SUPERIOR ÓRGÃO DE UMBANDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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ANO 2 - INFORMATIVO INTERNO 1 - SÃO PAULO 19/02/2007
DESPEDIDA DE TOY VODUNNON FRANCELINO DE SHAPANAN
Mensagens aos jovens:
“...Em primeiro lugar que sejam perseverantes,
nunca começar uma coisa hoje e amanhã por
qualquer motivo parar. Temos sempre que
acreditar no que fizemos e dar continuidade, ir até
o final...” [3]
O SOUESP pede a palavra,
Salve irmãos e irmãs de fé,
Salve irmãos e irmãs do axé,
No último dia 19 de fevereiro de 2007
nos despedimos de Francelino de
Shapanan.
Ícone no diálogo inter-religioso, Pai
Francelino trabalhou incansavelmente
para o crescimento e fortalecimento da
cultura afro-brasileira ,plantando a
semente da simpatia e respeito junto a
todas as nações,seguimentos religiosos
e principalmente junto às outras
religiões.
Pai Francelino comandou a Casa das
Minas Toya Jarina em Diadema - SP, foi
presidente do INTECAB e da Federação
dos Cultos Afro-Brasileiros de Diadema.
Peço agô,meus irmãos pois não tenho
autoridade suficiente para escrever
sobre este grandioso Pai que por
vontade suprema nos deixou para viver a
outra vida no Orun.Desta maneira
compartilho com todos e todas suas
próprias palavras publicadas no
Informativo Tambor.
Salve,saravá, axé.
Marcelo N.Santos - SOUESP
[1] Prandi, Reginaldo, Encantaria Brasileira, 2001, Editora Pallas.
[2] Epega, Sandra, Informativo Tambor, Ano 5, N° 53, 2004
[3] Epega, Sandra, Informativo Tambor, Ano 5, N° 56, 2004
“...Em segundo lugar fazer as coisas sempre
bem feitas, da melhor maneira possível. Outra
coisa muito importante é aprender muito cedo a
ouvir. Nós não podemos ser nem muito humildes
nem muito vaidosos. Temos que aprender a
dosar, humildade demais atrapalha. Nós temos
que ter certeza de nossos pontos de vista,
certeza no que fizemos, mas sempre,
aprendendo a ouvir..." [3]
No dia 20 de janeiro, o tambor-de-mina reverencia e
festeja Toy Lego Babicachu Xapanã., vodum
senhor e dono da terra, do panteão de Odan.
Nesse mesmo dia, em 1964, fui iniciado nos
mistérios dos voduns mina para essa divindade.
Nasci, cresci e fiquei maduro. Tive que renunciar a Jarina é flor
muitas coisas, sofri humilhações, fui discriminado, É flor do mar
mas não perdi minha fé nem traí minha opção Linda flor da cabaceira
religiosa, o tradicional tambor-de-mina.
Ela é linda flor do mar
Os anos foram se passando, e eu sempre tentando
melhorar e me superar. Em janeiro de 1974, vim
para o sudeste. Procurei ajudar muitos axés a Jarina é flor meus filhos
progredirem, mas sempre busquei, antes de mais É flor do mar
nada, ser aluno.
Jarina é flor dos meus filhos
Em 1977, deixei o Rio de Janeiro e abri minha casa
em São Paulo. Os voduns e encantados foram Dos orixás
maravilhosos comigo: só me fizeram avançar.
Passei então a me dedicar totalmente ás causas Lá na praia dos lençóis
das diversas religiões afro-brasileiras, pensando
É terra de encantaria
sempre no plural. Ganhei muitos amigos em todo o
Brasil e os tenho até hoje. Vem no balanço do mar
Tive a sorte de tem em minha vida criaturas Ela vem na maresia
especiais, sacerdotes maravilhosos; Mãe Dida de Vem chegando, vem entrando
Ogum, Mãe Joana de Xapanã e Pai Jorge de Abe
Vem saudando esse salão
Manjá, que me guiaram pelos caminhos
encantados do tambor e me fizeram prosperar É a princesa coroada
espiritualmente mais e mais. Filha do Rei Sebastião
Em minha casa, fui brindado com vodúnsis fiéis e
dedicados, e que continuam até hoje me ajudando
Galo cantou
muito. Ganhei um Pai pequeno, uma Mãe pequena,
uma Mãe criadeira inigualáveis, e outros filhos a Fora de hora
quem só tenho a agradecer, e que continuam Na praia dos Lençóis
tocando o nosso tambor-de-mina pelo Brasil afora. Onde Jarina a princesa mora. [1]
Recebi centenas de homenagens, diplomas,
condecorações, títulos e Oyê: o de Balogun no
Candomblé Keto de Babá Armando Akintundê e o
de Arabaitan Nile Egbé Ibualamo no de Babá José
Carlos de Ibualamo (keto). Fiz amigos católicos,
budistas, islâmicos, espíritas, umbandistas,
evangélicos, espiritualistas etc.
“....Sei que não progredi nem fiz nada sozinho.
Continuarei pensando sempre no plural...”
Toy Vodunnon Daho Laila Francelino de
Shapanan. [2]