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Engenharia

Econômica I

Edson de Oliveira Pamplona


José Arnaldo Barra Montevechi

2015
SUMÁRIO

1. Introdução
2. Matemática financeira
3. Análise de Alternativas de Investimentos
4. Análise de Investimento em Situação de Incerteza
5. Avaliação de Projetos e Negócios
Referências bibliográficas
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Os estudos sobre engenharia econômica iniciaram nos Estados Unidos em 1887, quando
Arthur Wellington publicou seu livro: "The Economic Theory of Railway Location", texto que
sintetizava análise de viabilidade econômica para ferrovias.

Engenharia econômica é importante para todos que precisam decidir sobre propostas
tecnicamente corretas, e seus fundamentos podem ser utilizados tanto para empresas privadas
como estatais.

Todo o fundamento da engenharia econômica se baseia na matemática financeira, que se


preocupa com o valor do dinheiro no tempo.

Podem-se citar como exemplos de aplicação:


 Efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia
transportadora;
 Fazer uma rede de abastecimento de água com tubos grossos ou finos;
 Substituição de equipamentos obsoletos;
 Comprar carro a prazo ou à vista.

Para fazer um estudo econômico adequado alguns princípios básicos devem ser considerados,
sendo os seguintes:
a) devem haver alternativas de investimentos. É infrutífero calcular se é vantajoso
comprar um carro à vista se não há condições de conseguir dinheiro para tal;
b) as alternativas devem ser expressas em dinheiro. Não á possível comparar
diretamente 300 horas/mensais de mão de obra com 500 kWh de energia.
Convertendo os dados em termos monetários teremos um denominador comum
muito prático. Alguns dados, entretanto são difíceis de converter em dinheiro.
Capítulo 1 - Introdução 1. 2

Exemplos que ocorrem muito nos casos reais são: boa vontade de um fornecedor,
boa imagem da empresa ou status. São os chamados intangíveis;
c) só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir
sobre o tipo de motor a comprar não interessa sobre o consumo dos mesmos se
forem idênticos;
d) sempre serão considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre existem
oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa. Ao se
aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta a maneira mais
rendosa de utilizá-lo;
e) nos estudos econômicos o passado geralmente não é considerado; interessa-nos o
presente e o futuro. A afirmação: não posso vender este carro por menos de $
10.000 porque gastei isto com ele em oficina não faz sentido, o que normalmente
interessa é o valor de mercado do carro.

Os critérios de aprovação de um projeto são os seguintes:


 Critérios financeiros: disponibilidade de recursos;
 Critérios econômicos: rentabilidade do investimento;
 Critérios imponderáveis: fatores não convertidos em dinheiro.

Neste curso, a atenção especial será sobre os critérios econômicos, ou seja, a principal
questão que será abordada é quanto à rentabilidade dos investimentos.
CAPÍTULO 2 – MATEMÁTICA FINANCEIRA

A Matemática Financeira se preocupa com o valor do dinheiro no tempo. E pode-se iniciar o


estudo sobre o tema com a seguinte frase:

“NÃO SE SOMA OU SUBTRAI QUANTIAS EM DINHEIRO QUE NÃO ESTEJAM NAS


MESMAS DATAS”

Embora esta afirmativa seja básica e simples, é absolutamente incrível como a maioria das
pessoas esquece ou ignoram esta premissa. E para reforçar, todas as ofertas veiculadas em
jornais reforçam a maneira errada de se tratar o assunto. Por exemplo, uma TV que à vista é
vendida por R$5.000,00 ou em 6 prestações de R$1.000,00, acrescenta-se a seguinte
informação ou desinformação: total a prazo R$6.000,00. O que se verifica que se somam os
valores em datas diferentes, desrespeitando o princípio básico, citado acima, e induzindo a se
calcular juros de forma errada. Esta questão será mais bem discutida em item deste capítulo.

Uma palavra que é fundamental nos estudos sobre matemática financeira é JUROS. Para
entendermos bem o significado desta palavra vamos iniciar observando a figura II.1. Cada um
dos fatores de produção é remunerado de alguma forma. Como se pode entender, então, os
juros é o que se paga pelo custo do capital, ou seja, é o pagamento pela oportunidade de poder
dispor de um capital durante determinado tempo. A propósito estamos muito acostumados
com "juros", lembrem dos seguintes casos:
1. Compras a crédito;
2. Cheques especiais;
3. Prestação da casa própria;
4. Desconto de duplicata;
5. Vendas a prazo;
6. Financiamentos de automóveis;
7. Empréstimos.
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 2

Como se pode ver o termo é muito familiar se lembrarmos do nosso dia a dia. Podemos até
não nos importar com a questão, mas a pergunta que se faz é: o quanto pagamos por não
considerarmos adequadamente a questão? E concluindo, nota-se a correspondência entre os
termos "juros" e "tempo", que estão intimamente associados.
A seguir será discutido o que são juros simples e juros compostos, além de outros pontos
importantes em matemática financeira.

II.1 - JUROS SIMPLES


Ao se calcular rendimentos utilizando o conceito de juros simples, tem-se que apenas o
principal, ou seja, o capital inicial, rende juros. O valor destes juros pode ser calculado pela
seguinte fórmula:

J=P.i.n
onde:
 P = principal
 J = juros
 i = taxa de juros
 n = número de períodos

O valor que se tem depois do período de capitalização, chamado de valor futuro (F), pode ser
calculado por:

F=P+J
F = P + P.i.n
F = P(1 +i.n)

A fórmula acima é pouco utilizada, porque na maioria dos cálculos em matemática financeira
usam-se juros compostos que será discutido a seguir.
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 3

Figura II.1 - Fatores da produção considerados em economia

II.2 - JUROS COMPOSTOS


Com juros compostos, no final de cada período, o juro é incorporado ao principal ou capital,
passando assim a também render juros no próximo período. Podemos deduzir a expressão da
seguinte maneira:

 No primeiro período:
F1 = P + P . i = P . (1 + i)
 No segundo período:

F2 = F1 + F1 . i = F1 . ( 1 + i) = P . (1 + i).(1 + i) = P . (1 + i)2
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 4

 No terceiro período:

F3 = F2 + F2.i = F2 . (1 + i) = P . (1 + i)2. (1 + i) = P . (1 + i)3

Se generalizarmos para um número de períodos igual a n, tem-se a expressão geral para


cálculo de juros compostos, dada por:

F = P . (1 + i)n

A fórmula acima é muito utilizada, e através dela pode-se constatar que para o primeiro
período o juro simples é igual ao juro composto.

EXEMPLO II.1 - Para um capital de R$ 100.000,00 colocado a 20% a.a. durante 3 anos,
qual o valor futuro para os casos de considerarmos juros simples e juros compostos?

FIM DO ANO JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS

O
1
2
3
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 5

EXEMPLO II.2 - Vamos fazer uma aplicação em CDB de R$ 30.000 a uma taxa de 1,4 %
para um período de 1 ano. Qual o valor dos juros? Quais os juros líquidos? Qual o valor da
rentabilidade líquida mensal? Em relação à poupança esta aplicação é interessante

II.3 - FLUXO DE CAIXA

É a representação gráfica do conjunto de entradas (receitas) e saída (despesas) relativo a certo


intervalo de tempo. Um exemplo de fluxo de caixa pode ser visto na figura II.2.

Figura II.2 - Fluxo de caixa


Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 6

A engenharia econômica vai trabalhar com gráficos do tipo da figura II.2, assim como os
fundamentos da matemática financeira.
Os gráficos de fluxo de caixa devem ser feitos do ponto de vista de quem faz a análise. Para
entender este conceito, vamos imaginar que uma máquina custa R$ 20.000,00 à vista ou 5
prestações de R$ 4.800,00. Para a venda a vista o fluxo de caixa é diferente do ponto de vista
do comprador para o do vendedor, isto pode ser visto na figura II.3.

Figura II.3 - Fluxo de caixa sobre diferentes pontos de vista

II.4 - RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA


As relações de equivalência permitem a obtenção de fluxos de caixa que se equivalem no
tempo. Para calcular as relações uma ferramenta que é muito utilizada é o Excel.

A simbologia que será utilizada é:


 i = taxa de juros por período de capitalização;
 n = número de períodos a ser capitalizado;
 VP = quantia de dinheiro na data de hoje;
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 7

 VF = quantia de dinheiro no futuro;


 PGTO = série uniforme de pagamento.

II.4.1 - Relações entre P e F


Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.4 a seguir.

Figura II.4 - Equivalência entre P e F

O valor VF pode ser obtido por:

VF = VP. (1 + i)n

O fator (1 + i)n é chamado de fator de acumulação de capital de um pagamento simples.


Para achar VP a partir de VF, o princípio é o mesmo apresentado no caso anterior. A
expressão analítica é:

VP = VF/(1 + i)n

O fator 1/(1 +i)n é chamado de valor atual de um pagamento simples.


Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 8

EXEMPLO II.3 - Conseguiu-se um empréstimo de R$ 10.000,00 em um banco que cobra


5% ao mês de juro. Quanto deverá ser pago se o prazo do empréstimo for de cinco meses?

EXEMPLO II.4 - Uma aplicação financeira de R$ 200.000,00 rendeu após 7 meses o valor
de R$ 300.000,00. Qual a taxa mensal "média" de juros desta aplicação?

EXEMPLO II.5 - Uma aplicação de R$ 200.000,00 efetuada em uma certa data produz, à
taxa composta de juros de 8% ao mês, um montante de R$370.186,00 em certa data futura.
Calcular o prazo da operação.
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 9

II.4.2 - Relações entre PGTO e VP

Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.5 a seguir.

Figura II.5 - Equivalência entre PGTO e VP

Para se calcular VP a partir de PGTO, pode-se deduzir a seguinte expressão:

VP = PGTO (1 +i) -1 + PGTO (1 + i) -2 + PGTO (1 +i) -3 + ..... + PGTO (1 +i) -n

VP = PGTO [(1 + i) -1 + (1 + i) -2 + (1 +i) -3 +..... + (1 +i) -n]

Nota-se que o termo que multiplica A é o somatório dos termos de uma PG, com número

limitado de elementos, de razão (1+ i)-1. A soma dos termos pode ser calculada pela seguinte
expressão:

a - a .r
S = 1 n
n 1-r
Que resulta em:
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 10

 n 
(1  i) -1
VP = PGTO  n

 
 (1 + i) . i 

Das expressões que relacionam VP e PGTO, pode-se chegar à maneira de se calcular PGTO
a partir de VP. Esta relação é dada por:

 n 
(1  i ) .i
PGTO = VP  n 


 (1 + i )  1 

EXEMPLO II.6 - Um empresário pretende fazer um investimento no exterior que lhe


renderá US$ 100.000 por ano, nos próximos 10 anos. Qual o valor do investimento, sabendo-
se que o empresário trabalha com taxa de 6% ao ano?

EXEMPLO II.7 - O que é mais interessante, comprar uma TV LED por R$ 4.000,00 à vista,
ou R$ 4.410,00 em 3 vezes, sendo a primeira prestação no ato da compra?
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 11

EXEMPLO II.8 - Vale a pena pagar à vista com 20% de desconto ou a prazo em 3
pagamentos iguais, sendo o primeiro hoje?

EXEMPLO II.9 - Calcular a prestação de um financiamento de valor de R$2.000,00 com 8


pagamentos iguais, considerando uma taxa de 13 % ao mês.
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 12

II.4.3 - Relações entre VF e PGTO

Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.6 a seguir.

Figura II.6 - Equivalência entre PGTO e VF

Para se calcular VF a partir de PGTO, pode-se deduzir a seguinte expressão:

VF = PGTO + PGTO (1 +i) 1 + PGTO (1 + i) 2 + PGTO (1 +i) 3 + ... + PGTO (1 +i) n -1

VF = PGTO [ 1 + (1 + i) 1 + (1 + i) 2 + (1 +i) 3 + ..... + (1 +i) n - 1]

Nota-se que o termo que multiplica PGTO é o somatório dos termos de uma PG, semelhante

a relação entre VP e PGTO vista antes, com número limitado de elementos, de razão (1+ i) 1.
A soma dos termos calculada pela fórmula de somatório dos termos de uma PG finita leva a
seguinte expressão:

 n 
(1  i) -1
VF = PGTO  
 i 
 
Das expressões que relacionam VF e PGTO, pode-se chegar a maneira de se calcular PGTO
a partir de VF. Esta relação é dada por:
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 13

 
i
PGTO = VF  
 (1 + i)n  1 
 

EXEMPLO II.10 - Quanto deve-se depositar anualmente numa conta a prazo fixo que paga
juros de 12% ao ano, para se ter R$ 500.000,00 daqui a 14 anos?

II.5 - SÉRIES PERPÉTUAS

Estas séries também chamadas infinitas ou custo capitalizado tem estes nomes devido a
possuírem um grande número de períodos. Este é um fato comum em aposentadorias,
mensalidades, obras públicas, etc...

O valor presente da série uniforme infinita é:


Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 14

 n 
(1  i) -1
VP = PGTO  n

 (1 + i) . i 
 

 n 
(1  i) -1
VP = limn   PGTO  
 (1 + i)n . i 
 

 
1 1
VP = PGTO limn     
 i (1 + i)n .i 
 

1
VP = PGTO.
i

EXEMPLO II.11 - Quanto deverei depositar em um fundo com a finalidade de receber para
sempre a importância anual de R$ 12.000,00 considerando ser a taxa anual de juros igual a
10%?

EXEMPLO II.12 - Qual a menor quantia que um grupo deve cobrar hoje, para dar uma renda
anual de R$ 6.000?
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 15

II.6 - TAXA EFETIVA, NOMINAL E EQUIVALENTE


Taxa efetiva de juros é aquela em que a unidade de tempo coincide com a unidade do período
de capitalização. Como exemplo pode-se pensar 140 % ao ano com capitalização anual, esta é
uma taxa efetiva, pois há coincidência entre as unidades de tempo da taxa e o período de
capitalização. Outro exemplo de taxa efetiva é 10% ao mês com capitalização mensal, que da
mesma maneira é uma taxa efetiva.
A taxa efetiva é que tem de ser utilizada na maioria dos cálculos em matemática financeira e
engenharia econômica, por isto tem de estar muito claro seu significado e a equivalência entre
ela e outras maneiras de se apresentar taxas de juros.
Vejamos primeiramente a equivalência entre duas taxas efetivas:

VF = VP(1  i )12 (1)


m
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 16

VF = VP(1  i )1 (2)
A
Como (1) = (2), tem-se que:

12 1
(1  i m ) = ( 1 + i A )
Do mesmo modo, pode-se relacionar:

360 12 1 2
(1 + i d ) = (1  i m ) = ( 1 + i A ) = (1 + i s )

A taxa nominal, ao contrário da efetiva, a unidade de tempo da taxa é diferente do tempo do


período de capitalização. Como exemplo, pode-se pensar nos seguintes casos, 120% ao ano
com capitalização mensal ou 15% ao mês com capitalização anual. É preciso tomar cuidado
com o uso deste tipo de taxa em cálculos, frequentemente ela é imprópria para o uso, e então é
necessário convertê-la para uma efetiva correspondente. Existe confusão quanto a esta taxa, e
muitas vezes são usadas para mascarar realmente qual a taxa de juros que esta envolvida no
empreendimento.
Para converter taxa nominal em efetiva pode-se utilizar o seguinte raciocínio:

m
VF = VP(1 + i) (3)
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 17

VF = VP(1 + iE) (4)


Como iN = i x m e (3) = (4), tem-se:
m
(1 + i)  (1 + iE)
m
iE = (1 + i) - 1
m

iE = 1 +
iN  -1
 m 

Com a expressão acima se pode converter uma taxa nominal em uma efetiva.
Um cuidado importante quanto a estas taxas apresentadas, é o entendimento do conceito que
esta por trás de cada uma. Na literatura existente e no próprio mercado financeiro existem
diferenças quanto à nomenclatura. O que é necessário estar certo na hora de se fazer um
cálculo é se o tempo da taxa coincide com seu período de capitalização.

EXEMPLO II.13 - A taxa do sistema financeiro habitacional é de 12% ao ano com


capitalização mensal, portanto é uma taxa nominal, achar a efetiva correspondente.
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 18

EXEMPLO II.14 - A taxa da poupança é de 6% ao ano com capitalização mensal, portanto é


uma taxa nominal, achar a efetiva correspondente.

EXEMPLO II.15 - Qual o juro de R$ 2.000,00 aplicados hoje, no fim de 3 anos, a 20 % ao


ano capitalizados mensalmente?

EXEMPLO II.16 - Qual a taxa efetiva anual equivalente a 15% ao ano capitalizados
trimestralmente?
Capítulo 2 – Matemática Financeira 2. 19

EXEMPLO II.17 - Calcular as taxas efetivas e nominal anual, correspondente a 13% ao


mês?

EXEMPLO II.18 - Peço um empréstimo de R$ 1.000,00 ao banco. Cobra-se


antecipadamente uma taxa de 15% sobre o valor que é entregue já líquido, e depois de um
mês paga-se R$ 1.000,00. Qual a taxa efetiva de juros deste empréstimo?
CAPÍTULO III - ANÁLISE DE
ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS

III.1 – GENERALIDADES
Após a classificação dos projetos tecnicamente corretos é imprescindível que a escolha
considere aspectos econômicos. E é a engenharia econômica que fornece os critérios de
decisão, para a escolha entre as alternativas de investimento.
Infelizmente, nem todos os métodos utilizados são baseados em conceitos corretos. Por esta
razão é muito importante ter cuidado com uso de alguns destes métodos, e principalmente,
conhecer suas limitações.
Um dos métodos, que é muito utilizado, e que possui limitações do ponto de vista conceitual é
o PAY-BACK ou método do tempo de recuperação do investimento. O método do PAY-
BACK consiste simplesmente na determinação do número de períodos necessários para
recuperar o capital investido, ignorando as conseqüências além do período de recuperação e o
valor do dinheiro no tempo. Normalmente é recomendado que este método seja usado como
critério de desempate, se for necessário após o emprego de um dos métodos exatos.
Neste curso serão estudados três métodos de avaliação, que convenientemente aplicados dão o
mesmo resultado e formam a base da engenharia econômica. Estes métodos são exatos e não
apresentam os problemas observados, por exemplo, no PAY-BACK. Os métodos são:
 Método do valor presente líquido (VPL);
 Método do valor anual uniforme (VA);
 Método da taxa interna de retorno (TIR).

Estes métodos são equivalentes e indicam sempre a mesma alternativa de investimento, que é
a melhor do ponto de vista econômico. Embora indicarem o mesmo resultado, existe é claro
vantagens e desvantagens um em relação ao outro, e que serão comentadas ao longo do curso.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 2

III.2 – PAY BACK

É o método que avalia o tempo de recuperação do investimento. Em sua versão mais simples,
o chamado Pay Back simplificado, apenas considera-se quantos períodos a receita levará para
igualar o investimento. Por exemplo, para o fluxo de caixa da figura III.1, a receita iguala o
investimento de $1.000 no período 3, assim o Pay Back deste investimento é de 3 anos. O erro
deste método esta no fato de se somar valores que não estão na mesma data, o que como foi
mostrado no capítulo anterior, sobre matemática financeira, não é correto. Assim, deve-se ter
muito cuidado com a resposta e seu uso como principal critério de decisão é questionável.

Figura III.1 – Fluxo de caixa, com período de Pay Back de 3 anos

III.3 - TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)


Os métodos de avaliação que serão apresentados, para efeito de avaliar méritos de alternativas
para investimento, apresentam como principal característica o reconhecimento da variação do
valor do dinheiro no tempo. Este fato evidência a necessidade de se utilizar uma taxa de juros
quando a análise for efetuada através de um deles. A questão é definir qual será a taxa a ser
empregada.
A TMA é a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros.
Existem grandes controvérsias quanto a como calcular esta taxa. Alguns autores afirmam que
a taxa de juros a ser usada pela engenharia econômica é a taxa de juros equivalente à maior
rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Uma proposta de investimento, para
ser atrativa, deve render, no mínimo, esta taxa de juros.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 3

Outro enfoque dado a TMA é a de que deve ser o custo de capital investido na proposta em
questão, ou ainda, o custo de capital da empresa mais o risco envolvido em cada alternativa
de investimento. Naturalmente, haverá disposição de investir se a expectativa de ganhos, já
deduzido o valor do investimento, for superior ao custo de capital. Por custo de capital,
entende-se a média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos utilizadas no projeto
em questão.

III.4 - CRITÉRIOS ECONÔMICOS DE DECISÃO

III.4.1 – Valor do negócio (V Negocio)

O valor do negócio é o valor presente dos fluxos de caixa futuros. A idéia deste valor é
ilustrada na figura III.2. Como se pode ver não se considera o investimento, vai se calcular na
data 0 o valor dos fluxos de caixa futuros.

Figura III.2 - valor do negócio (V Negocio)


Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 4

III.4.2 - Método do valor presente líquido (VPL)


O método do valor presente líquido, também conhecido pela terminologia método do valor
atual, caracteriza-se, essencialmente, pela transferência para o instante presente de todas as
variações de caixa esperadas, descontadas à taxa mínima de atratividade. Em outras palavras,
seria o transporte para a data zero de um diagrama de fluxos de caixa, de todos os
recebimentos e desembolsos esperados, descontados à taxa de juros considerada.
Se o valor presente for positivo, a proposta de investimento é atrativa, e quanto maior o valor
positivo, mais atrativa é a proposta.
A ideia do método é mostrada esquematicamente, na figura III.3.

Figura III.3 - Valor presente líquido (VPL)

III.4.3 - Método do valor anual (VA)


Este método caracteriza-se pela transformação de todos os fluxos de caixa do projeto
considerado, numa série uniforme de pagamentos, indicando desta forma o valor do benefício
líquido, por período, oferecido pela alternativa de investimento. É também chamado de valor
anual uniforme. A idéia do método é mostrada na figura III.4.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 5

Como geralmente, em estudos de engenharia econômica a dimensão do período considerado


possui magnitude anual, foi convencionada a adoção da terminologia Valor anual.
O projeto em análise só será atrativo se apresentar um benefício líquido anual positivo, e entre
vários projetos, aquele de maior benefício positivo será o mais interessante.

Figura III.4 - Valor anual (VA)

III.4.4 - Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)


Por definição, a taxa interna de retorno de um projeto é a taxa de juros para a qual o valor
presente das receitas torna-se igual aos desembolsos. Isto significa dizer que a TIR é aquela
que torna nulo o valor presente líquido do projeto. Pode ainda ser entendida como a taxa de
remuneração do capital. A figura III.5 explica o método.
A TIR deve ser comparada com a TMA para a conclusão a respeito da aceitação ou não do
projeto. Uma TIR maior que a TMA indica projeto atrativo. Se a TIR é menor que a TMA, o
projeto analisado passa a não ser mais interessante.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 6

Figura III.5 – Taxa interna de retorno (TIR)

EXEMPLO III.1 – Responder as questões do problema colocado na figura III.6.

Figura III.6 – Exemplo III.1


Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 7

EXEMPLO III.2 – Caso de uma termoelétrica a gás.


Uma empresa do setor de energia estuda um investimento em uma termelétrica a gás de 350
MW e levantou os seguintes dados:

• Investimento $ 500.000,00 por MW instalado


• Produção de energia 2.800.000 MWh por ano
• Preço da energia elétrica produzida $30,00 por MWh
• Custos de Operação e Manutenção $ 4,00 por MWh
• Outros Custos (Transporte de energia, etc.) $ 1.000.000,00 por ano
• Consumo de gás 500.000.000 m3 por ano
• Custo do gás $ 0,06 por m3

O horizonte de planejamento é de 20 anos, após os quais a termelétrica será vendida por $35
milhões.
Se a TMA da empresa é de 15% ao ano, qual é o Valor do Negócio e o VPL?
O negócio é viável?
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 8

EXEMPLO III.3 – Numa análise realizada em determinada empresa, foram detectados


custos operacionais excessivamente elevados numa linha de produção, em decorrência da
utilização de equipamentos velhos e obsoletos.
Os engenheiros responsáveis pelo problema propuseram à gerência duas soluções alternativas.
A primeira consistindo numa reforma geral da linha, exigindo investimentos estimados em $
10.000, cujo resultado será uma redução anual de custos igual a $ 2.000 durante 10 anos, após
os quais os equipamentos seriam sucatados sem nenhum valor residual. A segunda proposição
foi à aquisição de uma nova linha de produção no valor de $ 35.000 para substituir os
equipamentos existentes, cujo valor líquido de revenda foi estimado a $ 5.000. Esta
alternativa deverá proporcionar ganhos de $ 4.700 por ano, apresentando ainda um valor
residual de $ 10.705 após dez anos.
Sendo a TMA para a empresa igual a 8% ao ano, qual das alternativas deve ser preferida pela
gerência? Calcular VPL, VA e TIR e interpretar os resultados.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 9

Da solução do exemplo III.3 cabe uma reflexão. Através da análise pura dos resultados qual a
melhor opção? Vamos colocar os resultados do VPL, VA e TIR, na tabela a seguir.

VPL VA TIR
REFORMA
COMPRA

Como falado anteriormente, os métodos sempre indicam a melhor alternativa de investimento,


do ponto de vista econômico.
As duas taxas de retorno do problema são superiores à taxa mínima de atratividade, portanto
são propostas atrativas. Como a TIR da reforma é maior que alternativa de compra, deveria
ser dada preferência à primeira, contrariando o resultado obtido pelos dois métodos
anteriores.
Entretanto o procedimento correto da análise indica que se deve fazer um exame da taxa
interna de retorno calculada para o fluxo da diferença entre os investimentos das propostas.
No caso do exemplo, será melhor aplicar $30.000 na alternativa de compra obtendo um
retorno de 12% a.a. ou será mais interessante investir $ 10.000 na alternativa de reforma com
um retorno de 15,1% e os $20.000 de diferença à taxa mínima de atratividade?
A análise incremental é um complemento necessário ao método da taxa interna de retorno na
medida em que se responde a este tipo de dúvida.

III.4.5 - Análise Incremental para o método da Taxa Interna


de Retorno
No caso de alternativas de investimento mutuamente exclusivas deve-se examinar a taxa de
retorno obtida no acréscimo de investimento de uma em relação à outra. Sempre que esta taxa
for superior à TMA, o acréscimo é vantajoso, isto faz com que a proposta escolhida não seja
necessariamente a de maior taxa de retorno. Entretanto, para proceder à análise incremental
deve-se certificar de que as propostas tenham TIR maior que a TMA.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 10

EXEMPLO III.4 – Aplicar para o exemplo III.3 a análise incremental.


Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 11

III.4.6 - Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) e os fluxos


de caixa que apresentam mais de uma inversão de sinal
Na maioria dos fluxos de caixa, há apenas uma mudança no sinal, isto é, o investimento
inicial (sinal negativo) geralmente resulta numa seqüência de rendas líquidas ou economias de
custo (sinais positivos). Essa situação normalmente leva a uma única solução.
Entretanto, se ocorrer mais que uma inversão no sinal surgirá outras taxas de retorno. Em
álgebra, a regra de sinais de Descartes afirma que poderá haver tantas raízes positivas,
quantas são as mudanças na direção do sinal do fluxo de caixa.
Para entender o problema, consideremos o fluxo de caixa a seguir.

O equacionamento que permite o cálculo das taxas é:

0 = 1.600 - 10.000 x (1+ i)-1 + 10.000 x (1 +i)-2

Resolvendo esta equação chega-se a dois resultados, o primeiro é i = 25% e o segundo é i =


400%, que não apresentam significado econômico nenhum.
Uma resolução apropriada para este problema requer a consideração de uma taxa de juros
auxiliar. Por exemplo, para o fluxo anterior considera-se que os $1.600 do período 0 sejam
reinvestidos a uma taxa auxiliar de 20% por um período. A taxa auxiliar pode ser a TMA.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 12

Desta forma o fluxo de caixa passará a ter apenas uma inversão de sinal, conforme se pode
observar a seguir.

O equacionamento que permite o cálculo da taxa é:

0 = -8.080 + 10.000 x (1+ i)-1

Resolvendo esta equação chega-se a apenas um resultado, sendo i = 23,8%.

III.5 - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE


INVESTIMENTO SOB CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS

III.5.1 - Alternativas com vidas diferentes


Existe casos em que se torna necessário decidir entre propostas de investimento cujos
horizontes de planejamento são diferentes. Por exemplo, considere a comparação entre duas
propostas com duração estimadas de 6 e 12 anos. Como será aplicado o capital disponível
depois do término do projeto mais curto, durante o período compreendido entre os términos
de ambos os projetos?
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 13

A solução válida para este problema requer que todas as conseqüências das alternativas sejam
levadas para um horizonte de planejamento comum. Supõe-se, por exemplo, que se admita a
alternativa mais curta poder ser substituída ao fim de seis anos por outra idêntica.
O procedimento comumente adotado para o caso de vidas diferentes é o seguinte:
 Calcula-se o mínimo múltiplo comum das vidas das alternativas propostas;
 Repetem-se os fluxos tantas vezes até atingir este tempo.

Desta maneira comparam-se alternativas de diferentes durações numa base temporal


uniforme.
O método do valor anual uniforme implicitamente já considera a repetição do investimento,
tornando desnecessária a utilização do procedimento mencionado.

EXEMPLO III.5 - Uma certa operação pode ser executada satisfatoriamente tanto pela
máquina X como pela máquina Y. Os dados pertinentes às duas alternativas são os seguintes:

MÁQUINA X MÁQUINA Y
Custo inicial $ 6.000 $ 14.000
Valor residual 0 20% do custo inicial
Vida de serviço em anos 12 18
Despesas anuais $ 4.000 $ 2.400

Comparar as alternativas, pelo método do valor presente, supondo uma taxa mínima de
atratividade de 12% ao ano.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 14

III.5.2 - Existência de restrições financeiras


Pode-se lidar com alternativas que são mutuamente exclusivas no sentido que apenas uma,
das várias alternativas disponíveis, é necessária para preencher uma dada função, todas as
outras se tornam supérfluas. Outro tipo de exclusividade mútua refere-se ao caso em que uma
ou mais das alternativas podem ser aceitas, mas, devido às limitações de capital, nem todas as
alternativas podem ser aceitas. Chama-se ao primeiro caso de exclusividade mútua
"Financeira".
Geralmente a cada ano as empresas elaboram uma relação de futuros investimentos,
denominada "Orçamento de capital". Um fato que freqüentemente ocorre nestas ocasiões é a
limitação de recursos para financiar todas as solicitações provenientes das diversas gerências.
A existência de restrições financeiras coloca a alta administração diante da necessidade de
selecionar aquele conjunto de alternativas, o pacote orçamentário, economicamente mais
interessante, cuja demanda por recursos não supera o volume disponível.

EXEMPLO III.6 – Suponha que uma ou mais das propostas apresentadas na tabela a seguir
podem ser aceitas porque não são tecnicamente equivalentes, isto é, cada uma desempenha
função diferente.

Alternativa Investimento Benefícios Valor presente Taxa interna


inicial anuais de retorno
A 10.000 1.628 1.982 10%
B 20.000 3.116 2.934 9%
C 50.000 7.450 4.832 8%

SUPOSIÇÕES: a vida esperada de cada proposta é de 10 anos. O valor residual esperado de


cada proposta é zero. A TMA é de 6% ao ano. O capital total disponível para o investimento é
de $ 75.000.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 15

III.5.3 - Alternativas com vidas perpétuas

O valor presente de uma série anual uniforme perpétua é conhecido como custo capitalizado.
Sabe-se que:

 n 
(1  i) -1
VP = PGTO  
 (1 + i)n . i 
 

Para n tendendo para o infinito:

 n 
(1  i) -1
VP = lim n   PGTO  n 
 (1 + i) . i 
 

 
 1 1 
VP = PGTO lim n   
 i (1 + i)n .i 
 

1
V P = PGTO .
i

EXEMPLO III.7 – Seja um apartamento que possua as seguintes características:


 investimento inicial = $ 100.000;
 vida do projeto = infinita;
 valor mensal de aluguel menos gastos do proprietário = $ 650;
 TMA = 1% ao mês.

Calcular o Valor Econômico do Apartamento na data zero.


Verificar a viabilidade do investimento.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 16

III.6 - PROBLEMAS PROPOSTOS


1) Numa análise das oportunidades para redução de custos efetuada pelo departamento de
transporte de uma usina siderúrgica foi detectada a possibilidade de atingir-se tal objetivo,
substituindo-se o uso de caminhões alugados, para transporte de produtos em processamento
na área de laminação, por conjunto de tratores e carretas.
Se implementada a modificação, deverá haver uma redução anual de despesas da ordem de $
350.000 correspondentes ao aluguel pago pelo uso de caminhões.
Um estudo de simulação realizado determinou a necessidade de adquirirem-se dois tratores e
cinco carretas, totalizando um investimento de $ 350.000.
Os custos de mão de obra, combustível e manutenção foram estimados em $ 200.000 no
primeiro ano, aumentando anualmente $ 5.000, devido à elevação do custo de manutenção,
proporcionado pelo desgaste dos veículos.
Considerando-se a TMA da empresa igual a 8% ao ano, verificar a viabilidade da preposição,
levando-se em conta que a vida econômica estimada para os equipamentos foi de cincos anos
com valor residual nulo.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 17

2) Determinada indústria pretende comprar uma máquina que custa $43.400 e estimou o
seguinte fluxo de caixa:

ANOS 0 1 2 3 ... 8 9 10
Valores -43.400 10.000 9.000 8.000 ... 3.000 2.000 11.000

Há uma previsão de aumento de lucro de $ 10.000 ao final do primeiro ano, $ 9.000 no


segundo e assim sucessivamente. Ao final de 10 anos o equipamento poderá ser vendido por $
10.000. Admitindo uma TMA de 6% ao ano, especifique as equações que permitam, com
auxílio das tabelas, calcular o valor presente liquido do fluxo de caixa.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 18

3) Duas escavadeiras estão sendo consideradas para a compra por uma empresa construtora, a
GIANT e a TROJAN. Ambas têm capacidade requerida, mas a GIANT é considerada mais
maciça que a TROJAN e acredita-se que terá vida mais longa. As estimativas dos aspectos
que serão influenciados pela escolha são as seguintes:

TROJAN GIANT
Custo inicial da entrega $40.000 $60.000
Custo de manutenção no primeiro $8.000 $5.000
ano
Acréscimo anual no custo de $800 $400
manutenção durante a vida da
máquina
Vida econômica 4 anos 6 anos
Valor residual $4.000 $6.000

A máquina TROJAN requererá uma revisão custando $ 5.000 ao final do segundo ano. A
máquina GIANT requererá uma revisão custando $ 4.000 ao final do terceiro ano.
Compare os valores presentes usando uma TMA de 15% ao ano.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 19

4) Resolver o problema anterior pelo critério do valor anual uniforme.


Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 20

5) Planeja-se construir um edifício de 3 andares. É esperado que alguns anos mais tarde, mais
3 andares deverão ser construídos. Dois projetos foram feitos:
 Projeto A: é um projeto convencional para um edifício de 3 andares. O custo é de $
420.000.
 Projeto B: projeto para 6 andares, mas serão construídos somente 3, por enquanto. O
custo inicial deste projeto é de $490.000.
Com o projeto A serão gastos $500.000 para aumentar mais 3 andares numa data futura.
Com o projeto B se gastará somente $400.000 pelo aumento de mais 3 andares.
A vida dos edifícios é de 60 anos, com valor residual nulo.
Os custos de manutenção serão $1.000 por ano mais barato no projeto B que no projeto A,
durante 60 anos. Outras despesas anuais, inclusive seguro, serão as mesmas para os dois
projetos. Com taxas de descontos de 3% ao ano, qual a data do aumento de mais 3 andares
que justifica a escolha do projeto B?
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 21

6) Uma empresa está considerando dois planos alternativos para a construção de um muro ao
redor de sua nova fábrica. Uma cerca como um "galinheiro" de aço galvanizado requer um
custo inicial de $ 35.000 e custos anuais estimados de manutenção de $300. A vida esperada é
de 25 anos. Uma parede de concreto requer um custo inicial de apenas $ 40.000, mas
necessitará reparos pequenos a cada 5 anos a um custo de $ 1.000 e reparos maiores a cada 10
anos a um custo de $ 5.000. Supondo-se uma taxa de juros de 10% ao ano, e uma vida
perpétua, determinar:
a) o valor presente dos dois planos;
b) o custo anual equivalente para os dois planos.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 22

7) Os projetos X e Y são duas propostas mutuamente exclusivas. O projeto X requer um


investimento presente de $ 250.000. As receitas anuais estimadas para 25 anos são de $
88.000. As despesas anuais estimadas, sem o imposto de renda, são $ 32.000. O imposto de
renda anual estimado é de $ 24.000. O projeto Y requer um investimento presente de $
350.000. As receitas anuais estimadas para 25 anos são de $ 100.000. As despesas anuais
estimadas, sem o imposto de renda são $ 40.000. Imposto de renda anual estimado: $ 24.000.
Em cada projeto é estimado um valor residual de $ 50.000 ao final dos 25 anos. Assumindo
uma TMA depois do imposto de renda de 9% ao ano, faça os cálculos necessários para
determinar qual dos projetos é recomendado pelo critério da taxa interna de retorno.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 23

8) Elabore o gráfico: valor presente X taxa de desconto, e comente a respeito.


Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 24

9) Um fabricante de peças esta analisando uma modificação em seu processo de produção.


Duas alternativas estão em consideração, sendo que ambas exigem a realização de inversões,
resultando, em contrapartida, em redução dos atuais custos de produção. Cada uma das
alternativas apresenta as seguintes características:

Alternativa A Alternativa B
custo inicial $ 10.000 $ 15.000
redução anual de custos $ 2.400 $ 2.700
valor residual nulo nulo
vida econômica 8 anos 8 anos

A alternativa A exigirá, contudo, após 5 anos de utilização, uma inversão adicional de $


5.000 destinada a promover uma modificação no projeto original.
Sendo o custo do capital para a empresa igual a 7% ao ano, verificar qual das alternativas é
mais atrativa. Utilizar o método da taxa interna de retorno e admitir que, para fazer face ao
desembolso no quinto ano de operação da alternativa A, será constituído um fundo de reserva
a partir da capitalização de depósitos anuais iguais durante os cinco anos, a uma taxa de 10%
ao ano.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 25

10) Uma empresa está considerando a compra de um pequeno computador para seu
departamento de pesquisas. Várias alternativas mutuamente exclusivas estão em estudo. As
estimativas relativas a cada uma são:

Computador Custo inicial do Valor residual Economia anual líquida


computador $ estimado $ resultante do novo
computador X condições
existentes
A 280.000 240.000 46.000
B 340.000 280.000 56.000
C 380.000 310.000 62.000
D 440.000 350.000 72.000

A empresa pretende manter o computador durante 10 anos, época em que será vendido.
Se a TMA é de 15% ao ano, usar o método do valor presente para determinar que alternativa
deve ser escolhida.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 26

11) Usar o método da taxa de retorno para selecionar dentre as alternativas descritas no
problema 10.
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 27

12) Um superintendente está estudando as seguintes propostas de investimentos que foram


recebidas dos departamentos (E) produção, (F) controle da qualidade e (G) expedição:

Proposta Investimento inicial ($) Excesso anual de


recebimentos sobre
despesas ($)
E1 2.000 275
E2 4.000 770
F1 4.000 1.075
F2 8.000 1.750
G1 4.000 1.100

As propostas E1 e E2 são mutuamente exclusivas por razões técnicas; F1 e F2 são também


mutuamente exclusivas. Cada uma das alternativas tem vida esperada de 10 anos e valor
residual zero. A firma adota uma TMA de 10% ao ano.
a) Que propostas devem ser recomendadas se o capital para o investimento for ilimitado?
b) Que propostas devem ser recomendadas se apenas $ 14.000 estiverem disponíveis para
novos investimentos?
Capítulo 3 – Análise de Alternativas de Investimentos 3. 28

13) Considerando o esgotamento do sistema de 13,8 kV que atende a região de periquitos,


realize a avaliação econômica da SE, doravante denominada “Periquitos”. Os dados a seguir
estão simplificados e serão detalhados no decorrer do curso. Por enquanto não será
considerada a receita pela remuneração do investimento.
• Obras e instalações (SE e LT em 138 kV e Telecom): R$14.528.600,00
• Projeção do crescimento do mercado: 3,8 % ao ano
• Receitas do mercado de energia adicional e redução de perdas no primeiro ano:
R$2.379.000,00
• Custos, despesas e impostos no primeiro ano: R$ 1.405.000,00
• Valor Residual dos equipamentos e obras: Considerar nulo
• Horizonte do investimento: 20 anos
Se a TMA da empresa é de 13,5%, qual é o Valor do Negócio e o VPL?
O negócio é viável?
CAP. 4 - ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
EM SITUAÇÕES DE INCERTEZA

4.1 INTRODUÇÃO

No fluxo de caixa esquemático mostrado na Figura IV.1, como se sabe na data zero,
normalmente se tem o investimento necessário para o projeto, as demais parcelas são os
resultados da composição de receitas, despesas de manutenção, mão de obra, matéria
prima, energia elétrica, imposto, depreciação, financiamentos, etc.... a acontecerem em
cada uma das datas previstas dentro da vida do projeto.

0 1 2 3 4 n-3 n-2 n-1 n


Vida do projeto

Investimento

Figura IV.1 - Fluxo de caixa esquemático de um projeto

Os métodos que permitem avaliar o fluxo de caixa da Figura IV.1 do ponto de vista
econômico são os métodos: do valor presente liquido (VPL), o método do valor anual
(VA) e a taxa interna de retorno (TIR). Acontece que na maioria das vezes ao analisar
estes fluxos a consideração sobre os diversos dados é determinística. Será que isto
ocorre na realidade? Como se sabe isto não é verdade. Existem variações sobre os
diversos elementos que compõe o fluxo de caixa que precisam ser consideradas para o
total sucesso da escolha da melhor alternativa.

É comum se distinguir duas situações quanto à variação dos dados no fluxo de caixa.
Estas situações são chamadas de análise de risco e análise de incerteza. Na análise de
risco é possível calcular uma distribuição de probabilidades associada a um resultado do
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 2

fluxo de caixa (VPL, VA ou TIR). Com a distribuição probabilística é possível se


calcular as chances do projeto se tornar inviável, fornecendo subsídios para decidir
entre as alternativas que possuem diferentes graus de risco. As técnicas usuais de se
trabalhar com o risco são:

1. Distribuição de probabilidades;

2. Simulação do fluxo de caixa;

3. Árvore de decisão.

Na análise de incerteza não se conhece a distribuição estatística de um fluxo de caixa e


vai se trabalhar com opiniões e sugestões de especialistas que terão de decidir sobre
qual o melhor projeto do ponto de vista econômico. Infelizmente, é esta a situação mais
freqüente e também a qual os analistas estão menos preparados para enfrentar. Como
responder as seguintes perguntas: “Qual será a inflação daqui a três anos?”, “Qual o
valor do KW/h se as companhias de distribuição forem privatizadas?”, “Qual o valor
do petróleo daqui a 5 anos?” ..., pode-se notar que situações desta natureza sempre
existem nos projetos. Então, a consideração de incertezas traz como um de seus
objetivos a discussão de como reagir frente a decisões necessárias, em ambientes onde
não é possível se ter valores exatos ou uma distribuição probabilística dos dados. As
técnicas utilizadas para consideração da incerteza são:

1. Análise de sensibilidade;

2. Análise de ponto de equilíbrio;

3. Análise de cenários.

4.2 A NATUREZA DAS INCERTEZAS

Como mostrado esquematicamente na Figura IV.2: “O futuro pode revelar surpresas”.


Quanto maior a vida do projeto maior as chances de se ter problemas com estimativas
feitas na época da análise econômica do projeto.
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 3

0 1 2 3 4 n-3 n-2 n-1 n

Investimento
Aumento das incertezas

Fatores imprevistos

Figura IV.2 - A incerteza que pode acontecer com os fluxos de caixas

Vários são os fatores que podem contribuir para a incerteza. Alguns destes fatores estão
sintetizados na Figura IV.3. Como se pode notar alguns fatores, por exemplo, aumento
de impostos, podem afetar a todas as empresas e são os chamados sistemáticos. Outros
fatores, como, por exemplo, o aumento de preço de uma matéria prima específica,
atinge empresas em casos isolados e são os não sistemáticos.

Econômicos Financeiros Técnicos Outros

 Oferta  Insuficiência de  Inadequabilidade  Fatores políticos


subdimensionada capital do processo
utilizado
 Demanda  Falta de  Inadequabilidade  Fatores
superdimensionada capacidade de das matérias institucionais
pagamento primas
 Dimensionamento  Inadequabilidade  Problema de
incorreto da tecnologia gerenciamento de
empregada projeto
 Alteração dos  Greve
produtos e
subprodutos
 Alteração dos  Inflação
preços da matéria
prima
 Investimentos
imprevistos

Figura IV.3 - Fatores que levam a incerteza


Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 4

4.3 MÉTODOS DE DECISÃO EM CONDIÇÕES


DE INCERTEZA

Técnica bastante prática para se tratar o problema das incertezas é a análise de


sensibilidade. Na verdade é mais um enfoque que uma técnica. Consiste em medir o
efeito produzido na rentabilidade do investimento, ao se variar os dados de entrada.
Deve-se variar cada parâmetro de uma vez estabelecendo o valor mais provável, o
limite inferior e superior da variação. Para cada valor calcula-se VPL, VA ou TIR e com
isto pode-se ter uma idéia da sensibilidade do parâmetro em questão.

A análise de sensibilidade é baseada no conceito de elasticidade. Supondo o fluxo de


caixa da Figura IV.4, onde I é o investimento inicial, C os custos envolvidos, R a
receita prevista, L o valor residual e n a vida útil do projeto.

R+L
R

0 1 2 3 4 n-3 n-2 n-1 n

C
I
Figura IV.4

R é o resultado da venda de X unidades de um produto pelo preço P. C é o custo


composto de duas parcelas, o custo fixo CF e o custo variável CV referente à utilização
de duas matérias primas, mp1 e mp2. A expressão que permite calcular o custo é a
seguinte:

C = CF + CV = CF + (1 P1 + 2P2) X

Nesta expressão 1 e 2 representam a razão com que as duas matérias primas mp1 e
mp2 são utilizadas por unidade de produto. São também chamados de coeficientes
técnicos. P1 e P2 são os preços das duas matérias primas.

O valor presente liquido do fluxo de caixa mostrado na Figura V.4 pode ser
representado pela seguinte expressão:

n
VPL = - I + {PX - [CF + (1 P1 + 2P2) X]}(P/A, i%, n) + L / (1 + i)
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 5

Trabalhando a expressão, ela pode ser reescrita da seguinte forma:

n
VPL = - I + [(P - 1 P1 - 2P2) X - CF] (P/A, i%, n) + L / (1 + i)

Ao se variar X na expressão acima se chega ao gráfico da Figura IV.5, onde se nota


perfeitamente o valor mínimo a ser vendido do produto para que VPL possa ser maior
que zero. O ponto de cruzamento da curva com a abscissa é chamado de ponto de
equilíbrio.

VPL(x)

0 X0 X quantidade vendida

Figura IV.5 - Ponto de equilíbrio

Pela análise da Figura V.5 nota-se que quantidades de X abaixo de X0 faz o projeto ser
inviável. O ponto de equilíbrio pode ser alterado para qualquer variável do fluxo de
caixa (I, P, P1, P2, i,...) e com isto pode-se estudar a viabilidade para as diversas
alterações, além de se descobrir quais são os parâmetros mais sensíveis, que fazem o
projeto se inviabilizar mais facilmente. Sobre estes parâmetros é que se devem
estabelecer controles mais rígido. É a maneira mais simples de se analisar a incerteza, e
consiste no primeiro passo para a análise de risco, pois se toma conhecimento dos
parâmetros mais sensíveis que necessitam de um estudo mais aprofundado.

Tanto a análise de sensibilidade quando o cálculo do ponto de equilíbrio são úteis em


análise econômica, mas apresentam limitações. A relação dos parâmetros de entrada é
considerada de forma independente, o que normalmente não ocorre na realidade. A
análise de cenários permite que possa se verificar o impacto no VPL alterando mais de
um parâmetro de entrada que se considera chave no investimento sendo analisado. Uma
forma comum de se fazer esta análise é criando um cenário pessimista, um provável e
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 6

outro otimista, onde os valores das variáveis de entrada mais significativos são alterados
para estas condições e então se verifica a atratividade do projeto em questão.

O Excel tem ferramentas que ajudam muito na condução da análise de sensibilidade,


cálculo de ponto de equilíbrio e análise de cenários. A discussão das técnicas será feita
com a solução de um problema e o uso da planilha para resolvê-lo.

4.4 EXEMPLO 1

Uma empresa do setor de garrafas térmica esta pensando em lançar uma nova garrafa
para manter líquidos gelados. O investimento necessário é de US$ 100.000,00. A
previsão de vendas é de 10 mil garrafas por mês a um preço de US$ 10,00 por garrafa.
Os custos fixos serão de US$ 20.000,00 por mês e os custos variáveis de US$ 4,00 por
garrafa. Ao final de três meses a empresa venderá a linha por US$ 30.000,00. A TMA
da empresa é de 10% ao mês.

Responda as seguintes perguntas:

 Qual dos parâmetros de entrada, preço de venda e previsão de vendas, que mais
afeta o VPL?

 Qual o ponto de equilíbrio do preço de venda?

 Qual o ponto de equilíbrio do volume de vendas?

 Qual o resultado do VPL para os seguintes cenários:

Cenários
   Pessimista  Provável  Otimista 
Investimento (US$)  110000 100000 90000 
Preço de venda (US$)  9 10 11 
Previsão de vendas (prod/mes)  9000 10000 11000 
Custo variável (US$)  5 4 3 
Custos fixos (US$)  22000 20000 18000 
Valor residual (US$)  25000 30000 35000 
TMA =  10% 10% 10% 

4.4.1 EXEMPLO 2
Considere o fluxo de caixa da Figura IV.4 e os seguintes parâmetros:
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 7

I = 100 P1 = 2 i = 10 % a.a.

L = 15 1 = 0.5 n = 5 anos

X = 20 P2 = 3 CF = 10

P=9 2 = 2

Analise a sensibilidade do fluxo de caixa e calcule os pontos de nivelamento para X e I.

Solução:

I L X P P1 1 P2 2 CF i n

Valor
esperado
Situação
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 8

pessimista
VP
VPL
Situação

Tabela de análise de sensibilidade (variações de 10%, exceto para n).


Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 9

4.5 EXEMPLO 3

Uma empresa está considerando a possibilidade de realizar um novo gasoduto. A


instalação deste novo gasoduto requererá um gasto de US$2.000.000.000,00 em
investimento fixo.
Estima-se uma vida econômica, para o projeto, de 20 anos. A empresa espera contar
com um volume de gás para comercializar de 16 milhões de m3/dia, pagando por este
gás um preço de US$0,90 por Milhão de btu. A empresa espera comercializar este gás a
um valor de US$2,70 por Milhão de btu. O poder calorífico do gás é de 36785,43
(btu/m3).
A empresa que terá um custo de operação de US$13.000.000,00 e um custo de
manutenção de US$32.000.000,00 por ano, de acordo com previsões de especialistas.
O valor dos equipamentos após os 20 anos é estimado que tenham um valor de
US$200.000.000,00.
A empresa tem um custo de capital de 15% ao ano.
Considerando o ano com 365 dias, responder as seguintes questões:

1. Verificar a atratividade do projeto.


2. Analisar a sensibilidade do projeto para uma variação negativa de 15% no
volume de vendas de gás.
3. Calcular o preço de venda mínimo do gás.
4. Verificar a sensibilidade do projeto para um acréscimo de 20% no valor do
investimento fixo.
Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 5. 10

4.6 EXEMPLO 4

Caso de uma termoelétrica a gás.

Uma empresa do setor de energia estuda um investimento em uma termelétrica a gás de


350 MW e levantou os seguintes dados:

• Investimento $ 500.000,00 por MW


instalado
• Produção de energia 2.800.000 MWh por ano
• Preço da energia elétrica produzida $30,00 por MWh
• Custos de Operação e Manutenção $ 4,00 por MWh
• Outros Custos (Transporte de energia, etc.) $ 1.000.000,00 por ano
• Consumo de gás 500.000.000 m3 por ano
• Custo do gás $ 0,06 por m3
O horizonte de planejamento é de 20 anos, após os quais a termelétrica será vendida por
$35 milhões.

Responda as seguintes questões:

 Se a TMA da empresa é de 15% ao ano, qual é o Valor do Negócio e o VPL?

 O negócio é viável?

 Qual dos parâmetros de entrada, custo de operação e manutenção e custo do gás,


que mais afeta o VPL?

 Qual o ponto de equilíbrio do preço do gás?

 Qual o ponto de equilíbrio da tarifa?

 Qual o resultado do VPL para os seguintes cenários:

Cenários
Dados: Pessimista Provável Otimista
Potência = 350 350 350
Invest = 500000 500000 500000
Produção = 2800000 2800000 2800000
Tarifa = 25 30 35
Custos OM = 5 4 3
Outros = 1500000 1000000 800000
Consumo gás = 50000000 500000000 50000000
Custo gás = 0,08 0,06 0,05
N= 20 20 20
VR = 35000000 35000000 35000000
TMA = 15% 15% 15%
CAP. 5 – AVALIAÇÃO DE PROJETOS E
NEGÓCIOS

Este capítulo pretende apresentar conceitos e procedimentos para avaliação de projetos e


negócios. As projeções e os indicadores utilizados são aqueles que normalmente são
utilizados por instituições financeiras na avaliação de projetos para financiamentos.
Para avaliação de Projetos e Negócios é necessário:
 Projetar Demonstração de resultados
 Projetar Fluxo de Caixa
 Conhecer conceitos de Custos
 Utilizar conceitos de Depreciação
 Utilizar conceitos de Impostos proporcionais à receita e ao lucro, como IRPJ e CSL

Influência do IRPJ e CSL e a Depreciação do Ativo


Imobilizado na avaliação de Projetos

Demonstrações contábeis
Embora a preocupação do curso seja a avaliação econômica através dos fluxos de caixa, IRPJ
e CSLL são saídas de caixa e seu cálculo depende de conceitos da contabilidade. Uma rápida
abordagem às demonstrações contábeis torna-se, então, importante.
As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e
financeira e do desempenho de uma empresa ou qualquer outra entidade. O objetivo das
demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e
financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande
número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 2

O conjunto de demonstrações contábeis inclui, entre outras, as seguintes:


(a) balanço patrimonial ao final do período;
(b) demonstração do resultado do período;

O Balanço Patrimonial deve apresentar as seguintes informações:

O Ativo Imobilizado
O Ativo Imobilizado é um subgrupo do Ativo Não Circulante que por sua vez é localizado no
Ativo de uma empresa. O Ativo Imobilizado é registrado na contabilidade de uma companhia
através de seu custo de aquisição. Este custo pode ser tanto aquele pago pelo ativo, quanto o
seu custo de fabricação ou construção.
No caso de compra de terceiros, o custo de aquisição é determinado pelo seu valor de compra
mais os gastos complementares necessários à sua posse, instalação e funcionamento. Em
resumo, o custo de aquisição normalmente é constituído de:
 Valor de compra
 Gastos com transporte do Bem
 Prêmio de seguro pelo transporte
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 3

 Gastos com a instalação


 Gastos necessários à transferência do Bem.

Principais Grupos de Contas do Ativo Imobilizado


Em vista da infinidade de tipos de ativos fixos, costuma-se agrupa-los em contas, cujos títulos
indicam com razoável precisão a natureza dos bens nelas registrados.

Os bens tangíveis são aqueles que existem fisicamente, que podem ser vistos, tocados e
sentidos. As principais contas que agrupam os bens tangíveis são:

 Terrenos
 Edificações
 Máquinas e Equipamentos
 Veículos
 Móveis e Utensílios
É conveniente lembrar que estes bens são considerados Ativo Imobilizado se forem
destinados à manutenção da atividade da companhia.

O ativo intangível
A nova lei contábil (Lei nº 11.638 de 2007) introduziu o subgrupo Intangível no grupo do
Ativo Não Circulante, conforme a nova redação dada ao artigo 178 da Lei nº. 6.404/1976.

Nesse subgrupo devem ser classificados os valores que estavam em outras contas do Ativo
Permanente, em conformidade com a legislação anterior, bem como as novas transações que
representem bens incorpóreos, como marcas, patentes, direitos de concessão, direitos de
exploração, direitos de franquia, direitos autorais, gastos com desenvolvimento de novos
produtos, ágio pago por expectativa de resultado futuro (fundo de comércio, ou goodwill).

O registro contábil dos ativos intangíveis (incluindo o goodwill) deve ser feito pelo seu custo
de aquisição, se esse custo puder ser mensurado com segurança, e não por expectativa de
valor no mercado, sendo vedada completamente no Brasil sua reavaliação (Lei das S/A).

O ativo intangível gerado internamente (com exceção do goodwill) pode, em certas


circunstâncias, conforme restrições dadas pela NBC T 19.8, ser reconhecido pelo seu custo de
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 4

obtenção. Mas não podem nunca ser ativados os gastos com pesquisa. Os gastos com
desenvolvimento somente são capitalizáveis nas condições restritas dadas pela NBC T 19.8.

Os ativos intangíveis precisam ser amortizados conforme sua vida útil econômica. No caso
dos intangíveis sem vida útil econômica determinada, sua amortização será normal em 2008
(como no caso do goodwill). Todavia, de 2009 em diante essa amortização fica vedada.

Contabilidade da Depreciação
Como norma básica a lei das sociedades por ações dispõe:
No Balanço Patrimonial os elementos do Ativo Imobilizado serão registrados pelo custo de
aquisição, deduzido o saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão. A
diminuição de valor dos elementos do Ativo Imobilizado será registrada periodicamente nas
contas de depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que tenham por
objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou
obsolescência.
As depreciações vão sendo registradas a cada ano em contas específicas acumuladoras de
saldo e em contrapartida esses valores serão computados como custo ou despesa operacional,
em cada exercício social.
Quando o bem chega a 100% de depreciação e ainda existir fisicamente (caso normal nas
empresas) deixa de ser depreciado. O Ativo é baixado contabilmente quando for vendido,
doado ou quando cessar sua utilidade para a empresa.
Do ponto de vista econômico, e este é o conceito que deve ser adotado em estudos de
investimentos, a depreciação não é considerada como um custo, mas como uma fonte de
recursos para as operações da firma que poderá ser utilizada a critério da administração.
A depreciação é um custo ou despesa operacional sem desembolso.

Exemplos de Bens Sujeitos à Depreciação


 Prédios e Edificações
 Veículos
 Máquinas e Equipamentos
 Móveis e Utensílios
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 5

 Ferramentas

Exemplos de Bens não Sujeitos à Depreciação


 Terrenos
 Antiguidades
 Obras de arte

Baixa do Ativo Imobilizado


Os motivos mais frequentes para a baixa do Ativo Imobilizado são a venda ou a cessação de
utilidade para a companhia. Em qualquer dos casos, é necessário que o valor do bem baixado
seja retirado contabilmente dos registros da empresa.

Se o bem for vendido, o resultado contábil da baixa (lucro ou prejuízo) será a diferença entre
seu valor pelo qual o bem for vendido e seu valor contábil, que por sua vez é o custo original
menos a depreciação acumulada.
Se o seu valor contábil for nulo, no caso de já estar totalmente depreciado, o valor da venda
será o lucro da transação.
Se o bem for baixado por motivo da cessação de utilidade (obsolescência, danos irreparáveis,
etc), e ainda tiver valor contábil, este será o valor da perda que irá para a demonstração de
resultados.
Uma firma A que compre um equipamento usado de uma firma B iniciará o processo de
depreciação sobre este equipamento (baseando-se no valor da transação), mesmo que este
equipamento já tenha sido totalmente depreciado na contabilidade da firma B. Vemos, pois,
como podem surgir vantagens para firmas de um mesmo grupo, mas que sejam pessoas
jurídicas independentes, ao transacionarem equipamentos usados entre si.

Apresentação nas Demonstrações Financeiras


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 6

No Balanço Patrimonial:
Não Circulante
Imobilizado
Edificações 60.000
Máquinas e Equipamentos 20.000
Móveis e Utensílios 5.000
Veículos 15.000
100.000
Depreciação Acumulada (20.000)
80.000

Na Demonstração de Resultados
A depreciação deve ser apropriada ao custo de produção (é um custo indireto de produção) ou
então como despesa de depreciação no grupo de “despesas operacionais”.
A perda ou ganho na venda do Ativo Imobilizado (venda de imóveis, equipamentos, veículos,
etc.) devem ser apresentados na Demonstração de Resultados do Exercício como Outras
Receitas Operacionais (no caso de ganho) ou Outras Despesas Operacionais (no caso de
perda). A perda ou ganho são calculados pela diferença do valor de venda menos o valor
contábil do imobilizado na data da venda.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 7

Demonstração de Resultados do Exercício (DRE)


Receita de Vendas 1000
- Tributos Incidentes sobre Vendas (ICMS, ISS, PIS, Cofins, Outros) -120
Receita Líquida de vendas 880
- Custo do Produto Vendido (MP, MOD, CIP)* -350
Despesa de Depreciação -100
Resultado Bruto 430
- Despesas Operacionais
Despesas com Vendas - 80
Despesas Administrativas -100
Outras despesas e receitas operacionais (ganho ou perda de capital) +10
Despesa de Depreciação - 80
Resultado Antes de Receitas e Despesas Financeiras (EBIT)** 180
+ Receitas Financeiras 0
- Despesas Financeiras - 50
Resultado Antes dos Tributos Sobre o Lucro (EBT)*** 130
- Tributos sobre o Lucro (IRPJ / CSLL)**** -40
Lucro Líquido do Período 90

* MP: Matérias-primas consumidas; MOD: Mão de obra direta; CIP: Custos Indiretos de
Produção como, por exemplo, aluguéis, energia elétrica entre outros.
** EBIT: Earnings Before Interests and Taxes (Lucro Antes dos Juros e Impostos)
*** EBT: Earnings Before Taxes (Lucro Antes dos Impostos)
**** IRPJ e CSLL: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido

As taxas máximas de depreciação permitidas pelo governo para os principais grupos de ativos
são:
Edificações 4%
Instalações 10%
Animais Vivos 20%
Veículos Em Geral 20%
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 8

Equipam. Em Geral 10%


Móveis E Utensílios 10%

Atualmente, são as seguintes as taxas limites de depreciação anual, fixadas pela Instrução
Normativa 162, de 31/12/1998, da Secretaria da Receita federal (tabela resumida):

Ministério da Fazenda
Secretaria da Receita Federal

Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998


DOU de 07/01/1999, pág. 5

Fixa prazo de vida útil e taxa de depreciação dos bens que relaciona.

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 253, § 1°, do
Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 11 de janeiro de 1994, resolve:
Art. 1° A quota de depreciação a ser registrada na escrituração da pessoa jurídica, como custo ou despesa operacional, será
determinada com base nos prazos de vida útil e nas taxas de depreciação constantes dos anexos:
I - Anexo I: bens relacionados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM;
II - Anexo II: demais bens.
Art. 2° Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
EVERARDO MACIEL

Anexo I - Bens relacionados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM

Bens Taxa anual


de
depreciação

ANIMAIS VIVOS 20 %

Exceção: Galos, Galinhas, Patos, Gansos, Perus, Peruas E Galinhas-D'angola (Pintadas), Das Espécies 50 %
Domésticas, Vivos

OBRAS DE PLÁSTICOS 20 %

Correias de transmissão e correias transportadoras 50 %

OBRAS DE BORRACHA (Correias Transportadoras Ou De Transmissão, De Borracha Vulcanizada) 50 %

OBRAS DE COURO 50%

OBRAS DE MADEIRA (caixotes, caixas, engradados, barricas e embalagens semelhantes, de 20 %


madeira; carretéis para cabos, de madeira; paletes simples, paletes-caixas e outros estrados para carga, de
madeira; taipais de paletes, de madeira; barris, cubas, balsas, dornas, selhas e outras obras de tanoeiro)

TAPETES E OUTROS REVESTIMENTOS PARA PAVIMENTOS, 20 %


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 9

DE MATÉRIAS TÊXTEIS

OUTROS ARTEFATOS TÊXTEIS CONFECCIONADOS (cortinados, cortinas e estores; 20 %


sanefas e artigos semelhantes para camas para uso em hotéis e hospitais; sacos de quaisquer dimensões,
para embalagem)

Encerados e toldos; tendas; velas para embarcações, para pranchas à vela ou para carros à vela; artigos 25 %
para acampamento

PRODUTOS CERÂMICOS 20 %

OBRAS DE VIDRO 20 %

OBRAS DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 10 %

construções, de ferro fundido, ferro ou aço, exceto as construções pré-fabricadas: Pontes e elementos de 4%
pontes, Torres e pórticos

Recipientes para gases comprimidos ou liquefeitos, de ferro fundido, ferro ou aço 20 %

OBRAS DE ALUMÍNIO 10 %

construções de alumínio 4%
Recipientes para gases comprimidos ou liquefeitos, de alumínio 20 %

FERRAMENTAS 20 %

aparelhos mecânicos de acionamento manual, pesando até 10kg, utilizados para preparar, acondicionar ou 10 %
servir alimentos ou bebidas

OBRAS DIVERSAS DE METAIS COMUNS (cofres-fortes, portas blindadas e compartimentos 10%


para casas-fortes, cofres e caixas de segurança e artefatos semelhantes, de metais comuns) (fichários)

REATORES NUCLEARES, CALDEIRAS, MÁQUINAS, APARELHOS E 10 %


INSTRUMENTOS MECÂNICOS (turbimas, motores, bombas, ar-condicionado, queimadores,
fornos, etc.)

"bulldozers", "angledozers", niveladores, raspo-transportadores ("scrapers"), pás mecânicas, escavadores, 25 %


carregadoras e pás carregadoras, compactadores e rolos ou cilindros compressores, autopropulsores

Máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades; leitores magnéticos ou ópticos, 20 %
máquinas para registrar dados em suporte sob forma codificada, e máquinas para processamento desses
dados, não especificadas nem compreendidas em outras posições

máquinas e aparelhos para selecionar, peneirar, separar, lavar, esmagar, moer, misturar ou amassar terras, 20 %
pedras, minérios ou outras substâncias minerais sólidas (incluídos os pós e pastas); máquinas para
aglomerar ou moldar combustíveis minerais sólidos, pastas cerâmicas, cimento, gesso ou outras matérias
minerais em pó ou em pasta; máquinas para fazer moldes de areia para fundição

-Máquinas e aparelhos para obras públicas, construção civil ou trabalhos semelhantes 25 %


caixas de fundição; placas de fundo para moldes; modelos para moldes; moldes para metais (exceto 33,3 %
lingoteiras), carbonetos metálicos, vidro, matérias minerais, borracha ou plásticos

ferramentas eletromecânicas de motor elétrico incorporado, de uso manual 20 %


aparelhos ou máquinas de tosquiar de motor elétrico incorporado 20 %
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 10

aparelhos elétricos para telefonia ou telegrafia, por fio, incluídos os aparelhos telefônicos por fio conjugado 20 %
com um aparelho telefônico portátil sem fio e os aparelhos de telecomunicação por corrente portadora ou de
telecomunicação digital; videofones

gravadores de dados de vôo 20 %


Gravador-reprodutor de fita magnética, sem sintonizador 20 %
Gravador-reprodutor e editor de imagem e som, em discos, por meio magnético, óptico ou opto-magnético 20 %
-Discos para sistemas de leitura por raio "laser": 33,3 %
-Fitas magnéticas para reprodução de fenômenos diferentes do som e da imagem 33,3 %
-Cartões magnéticos 33,3 %
Aparelhos transmissores (emissores) para radiotelefonia, radiotelegrafia, radiodifusão ou televisão, mesmo 20 %
incorporando um aparelho de recepção ou um aparelho de gravação ou de reprodução de som; câmeras de
televisão; câmeras de vídeo de imagens fixas e outras câmeras ("camcorders")

Aparelhos de radiodetecção e de radiossondagem (radar), aparelhos de radionavegação e aparelhos de 20 %


radiotelecomando

aparelhos receptores para radiotelefonia, radiotelegrafia ou radiodifusão, exceto de uso doméstico 20 %

VEÍCULOS E MATERIAL PARA VIAS FÉRREAS OU SEMELHANTES, 10 %


APARELHOS MECÂNICOS (INCLUÍDOS OS ELETROMECÂNICOS) DE
SINALIZAÇÃO PARA VIAS DE COMUNICAÇÃO

VEÍCULOS AUTOMÓVEIS, TRATORES, CICLOS E OUTROS VEÍCULOS 20 %


TERRESTRES
Tratores 25 %
veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo o motorista 25 %
veículos automóveis para transporte de mercadorias 25 %
veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: auto-socorros, caminhões-guindastes, veículos de 25 %
combate a incêndios, caminhões-betoneiras, veículos para varrer, veículos para espalhar, veículos-oficinas,
veículos radiológicos), exceto os concebidos principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias

veículos automóveis sem dispositivo de elevação, dos tipos utilizados em fábricas, armazéns, portos ou 10 %
aeroportos, para transporte de mercadorias a curtas distâncias; carros-tratores dos tipos utilizados nas
estações ferroviárias

motocicletas (incluídos os ciclomotores) e outros ciclos equipados com motor auxiliar, mesmo com carro 25 %
lateral; carros laterais

reboques e semi-reboques, para quaisquer veículos; outros veículos não autopropulsores 20 %

AERONAVES E APARELHOS ESPACIAIS 10 %

EMBARCAÇÕES E ESTRUTURAS FLUTUANTES 5%

-Barcos e balsas infláveis 20 %


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 11

INSTRUMENTOS E APARELHOS DE ÓPTICA, FOTOGRAFIA OU 10 %


CINEMATOGRAFIA, MEDIDA, CONTROLE OU DE PRECISÃO; INSTRUMENTOS E
APARELHOS MÉDICO-CIRÚRGICOS

ARTIGOS PARA DIVERTIMENTO OU PARA ESPORTE 10 %

Anexo II - Demais Bens

Taxa anual de
Bens
depreciação

Instalações 10 %

Edificações 4%

Estas taxas são as cargas máximas de depreciação anual, permitidas pelo governo.
Obedecidos estes limites, a legislação brasileira permite que qualquer método de depreciação
seja utilizado. Entretanto, a necessidade de se observar limites permitidos pelo governo
conduz a uma depreciação mais demorada se forem utilizados outros métodos que não o da
depreciação linear.
Um outro aspecto a ser considerado é a escolha da data a partir da qual o bem passa a ser
depreciado: normalmente deve ser depreciado a partir da data de entrada em funcionamento.
Se for adquirido para uso posterior, a depreciação não deverá ser computada durante o
período de inatividade, salvo se houver possibilidade de erosão, obsolescência ou existência
de outro fator que determine o imediato início de depreciação.

Para bens usados a taxa de depreciação será fixada tendo em vista o maior dos seguintes
prazos:
1. Metade da vida útil admissível para o bem novo ou
2. Restante da vida útil, considerada em relação à primeira instalação.

Depreciação Acelerada
Desde que comprovada a atividade operacional dos equipamentos fixos em mais de um turno
de trabalho (8 hs/dia), poderá ser aplicado um coeficiente de aceleração sobre a taxa de
depreciação normal, visando reduzir a vida contábil do ativo. As normas fiscais que regulam a
depreciação acelerada estão contidas no artigo 312, decreto no 3.000 de 26/03/1999.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 12

Coeficientes de Depreciação Acelerada:


 1 turno de 8 hs/dia: 1,0
 2 turnos de 8 hs/dia 1,5
 3 turnos de 8 hs/dia 2,0

Assim, por exemplo, se a operação de uma máquina de terraplanagem, cuja depreciação


normal seja de 20% ao ano, for realizada em período contínuo de 16 hs/dia, a empresa poderá
adotar a taxa máxima de depreciação acelerada de 30%.

A legislação prevê, ainda, para bens que operam em condições ambientais desfavoráveis, a
possibilidade do uso de taxas maiores, mediante solicitação corroborada por laudo técnico
emitido pelo Instituto Nacional de Tecnologia.
Ver mais sobre depreciação no decreto 3000 de 1999 no site da Secretaria da Receita Federal:
http://www.receita.fazenda.gov.br

Exemplo 1
Determinada empresa estuda a possibilidade de aquisição de uma máquina automática de
processamento de dados (um computador?), no valor de $ 50.000,00. Se esta empresa utiliza o
método de depreciação linear, pergunta-se:
a. Qual a quota de depreciação linear
b. Qual o valor contábil no sexto ano de utilização
c. Qual o lucro ou prejuízo contábil se a máquina for vendida por $ 15.000,00 no terceiro
ano de utilização
d. Quais seriam os registros contábeis?
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 13

Exemplo 2
O valor de aquisição de um imóvel é R$ 40.000.000, incluindo o valor do terreno de R$
3.000.000. Pede-se:
a) Quota de depreciação contábil
b) Vida Contábil
c) Depreciação acumulada décimo ano
d) Valor Contábil após 10 anos
e) Lucro ou prejuízo para venda por 20.500.000 ano 10
f) Lucro ou prejuízo para venda por 4.500.000 ano 30
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 14

Importância da Depreciação na Análise de Investimentos


Qual a vantagem em depreciar contabilmente um equipamento? Como a depreciação entra
nos custos (ou despesas) na demonstração de resultados, automaticamente diminuirá os lucros
tributáveis, e consequentemente, o imposto de renda a pagar. Sabemos, da matemática
financeira, que quanto mais cedo se tiver o dinheiro na mão, mais vantajoso é. Dessa forma,
todos gostariam de depreciar seus ativos fixos o mais depressa possível. Entretanto, como já
vimos, o governo limita a taxa de depreciação anual por motivos óbvios.

Se o tempo de vida de um equipamento for maior que, por exemplo, 10 anos, e o governo
limita a depreciação em 10 % ao ano, convém ficar quieto e depreciá-lo em 10 anos mesmo. É
perfeitamente normal um equipamento já totalmente depreciado estar em condições de
operação e continuar sendo utilizado (mas não mais depreciado).

A influência do Imposto de renda


Deve ser considerado, para fins de avaliação, o fluxo de caixa após todos os impostos,
inclusive o Imposto de Renda e a Contribuição Social.
O fluxo de caixa líquido, após os impostos, deve ser calculado de acordo com as normas que
regem os impostos.
Projetos que podem ser viáveis antes dos impostos podem não o ser após.
O imposto de renda incide sobre o lucro tributável da empresa que, por sua vez, é
influenciado por procedimentos da contabilidade da depreciação. Por esta razão, a legislação
tributária permite às empresas deduzirem de seu lucro anual a correspondente carga de
depreciação para fins de cálculo do imposto de renda.
Conforme legislação em vigor, o imposto de renda, em geral, é apurado pela aplicação de uma
alíquota de 15% sobre o lucro tributável da empresa. Para lucros tributáveis superiores a R$
240.000,00 por ano (R$ 20.000,00 por mês) é aplicada uma taxa de 10 % sobre o lucro que
excede a este limite.
Também incidente sobre o lucro tributável, a contribuição social deve ser considerada na
análise de investimentos. Para empresas industriais a alíquota da contribuição social é de 9%
sobre o lucro tributável.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 15

Nem sempre o lucro contábil é igual ao lucro tributável, ou seja, aquele sobre o qual incide a
alíquota do imposto de renda. Apurado o resultado contábil, a este deverão ser feitos alguns
ajustes, chamados de inclusões ou exclusões.
A base de cálculo pode ser o lucro real ou lucro presumido. O lucro real é apurado de acordo
registros contábeis e fiscais. Obrigatório para empresas com receita superior a R$ 48 milhões
anuais. O lucro presumido é uma simplificação do lucro real. A base de cálculo é de 8% sobre
a receita bruta. Exceções: 1,6% p/ comércio de derivados de petróleo; 16% p/ serviços de
transporte; 32% p/ serviços em geral.
Os períodos de apuração são trimestrais, encerrados em 31/03, 30/06, 30/09 e 31/12 de cada
ano.

Exemplo
Um investimento de $ 30.000,00 em um equipamento proporcionará redução nos desembolsos
anuais de $ 10.000,00. A vida econômica do equipamento é de 5 anos, após a qual o
equipamento será vendido por $ 7.000,00. Considerando que a taxa máxima de depreciação
para este tipo de equipamento é de 15 % e que a empresa utiliza o método linear, calcular a
taxa interna de retorno do investimento antes e após o imposto de renda. A alíquota de
imposto de renda é de 35%. A taxa mínima de atratividade da empresa, após os impostos é de
18 % ao ano. Pergunta-se:
a) Qual a TIR do investimento antes dos impostos.
b) O investimento é viável após os impostos?
c) Qual a TIR do investimento após os impostos se o equipamento operar em condições que
lhe permita taxa máxima de depreciação de 50%. Avalie a variação da rentabilidade
devido à alteração da taxa máxima de depreciação.

SOLUÇÃO
a) TIR antes do Imposto de Renda:

Fluxo de Caixa antes IRPJ/CSLL

TIR=
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 16

b) Análise após o imposto de renda (T = 15%):


Resolver pelo Excel ® (planilha 1)

Fluxos do Projeto
Ano 0 1 2 3 4 5
Redução nos custos
- Depreciação
Lucro Antes IRPJ/CSLL Adicional
- IRPJ / CSLL
Lucro Líquido Adicional
+ Depreciação
- Investimentos
+ Valor Residual depois dos tributos
Fluxo de Caixa após IRPJ/CSLL

TMA: 18%
Valor do negócio=
VPL=
TIR=

Dica - para calcular o valor residual depois dos tributos deve-se:


1. Calcular a depreciação acumulada até a data prevista para venda do ativo;
2. Calcular o Valor Contábil, deduzindo a depreciação acumulada do Valor de aquisição;
3. Calcular o resultado da venda do ativo, conhecido como ganho de capital;
4. Calcular os tributos sobre o ganho de capital (IRPJ e CSLL);
5. Calcular o valor residual depois dos tributos.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 17

Ganho de Capital
Depreciação Valor contábil no Resultado da venda do Tributos sobre venda
acumulada último ano ativo ativo

c) Análise após o imposto de renda (T = 50%):


Fluxos do Projeto
Ano 0 1 2 3 4 5
Redução nos custos
- Depreciação
Lucro Antes IRPJ/CSLL Adicional
- IRPJ / CSLL
Lucro Líquido Adicional
+ Depreciação
- Investimentos
+ Valor Residual depois dos tributos
Fluxo de Caixa após IRPJ/CSLL

TMA: 18%
Valor do negócio=
VPL=
TIR=

Caso da empresa de eletrônica:


A empresa de eletrônica SRS desenvolve um novo tipo de placa eletrônica em SMD e avalia a
possibilidade de iniciar sua produção. A nova forma de produção, com o uso de um robô,
agiliza e reduz o custo de produção. A intenção é instalar esta nova linha de produção em sua
fábrica no Sul de Minas. Os dados são os seguintes:
 Investimentos fixos adicionais para instalar parte da fábrica em Curitiba (Robô: 150.000,
Máquina solda: 60.000, Computadores, Bancadas e outros: 60.000): R$ 270.000,00
 Investimento em Capital de Giro (principalmente estoques): R$ 65.000,00
 Produção e venda das placas: 500 placas por dia em 360 dias no ano
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 18

 Preço da placa R$ 4,10


 Custos fixos (Aluguel, Mão-de-obra, encargos, etc.): R$ 230.000,00 por ano
 Custos variáveis (Componentes, base, etc.): R$ 0,90 por placa
 Despesas (administrativas, vendas): R$ 90.000,00
 ICMS: 18%
 IRPJ + CSSL = 35%
 Taxa de depreciação sobre os equipamentos: 10% por ano
A Empresa tem garantias de compra das placas durante os próximos 10 anos, no final dos
quais os investimentos fixos terão um valor residual de venda de R$ 80.000,00.
A taxa mínima de atratividade da empresa é de 18% ao ano. Avalie a viabilidade do projeto.
Sistemas de Financiamentos

Amortização de Dívidas
A disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fundamental para a concretização de um
investimento. Se os recursos próprios forem insuficientes as empresas devem recorrer a
empréstimos.
O valor desses empréstimos, ou seja, o principal, evidentemente terá que ser restituído à
instituição financeira, acrescido de sua remuneração, que são os juros.
À forma de devolução do principal mais juros, chama-se de “sistema de amortização”. Os
sistemas mais usados serão vistos a seguir.

SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO (PRICE)


Também conhecido como “Sistema Price” ou “Sistema de Prestação Constante” é muito
utilizado nas compras de prazos menores e no crédito direto ao consumidor.
Neste sistema as prestações são constantes, ou seja, correspondem a uma série uniforme “A”.
A parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de amortização aumenta
com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento da seguinte maneira:

Juros
Prestação
Amortização

Como em todos os sistemas corretos de amortização, no sistema Price a prestação é a soma da


amortização com os juros do período, ou seja:

pk = a k + j k

Onde:
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 20
pk - prestação no periodo k
ak - amortização no período k
jk - juros no periodo k

Além disso, os juros no período k são calculados sobre o saldo devedor anterior:

jk = i*(Saldo devedor)k-1

Nota-se, portanto, que quanto menor o saldo devedor menores serão os juros e, como as
prestações são constantes no sistema Price, a amortização crescerá com o tempo.
A prestação p é calculada da seguinte forma:

pk = p = P* (A/P; i; n )

Onde P é o principal, ou seja, o valor do empréstimo.


As fórmulas do Sistema Francês de amortização são apresentadas no quadro abaixo:

Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)
0 Po = P
1 P1 = Po - a1 p = P(A/P,i,n) a1 = p - j1 j1 = i Po
2 P2 = P1 - a2 p a2 = p - j 2 j2 = i P1
...
k Pk = Pk-1 - ak = 0 p ak = p - j k jk = i Pk-1

Pode-se calcular o saldo devedor após a k-ézima prestação a partir da seguinte fórmula:

Sdk = p (P/A; i; n-k)

Ou seja, o saldo devedor é o valor presente das prestações futuras.


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 21
Exemplo
Montar o quadro de amortização para um financiamento de R$100.000,00, a juros de 15% ao
ano (TJLP de 10% mais 5%), com prazo de 5 anos, amortizável pelo sistema Price em 5
prestações anuais. Calcular também o saldo devedor, imediatamente após a segunda
prestação, sem o uso da tabela.

Solução:

Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)
0
1
2
3
4
5

E o saldo devedor após a segunda prestação é:

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

É o sistema normalmente utilizado para financiamentos de longo prazo.


Neste sistema as amortizações são constantes e calculadas da seguinte forma:
P
a
n

Onde P é o principal e n é o número de prestações.


O saldo devedor após o pagamento da k - ézima prestação é dado por:

Sdk = P - k a

Graficamente a prestação pode ser representada assim:


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 22

Juros
Prestação
Amortização

n
As fórmulas do SAC são apresentadas no quadro abaixo:

Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)
0 P
1 P - P/n P/n + i P P/n iP
2 P - 2P/n P/n + i P - iP/n P/n iP - iP/n
... ... ... ... ...
k P - kP/n P/n+iP-(k-1)iP/n P/n iP - (k - 1)iP/n

Exemplo
Elaborar a tabela financeira pelo sistema SAC para o financiamento do exemplo anterior.
Calcular também, o saldo devedor após a segunda prestação.

Solução:

Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)
0
1
2
3
4
5

E o saldo devedor após o segundo pagamento, sem utilização da tabela, pode ser calculado
assim:
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 23

O PERIODO DE CARÊNCIA
A concessão de um período de carência é muito utilizada pelas instituições financeiras.
Durante o período de carência paga-se somente juros e o principal permanece inalterado, ou
ainda, não se paga juros e estes são capitalizados acrescendo o principal.
Se, no exemplo anterior, fosse concedido dois anos de carência, com 3 de amortização, a
tabela financeira do financiamento ficaria assim:

Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)
0
1
2
3
4
5

OUTROS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

O Sistema Americano: Neste sistema paga-se apenas os juros e o principal é devolvido ao


final do empréstimo.
Sistema de Pagamento Único: É muito utilizado para financiamentos industriais de capital
de giro. Paga-se, neste caso, juros e principal no final do empréstimo. Nada mais do que achar
F dado P.
Pagamento antecipado: Aqui os juros são cobrados antecipadamente e o principal é
devolvido ao final do empréstimo. É uma forma conhecida de “aumentar” a taxa de juros
efetiva cobrada por uma instituição financeira.
Decididamente este não é um sistema correto sob o ponto de vista da matemática financeira.
Para que um sistema seja correto o valor presente das prestações, descontado à taxa de juros
do financiamento, deve ser igual ao principal.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 24

Avaliação de projetos e Negócios considerando


impostos e financiamentos
Uma das etapas mais importantes na elaboração de um projeto industrial é a análise de sua
viabilidade econômica e financeira.
Este capítulo visa apresentar, utilizando-se de informações das etapas anteriores de um
projeto, uma metodologia de cálculo para que se possa concluir sobre a viabilidade de um
projeto.
É necessário, portanto, um correto levantamento dos custos e das receitas adicionais
decorrentes do investimento.
Para um perfeito entendimento dos quadros que serão apresentados e, para que a classificação
dos itens seja adequada, deve-se conhecer a terminologia usual da área de custos:
Terminologia em custos industriais:

Gasto: conceito amplo que significa sacrifício financeiro de uma maneira geral. O sacrifício
é representado por entrega ou promessa de entrega de dinheiro ou outros ativos. Engloba,
portanto, investimento, custo, despesa e perda.

Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a


futuros períodos. Cita-se como exemplo: Estoques, Aplicações, máquinas e equipamentos,
construções civis, marcas e patentes, ações de outras empresas.

Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
Ex: consumo de matérias primas na produção, salário dos empregados da área de produção,
energia elétrica usada na produção, depreciação de máquinas da produção.

Despesa: Gasto relativo a bem ou serviço consumidos para obtenção de receitas. Ex:
salários da administração geral, depreciação de ativos fora da produção, comissão de
vendedores. O custo de produção torna-se despesa quando o produto é vendido, mas costuma-
se chamá-lo de custo do produto vendido.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 25

Perda: gasto com bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Não é um
sacrifício feito com a intenção de obtenção de receitas. Ex: valor dos danos provocados por
incêndios ou enchentes, obsoletismo de estoques, gasto com mão de obra durante uma greve,
refugos anormais, unidades defeituosas.

Desembolso: Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ser defasado ou


não do gasto.

1. INVESTIMENTO
O investimento pode ser classificado da seguinte forma:
a) Fixo
b) Giro

O investimento fixo é composto por equipamentos, terrenos, construções civis, instalações


industriais, móveis, etc.
O investimento em giro é o capital de giro necessário para por em marcha a empresa, ou seja,
disponibilidades, estoques, e os recursos necessários para sustentar as vendas a prazo.
Ao final da vida do projeto estima-se o valor residual de venda do investimento fixo e
considera-se o desativamento do capital de giro como uma entrada de caixa.

2. CUSTOS DE PRODUÇÃO
Os custos de produção são aqueles que ocorrem na fabricação do produto e são classificados
em Variáveis e Fixos.
Os Custos Variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida. Os
principais custos variáveis de produção são os seguintes:
- Matérias Primas, Embalagens e Materiais Auxiliares
- Fretes
- Consumo de Energia Elétrica (no processo produtivo)
- Água Industrial
- Combustível
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 26

Os Custos Fixos normalmente não variam proporcionalmente à produção. Os principais são


os seguintes:
- Mão-de-Obra Fixa
- Manutenção
- Seguros
- Demanda de Energia Elétrica
- Despesas de Aluguel relativas à fabricação

3. DESPESAS GERAIS
As Despesas Gerais são aquelas que, mesmo importantes para a operação, não fazem parte da
fabricação de um produto. Podem, também, ser classificadas em fixas e variáveis.
A principal Despesa Geral Variável é:
- Despesas Variáveis com Vendas (Comissão de vendedores)

Como Despesas Gerais Fixas considera-se:


- Despesas Administrativas
- Salários da Diretoria
- Despesas de vendas fixas
- Impostos fixos (IPTU, Taxas diversas)

4. OUTRAS DESPESAS E DESEMBOLSOS

DEPRECIAÇÃO CONTÁBIL: É uma despesa sem desembolso que pode ser considerada
para efeito de abatimento no Imposto de Renda.

DESPESAS FINANCEIRAS: Referem-se aos juros de financiamentos de médio e longo


prazo e podem ser abatidas para efeito de Imposto de Renda.

AMORTIZAÇÃO DE FINANCIAMENTOS: A Amortização é um desembolso e não uma


despesa e, portanto, não é dedutível do Imposto de Renda.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 27

IMPOSTOS PROPORCIONAIS: São os impostos proporcionais à Receita Bruta de Vendas


como, p. ex., ICMS, IPI e PIS/Cofins. A Receita Líquida de Vendas é obtida subtraindo estes
impostos da Receita Bruta.

IMPOSTO DE RENDA (IRPJ): O Imposto de Renda incide sobre o lucro tributável. A


legislação atual fixa uma alíquota de 15% sobre o lucro e um adicional de 10% sobre o lucro
que exceder a R$ 240.000,00 no ano. Deve-se considerar ainda o efeito de 9% da
Contribuição Social sobre o lucro tributável.

5. RECEITAS
Para efeito de análise econômica de projetos considera-se apenas as Receitas Operacionais, ou
seja, o produto da quantidade produzida pelo preço.

RENTABILIDADE DO EMPREENDIMENTO E DO ACIONISTA

A taxa interna de retorno do empreendimento considera o capital total investido no projeto,


como se fosse utilizado apenas capital próprio, ou seja, obtêm-se a rentabilidade total do
investimento. Por outro lado pode-se também calcular a rentabilidade do acionista ou do
capital próprio investido.
A rentabilidade do acionista é calculada considerando as prestações como saídas de caixa
onde elas efetivamente ocorrem, não se esquecendo que a parcela de juros é dedutível para
fins de Imposto de Renda enquanto a amortização não o é. Neste caso utiliza-se, para o
cálculo da TIR do acionista, o investimento efetuado pelos proprietários.
Se a rentabilidade do empreendimento for maior que a taxa de juros do financiamento,
ocorrerá o efeito da Alavancagem financeira positiva fazendo com que a rentabilidade do
acionista seja maior que a rentabilidade do projeto como um todo.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 28

APLICAÇÃO

Determine as taxas internas de retorno do empreendimento e do acionista de um


projeto de uma fábrica de cimento que apresenta as seguintes características:

- Produção anual: 400 ton./ano


- Preço: $ 10.000/ton.
- Custo variável de produção: $ 4.000/ton.
- Custo fixo de produção: $ 300.000/ano
- Despesas gerais variáveis: $ 1.500/ton.
- Despesas gerais fixas: $ 200.000/ano
- Investimento fixo: $ 2.000.000
- Capital de giro: $ 200.000
- Taxa de depreciação: 10%
- Parcela de investimento financiada: 50%
- Taxa de juros do financiamento: 10% a.a.
- Amortização: em 7 anos pelo sistema SAC (com dois anos de carência)
- Valor residual do investimento fixo: $ 200.000
- Vida útil do projeto: 10 anos
- Produção no primeiro ano: 70% da capacidade normal
- IRPJ/CSL: 35%
- ICMS (menos crédito), IPI, PIS, Cofins, etc: 17%

Solução:

Resultados antes do Financiamento


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 29

TMA=

Valor Econômico do Negócio=


VPL=
TIR=

Resultados depois do Financiamento

TMA=

Valor Econômico do Negócio=


VPL=
TIR=
Quadro do Fluxo Financeiro do Empreendimento (Fluxo de Caixa Livre)
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 31

Quadro do Fluxo Financeiro do Acionista


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 32
CASOS
Caso da Empresa de eletrônica:
A empresa de eletrônica SRS desenvolve um novo tipo de placa eletrônica em SMD e
avalia a possibilidade de iniciar sua produção. A nova forma de produção, com o uso
de um robô, agiliza e reduz o custo de produção. A intenção é instalar esta nova linha
de produção em sua fábrica no Sul de Minas. Os dados são os seguintes:
Investimentos adicionais para instalar linha:
Robô: 150.000,
Máquina solda: 60.000,
Computadores, Bancadas e outros: 60.000.
Investimento em Capital de Giro: R$ 65.000,00
Produção e venda das placas: 500 placas por dia em 360 dias no ano
Preço da placa R$ 4,10
Aluguel: R$ 60.000,00 por ano
Mão-de-obra: R$ 100.000,00 por ano
encargos: R$ 70.000,00 por ano
Componentes: R$ 0,60 por placa
Base: R$ 0,30 por placa
Despesas administrativas: R$ 50.000,00 por ano
Despesas de vendas: R$ 40.000,00 por ano
ICMS, IPI, PIS, Cofins: 18%
IRPJ + CSSL = 35%
Taxa de depreciação sobre os equipamentos: 10% por ano

A Empresa tem garantias de compra das placas durante os próximos 10 anos, no final
dos quais os investimentos fixos terão um valor residual de venda de R$ 80.000,00.
A taxa mínima de atratividade da empresa é de 18% ao ano.

1. Qual o Valor do Negócio?


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 34
2. Qual o VPL?
3. Qual a TIR?
4. Caso a empresa faça um financiamento de 60% do investimento fixo no BDMG
a uma taxa de 12% ao ano, para pagar em 4 anos, sendo o primeiro de carência,
pelo sistema SAC, analise a viabilidade do capital próprio (acionista);
5. Analise a viabilidade caso a empresa pague Simples de 7,4% sobre a receita e
continue pagando ICMS (já descontados os créditos) de 9%
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 35

Caso da Termelétrica a Gás:


Uma empresa do setor de energia estuda um investimento em uma termelétrica a gás
de 350 MW e levantou os seguintes dados:
Investimento $ 500,000.00 por MW instalado
Produção de energia 2.800.000 MWh por ano
Preço da energia elétrica produzida $30.00 por MWh
Custos de Operação e Manutenção $ 4.00 por MWh
Outros Custos (Transporte de energia, etc.) $ 1,000,000.00 por ano
Consumo de gás 500.000.000 m3 por ano
Custo do gás $ 0.06 por m3
O horizonte de planejamento é de 20 anos, após os quais a termelétrica será vendida
por $35 milhões.
A taxa mínima de atratividade da empresa é de 15% ao ano após o imposto de renda.
Se a TMA da empresa é de 15% ao ano, qual é o Valor do Negócio e o VPL?
O negócio é viável?
Usar planilha eletrônica

Questão sobre depreciação


Qual a quota anual de depreciação do investimento, considerando que a taxa máxima
de depreciação permitida para este caso é de 4%.
Qual o valor contábil no final do vigésimo ano?
Qual o lucro ou prejuízo na venda do ativo?

Questão sobre IRPJ e CSL


Analise a viabilidade do investimento após o Imposto de Renda, considerando uma
alíquota de 35% sobre o lucro tributável.

Questão sobre sensibilidade


Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 36

Qual o preço mínimo da energia elétrica para que o investimento seja viável?
(Considerar análise após o Imposto de Renda)

Questão sobre financiamento


Calcule a TIR do capital próprio investido na termelétrica considerando que 70% do
investimento total seja financiado pelo BNDES, pelo sistema SAC, em 10 anos, a uma
taxa de juros real de 10% ao ano.
Capítulo 5 – Avaliação de Projetos e Negócios 5. 37

EXEMPLOS EXTRAS

1. Pretende-se adquirir, em uma indústria, um guindaste de 8 toneladas. O custo de


aquisição é de $500.000,00, e permitirá reduzir despesas de $100.000,00. Espera-se
que a vida econômica do equipamento atinja 10 anos, após a qual não terá valor de
mercado. Considerando uma TMA de 16% ao ano e a taxa de imposto de renda de
35%, analise a viabilidade da aquisição.
Considerar uma taxa de depreciação de 25% ao ano.

2. Visando avaliar a melhor alternativa entre adquirir ou fazer o leasing de


equipamentos, a UDT (divisão de transportes da USIMINAS) solicitou um estudo à
UDE (divisão de engenharia industrial) no sentido de tomar a decisão mais viável para
a empresa. Entre estes equipamentos está o guindaste telescópico de 13 ton. Para o
qual foram coletados os seguintes dados:
 Custo de aquisição: $850.000,00
 Valor de mercado após 5 anos $170.000,00
 Horizonte de planejamento 5 anos
 Custos mensais de operação e manutenção: $9.092
 Taxa mínima de atratividade da USIMINAS: 18% ao ano
 Valor do aluguel: $218,00 por hora
Pergunta-se:
1. Qual o melhor, alugar ou comprar?
2. Faça suas considerações sobre um ponto de equilíbrio entre a compra e o
aluguel.

3. Para uma dívida de R$50.000,00, uma taxa de juros de 10% ao período e um plano de
5 prestações construa um quadro de amortizações pelo sistema:
a) PRICE;
b) SAC;
c) SAC com um período de carência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2004.

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8. HERTZ, David B. Risk Analysis in Capital Investment. Harvard Business Review, Jan.
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2001.

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Econômica. Rio de Janeiro, Zahar, 1982.

11.OLIVEIRA, J. A. N. Engenharia Econômica: Uma Abordagem às Decisões de


Investimentos. São Paulo, Mc Grow-Hill, 1982.

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Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2002.

13.WISTON, Wayne L. Introduction to Mathematical Programming: Applications and


Algoritms. Duxbury Press. 1995.

14.WOILER, S et Alli. Projetos. São Paulo, Atlas, 1983.

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