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ANOTAÇÃO DE AULA
SUMÁRIO
O equilíbrio contratual consiste empregar num contrato firmado entre as partes elementos de IGUALDADE
MATERIAL (equilíbrio entre as prestações).
Na seara contratual, quando a CF assegura a LIBERDADE, a JUSTIÇA e a SOLIDARIEDADE podemos assim entender:
CC, art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Os CONTRATOS INSTANTÂNEOS são diversos dos CONTRATOS DE DURAÇÃO. Isso porque, contrato instantâneo é
aquele em que a execução ocorre simultaneamente ao momento da contratação.
contrato de execução sucessiva (ex.: contrato de leasing, contrato de promessa de compra e venda,
empreitada etc).
contrato de execução diferida: é aquele cuja eficácia será solucionada em certo termo (ex.: compra de
apartamento hoje, porém, o pagamento será feito após 60 dias).
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Existem riscos no contrato de duração? Sim, pois o risco (álea) é da essência de todo contrato.
São chamados de RISCOS PRÓPRIOS (NORMAIS) do contrato – são aqueles riscos perfeitamente estimáveis dentro
de uma previsão econômica. Com relação a esses riscos normais, NÃO haverá intervenção do ordenamento
jurídico.
Por outro lado, o ordenamento intervém nos chamados RISCOS IMPRÓPRIOS (ANORMAIS) – são aqueles que
acarretam à outra parte de forma superveniente o chamado LIMITE DO SACRIFÍCIO (intenso desequilíbrio).
Aduz o Enunciado 366, CJF – o fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que
não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação.
Pergunta: quais são os parâmetros objetivos (regra de proporcionalidade) pelos quais os juízes devem se guiar
para avaliar se o risco é próprio ou impróprio?
I – NATUREZA DO CONTRATO
“Quanto maior o proveito, maior o risco” – há contratos que pela própria essência se busca o proveito
econômico maior (a intervenção do poder judiciário é menor). Ex.: contrato de bolsa de valores.
Estabelece o Enunciado 35 da Jornada de Direito Comercial – não haverá revisão ou resolução dos contratos de
derivativos por imprevisibilidade e onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 a 480 do Código Civil).
II – CONJUNTURA DO MERCADO
A conjuntura do mercado diz respeito à previsibilidade dos agentes econômicos. Ex.: inflação.
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existência de um fato imprevisível em contrato de execução diferida, que imponha consequências indesejáveis e
onerosas para um dos contratantes. A par disso, o histórico inflacionário e as sucessivas modificações no padrão
monetário experimentados pelo País desde longa data até julho de 1994, quando sobreveio o Plano Real, seguido
de período de relativa estabilidade até a maxidesvalorização do real em face do dólar, ocorrida a partir de janeiro
de 1999, não autorizam concluir pela inexistência de risco objetivo nos contratos firmados com base na cotação
da moeda norte-americana, em se tratando de relação contratual paritária. REsp 1.321.614-SP, Rel. originário
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe
3/3/2015.
Pergunta: pode-se aplicar a teoria da alteração das circunstâncias em CONTRATOS ALEATÓRIOS? Em regra, não.
Contudo, eventualmente, pode-se aplicar a teoria da imprevisão aos CONTRATOS ALEATÓRIOS, porque por mais
que uma das prestações seja incerta, o risco tem um preço, ou seja, toda álea tem um valor.
Aduz o Enunciado 440 do CJF – é possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos
aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida
no contrato.
DIREITO CIVIL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA "FERRUGEM ASIÁTICA" COMO FATO EXTRAORDINÁRIO E IMPREVISÍVEL
PARA FINS DE RESOLUÇÃO DO CONTRATO.
A ocorrência de “ferrugem asiática” na lavoura de soja não enseja, por si só, a resolução de contrato de compra e
venda de safra futura em razão de onerosidade excessiva. Isso porque o advento dessa doença em lavoura de soja
não constitui o fato extraordinário e imprevisível exigido pelo art. 478 do CC/2002, que dispõe sobre a resolução
do contrato por onerosidade excessiva. Precedente citado: REsp 977.007-GO, Terceira Turma, DJe 2/12/2009. REsp
866.414-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2013.
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Aduz o Enunciado 175 do CJF – a menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do
Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em
relação às conseqüências que ele produz.
Significa que uma pessoa deve provar ao juiz que aquele fato extraordinário e imprevisível trouxe a ela enorme
perda econômica (onerosidade excessiva).
ATENÇÃO: o CC errou flagrantemente, porque criou um “efeito gangorra” – o art. 478 requer um nexo causal
entre a perda de uma parte e o ganho da outra. Isto está EQUIVOCADO de forma fática (nem sempre aquele que
sofre o prejuízo [onerosidade excessiva] gera ganho para a parte adversa) e jurídica (haverá confusão da teoria da
alteração das circunstâncias com a teoria do enriquecimento sem causa).
Estabelece o Enunciado 365 do CJF – a extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento
acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por
onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena.
Pergunta: havendo adimplemento integral das prestações numa conjuntura negativa, a pretexto de requerer
devolução do que foi pago em razão de onerosidade excessiva, pode-se invocar a teoria da alteração das
circunstâncias? NÃO, sob pena de configurar venire contra factum proprium (abuso do direito).
Atenção: nas relações jurídicas interempresariais, as regras da onerosidade excessiva do CC são SUBSIDIÁRIAS,
uma vez que podem estabelecer parâmetros objetivos próprios.
Diz o Enunciado 23 do CJF – em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros
objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual.
A teoria da imprevisão acarreta a resolução do contrato (resolução é a desconstituição do negócio jurídico [ex
nunc]) – implica na ineficácia superveniente.
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do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação.
Contudo, a fim de evitar a resolução, o réu da ação de resolução pode na contestação pleitear a revisão das
cláusulas para retirar a outra parte da situação de onerosidade excessiva.
Estabelece o Enunciado 367 do CJF – em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que
tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo eqüitativamente,
desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vontade e observado o contraditório.
NCPC, art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem
que ela seja previamente ouvida.
Aduz o Enunciado 176 do CJF – em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do
Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução
contratual (a preferência do ordenamento é pela revisão, em que pese o art. 478 somente se refira à revisão).
Nesse sentido, leciona o Enunciado 439 do CJF – a revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no
Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, observar-se-á a
sofisticação dos contratantes e a alocação de riscos por eles assumidas com o contrato.
Pergunta: a teoria da alteração das circunstâncias se aplica aos CONTRATOS UNILATERAIS? Sim.
Esse dispositivo se aplica ao CONTRATO DE MÚTUO – a única obrigação é do mutuário em restituir o empréstimo.
A distinção significativa é no sentido do aspecto TOPOGRÁFICO, pois o art. 478 está no capítulo dos contratos
(relação contratual), ao passo que o art. 317 está inserido na teoria geral das obrigações (ex.: ato ilícito [acidente
de trânsito] e direito de alimentos).
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Superada essas questões, passemos a outro prisma da alteração das circunstâncias.
V - defesa do consumidor;
Perceba que esse dispositivo fez uma compatibilização entre a ordem econômica e a proteção do consumidor.
Nesse sentido, o CDC dispensa a imprevisibilidade do fato superveniente, porque pela teoria da base objetiva do
negócio jurídico basta a superveniência de extrema onerosidade para as partes.
Pergunta: é possível aplicar a teoria da base objetiva do negócio jurídico para o CC? Não, porque ela serve apenas
para o CDC, ou seja, caso aplicada no CC, ela acarretaria insegurança jurídica ante a paridade contratual vigente
no diploma civil.
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diferida ou continuada para que seja possível a postulação de sua revisão ou resolução, em virtude da incidência
da teoria da base objetiva. O requisito de o fato não ser previsível nem extraordinário não é exigido para a teoria
da base objetiva, mas tão somente a modificação nas circunstâncias indispensáveis que existiam no momento da
celebração do negócio, ensejando onerosidade ou desproporção para uma das partes. Com efeito, a teoria da
base objetiva tem por pressuposto a premissa de que a celebração de um contrato ocorre mediante consideração
de determinadas circunstâncias, as quais, se modificadas no curso da relação contratual, determinam, por sua
vez, consequências diversas daquelas inicialmente estabelecidas, com repercussão direta no equilíbrio das
obrigações pactuadas. Nesse contexto, a intervenção judicial se daria nos casos em que o contrato fosse atingido
por fatos que comprometessem as circunstâncias intrínsecas à formulação do vínculo contratual, ou seja, sua base
objetiva. Em que pese sua relevante inovação, a referida teoria, ao dispensar, em especial, o requisito de
imprevisibilidade, foi acolhida em nosso ordenamento apenas para as relações de consumo, que demandam
especial proteção. Ademais, não se admite a aplicação da teoria do diálogo das fontes para estender a todo
direito das obrigações regra incidente apenas no microssistema do direito do consumidor. De outro modo, a teoria
da quebra da base objetiva poderia ser invocada para revisão ou resolução de qualquer contrato no qual haja
modificação das circunstâncias iniciais, ainda que previsíveis, comprometendo em especial o princípio pacta sunt
servanda e, por conseguinte, a segurança jurídica. Por fim, destaque-se que, no tocante às relações contratuais
puramente civis, quer dizer, ao desamparo das normas protetivas do CDC, a adoção da teoria da base objetiva, a
fim de determinar a revisão de contratos, poderia, em decorrência da autuação jurisdicional, impor indesejáveis
prejuízos reversos àquele que teria, em tese, algum benefício com a superveniência de fatos que atinjam a base do
negócio. REsp 1.321.614-SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015.
ATENÇÃO: não obstante a regra no CDC seja da revisão contratual, possibilita-se a ocorrência da RESOLUÇÃO.
CDC, art. 51, §2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não
invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos
esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das
partes.
QUESTÃO
Ano: 2013 / Banca: FCC / Órgão: TRT - 1ª REGIÃO (RJ) / Prova: Juiz do Trabalho Substituto
b) somente as relações de consumo estão sujeitas à resolução contratual por imprevisão em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, não havendo igual normatização no Código Civil.
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c) é preciso apenas que haja, em contratos de execução continuada ou diferida, onerosidade excessiva a uma das
partes, para que possa ela, independentemente de outros requisitos, pleitear a resolução do contrato,
retroagindo os efeitos da sentença que a decretar à data da citação.
d) é preciso que, nos contratos de execução continuada ou diferida, a prestação de uma das partes torne- se
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, hipótese em que poderá o devedor pedir a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da
sentença que a decretar à data da citação.
e) é preciso que, em contratos de execução imediata, continuada ou diferida, ocorra onerosidade excessiva a uma
das partes, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordiná- rios e imprevisíveis,
ocasião em que poderá o devedor postular a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da sentença à época
da citação.
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