Em 1139, Afonso Henriques conseguiu uma importante
vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, tendo declarado a independência com o
apoio dos chefes portugueses, que o aclamaram como soberano.

Nascia, pois, em 1139, o Reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o Rei Afonso I
de Portugal (D. Afonso Henriques), e a cidade de Coimbra como a primeira capital.

Só em 1143 é reconhecida independência de Portugal pelo rei de Castela, no Tratado de


Zamora, assinando-se a paz definitiva. D. Afonso Henriques dirigiu-se ao papa
Inocêncio II e declarou Portugal tributário da Santa Sé, tendo reclamado para a nova
monarquia a protecção pontifícia. Durante o período que se segue, as atenções seguiam,
sempre que possível, em assegurar essa soberania (que ficou dificultada durante a crise
dinástica de 1383) e prolongar o território para Sul.

Há vários livros de História de Portugal, nomeadamente:

 História de Portugal de Alexandre Herculano (4 volumes, 1846-1853)


 História de Portugal de Pinheiro Chagas (8 volumes, 1869-1874)
 História de Portugal de Oliveira Martins (2 volumes, 1879)
 História de Portugal de Fortunato de Almeida (6 volumes, 1922-1929)
 História de Portugal de Damião Peres (10 volumes, 1928-1981)
 Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão (6 volumes, 1963-1971)
 História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques (2 Volumes, 1972-1974)
 História de Portugal de Joaquim Veríssimo Serrão (16 volumes, 1979-2007)
 História de Portugal de José Hermano Saraiva (6 volumes, 1983-1984)
 Nova História de Portugal de Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques (12
volumes, 1990-1992)
 História de Portugal de José Mattoso (16 volumes, 1993-1995)

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Portugal_(livro)"

Você também pode gostar