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Escadas para Peixes

Os Peixes, como em toda comunidade biológica, fazem parte de um sistema. Algumas


espécies desenvolveram estratégias próprias, envolvendo perdas mínimas de energia
quando migram em direção á nascente do rio para realizarem seu ciclo reprodutivo.

A construção de barragens ao longo do leito dos rios tem afetado a dinâmica


populacional de muitas espécies de peixes por gerar obstáculos a migração durante o
processo reprodutivo. A percepção do impacto causado pelas barragens no processo
de migração dos peixes levou a busca de mecanismos para minimizar os efeitos.

Assim, a construção de escadas passou a ser um mecanismo que permite aos peixes
passarem pelas barragens durante a migração.

Os peixes com características migratórias requerem ambientes diferentes para as


principais fases de seu ciclo de vida, como a desova, produção de alevinos,
desenvolvimento de adultos e maturação sexual.

A necessidade de migração é um fator fundamental a ser considerado quando da


construção de uma barragem, visto que ela causa um obstáculo para os peixes como
já foi visto. Este obstáculo é um dos principais impactos ambientais causados por
barramentos.

Diversas são as espécies que usam da migração para atingirem áreas de desova ou
de alimentação

O tipo de migração mais conhecido em nosso país é a piracema, que é a migração


reprodutiva ascendente, ou seja, de jusante para montante do rio, local onde liberam
seus óvulos. Para que a reprodução se dê, é necessário que o peixe se movimente e
se canse através da migração ( piracema), que ocorre apenas uma vez por ano.

Escada Para Peixe


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A primeira escada para peixes localizada no Brasil se encontra na barragem da UHE
Itaipava Rio Pardo, construída em 1911.

Ambas as Usinas de Piraju e Ourinhos são dotadas de escadas para peixe para
atender as leis ambientais para preservação da ictiofauna. A mesmas devem operar
hidraulicamente adequada para atender a necessidade ou capacidade biológica dos
peixes com a maior eficiência e menor seletividade.

É importante quando da construção de escadas para peixes o pleno conhecimento da


ictiofauna da região para que a estrutura da escada atenda a população de peixes
daquele local.

Vários são os aspectos que podem ser abordados em uma pesquisa sobre ictiofauna,
tais como:
 A velocidade com que os peixes nadam;
 A época e os métodos de migração devem ser conhecidos a fim de se poderem
projetar adequadamente as estruturas para passagens dos peixes ;
 Volume dos Cardumes.

Sendo os canais de ictiofauna mecanismos cujo processo de transposição se baseia


na locomoção do peixe, é de extrema importância que a velocidade do escoamento na
estrutura não ultrapasse o valor limite suportado pelo peixe, o que geraria uma
seletividade em termos de espécies capazes de transpor a estrutura. Logo, em canais
de migração, variáveis como as distribuições de velocidades, a vazão na entrada do
canal, os níveis de pressão, entre outras, devem ser os principais fatores de estudo, no
intuito de gerar conhecimento sobre esse tipo de estrutura.

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FIG.30 - Escada de Peixes Usina Ourinhos

Sem a construção da escada para peixes, os mesmo ficariam presos a jusante da


barragem, e isso poderiam ter um impacto negativo sobre os ciclos de criação e estilo
de vida dos peixes.

Muitas barragens estão equipadas com escadas para peixes, muitas vezes para
satisfazer as exigências da legislação vigente, e algumas barragens transformaram
suas escadas de peixes em área de observação da vida selvagem, permitindo aos
visitantes observar os peixes à subida pela escada.

O termo “escada” pode parecer um pouco confuso para as pessoas que estão
tentando descobrir como um peixe poderia subir uma escada convencional.

Escadas de peixes são realmente feitas através da criação de uma série de piscinas.

FIG.31 - Escada de Peixes em construção


Observando na foto, verificamos que os peixes podem saltar de piscina em piscina, até
chegar do outro lado da barragem, o lado montante.

Segundo os biólogos os peixes pequenos fazem a transposição do lado jusante para o


montante em saltos descansando entre as barreiras, enquanto os peixes maiores
realizam a transposição sem saltar subindo direto através dos vãos da escada.

Há um número de diferentes modelos e configurações para as piscinas. Especialmente


para as grandes barragens, algumas usinas utilizam um elevador em vez de escada de
peixe. Assim como um elevador de pessoas, um elevador de peixe enche de
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passageiros e, em seguida, sobe ao topo da barragem realizando a transposição dos
peixes.

Dependendo da localização das escadas de peixes, podem ser referidos como


mecanismos de transposição de passagens para peixes, ou etapas de escada de
peixe.

Em alguns casos, a escada de peixe pode ser montada em uma câmara de vidro ao
lado da represa, permitindo que os observadores possam ver os peixes subindo a
escada.

Isso pode ser útil para os biólogos que querem estudar o movimento das populações
de peixes e ver como as barragens estão impactando os peixes em uma determinada
região.

Visitantes podem também assistir o peixe saltando.

As pessoas têm reconhecido o impacto das barragens, pelo menos desde 1600,
quando as escadas de peixes começaram a ser construída. Versões modernas pouco
diferem das escadas de peixes do século 18 e 19, que ilustram a solidez do projeto
básico de peixe escada.

Escada Para Peixes na Usina de Ourinhos

Na parede da direita logo no inicio da escada foram instalados três visores de vidro
para a observação da passagem dos peixes.

Essa atração visa principalmente os mostrar aos visitantes (alunos) a eficiência da


escada na preservação das espécies de peixes existentes no rio como piaparas, piaus,
lambaris, campineiros, dourados, etc...

Controle da Vazão da Escada

Para o controle da vazão na escada foi instalada uma comporta que possui como
sistema de acionamento um volante de fuso, sendo manobrada apenas no modo
manual.

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Em condições normais a comporta permanece com abertura de 1,80 m mantendo
vazão suficiente para fins ambientais.

O mecanismo de acionamento permanece bloqueado por cadeado.

Durante o período principal de operação da escada para peixes, durante a piracema


entre os meses de setembro a março, período das cheias, todos os sistemas podem
estar operando simultaneamente, porem a escada para peixes deverá operar
ininterruptamente durante todo o ano mesmo durante a estiagem somente com o
sistema gerador funcionando.

Geometria e Traçado

O percurso total para a transposição de peixes tipo escada é de aproximadamente


370,00 m, dividido em três trechos com declividades longitudinais diferentes para
minorizar os custos de construção, formando um perfil com as inclinações de 10, 8 e
1,54% no sentido da subida dos peixes.

As áreas de contato direto com os peixes como paredes transversais (orifícios,


soleiras, fundação) entrada e saída possuem contornos estruturais suaves
(arredondados) para evitar danos aos peixes.

A disposição das paredes transversais foram construídas em forma de labirintos de


modo a alternar a disposição dos dispositivos de passagem de peixes (orifício e
soleiras), segundo espaçamento determinado em função da declividade longitudinal,
obedecendo-se desnível geométrico de 0,40 m favorecendo a oxigenação do tanque,
campos de velocidades inferiores à capacidade natatória dos peixes e correntes
favoráveis.
A entrada da escada foi potencialmente executada para atrair peixes de couro e
escamas assim o seu fundo coincidiu com o fundo da margem molhada para permitir o
acesso de peixes de couro, uma vez que a passagem opera durante todo o ano,
inclusive à noite, para permitir a descida dos peixes após a reprodução e o livre
transito de peixes, exceto para manutenção e limpeza nos períodos fora da piracema.

Profundidade da Lâmina D’água

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As profundidades da lamina d’água no canal e nos tanques são em média 1,20 m e
não inferiores a 1,00 m, que atende a forma das paredes transversais e as
declividades longitudinais, suficientes para o transito simultâneo dos cardumes.

A lamina d'água sobre a soleira maior e menor não deverá ser inferior a 0,30 e 0,60 m
respectivamente.

Considerando que o reservatório não possui depleção, opera a fio d'água na cota
398,00, não foi necessário construir uma estrutura de saída com controle de níveis. Foi
instalada uma comporta tipo gaveta, de modo a permitir uma lamina d'água constante
e igual a 1,30 m.

Monitoramento

A equipe de operação deve efetuar inspeções periódicas na escada para peixes


verificando principalmente a ocorrência de entulhos na adução da mesma bem como o
estado dos vidros e degraus-tanques, emitindo anomalias em caso de necessidade e
informando a gerência e a equipe de manutenção.

No período de cheias, verificar a necessidade de reduzir a abertura da comporta da


mesma uma vez que a elevação do nível montante altera a vazão da escada
aumentando a pressão sobre as paredes laterais e vidros de observação.

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