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A metodologia
O experimento foi realizado em duas épocas (22/08/002 à 03/10/2002 e
24/10/2002 à 05/12/2002), em quatro aviários de 12 m x 10 m para frangos de
corte, divididos internamente em 4 boxes, com 250 aves cada. Esses aviários
eram novos, portanto sem terem sido povoados anteriormente. Os tratamentos
testados foram piso de concreto e piso de chão batido. Em ambos sistemas foi
colocada cama de maravalha com 10 cm de espessura. As aves foram de sexo
misto, sendo 50 % macho e 50 % fêmea. Foram instalados no centro de cada
box e no ambiente externo, um termômetro de bulbo seco, bulbo úmido e de
globo negro. Os dados do ambiente térmico interno e externo dos aviários foram
coletados em intervalos de 3 em 3 horas, de 0 às 24 horas, na quarta, quinta e
sexta semana de vida das aves. Com base nos dados coletados em cada horário,
no ambiente térmico externo e interno, foi determinada a Umidade Relativa do Ar
(UR) e foram calculados, o Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU) e a
Carga Térmica Radiante (CTR). As aves e a ração foram pesadas semanalmente
e as variáveis estudadas foram peso inicial, peso vivo, ganho de peso, consumo
de ração e conversão alimentar, aos 21 e 42 dias de idade das aves. Também foi
determinada a umidade e o pH da cama.
Avaliou-se a contaminação residual na cama dos aviários, após o processo
de limpeza e desinfecção, da seguinte maneira: após a limpeza procedeu-se a
desinfecção dos aviários com produto a base de quaternários de amônio e as
instalações permaneceram fechadas por 10 dias. Dois dias antes do alojamento
dos pintos, distribuiu-se nos aviários a cama de maravalha nova e os demais
utensílios (bebedouros, comedouros, campânulas). Em seguida, procedeu-se
nova desinfecção e fumigação com formol e permanganato de potássio
abrangendo todo o ambiente interno dos aviários. Amostras de cama dos aviários
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foram coletadas em 5 pontos de cada boxe, acondicionadas em frascos estéreis
homogeneizados, para obtenção de um pool de 25 gramas de cama por boxe.
Posteriormente as amostras foram processadas, no laboratório do Centro de
Diagnóstico em Saúde Animal (CEDISA), para contagem de UFC/mL de
Coliformes por meio de placas Petrifilm. O grupo Coliformes foi utilizado como
indicador bacteriológico estando incluídos os bacilos gram negativos, não
esporulados, aeróbios facultativo e que fermentam a lactose com produção de
gás dentro de 48 horas à 35°C. Os indicadores de higiene, abrangeram bactérias
como a Escherichia coli e a Enterobacter aerogens. As coletas foram realizadas
em dois períodos distintos: 1º Período - duas horas antes do alojamento dos
pintos; 2º Período - após a saída das aves do aviário, cama com 42 dias de uso.
Os Resultados
Conforto Térmico
A temperatura do ambiente e umidade relativa foram maiores no piso de
concreto, mas não foram suficientes para influenciar o ITGU e a CTR (Tabela 1).
Os maiores valores de temperatura ocorreram na época 2, sendo que diferiram
das temperaturas na época 1. Esses valores encontrados não são considerados
críticos para a produção de aves. Os valores de ITGU, para a época 1, ficaram
em torno de 66 e para a época 2, 74. Valores de ITGU variando de 65 a 77, são
compatíveis com a produção das aves, portanto, os dois pisos oferecem conforto
térmico para as aves. Para a CTR as diferenças encontradas foram somente
entre as épocas do experimento. A umidade relativa do ar mostrou-se acima dos
valores ideais para a produção de aves, que é de 60 a 70%. O piso de concreto
apresentou, na média, maior valor de umidade relativa que o piso de chão batido.
A diferença dos valores foi pequena, mas mesmo assim, apresentou efeito
significativo.
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Tabela 1. Valores médios de Temperatura do Ar (º C), Índice de Temperatura de Globo e
Umidade (ITGU), Carga Térmica Radiante (W/m²) e Umidade Relativa do Ar (%), de
acordo com o tipo de piso dos aviários e épocas
Temperatura do Ar (ºC)
Época Concreto Chão Batido Média Externo
1 18,51 17,46 17,99 b 15,04 b
2 23,76 23,62 23,69 a 26,01 a
Média 21,13 A 20,54 B
Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU)
Época Concreto Chão Batido Média Externo
1 66,77 66,37 66,57 b 65,10 b
2 74,34 74,04 74,19 a 80,21 a
Média 70,55 A 70,21 A
Carga Térmica Radiante – CTR ((W/m²)
Época Concreto Chão Batido Média Externo
1 418,16 417,29 417,72 b 448,48 b
2 450,72 450,23 450,48 a 521,02 a
Média 434,44 A 433,76 A
Umidade Relativa do Ar (%)
Época Concreto Chão Batido Média Externo
1 85,93 85,99 85,96 b 88,86 a
2 89,73 87,36 88,54 a 89,01 b
Média 87,83 A 86,67 B
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, maiúsculas para tipos de piso e
minúsculas para épocas, pelo teste Tukey a 5%.
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Tabela 2. Valores médios de Peso Vivo, Ganho de Peso, Consumo de Ração e Conversão
Alimentar aos 21 e 42 dias de idade das aves, de acordo com o tipo de piso dos
aviários e épocas.
Peso Vivo aos 21 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 685,37 682,75 684,06 b
2 890,62 880,75 885,67 a
Média 788,00 A 781,75 A
Ganho de Peso aos 21 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 645,12 641,25 643,19 b
2 845,75 836,37 841,06 a
Média 745,44 A 738,81 A
Consumo de Ração aos 21 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 885,87 891,00 888,44 b
2 1.105,87 1100,12 1103,00 a
Média 995,87 A 995,56 A
Conversão Alimentar aos 21 dias
Época Concreto Chão Batido Média
1 1,292 1,304 1,298 a
2 1,241 1,247 1,244 b
Média 1,267 A 1,275 A
Peso Vivo aos 42 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 2.308,75 2.333,00 2.320,88 b
2 2.393,12 2.331,62 2.362,38 a
Média 2.350,94 A 2.332,31 A
Ganho de Peso aos 42 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 2.268,25 2.291,75 2.280,00 b
2 2.348,37 2.287,12 2.317,75 a
Média 2.308,31 A 2.289,44 A
Consumo de Ração aos 42 dias (gramas)
Época Concreto Chão Batido Média
1 3.900,37 3.961,00 3.930,69 b
2 4.062,00 4.027,25 4.044,63 a
Média 3.981,19 B 3.994,13 A
Conversão Alimentar aos 42 dias
Época Concreto Chão Batido Média
1 1,689 1,697 1,695 b
2 1,697 1,727 1,715 a
Média 1,693 B 1,712 A
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, maiúsculas para tipos de piso e minúsculas para
épocas, pelo teste Tukey a 5%.
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mostrou-se melhor, que o padrão de desempenho da linhagem (1,74). Dessa
forma, o piso de concreto proporcionou uma ligeira melhora no desempenho de
aves criadas até os 42 dias de idade.
Umidade e pH da cama
O pH da cama no piso de chão batido apresentou valores médios mais
elevados que no chão de concreto. A umidade da cama apresentou diferença
entre épocas, sendo que a época 1 apresentou valores menores para os dois
tratamentos.
Tabela 3. Valores médios de umidade e pH da cama, de acordo com o tipo de piso dos aviários,
épocas e semana de coleta de dados.
UMIDADE
Semana
Trat Época 0 1 2 3 4 5 6 Média
1 19,18 14,29 20,90 26,92 43,35 41,84 40,23 29,53 B
Concreto
2 12,06 21,57 32,51 35,43 39,39 39,42 38,10 31,21 A
Média 15,62 d 17,93 d 26,71 c 31,17 b 41,37 a 40,63 a 39,16 a 30,37
Chão 1 20,78 15,79 21,29 28,43 41,23 40,68 37,43 29,37 B
Batido 2 12,85 20,84 32,36 37,29 42,99 38,00 37,05 31,62 A
Média 16,81 d 18,31 d 26,82 c 32,86 b 42,11 a 39,34 a 37,24 a 30,50
PH
Semana
Trat Época 0 1 2 3 4 5 6 Média
Concret 1 4,78 5,76 6,15 6,53 7,36 7,61 8,33 6,65 b
o 2 4,74 5,97 6,38 6,78 8,01 7,67 7,82 6,77 a
Média 4,76 f 5,87 e 6,27 d 6,66 c 7,68 b 7,64 b 8,08 a 6,71 B
Chão 1 5,37 5,84 6,30 6,78 7,63 7,87 8,20 6,86 a
Batido 2 4,76 5,95 6,46 6,74 7,52 8,12 7,92 6,77 b
Média 5,06 f 5,89 e 6,38 d 6,76 c 7,57 b 7,99 b 8,06 a 6,82 A
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, maiúsculas para tipos de piso (pH) ou época
(umidade) e minúsculas para semana de coleta, pelo teste Tukey a 5%.
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encontrado na literatura, mostrou que a umidade da cama vai aumentando
progressivamente, à medida que a ave cresce, sendo que esta não deve
ultrapassar 40%. Partindo dos níveis iniciais de 10 a 15% de água na cama, a
umidade final pode chegar entre 25 e 50%, considerando-se que, acima de 40%
é excessivamente úmida e abaixo de 40% é demasiadamente seca. Valores de
umidade superior a 46% determinam a formação de placas úmidas na superfície.
O teor de umidade não deve ultrapassar o valor de 35%, pois, as camas com
valores de umidade acima deste limite decompõem-se rapidamente, tornam-se
emplastadas e contribuem com altos níveis de amônia, causando doenças
respiratórias, redução no ganho de peso e classificações mais baixas para a
carcaça. Umidade da cama menor que 30% e pH menor que 8 diminuíram o
conteúdo de amônia no ar dos aviários (Dados de literatura). O menor valor de
pH para a cama nesse experimento foi de 6,71 para o piso de concreto e 6,82
para o piso de chão batido. Resultado importante, pois, das principais bactérias
ureolíticas, a Bacillus pasteurii, não consegue crescer em pH neutro, mas
prospera na cama com pH acima de 8.5 (Dados de literatura).
Sanidade
Tabela 4. Médias, medianas, desvios padrão por tratamentos e teste de Wilcoxon para
comparação da presença de Coliformes.
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fragilidade da capacidade imunológica, uma vez que o sistema imune ainda não
está totalmente funcional. Observou-se no entanto, que essa diferença de
contaminação por Coliformes, não apresentou diferença significativa entre os
tratamentos no final do período de criação ao abate. Todos os cuidados que
visam reduzir as condições que favorecem a viabilidade dos microorganismos no
ambiente devem ser implementados durante o período de produção,
especialmente nos primeiros dias de vida das aves, uma vez que, na primeira
semana de vida as aves apresentam a insipiente capacidade imunológica.
Vários autores estudando a contaminação por coliformes abaixo do nível do
piso de chão batido, encontraram 1.900 UFC/g (contagem de coliformes) à
profundidade de ¼ polegada e 460 UFG/g (contagem de coliformes) à
profundidade de ½ polegada. Essa avaliação é importante ao se considerar o
hábito das aves de ciscar, trazendo à superfície essas bactérias. Os processos de
desinfecção utilizados na avicultura não atuam em profundidade no solo pois não
se usa quantidade de água suficiente para penetrar profundamente no mesmo e
as substâncias ativas normalmente utilizadas tem ação restrita ou não tem ação
na presença de matéria orgânica. Isso explica, ao menos em parte, a dificuldade
de se eliminar certas doenças dos aviários mesmo após a lavagem, desinfecção e
vazio sanitário adequado.
Conclusão
Nas condições em que esse experimento foi conduzido, pode-se concluir
que as pequenas diferenças encontradas nas variáveis estudadas, não foram
capazes de apontar um piso totalmente superior ao outro, de maneira que se
justificasse a recomendação de um em detrimento do outro.
Bibliografia Consultada
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KUNKLE, W.E., CARR, L.E., CARTER, T. A., BOSSARD, E.H. Effect of flock and
floor type on the levels of nutrients and heavy metals in broiler litter. Poult.
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