ACH3584 - Estatística II

Aulas 7 e 8: Intervalos de confiança

Alexandre Ribeiro Leichsenring

alexandre.leichsenring@usp.br

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Organização

1 Estimação
Intervalo com confiança arbitrária para a média (variância
conhecida)
Intervalo de confiança para a média com variância
desconhecida
Intervalo de confiança para a proporção

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Intervalo de confiança para a média com 95% de confiança
Vimos na aula 6 que o IC com 95% de confiança para a média pode ser
assim construído:
 
σ σ
IC(µ; 0, 95) = X̄ − 1, 96 √ ; X̄ + 1, 96 √
n n
observando que o termo 1,96 corresponde ao quantil z0,95 da normal padrão
tal que P(−z0,95 ≤ Z ≤ z0,95 ) = 0, 95:

Obs.1 Dizemos que γ = 0, 95 é o coeficiente de confiança.

Obs.2 Importante observar que para calcular o IC dessa forma é preciso
conhecer o valor de σ.
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Intervalo com confiança arbitrária para a média (variância conhecida)
Para um coeficiente de confiança qualquer γ, temos que usar o valor zγ tal
que:
P(−zγ ≤ Z ≤ zγ ) = γ, com Z ∼ N(0, 1).

O intervalo fica:
IC(µ; γ) = [X̄ − zγ σX̄ ; X̄ + zγ σX̄ ]
ou
σ σ
IC(µ; γ) = [X̄ − zγ √ ; X̄ + zγ √ ]
n n
Observe, também, que a amplitude do intervalo é
σ
L = 2zγ √
n
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Exemplo
Uma máquina enche pacotes de café com uma variância igual a 100 g2 . Ela estava
regulada para encher os pacotes com 500 g, em média. Agora ela se desregulou, e
queremos saber qual a nova média µ. Uma amostra de 25 pacotes apresentou média
igual a 485 g. Vamos construir um intervalo de confiança com 99% de confiança para
µ.

Solução O intervalo procurado tem a forma:

 
σ σ
IC(µ; 0, 99) = x̄0 − zγ √ ; x̄0 + zγ √
n n
γ = 0, 99. A questão está em descobrir zγ = z0,99 . Mas z0,99 é tal que:

P(−z0,99 ≤ Z ≤ z0,99 ) = 0, 99 ⇒ zγ = 2, 575

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Do enunciado, temos:
x̄0 é o valor observado de X̄ . Logo, x̄0 = 485
n = 25 e σ = 10, então σ
√ = √10 = 2.
n 25
Portanto,
IC(µ; 0, 99) = [485 − 2, 575 × 2 ; 485 + 2, 575 × 2]

ou seja,
IC(µ; 0, 99) = [479, 8 ; 490, 1]

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Intervalo de confiança para a média com variância desconhecida
Lembremos a forma do IC para a média com variância conhecida:
σ σ
IC(µ; γ) = [X̄ − zγ √ ; X̄ + zγ √ ]. (1)
n n

Se a variância populacional σ 2 não for conhecida, será preciso estimá-la a partir da

amostra usando: Pn 2
i=1 (xi − x̄)
S2 = ,
n−1
e utilizar a seguinte construção:
 
S S
IC(µ; γ) = X̄ − tγ √ ; X̄ + tγ √ , (2)
n n
onde tγ é o quantil da distribuição t-Student tal que P(−tγ ≤ t ≤ tγ ) = γ e
t ∼ t-Student com n − 1 graus de liberdade (g.l).

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 Tabela t-Student: Valores de tc tais que P(tn < tc ) = p

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Assim, se desconhecemos a variância populacional (contexto mais realista) e
queremos estimar um IC com 98% de confiança (γ = 0, 98) para µ , deveremos
encontrar o quantil da distribuição t-Student com n − 1 graus de liberdade tγ = t0,98
que satisfaz:
P (−tγ ≤ t ≤ tγ ) = 0, 98
Esse quantil depende do valor de n (tamanho da amostra). Se por exemplo temos
n = 25, devemos encontrar o quantil t com n − 1 = 24 graus de liberdade que satisfaz
a igualdade acima. A situação está ilustrada na figura abaixo:

Vemos que t0,98 satisfaz P(t ≤ t0,98 ) = 0, 99. Dessa forma, podemos consultar a
tabela da distribuição t-Sudent, examinando na linha correspondente a 24 graus de
liberdade e probabilidade acumulada 0, 99 e encontrar:
t0,98 = 2, 492.

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Exemplo
De 50.000 válvulas fabricadas por uma companhia retira-se uma amostra de
25 válvulas, e obtém-se a vida média de 800 horas e o desvio padrão
amostral de 100 horas. Qual o intervalo de confiança de 95% para a vida
média da população?

Solução Queremos construir um intervalo de confiança do tipo:

 
S S
IC(µ; γ) = x̄0 − tγ √ ; x̄0 + tγ √
n n
Temos:

n = 25
x̄0 = 800
S = 100

I Precisamos encontrar tγ , com n = 25 e γ = 0, 95.

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 Encontramos tγ = t24;0,95 = 2, 064
Logo, o intervalo fica:

 
S S
IC(µ; γ) = x̄0 − tγ √ ; x̄0 + tγ √
n n
 
100 100
= 800 − 2, 064 √ ; 800 + 2, 064 √
25 25
= [758, 72 ; 841, 28]

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Intervalo de confiança para a proporção

Conforme visto anteriormente, a proporção amostral p̂ tem

distribuição aproximadamente Normal com:
média µ = p;
p(1−p)
variância σ 2 = n

Lembrando que p̂ é uma média amostral, para encontrar o IC,

podemos usar essa formulação:

[x̄0 − 1, 96σx̄ , x̄0 + 1, 96σx̄ ]

Basta considerar que

x̄0 corresponderá à proporção p̂0 observada na amostra; e
q
σx̄ = p(1−p)
n

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Como não conhecemos p, podemos proceder de duas maneiras.

1 Usar o fato que p(1 − p) ≤ 14 , obtendo

r r
p(1 − p) 1 1
σx̄ = ≤ = √
n 4n 4n
Nesse caso, o IC com γ = 0, 95 (confiança 95%) é dado por:
 
1 1
IC[p; 0, 95] = p̂0 − 1, 96 √ , p̂0 + 1, 96 √
4n 4n

Obs. Este IC é chamado conservador, pois se p 6= 12 e estiver próximo

de zero ou de 1, então ele fornece um intervalo desnecessariamente
maior.
2 Alternativamente, pode-se substituir p(1 − p) por p̂(1 − p̂). Nesse caso,
o intervalo fica:
" r r #
p̂0 (1 − p̂0 ) p̂0 (1 − p̂0 )
IC[p; 0, 95] = p̂0 − 1, 96 , p̂0 + 1, 96
n n

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Exemplo
Numa pesquisa de intenção de votos com 400 pessoas, 60% delas disseram
ter preferência pelo candidato A. Calcule um intervalo de confiança para a
proporção de pessoas que têm a intenção de votar no candidato A.

Solução 1: IC conservador
 
1 1
IC[p; 0, 95] = p̂0 − 1, 96 √ ; p̂0 + 1, 96 √
4n 4n
Temos n = 400, p̂0 = 0, 6.
Portanto:
 
1 1
IC[p; 0, 95] = 0, 6 − 1, 96 · √ ; 0, 6 + 1, 96 · √
4 · 400 4 · 400
= [0, 551 ; 0, 649]

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Solução 2: IC não conservador
" r r #
p̂0 (1 − p̂0 ) p̂0 (1 − p̂0 )
IC[p; 0, 95] = p̂0 − 1, 96 ; p̂0 + 1, 96
n n
" r r #
0, 6(1 − 0, 6) 0, 6(1 − 0, 6)
= 0, 6 − 1, 96 ; 0, 6 + 1, 96
400 400
= [0, 6 − 0, 048 ; 0, 6 + 0, 048]
= [0, 552 ; 0, 648]

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Intervalo de confiança para a proporção com confiança arbitrária
O IC com 95% de confiança é um caso especial do IC com confiança
arbitrária γ, que por sua vez é construído da seguinte maneira:

IC conservador:

 
1 1
IC[p; γ] = p̂0 − zγ √ , p̂0 + zγ √
4n 4n
IC não conservador:

" r r #
p̂0 (1 − p̂0 ) p̂0 (1 − p̂0 )
IC[p; γ] = p̂0 − zγ , p̂0 + zγ
n n
onde zγ é o quantil da distribuição Normal Padrão tal que:

P(−zγ ≤ Z ≤ zγ ) = γ,

com Z ∼ N(0, 1).

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Exercício
Suponha que estejamos interessados em estimar a proporção
de habitantes de uma determinada cidade que atendem a um
determinado perfil alvo de uma política social. Tomamos uma
amostra de 300 pessoas e identificamos que 100 dessas
pessoas têm o perfil alvo da política social. Determine um
intervalo de 98 % de confiança para a proporção de pessoas
na cidade que têm o tal perfil.

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