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Mecânica de Locomotivas II

Aula 7
Sistema De Transmissão Elétrica

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Mecânica de Locomotivas II
7.1. LOCOMOTIVA DIESEL-ELÉTRICA DO TIPO AC-DC – EXCITATRIZ+ALTERNADOR

Nas locomotiva diesel-elétrica do tipo AC-DC – excitatriz+alternador , o


retificador converte a corrente alternada trifásica produzida pelo alternador
principal, que substitui o gerador principal no tipo DC-DC, em corrente contínua
necessária para alimentar os motores de tração.

Figura 7.1: Diagrama de uma locomotiva diesel-


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elétrica do tipo AC-DC –excitatriz+alternador
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7.1. LOCOMOTIVA DIESEL-ELÉTRICA DO TIPO AC-DC – EXCITATRIZ+ALTERNADOR

Devido às limitações dos geradores de tração em corrente contínua,


descritas anteriormente, o gerador de tração em corrente alternada, também
denominado de
Alternador de Tração, vem sendo largamente utilizado nas locomotivas
mais modernas.

O retificador é o resultado da evolução da eletrônica de potência, que


através do advento dos diodos retificadores de silício de alta capacidade de
corrente (diodos retificadores de potência), proporcionou o
desenvolvimento de circuitos retificadores em estado sólido, robustos e
praticamente insensível as vibrações mecânicas. 3
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Com a evolução da eletrônica analógica e com a utilização dos dispositivos


semicondutores (transistores e diodos), possibilitou o desenvolvimento de
circuitos eletrônicos de controle de excitação e potência.

Como consequência, houve um aumento na capacidade de potência de tração


das locomotivas, podendo alcançar 𝟑. 𝟔𝟎𝟎 𝒉𝒑, juntamente com o implemento
da aderência, que atinge 𝟐𝟑%.

Alternador principal

O alternador principal é um gerador de corrente alternada trifásica com


freqüência e tensão variável.
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O alternador principal destas locomotivas possui um circuito de campo


rotativo e um circuito de armadura estacionário, com três enrolamentos
ligados em estrela, como representado no diagrama elétrico da fig. 7.2.

Figura 7.2 – Circuito trifásico do alternador principal


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O campo rotativo do alternador principal consiste de bobinas ligadas em


série e enroladas em pólos laminados.

As bobinas de campo são ligadas eletricamente a anéis coletores, que estão


montados na extremidade livre do eixo do rotor.

Figura 7.3- Bobinas de campo Figura 7.4- Anéis coletores do campo 6


do alternador principal do alternador principal
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O controle do circuito de campo de excitação do alternador principal é


realizado por uma tensão DC, denominada tensão de excitação, que é
fornecida pela armadura da excitatriz e aplicada ao campo rotativo do
alternador principal através dos anéis coletores.

Figura 7.5 - Controle do circuito de campo de excitação do alternador principal 7


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A armadura (estator) é composta por três enrolamentos idênticos,


simetricamente dispostos, com os respectivos eixos a 𝟏𝟐𝟎° entre si, ligada em
estrela, percorridos por três correntes alternadas de igual freqüência e valor
eficaz, mas defasadas uma das outras de 𝟏𝟐𝟎°.

Figura 7.6 – Estator do alternador principal 8


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As linhas de força do campo magnético desenvolvido pelo campo rotativo induzem


uma tensão nos enrolamentos estacionários da armadura à medida que o rotor gira. O
princípio de funcionamento do alternador de tração está ilustrado na Figura 7.8.

A refrigeração do
alternador de tração é
feita através de
ventilação forçada
produzida por um
soprador independente.

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Figura 7.8 – Princípio de funcionamento do alternador de tração
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Retificador
A corrente trifásica induzida é fornecida ao retificador, onde é convertida numa
corrente contínua que será entregue aos motores de tração durante a
motoração, e para a excitação dos campos dos mesmos durante a operação de
freio dinâmico.
O retificador é constituído por diodos de silício para alta tensão e alta corrente,
conectados de forma a constituírem uma ponte trifásica de onda completa.
O calor gerado pelo retificador é retirado através de ventilação forçada
produzida pelo soprador do alternador de tração ou por um soprador
independente.
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O retificador dispõe de fusíveis ultra-rápidos que desconectam


automaticamente os diodos avariados por sobrecarga ou por sobre temperatura,
caso haja deficiência no sistema de arrefecimento.

Cada fusível é
equipado com um
indicador pressionado
por uma mola, que se
torna saliente quando
o fusível se funde
devido à avaria do
diodo.
Figura 7.9 – Retificador e posicionamento dos seus fusíveis 11
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O Retificador é provido de um Circuito Supressor de Transientes de comutação, formado por


resistores e capacitores ligados em delta.

Figura 7.10– Posicionamento dos supressores de transientes 12


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Para suprir a corrente demandada pelos motores de tração, cada braço do


retificador pode ser constituído por um conjunto de diodos em paralelo, devido
à baixa capacidade de corrente dos diodos.

Figura 7.11– Retificador com seis diodos em paralelo por braço


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Com o mesmo objetivo, são produzidos alternadores com vários enrolamentos


de armadura, que alimentam igual número de retificadores que têm suas saídas
ligadas em paralelo.

Figura 7.12– Alternador com cinco enrolamentos de armadura 14


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Com a finalidade de aumentar a capacidade de potência, são produzidos


alternadores de tração com dois
grupos de enrolamentos de
armadura, que são ligados a
dois retificadores que têm suas
saídas ligadas em paralelo para
produção de corrente de saída
mais elevada, o que possibilita
a locomotiva produzir torque
bastante elevado a baixas
velocidades.

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Figura 7.13 – Ligação em paralelo
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Também com a finalidade de aumentar a capacidade de potência, são


produzidos alternadores de tração
com dois grupos de
enrolamentos de armadura, que
são ligados a dois retificadores
que têm suas saídas ligadas em
série para produção de tensão de
saída mais elevada, o que
possibilita a locomotiva trafegar
em velocidades mais altas.

Figura 7.14– Ligação em série 16


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As duas situações anteriores podem ser obtidas numa mesma locomotiva pela
utilização do circuito da Figura 7.15.

A transição da ligação série para a


paralela, e vice-versa, é obtida pelo
chaveamento das chaves S.

Figura 7.15- Chave de ligação série/paralelo


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dos retificadores
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Figura 7.16 – Bancada retificadora Figura 7.17– Bancadas retificadoras

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O circuito da figura mostra um diagrama de blocos que ilustra o


funcionamento de outra versão da locomotiva diesel-elétrica do tipo AC-DC,
onde podemos observar que o mesmo difere do diagrama anterior, na
substituição da excitatriz por um alternador auxiliar.

Figura 7.18 - Diagrama de uma locomotiva diesel-elétrica do tipo AC-DC – alternador+alternador 19


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Alternador auxiliar
O alternador auxiliar também é um gerador de corrente alternada trifásica de
pólos salientes, que difere do
alternador principal pelo número de
pólos e pela capacidade de potência.
A amplitude e a frequência de sua
tensão de saída variam com a
rotação do motor diesel.
Também possui campo rotativo e
Figura 7.19- Circuito elétrico do alternador auxiliar
armadura estacionária com três
enrolamentos ligados em estrela. 20
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Os enrolamentos do alternador auxiliar fornecem potência para:


 Excitação - do alternador de tração e de vários circuitos de controle;
 Motores auxiliares - motor do exaustor do filtro de inércia, motores dos
ventiladores dos radiadores.

Por estar montado na mesma carcaça e compartilhar o mesmo eixo, o


alternador auxiliar é mecanicamente acoplado ao alternador de tração, mas
eletricamente é independente.

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O arrefecimento do alternador auxiliar se dá através da mesma ventilação


forçada do alternador de principal.

Figura 7.20 - Alternador auxiliar e bobinas do enrolamento de campo

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As bobinas de campo do alternador auxiliar são ligadas eletricamente a dois


anéis coletores, que estão montados na extremidade livre do eixo do rotor. O
campo rotativo do alternador auxiliar consiste de bobinas ligadas em série e
enroladas em pólos laminados.

Figura 7.21- Bobinas de campo do alternador auxiliar Figura 7.22 -Anéis coletores do alternador auxiliar 23
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A Armadura estacionária é composta por três enrolamentos idênticos,


simetricamente dispostos, com os respectivos eixos a 𝟏𝟐𝟎° entre si, ligados
em estrela, percorridos por três correntes alternadas de igual freqüência e
valor eficaz, mas defasadas uma das outras de 𝟏𝟐𝟎°.

Figura 7.23 - Enrolamentos da armadura


do alternador auxiliar 24
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Gerador de tração em corrente alternada


O controle do circuito de campo de excitação do alternador principal é
realizado através do controle do ângulo de disparo de um circuito retificador
controlado, constituído por diodos retificadores e diodos retificadores
controlados de silício (SCR), alimentado pela corrente trifásica produzida pelo
alternador auxiliar.

Figura 7.24- Gerador de tração em corrente alternada


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com alternador auxiliar
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7.2. LOCOMOTIVA DIESEL-ELÉTRICA DO TIPO AC-DC – ALTERNADOR+ALTERNADOR

Com excepção de um fusível, não há nenhuma proteção ou controle do


circuito de excitação do alternador auxiliar.
Desta forma ele será excitado e fornecerá potência sempre que o motor diesel
estiver em funcionamento.
Em alguns tipos de locomotivas o alternador de tração é também utilizado
como um motor síncrono para arranque do motor diesel.

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Sistema de proteção por relé de terra


A finalidade do sistema de proteção por relé de terra é proteger o
gerador/alternador principal, a fiação do circuito de alta tensão e os motores de
tração.

Ao detectar aterramento no circuito de alta tensão, aterramento em dc do


alternador principal, bobinas em curto ou a falta de uma das fases do
alternador principal, o sistema de proteção por relé de terra remove a excitação
do campo do alternador principal, o que faz reduzir o nível da tensão de
alimentação do circuito de alta tensão, reduzindo a possibilidade de incêndios
elétricos. 27
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Figura 7.25- Circuito de proteção por relé de terra


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A ocorrência de pelo menos uma das condições de falha citadas acima


resultará na
energização da bobina do relé de terra, que através do fechamento dos seus
contatos:
 Retira a excitação do campo do alternador principal/gerador principal;
 Energiza as lâmpadas indicadoras de falha/terra;
 Alimenta um alarme sonoro;
 Prepara a energização do circuito da bobina de rearme do relé.

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A alimentação do alarme sonoro é fornecida a todas as locomotivas do


comboio, quando estas estiverem em operação de tração múltipla.

O rearme do relé de terra pode ser efetuado, após um tempo de espera, através
da energização de sua bobina de rearme, pelo fechamento da chave de rearme
falha/terra, localizada no posto de comando da locomotiva.

A atuação da bobina de rearme libera a trava mecânica, o que permite aos


contatos do relé de terra voltar as suas posições normais.
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