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Resumo
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II Seminário de Patologia das Edificações - Novos Materiais e Tecnologias Emergentes
18 a 19 de novembro de 2004 - Salão de Atos II - UFRGS - Porto Alegre - RS
2 Micro-estrutura do Concreto em Temperatura Ambiente
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minerais, além de microfissuras e vazios. A matriz da pasta e a zona de
transição contêm, geralmente, uma distribuição heterogênea de cristais, com
diferentes tipos e quantidades de fases sólidas, poros e microfissuras. Além
disto, a estrutura do concreto não permanece estável ao longo dos anos, pois
tanto a pasta de cimento quanto a zona de transição sofrem alterações em
função da umidade ambiente, da temperatura e da idade [MEHTA &
MONTEIRO, 1994].
Os principais cristais que formam a pasta endurecida são os silicatos
hidratados de cálcio (genericamente denominados de C-S-H), responsáveis
pela resistência do material, o hidróxido de cálcio (CH) e os compostos
menores, que contém aluminatos e/ou sulfato. Todos sofrem transformações
com a perda de umidade decorrente da ação das altas temperaturas, como
explicado a seguir.
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lida com concretos de mais alta densidade [PHAN & CARINO, 1998; KODUR,
1997]. Evidências empíricas mostraram que, durante um incêndio, em um
concreto com um certo grau de umidade, exposto a um elevado gradiente de
temperatura, pode ocorrer o desplacamento das camadas superficiais quentes
das camadas interiores mais frias. Este fenômeno é comumente denominado
spalling e pode ser visualizado nas figuras 3.1 (a) e 3.1 (b), as quais que
ilustram como ficou a estrutura de concreto remanescente do túnel Great Belt e
da laje do Cinema Cacique em decorrência de incêndio.
Figura 3.1 Spalling (a) Túnel Great Belt (1994); (b) Cinema Cacique (1996).
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3.1 Análise da Degradação do Concreto em Nível Macroestrutural
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Recentemente, alguns pesquisadores constataram que a adição de fibras de
polipropileno poderia contribuir para evitar os desplacamentos explosivos. O
embasamento técnico para esta hipótese está fundamentado no fato de que as
fibras derretem com a elevação da temperatura, criando poros adicionais que
podem ser preenchidos pela água evaporada ou criando caminhos para a
migração dos gases quentes para a superfície da matriz cimentícia [BONOMI et
al, 2001; KALIFA, CHÉNÉ & GALLÉ, 2001; TAKANO, 2001; KÜTZING, 2002].
Na temperatura de 160oC, as fibras de polipropileno começam a derreter, com
grande redução do volume inicial ocupado. À medida que a temperatura vai
aumentando, os filamentos vão se degradando. Em torno de 360oC eles entram
em ignição. O produto remanescente da combustão ocupa aproximadamente
5% do volume inicial [KITCHEN, 2001].
Os vazios deixados na matriz cimentícia do concreto de alta densidade pelo
derretimento das fibras tornam o comportamento deste material frente ao calor
mais semelhante ao do concreto de densidade convencional. Mesmo assim, a
resistência de concretos após o aquecimento deve ser analisada, pois as
alterações cristalinas podem alterar a sanidade do material, sendo necessário
verificar a necessidade de reparar ou reforçar os elementos afetados pelo calor
antes de voltar a utilizá-los [SUN, LUO & CHAN, 2001].
Na figura 3.2, LIMA, SILVA FILHO & CASONATO [2003] apresentam valores
de resistência à compressão axial para corpos de prova em concreto de alta
densidade. Analisando a parte esquerda da mesma, onde apenas fibras de
polipropileno foram adicionadas ao concreto, observa-se que as vantagens
decorrentes da presença das fibras são bastante positivas, resultando em um
considerável aumento (19%) na resistência à compressão. No entanto, para os
corpos de prova sujeitos a aquecimento, os resultados obtidos registraram a
perda de resistência resultante das alterações decorrentes da baixa porosidade
do material. O concreto de alta densidade sem a adição de fibras teve, a
400°C, a sua resistência a compressão reduzida de 40 MPa para 11 MPa,
correspondente a um decréscimo de 90%. Esta resistência residual foi a
mesma na temperatura de 800°C, indicando ser esta a máxima perda de
resistência que este concreto fica sujeito com o aquecimento.
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55
Polypropylene fibre absent
50
Polypropylene fibre present
45
40
35
FCJ [MPa]
30
25
20
15
10
5
o o o o
23 C 400 C 800C 23 C 400 C 800C
Steel fibre absent Steel fibre present
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residual do concreto ficou aproximadamente igual à do concreto sem fibras
nesta temperatura. Admite-se que este comportamento pode ser decorrente
das variações dimensionais sofridas pelas fibras de aço com o aquecimento, o
que pode prejudicar a ligação das mesmas com a matriz cimentícia e gerar o
aparecimento de tensões adicionais no material.
Os efeitos negativos da adição de fibras de aço em temperaturas muito
elevadas também se manifestaram nos concretos onde foram adicionadas
fibras de aço e polipropileno. A 400°C, a resistência à compressão residual dos
concretos contendo a combinação das fibras foi aproximadamente igual à
obtida quando apenas fibra de polipropileno foi adicionada para a mesma
temperatura. No entanto, a 800°C a queda na resistência foi muito mais intensa
quando fibras de aço foram também adicionadas. Mesmo assim, a adição das
fibras de polipropileno parece minimizar os efeitos negativos do aquecimento
do material a esta temperatura. Este fato fica demonstrado pelo valor da
resistência residual ser, aproximadamente, 17 MPa, valor 55% superior em
relação à resistência residual para concretos sem a adição de fibras ou com a
adição de apenas fibra de aço (11 MPa).
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As águas livre e capilar presentes na pasta de cimento começam a evaporar
após a temperatura de 100°C, retardando o aquecimento do concreto. A
evaporação total da água capilar ocorre entre 200°C e 300°C, mas neste
patamar ainda não são significativas as alterações na estrutura do cimento
hidratado, bem como seu reflexo na resistência do concreto.
O gel do C-S-H sofre um processo de desidratação durante o aquecimento,
que inicia em 100°C, se intensifica aos 300oC e termina próximo aos 400°C.
Neste período ocorre uma redução progressiva da água de gel, com formação
de silicatos anidros e Cão. Isto resulta em um considerável decréscimo na
resistência e causa o aparecimento de fissuras superficiais [CÁNOVAS, 1998].
As partículas anidras da pasta não são afetadas pela variação de temperatura.
No entanto, a maneira como elas estão ligadas ao restante da pasta pode ser
alterada, visto que a zona de transição entre os agregados e a pasta consiste
em uma região mais fraca, que desidrata com maior facilidade e,
conseqüentemente, é mais suscetível a fissuração.
A quantidade de portlandita decresce até 100°C, devido à desidratação e à
carbonatação, que se acelera em atmosferas ricas em CO2, como é o caso de
muitos incêndios. Na temperatura de 530°C, a portlandita rapidamente se
decompõe e é transformada em óxido de cálcio (CaO). Durante o processo de
resfriamento, este óxido pode se re-hidratar, formando novamente a
portlandita, o que causa expansões que acabam por contribuir para o
aparecimento de fissuras no concreto. A portlandita assim formada apresenta
um arranjo cristalino menos estável e sofre processo de decomposição a
temperaturas mais baixas que a original [ALONSO et al, 2003].
Os agregados ocupam de 60 a 80% do volume do concreto e, portanto, a
variação de suas propriedades durante o aquecimento pode influenciar
significativamente as características do material. Em primeiro lugar, cabe
lembrar que os diferentes agregados adicionados à mistura não apresentam o
mesmo coeficiente de dilatação térmica, levando ao aparecimento de
expansões internas com diferentes intensidades. Muitas vezes estas
expansões são aumentadas por transformações estruturais ocorridas na
estrutura interna de certos agregados, como é o caso dos silicosos contendo
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quartzo (granito, arenito e gnaisse), que sofrem expansão súbita e,
conseqüentemente, causam o fissuramento da matriz cimentícia, em
temperaturas próximas à 573ºC. Este fato é decorrente da transformação
cristalina do quartzo da forma α para β.
As rochas carbonáticas são estáveis até 700°C, quando o CaCO3 começa a se
transformar em CaO e liberar CO2. Durante o resfriamento, o CaO pode se re-
hidratar, apresentando uma expansão de 40%. Os agregados calcários e os
leves são os menos afetados pelo calor. Este desempenho favorável ocorre
devido aos baixos coeficientes de dilatação térmica, às reações endotérmicas
que se produzem ao elevar-se a temperatura e à criação de uma película
superficial de CO2 que atua como isolante térmico [CÁNOVAS, 1998].
A aderência entre a pasta de cimento e o agregado graúdo também pode ser
seriamente alterada pelo aquecimento a altas temperaturas. A elevação da
temperatura pode até ser benéfica, dependendo da natureza das
transformações químicas que ocorrem. Normalmente, entretanto, as
deformações diferenciadas e as tensões internas transformam a zona de
transição em um local repleto de microfissuras e vazios [ALONSO et al, 2003].
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edifício, construído em concreto armado, com 26 pavimentos, destinado a uso
residencial e comercial, localizado na cidade de Porto Alegre, RS. Esta
metodologia foi utilizada com sucesso para sistematizar os serviços de análise
das causas do sinistro, bem como serviu de base para o diagnóstico e o projeto
de recuperação do local. A análise deste sinistro serviu ainda para a coleta de
dados práticos referentes aos efeitos do fogo sobre materiais como o concreto,
o aço e a alvenaria de blocos cerâmicos furados, utilizados na execução de
elementos estruturais (vigas, lajes e pilares) e de vedação, respectivamente.
O Curso de Especialização em Prevenção e Controle de Sinistros, ministrado
na Escola de Engenharia da UFRGS, sob coordenação do professor Dario
Lauro Klein, foi destinado a oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e
teve como objetivo o aperfeiçoamento dos integrantes da corporação, no que
se refere ao conhecimento em prevenção e controle de sinistros, através de
uma análise interdisciplinar visando o exercício das atividades de proteção da
população e do patrimônio. Serviu ainda para a preparação e/ou
aperfeiçoamento de especialistas qualificados para analisar e avaliar projetos
de construção civil quanto aos aspectos de condições mínimas de segurança e
proteção contra incêndios.
O Curso sobre Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio, ministrado pelo
professor Dario Lauro Klein nas inspetorias do CREA/RS das cidades de Santa
Cruz do Sul, Santa Rosa, São Leopoldo, São Luiz Gonzaga e Torres teve como
objetivo promover uma atualização dos profissionais quanto à segurança
estrutural em situação de incêndio, dadas as exigências crescentes das leis e
decretos estaduais e dos códigos municipais no que se refere a este assunto.
Na pesquisa acadêmica Investigação dos Efeitos de Temperaturas Elevadas
sobre Reforços Estruturais com Tecidos de Fibra de Carbono, LIMA [2001]
realizou um estudo pioneiro voltado para a investigação de formas de manter a
sanidade de reforços estruturais com tecidos de fibra de carbono submetidos a
elevadas temperaturas. O risco de perda da integridade durante um incêndio
constitui uma das principais preocupações no que se refere a esta técnica,
visto que a aderência do tecido utilizado para o reforço ao substrato é realizada
com adesivo epóxi, altamente vulnerável ao calor. A pesquisa se justifica pelo
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grande interesse dispensado pelos meios científico e profissional à utilização
de compósitos à base de tecidos de fibra de carbono para reabilitação ou
reforço de estruturas de concreto armado.
Atualmente, os pesquisadores do LEME estão concentrados na análise das
alterações provocadas pelo aquecimento nas propriedades macro e
microestruturais de concretos, especialmente os de alta densidade. O interesse
é investigar os fatores que contribuem para a ocorrência dos desplacamentos
explosivos, a fim de encontrar alternativas tecnológicas viáveis para minimizar
os efeitos nocivos das altas temperaturas, bem como estabelecer correlações
entre os fenômenos envolvidos na deterioração térmica do concreto.
Uma vez atingido os objetivos, com os dados coletados e resultados numéricos
obtidos, será possível indicar procedimentos a serem adotados durante a
execução que permitam construir estruturas seguras em condições reais de
incêndio e propor um método consistente para a avaliação de estruturas
degradadas por incêndios através de técnicas que não agridam a integridade
da estrutura.
5 Considerações Finais
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