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Mateus Soares Da Silva Xaxá - Bloco Mattone PDF
Mateus Soares Da Silva Xaxá - Bloco Mattone PDF
CAMPUS MOSSORÓ
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
MOSSORÓ – RN
2013
MATEUS SOARES DA SILVA XAXÁ
MOSSORÓ – RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação
da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
X1c Xaxá, Mateus Soares da Silva.
44f. : il.
CDD: 691.2
Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, por todas as conquistas até aqui alcançadas. A minha família,
por todo o apoio e incentivo. Igualmente aos amigos que estiveram ao meu lado. E a minha
orientadora, Marineide Jussara Diniz, por todo apoio e conselhos para a realização deste
trabalho.
RESUMO
Entre os materiais benéficos aos seres humanos tem-se a terra crua que os acompanha
desde os primórdios da humanidade. A construção com terra, largamente utilizada por nossos
antepassados, é uma manifestação marcante do uso de recursos naturais abundantes na
convivência do Homem com a Natureza. Atualmente, o uso da terra como material de
construção pode ser distinguido de dois modos: a sobrevivência dos sistemas construtivos
primitivos, preservados pela carência em que vivem algumas populações; ou pelo uso de
técnicas inovadoras, incentivadas pelas investigações em universidades e outras instituições,
caracterizadas pela simplicidade, eficácia e baixo custo. O solo-cimento é uma das
possibilidades do uso da terra para a produção de edificações. A mistura da terra e cimento,
devidamente dosada e compactada, adquire resistência e apresenta durabilidade compatíveis
com os critérios necessários para a construção de edificações. Este trabalho mostra a aplicação
da técnica solo-cimento conhecida como BTC – Blocos de terra compactado, tipo Mattone.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2. METODOLOGIA............................................................................................................... 12
A terra é um das matérias mais abundantes no planeta. Assim sendo, possui um excelente
potencial para ser utilizado como base para a construção, apresentando ainda as vantagens de
sua utilização não necessitar de processos de transformação dispendiosa em termos energéticos,
apresentar um bom comportamento térmico e acústico, ser reutilizável e reciclável, ser atóxico
e incombustível. As construções podem ser feitas completas ou parcialmente de terra,
dependendo fundamentalmente da sua localização, do clima, dos recursos disponíveis, do custo
e do uso que se fará do mesmo, podendo as paredes ser erguidas de forma monolítica ou não,
utilizando-se elementos construtivos na forma de tijolos, blocos ou painéis.
Para a construção com terra, é preciso conjugar duas condições básicas: a existência da
matéria-prima em abundância e o conhecimento adequado das técnicas de construção. A terra
crua e o solo-cimento utilizam como matéria-prima bruta a própria terra, necessitando apenas
da energia mecânica humana para a sua fabricação, ou seja, moldagem. Além de poderem ser
utilizadas com facilidade por indivíduos de menor poder econômico, é excelente agente de
integração entre comunidades carentes, seja em nível de formação de mão-de-obra
especializada, seja em nível de implementação de programas de moradias populares construídas
pela comunidade, o que acarreta ganhos nos aspectos social, econômico e ambiental.
As inovações científicas e tecnológicas do último século, sobretudo no que diz respeito às
soluções de estabilização do solo melhoraram significativamente a construção em terra: a sua
durabilidade, economia, sustentabilidade e estética. Fazendo uso das atuais tecnologias e de
certa forma respondendo à necessidade de maior rapidez na execução das construções, surge
assim o Bloco de Terra Compactado designado por BTC.
O presente trabalho mostra a aplicação da técnica de solo-cimento conhecida como BTC -
Bloco de Terra Compactado, do tipo Mattone, enumerando algumas vantagens oferecidas pelo
emprego deste material na construção.
2. METODOLOGIA
Na elaboração deste estudo foi feita pesquisa, em forma de revisão bibliográfica, sobre
o que existe em termos de tecnologia construtiva ao nível de paredes de alvenaria com particular
atenção aos blocos de solo-cimento(BTC), tipo Mattone.
Objetivo foi conhecer, através do estudo e pesquisa de trabalhos anteriores, a evolução
dos sistemas construtivos de alvenarias com solos desde os primórdios da humanidade até aos
nossos dias.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Generalidades
Em quase todos os climas semiáridos e temperados do mundo, a terra tem sido o material
de construção predominante. Ainda hoje, um terço da humanidade vive em moradias de terra,
e em países em desenvolvimento isto representa mais da metade da população. (MINKE, 2005)
Não é consensual a data em que o homem começou a utilizar a terra na construção.
Minke refere que deve ter sido há mais de 9.000 anos, baseando essa convicção na descoberta
de habitações no atual Turquemenistão à base de blocos de terra (adobe) datadas de um período
entre 8.000 a 6.000 A.C. Já Pollock afirma que a utilização da terra para construção remonta ao
período de El-Obeid na Mesopotâmia (5.000 a 4.000 A.C). Por outro lado, Berge refere que
datam de 7.500 A.C os exemplares mais antigos de blocos de adobe, os quais foram descobertos
na base do rio Tigres, pelo que na sua opinião as habitações em terra poderão ter começado a
ser usadas há mais de 10.000 anos. Não parece contudo ser muito relevante saber se a
construção em terra se iniciou há mais de 9.000 ou há mais de 10.000 anos. Porém, não se estará
muito longe da verdade se admitir-se que a construção em terra tenha tido o seu início
juntamente com o início das primeiras sociedades agrícolas num período cujos conhecimentos
atuais remontam entre 12.000 a 7.000 A.C. São inúmeros os casos de construções em terra, que
executadas há alguns milhares de anos conseguiram chegar ao século XXI. O Templo de
Ramsés II em Gourna (figura 1), construído em adobe há 3.200 anos é um deles. Também a
Grande Muralha da China (figura 2), cuja construção se iniciou há aproximadamente 3.000 anos
apresenta trechos bastante extensos construídos em taipa. Importante também ter presente que
muitos trechos que inicialmente foram construídos em taipa só mais tarde que foram revestidos
com alvenaria de pedra. (TORGAL; JALALI, 2009)
Figura 1 - Almacenes, templo de Ramsés II, Gourna, Egito
3.2.3. Pau-a-Pique
O pau-a-pique é também conhecido como taipa de sopapo, taipa de mão, taipa de sebe
e barro armado, nessa técnica a terra tem função de preencher os vazios deixados pelo
entrelaçamento de madeiras, ou seja, seu papel é quase de coadjuvante. A técnica consiste em
construir um entramado de madeira (figura 10), usa-se muito o bambu, e o barro é lançado e
batido com as mãos. O pau-a-pique serve como elemento de vedação, geralmente usado como
paredes internas das edificações, mas também pode ser parede externa. (BORGES;
COLOMBO, 2009)
Figura 10 – Estrutura (entramado) de Madeira
3.2.5. Cob
Esta técnica utiliza a mesma massa do adobe, porém diretamente no local da
construção. São feitas bolotas com a massa e essas são assentadas umas ao lado das outras em
camadas de até 20 cm. Faz-se todo o perímetro do cômodo a ser construído de uma só vez,
respeitando as camadas. Cada camada deve estar bem seca antes de se começar a próxima
camada. (ECOD, 2012)
Os cuidados com a fundação e cobertura são os mesmos que para as demais construções
com terra crua. Esta técnica permite que se façam cômodos circulares e se agreguem esculturas
na própria estrutura das paredes (Figura 14). (ECOD, 2012)
Figura 14 - Escultura em parede de Cob
3.3.1.3. Moldagem
A modelagem do tijolo é feita através de uma prensa. A escolha desta é importante, pois
quanto maior for a compactação proporcionada por ela, melhor será o seu produto.
A prensa utilizada na produção dos blocos Mattone é a prensa manual Altech GEO 50
(Figura 25, 26 e 27). Esta comprime o solo exercendo pressões da ordem de 2 MPa. A forma
desta prensa foi modificada para que o produto adquirisse a forma idealizada pelo professor
Mattone.
Figura 25 - Prensa Altech GEO 50
3.3.1.4. Cura
Segundo Barbosa (2003) a saída rápida da água da mistura é prejudicial à qualidade dos
blocos. Ocorrendo a evaporação, não haverá tempo para que ocorra a reação desta com o
cimento, caindo a qualidade do produto. Além disso, pode ocorrer a retração do solo, gerando
fissuras no bloco, o que pode inutilizar o bloco.
Para evitar essa saída repentina da água, é de extrema importância realizar a cura. De
acordo com Barbosa, Mattone e Mesbah (2002), o método mais eficaz para a realização desta
é cobrir os tijolos com lona plástica assim que são fabricados. Um outro método consiste em
molhar os tijolos novos periodicamente, porém não é tão eficaz.
Segundo a NBR 10832 (ABNT, 1989), os tijolos de solo-cimento devem ser utilizados
no mínimos 14 dias após sua fabricação.
3.3.2.1. Locação
De acordo com Barbosa (2003), a locação deve ser feita de maneira tradicional, sendo
que o projeto já tenha previsto dimensões para os ambientes que correspondam a números
inteiros ou inteiros mais metade de tijolos, já que estes não permitem muita quebra, pode-se
apenas dividí-lo ao meio.
3.3.2.2. Fundação
O processo construtivo adotado para edificações com esse tipo de tijolo, a fundação é
de pedra. Nas paredes internas, no caso de não haver pedras suficientes, pode-se fazer uma vala
de 30 cm de largura e profundidade e preenchê-la com a mesma mistura na qual o tijolo foi
fabricado, compactando-a firmemente. As pedras devem ser assentadas com argamassa de
cimento, no caso de edificações maiores. Para as edificações menores, no caso de casas
populares, basta preencher os vazios com terra e ou areia.
Uma camada de concreto é colocada sobre as pedras, de 20 cm de largura e 7 cm a 8
cm de espessura, e um ferro de 6,3 mm, fazendo a armação pela parte superior das pedras. A
parte superior da cinta deve ficar no nível do piso (Figura 28).
Figura 28 - Detalhe da Fundação
3.3.2.4. Coberta
Sobre a cinta de concreto é colocado o madeiramento e cobertura. Pode-se por mais
fiadas de tijolo, caso se deseje um pé-direito mais alto.
O telhado pode ser o tradicional, com telhas cerâmicas tipo canal. Segundo Barbosa
(2003), com o intuito de barateá-lo, estuda-se a implementação de um telhado a base de cimento
produzido pelos próprios moradores. Também é estudada uma cobertura reforçada com fibra
se sisal.
No telhado, deve-se deixar um significativo beiral de pelo menos meio metro, de forma
a proteger o máximo a parede da ação das chuvas. (BARBOSA; MATTONE; MESBAH, 2002).
A utilização deste material de construção vem suprir boa parte das necessidades de
instalações de baixo custo e de baixo impacto ambiental, em grande parte das construções rurais
e urbanas brasileiras.
Essa técnica é de fácil assimilação por qualquer pessoa, utiliza somente materiais locais,
além de não necessitar de energia para a sua produção. Com a utilização de Tijolos Matonne de
solo-cimento, diminui-se o consumo de diversos produtos industrializados, que necessitam de
grandes queimas de energia para a sua fabricação.
As vantagens da utilização dos BTCs vão desde a sua fabricação até a sua utilização no
canteiro de obras, uma vez que os equipamentos utilizados (prensas manuais) são simples e de
baixo custo, possibilitando a operação dentro do próprio canteiro, e consequentemente
reduzindo custos com transporte, entrega, energia, mão de obra e impostos.
Apesar destas vantagens, as construções com terra sofrem constantemente o preconceito da
aceitação por parte das pessoas, as quais enxergam este material como sinônimo de pobreza e
de baixa durabilidade.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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