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UNIFRAN –Universidade de Franca

Marcelo José Rodrigues

O Pintor Auguste Renoir e Suas Fases: O Estilo da Série “As


Banhistas”.

Bom Despacho 2019

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UNIFRAN –Universidade de Franca

Marcelo José Rodrigues

O Pintor Auguste Renoir e Suas Fases: O Estilo da Série “As


Banhistas”

Trabalho apresentado junto ao


Curso de Artes Visuais, da
Universidade Cidade de São
Paulo como exigência parcial da
disciplina Projeto Experimental.

Bom Despacho 2019


O Pintor Auguste Renoir e Suas Fases: O Estilo da Série “As
Banhistas”

Marcelo José Rodrigues

Resumo

O artigo busca conhecer o movimento impressionista, focando especialmente na obra do pintor Pierre
August Renoir, assim como entender qual a origem e as técnicas envolvidas em sua produção, em
especial na fase em que pintou as “ As Banhistas”, ou seja, no final de sua vida. A partir da pesquisa
histórico-bibliográfica, foi feito um levantamento em livros, artigos e textos acadêmicos a respeito de
Renoir, verificando que esse pintor tem ao menos três fases. As Banhistas pertence à última fase, a
chamada fase perolada.

Palavras-chave: Impressionismo, pintura, fase perolada, As Banhistas


1 Introdução

Pierre Auguste Renoir, mais conhecido como Renoir (1841-1919) nasceu em


Limoges, região também conhecida como Haute-Vienne. Pintor e escultor,
consagrou-se como um dos pintores franceses mais famosos e pai do cineasta Jean
Renoir. Inicialmente membro do grupo impressionista, ele evoluiu a partir dos anos
1880 para um estilo mais realista influenciado pelo pintor Raphael e, finalmente,
terminou sua vida com a fase “perolada”. Ele pintou nus, retratos, paisagens,
marinas e naturezas mortas. Ele era gravador, litógrafo, escultor e desenhista. Ele
criou uma forma de pintar bastante original, ligada às suas primeiras influências
(Fragonard, Courbet, Monet).

Aos 13 anos, Renoir tornou-se aprendiz da oficina de porcelana Lévy Frères


& Compagnie para decorar as peças. Ao mesmo tempo, ele freqüentou aulas
noturnas na Escola de Desenho e Artes Decorativas até 1862. Renoir interessava-se
não só em Artes Plásticas, mas também em música. O músico Charles Gounoud
conheceu Renoir nesse período da juventude e lembrou-se, posteriormente, do
estudante talentoso que ele era.

Em 1858, aos 17 anos, passou a pintar leques para poder ganhar dinheiro,
após ter trabalhado também em uma fábrica de porcelana. Em 1862, Renoir passou
no exame de admissão na École des Beaux-Arts em Paris e entrou no ateliê de
Charles Gleyre, onde conheceu Claude Monet, Frédéric Bazille e Alfred Sisley,
também discípulos de Gleyre. Gleyre era um pintor acadêmico e professor muito
prestigiado e de bom nome. Uma forte amizade desenvolveu-se entre os quatro
jovens que costumavam pintar ao ar livre na floresta de Fontainebleau.
Seu relacionamento com Gleyre acabou se deteriorando e quando ele se
aposentou em 1864, Renoir deixou a Beaux-Arts. No entanto, ainda que o primeiro
trabalho que Renoir exibiu (Esméralda, datado de 1864) tenha sido um verdadeiro
sucesso, depois da exposição ele o destruiu.

2. Aspectos Conceituais

Pode-se dizer que Renoir teve ao menos três fases. A fase impressionista, a
fase inspirada pelo pintor Ingres (fase ingresca) e a última fase, a fase perolada
(quando foi pintada a tela As Banhistas). Jacqueline Loumaye explicou a respeito de
Renoir:

Queria uma pintura que durasse para sempre, fora do tempo. O movimento
impressionista estava mais preocupado em pintar o instante e a emoção.
Renoir hesita muito tempo entre essas duas tendências. Influenciado pelas
novas técnicas, usa cores mais claras, utiliza a tinta pura como sai do tubo e
que pode ser transportada ao ar livre, trabalha em pequenas pinceladas
umas ao lado das outras, procura captar os efeitos da luz na paisagem. Mas
nunca se afasta da figura humana. Durante muito tempo, se preocupa em
integrar os personagens na natureza, não aceita reduzir o ser humano a
uma silhueta perdida na vibração na luz (LOUMAYE, 1996, P. 6).

Mas é com a arte de pintar retratos que Renoir irá se manter financeiramente
durante sua vida, uma vez que os temas favoritos dos impressionistas eram
rejeitados nos salões (paisagens, cenas do campo) e não encontravam
compradores. O quadro Lise à L´Ombrelle (Lise com a Sombrinha) obteve crítica
positiva. É um retrato de corpo inteiro de sua amante, Lise Trehot, com quem Renoir
teve dois filhos, mas não chegou a assumir as crianças. Ajudou Lise com dinheiro,
mas manteve a relação em segredo, até o fim de seu relacionamento em 1872. Essa
é considerada a fase de juventude de Renoir e fase ainda de aprendizagem.

A fase perolada era um estilo composto, surgido numa fase em que o pintor
entre na velhice e passa a sentir dores reumáticas, posteriormente tornando-se
extremamente dolorosas. Isso ocorreu no final do decênio de 1880. Nessa fase, ele
faz evoluir novamente seu estilo, confrontando o desânimo. Esse período perolado
ao mesmo tempo confronta o impressionismo e o academicismo. Predominam as
cores em meio tom, em particular os rosas, os ocres (variações do castanho) e os
brancos. Nesse período, Renoir renuncia definitivamente aos contornos, utiliza cores
vivas, onde predominam os amarelos, vermelhos e laranjas, que são uma impressão
de luxo e conforto, características de suas últimas obras. Uma das primeiras obras
do período é o quadro de 1892, As Meninas Ao Piano. Esse quadro foi comprado
pelo estado francês e exposto no Museu de Luxemburgo. Sua produção é
considerável. Pintou nus de banhistas, retratos de meninas e mulheres, naturezas-
mortas e cenas mitológicas. Ele mesmo disse a respeito da fase perolada: “Retomei
a velha pintura suave e leve e não pretendo mais abandoná-la. Não é nada de novo,
mas sim a continuação dos quadros do século XVIII...Fragonard, pelo menos”
(RENOIR, apud: LOUMAYE, 1996, P. 38).

As Banhistas (Les Banheuses) datada de entre 1918-19, é uma das últimas


pinturas de Renoir, parte, portanto, da fase perolada. Nessa fase, Renoir aproximou-
se de mestres como Ticiano e Rubens, deixando um pouco de lado as cenas
cotidianas que marcaram a fase impressionista. Suas preocupações, na fase
perolada, passaram a ser atemporais. As Banhistas foi o auge da fase perolada
(ZANCHETTA, 2019).

Les grandes baigneuses 1887 Philadelphia Museum of Art Philadelphie, USA

As Banhistas é o auge da fase perolada. Pode-se supor que Renoir quis


pintar o tempo perdido do paraíso terrestre. As belas mulheres estão nuas num
jardim só delas. Banhistas foi pintado no ano de sua morte. Renoir falou a respeito;
“Minha paisagem é só um acessório. Agora, procuro confundi-la com os
personagens. Justamente agora, quando não tenho mais braços nem pernas, é que
tenho vontade de pintar telas grandes.” (LOUMAYE, 1996, p. 43). Renoir tinha um
cavalete especialmente planejado para os quadros grandes, parecido com uma tela
imensa montada sobre roldanas que podia enrolar e desenrolar, assim conseguia
trabalhar nas dimensões que desejasse (LOUMAYE, 1996, p. 43).

Em Banhistas, a opulenta representação da nudez feminina e a imprecisão do


relevo anunciam o gosto que Renoir vai desenvolver também pela escultura. Ao
compararmos a Vênus Vitrix, escultura que está no jardim de Cagnes e assim
podemos perceber isso.

3. Contexto Histórico

O contexto histórico em que viveu Renoir foi o final do Segundo Império (por
volta de 1870), período em que alguns jovens artistas começaram a questionar a
arte oficial. Esses jovens artistas são chamados de "intransigentes" ou
"impressionistas", todos da mesma geração, cresceram e envelheceram num
contexto agitado: os acontecimentos de 1848, o golpe de Estado em 1852, o
segundo império, a guerra franco-prussiana. , a Comuna e a Terceira República.

Luís Napoleão Bonaparte chegou ao poder em 1852 e preparou a restauração


do império. A França, que é neste momento principalmente rural e artesanal,
passará por uma grande transformação seguindo a política de industrialização
apoiada pela burguesia empresarial, e o desenvolvimento de muitos bancos, que
fornecem capital para empreendedores e contribuem para o desenvolvimento de
uma economia moderna.

Embora o reinado de Napoleão III não fornecesse soluções para os


problemas sociais, a sua política contribuirá para o desenvolvimento de grandes
infraestruturas, particularmente da rede ferroviária, que terá uma influência
importante em toda a economia. Como uma transformação das grandes cidades, a
transformação de Paris pelo Barão Haussmann é o melhor exemplo.
Essas importantes obras públicas trarão progresso e modernidade. As
pinturas de pintores impressionistas mostram essas novas paisagens, pontes,
estações ferroviárias e cidades modernas. A burguesia dominante tem então gostos
muito reacionários, reconhecendo seus valores no classicismo mais acadêmico.

4. Corpo do texto

NO momento da queda do império de Napoleão III, Renoir teve que lutar na


guerra entre a França e a Prússia em 1870, mas logo foi dispensado, ao adoecer
com disenteria. Talvez tenha sido sua sorte: seu amigo Bazille faleceu na guerra, em
novembro daquele ano. No ano em que aconteceu a Comuna de Paris, Renoir
estava em Paris pintando e foi denunciado como sendo espião. Por pouco não foi
jogado ao Sena pelos comunnards. Foi salvo por um amigo que o reconheceu.

As Banhistas (1918-19). Óleo sobre tela, 110 × 160 cm, Musée d'Orsay, Paris.
Esta pintura é emblemática da pesquisa de Renoir no final de sua vida. A partir de
1910, o artista retorna a um de seus temas favoritos: nus a céu aberto, aos quais
dedica grandes pinturas. Renoir celebra uma natureza intemporal, da qual qualquer
referência ao mundo contemporâneo é proibida [...] A paisagem do Mediterrâneo
remete à tradição clássica da Itália e da Grécia, quando "a terra era o paraíso dos
deuses" (RENOIR, apud: LOUMAYE, 1996, P. 23). "Isso é o que eu quero pintar",
acrescentou Renoir. Essa visão idílica é marcada pela sensualidade dos modelos,
pela riqueza das cores e pela plenitude das formas. Os Banhistas devem muito aos
nus de Ticiano e Rubens, tão admirados por Renoir. O quadro está no Museu D
´Orsay. O quadro As Banhistas traduz um prazer de pintura que a doença não tirou,
nem os sofrimentos sofridos pelo pintor no final de sua vida (LOUMAYE, 1996, p.
22).
5. Conclusão

Renoir tornou-se o pintor da alegria e da serenidade. Ele nunca desviou-se


dessa ambição, ainda que seu estilo tenha evoluído e mudado bastante no decorrer
de meio século. Ele não se interessou no lado negativo da pintura, aspecto que
desenvolveu-se no decorrer do século vinte. A alegria de existir, a inexprimível
sensação que deixa uma paisagem magnífica, a sensualidade do corpo feminino, as
famílias felizes num quadro de vida confortável e talvez mesmo a intemporalidade
das cenas mitológicas, era isso o que o atraía. A alegria de pintar se somava à
alegria de existir, mas sua obra era quantitivamente colossal, mais de 4000 pinturas,
mas também os desenhos e esculturas. Ele admirava os italianos Raphael, Ticiano,
Veronese, mas também o holandês Rubens e os franceses Fragonard, Boucher,
Corot e Courbet. Como todos os pintores de sua geração, ele começa por romper
com as prescrições acadêmicas para realizar as cenas contemporâneas em um
estilo que se liga à corrente realista do século dezenove. A importância de Courbet é
também importante.

O pintor Pierre Auguste Renoir tornou-se famoso por fazer parte do grupo dos
pintores impressionistas, grupo rebelde que marcou época no final do segundo
império francês (1870). Sisley e Renoir foram recusados nos salões de Paris, junto
com outros jovens que buscavam uma nova estética. Os quadros chocavam, uma
vez que rompiam em parte com o realismo. Nessa mesma época, a fotografia surgiu
e impactou a pintura. Os pintores passaram a relativizar a pintura realista, dando os
primeiros passos no caminho da abstração. Renoir e seus contemporâneos
inovaram por pintar com o tubo de pinta, não usar muito o preto e pintar paisagens
rurais, uma vez que, usando o tubo de tinta, os pintores ficaram mais livres para se
movimentar.
5. Referências bibliográficas:

MARTINS, Simone. A DOR PASSA, A A BELEZA PERMANECE.


<http://www.scielo.br/scielo.php?script=_arttext&pid=S1676-24442010000>>.

__________________. Pierre Auguste Renoir. História das Artes.


<<https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/renoir/>>. Acesso em
02/03/2019>>.

FRENDA, Perla. Arte em Interação. São Paulo: IBEP, 2013.

LOUMAYE, Jacques. Renoir, Um Eterno Verão. Rio de Janeiro: Editora


Salamandra, 1996.

LORIN, J. P. RIVAGE DE BOEME. <https://www.rivagedeboheme.fr/pages/arts/peinture-


19e-siecle/auguste-renoir.html>>. <<Acesso em 02/03/2019>>.

OS GRANDES ARTISTAS. Vida, obra e inspiração dos maiores pintores.


MODERNOS. São Paulo:1986. Nova Cultural.

SESSEL, Ricardo. RENOIR: Os impressionistas. Rio de Janeiro: Editora Globo,


2013.

SESSEL, Ricardo. ESTHAR- ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE. São Paulo: IBEP,


2013.

ZANCHETTA, Luciene. RENOIR.<<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?


script=sci_arttext&pid=S0009-67252004000300027>>. Acesso em 02/03/2019.

<<
<<http://www.pitoresco.com/001_Renoir.pdf>>. Acesso em 02/03/2019.

<<http://warburg.chaa-unicamp.com.br/artistas/view/1094>>. Acesso em 02/03/2019.


Lúcio boa noite, segue as considerações do professor para sua analise.
Att.

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