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Espanha (em castelhano: España; [esˈpaɲa] ( escutar?

·info)), oficialmente Reino de


Espanha ou Reino da Espanha (Reino de España),[nt 1][nt 2] é um país principalmente
localizado na Península Ibérica na Europa. Seu território também inclui dois arquipélagos:
as ilhas Canárias, na costa da África, e as ilhas Baleares, no mar Mediterrâneo.
Os enclaves africanos de Ceuta e Melilla fazem da Espanha o único país europeu a ter
uma fronteira terrestre com um país africano (Marrocos). Várias pequenas ilhas no mar de
Alborão também fazem parte do território espanhol. A Espanha continental é limitada a sul
e a leste pelo Mediterrâneo, exceto por uma pequena fronteira terrestre com Gibraltar; a
norte e a nordeste pela França, por Andorra e pelo Golfo da Biscaia; e a oeste e noroeste
por Portugal e pelo Oceano Atlântico. Com uma área de 505 990 km2, a Espanha é o maior
país da Europa Meridional, o segundo maior país da Europa Ocidental e da União
Europeia (UE) e o quarto maior país de todo o continente europeu. Também é o sexto país
mais populoso da Europa e o quarto da UE. A capital e maior cidade é Madri; outras
grandes áreas urbanas incluem Barcelona, Valência, Sevilha, Málaga, Bilbau e Granada.
Os humanos modernos chegaram pela primeira vez na Península Ibérica há cerca de 35
mil anos. As culturas ibéricas, juntamente com antigos
povoamentos fenícios, gregos, celtas e cartagineses, desenvolveram-se na península até
o início do domínio romano por volta de 200 a.C., quando a região era
denominada Hispânia, baseada no antigo nome fenício Spania.[5] Com o colapso do
Império Romano do Ocidente, confederações tribais germânicas migraram da Europa
Central, invadiram a Península Ibérica e estabeleceram reinos relativamente
independentes em suas províncias ocidentais, incluindo os suevos, alanos e vândalos. No
final do século VI, os visigodos tinham integrado à força todos os territórios independentes
remanescentes na península ao Reino de Toledo, incluindo as províncias bizantinas, o que
de certa maneira unificou politicamente, eclesiasticamente e juridicamente todas as
antigas províncias romanas ou reinos sucessores da antiga Hispânia.
No início do século VIII, o Reino Visigótico caiu diante dos mouros, que chegaram a
governar a maior parte da península no ano de 726 (com duração de até sete séculos
no Reino Nacérida de Granada), deixando apenas um punhado de pequenos reinos
cristãos no norte. Isto levou a muitas guerras durante um longo período, o que culminou na
criação dos reinos de Leão, Castela, Aragão e Navarra, que se tornaram as principais
forças cristãs contra os muçulmanos. Após a conquista mourisca, os europeus iniciaram
um processo gradual de retomada da região conhecido como "Reconquista",[6][7] que no
final do século XV fez com que a Espanha surgisse como um país unificado sob o domínio
dos Reis Católicos. No início da Era Moderna, a nação tornou-se o primeiro império
mundial da história e o país mais poderoso do mundo, deixando um grande legado cultural
e linguístico que inclui mais de 570 milhões de hispanófonos ao redor do mundo,[8] o que
tornou o espanhol a segunda língua mais falada no mundo, depois da língua chinesa.
Durante o Século de Ouro Espanhol (séculos XVI e XVII) também houve muitos avanços
nas artes, com pintores mundialmente famosos, como Diego Velázquez. A mais famosa
obra literária espanhola, Dom Quixote, também foi publicada durante este período. O país
abriga o terceiro maior número de sítios classificados como Património
Mundial pela UNESCO.
A Espanha é uma democracia parlamentar secular e uma monarquia
constitucional,[9] sendo que o rei Filipe VI serve como chefe de Estado. É um dos
principais países desenvolvidos[10] e um país de alta renda, com a 14.ª maior economia do
mundo por PIB nominal e a 16.ª maior por paridade do poder de compra. É membro
das Nações Unidas (ONU), União Europeia (UE), Zona Euro, Conselho da
Europa (CoE), Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), União para o
Mediterrâneo, Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Organização para a Segurança e
Cooperação na Europa (OSCE), o Espaço Schengen, a Organização Mundial do
Comércio (OMC) e muitas outros organismos internacionais. Embora não seja um membro
oficial, a Espanha também é um "convidado permanente" das cúpulas do G20,
participando de todos os encontros do grupo.[11]
Etimologia
O nome Espanha provém de Hispânia, nome com o qual os romanos designavam
geograficamente a Península Ibérica. O nome Ibéria era o que os gregos davam à
Península embora houvesse outras designações dadas pelos povos antigos.[12] O facto de
o termo Hispânia não ter uma raiz latina resultou na formulação de diversas teorias sobre a
sua origem, algumas controversas. A opção mais consensual seria a de que o nome
Hispânia provém do fenício i-spn-ea.[13] Os romanos tomaram essa denominação dos
vencidos cartaginenses, interpretando o prefixo i como costa, ilha ou terra, e o
sufixo ea com o significado de região. O lexema spn foi traduzido como coelhos (na
realidade dassies, animais comuns no norte da África).
O topónimo Espanha, evolução da designação do Império Romano Hispânia era, até
ao século XVIII, apenas descritivo da Península Ibérica, não se referindo a um país ou
Estado específico, mas sim ao conjunto de todo o território ibérico e dos países que nele
se incluíam. A Espanha é unificada durante o Iluminismo, até então era um conjunto de
reinos juridicamente e politicamente independentes governados pela mesma
monarquia.[14] Até à data da unificação a monarquia era formada por um conjunto de reinos
associados por herança e união dinástica ou por conquista. A forma de governo era
conhecida como aeque principaliter, os reinos eram governados cada um de forma
independente, como se tivesse cada reino o seu próprio rei, cada reino mantinha o seu
próprio sistema legal, a sua língua, os seus foros e os seus privilégios.[15] As Leyes de
extranjeria determinavam que o natural de qualquer um dos reinos era estrangeiro em
todos os outros reinos ibéricos.[16][17] A constituição de 1812 adota o nome As
Espanhas para a nova nação.[18] A constituição de 1876 adota pela primeira vez o
nome Espanha.[19][20]
Os termos "as Espanhas" e "Espanha" não eram equivalentes, e eram usados com muita
precisão.[21] O termo As Espanhas referia-se a um conjunto de unidades jurídico-políticas,
ou seja, referia-se a um conjunto de reinos independentes, primeiramente apenas aos
reinos cristãos da Península Ibérica, depois apenas aos reinos unidos sobre a mesma
monarquia. O termo Espanha referia-se a um espaço geográfico e cultural que englobava
diversos reinos independentes. A partir de Carlos V o uso do título Rei das Espanhas,
referia-se à parte da Espanha que não incluía Portugal, mas esta designação era apenas
uma forma de designar coletivamente um extenso número de reinos, uma abreviação, que
não tinha validade jurídica, para uma longa lista de títulos reais cuja forma oficial era rei de
Castela, de Leão, de Aragão, de Navarra, de Granada, de Toledo, de Valência, da Galiza,
de Maiorca, de Menorca, de Sevilha, etc. (da mesma forma utilizava-se o título Sua
Majestade Lusitana para o rei de Portugal, ou rei Lusitano).[22][23][24]
O uso do da designação de "reis de Espanha" pelos reis Fernando e Isabel foi considerado
uma ofensa pelo rei de Portugal que considerava que o nome designava a Península.[25] A
última vez que Portugal protestou oficialmente o uso do termo "coroa de Espanha" ou
"monarquia de Espanha" pelo governo de Madrid foi, supõe-se, durante o Tratado de
Utrecht em 1714.[26]
Atualmente o nome "Península Hispânica" não é aceite pelos portugueses, sendo que a
designação usada é a de Península Ibérica.[27] A partir de 1640, com a Restauração da
Independência de Portugal, a designação "Rei da Espanha" manteve-se, apesar de a
união dinástica já não englobar toda a Península.[28]

História
Ver artigo principal: História de Espanha

Pré-história e Antiguidade
Ver artigos principais: Pré-história da Península Ibérica, Conquista romana da Península
Ibérica e Hispânia
Pintura rupestre de um bisão na Caverna de Aqueduto de Segóvia, construído
Altamira durante o domínio romano
Os primeiros humanos modernos chegaram à Península Ibérica no território da atual
Espanha há 35 mil anos. No período histórico o território foi invadido e colonizado
por celtas, fenícios, cartagineses, gregos e cerca de 218 a.C., a maior parte da Península
Ibérica começou a formar parte do Império Romano, sendo o rio Ebro a fronteira entre a
Espanha romana e cartaginesa.[29]
Durante a Segunda Guerra Púnica, uma expansão do Império Romano capturou colônias
comerciais cartaginesas ao longo da costa do Mediterrâneo, cerca de 210 a 205 a.C. Os
romanos levaram quase dois séculos para completar a conquista da Península Ibérica,
apesar de terem o controle de boa parte dela há mais de 600 anos. O domínio romano era
unido pela lei, idioma e as estradas romanas.[30]
As culturas das populações celtas e ibéricas foram
gradualmente romanizadas (latinizadas) em diferentes níveis e em diferentes partes
da Hispânia (o nome romano para a Península). Os líderes locais foram admitidos na
classe aristocrática romana. A Hispânia serviu como um celeiro para o mercado romano e
seus portos exportavam ouro, lã, azeite e vinho. A produção agrícola aumentou com a
introdução de projetos de irrigação, alguns dos quais permanecem em uso. Os
imperadores Trajano e Teodósio I e o filósofo Séneca nasceram na Hispânia.
O cristianismo foi introduzido na província no século I d.C. e tornou-se popular nas cidades
no século II.[31] O termo "Espanha", as línguas, a religião e a base das leis atuais da
Espanha se originaram a partir deste período.[30]

Idade Média
Reino Visigótico

Coroa votiva de Recesvinto, parte do Tesouro de Guarrazar


Ver artigo principal: Reino Visigótico
O enfraquecimento da jurisdição do Império Romano do Ocidente em Hispânia começou
em 409, quando os povos germânicos suevos e vândalos, juntamente com
os alanos sármatas, cruzaram o Reno e devastaram a Gália e a Península Ibérica.
Os visigodos atacaram a Ibéria no mesmo ano. Os suevos estabeleceram um reino no que
hoje é a moderna Galiza e o Norte de Portugal. O império romano ocidental se
desintegrava, mas a sua base social e econômica continuou, ainda que de forma
modificada. Os seus regimes sucessores mantiveram muitas das instituições e das leis do
Império, incluindo o cristianismo.[32]
Os aliados dos alanos, os vândalos asdingos, estabeleceram um reino na Galécia,
ocupando grande parte da região, mas indo mais ao sul do rio Douro. Os
vândalos silingos ocuparam a região que ainda tem o seu nome — Vandalúsia, a
moderna Andaluzia, na Espanha. Os bizantinos estabeleceram um enclave, Espânia, no
sul, com a intenção de reviver o Império Romano ao longo da Península Ibérica. A
Hispânia acabou unida sob o domínio visigótico no final do século VI.[32]
Ibéria muçulmana
Ver artigos principais: Invasão muçulmana da Península Ibérica e Al-Andalus

Alhambra, construído pelo Reino Nacérida de Granada

Interior da Mesquita-Catedral de Córdova

No século VIII, quase toda a Península Ibérica foi conquistada (711–718) por exércitos
de mouros muçulmanos provenientes principalmente do Norte de África. Essas conquistas
fizeram parte da expansão do Califado Omíada. Apenas uma pequena área montanhosa
no noroeste da Península conseguiu resistir à invasão inicial muçulmana.[32]
Sob a lei islâmica, os cristãos e os judeus receberam o estatuto subordinado de dhimmi.
Esse estatuto permitia que cristãos e judeus praticassem suas religiões como "povos do
livro", mas eles eram obrigados a pagar um imposto especial e eram sujeitos a certas
discriminações.[33][34] A conversão ao islamismo prosseguiu a um ritmo cada vez maior.
Acredita-se que os muladi (muçulmanos de origem étnica ibérica) compreendiam a maioria
da população de Al-Andalus até o final do século X.[35][36]
A comunidade muçulmana na Península Ibérica era diversificada e atormentado por
tensões sociais. Os povos berberes do Norte de África, que tinham fornecido a maior parte
dos exércitos invasores, entraram em choque com a liderança árabe do Oriente Médio. Ao
longo do tempo, grandes populações árabes se estabeleceram, especialmente no vale
do rio Guadalquivir, na planície costeira de Valência, no vale do rio Ebro (no final deste
período) e na região montanhosa de Granada.[36]
Córdova, a capital do califado, era a maior, mais rica e sofisticada cidade na Europa
Ocidental na época. O comércio e o intercâmbio cultural no Mediterrâneo floresceram. Os
muçulmanos importaram uma rica tradição intelectual do Oriente Médio e do Norte da
África. Estudiosos muçulmanos e judeus desempenharam um papel importante na
renovação e ampliação da aprendizagem clássica grega na Europa Ocidental. As
culturas romanizadas da Península Ibérica interagiram com as culturas muçulmanas e
judaicas de forma complexa, dando, à região, uma cultura distinta.[36] No século XI, os
territórios muçulmanos fragmentaram-se em reinos rivais (as chamadas taifas), permitindo,
aos pequenos Estados cristãos, a oportunidade de ampliar enormemente seus
territórios.[36]
A chegada das seitas islâmicas dominantes dos Almorávidas e Almóadas, do Norte da
África, restaurou a unidade na Península Ibérica muçulmana, com uma aplicação mais
rigorosa e menos tolerante do islã, provocando uma recuperação das fortunas
muçulmanas. Este Estado islâmico reunido experimentou mais de um século de sucessos
que reverteram parcialmente as vitórias cristãs

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