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DOI: 10.1590/1413-81232014199.

02282014 3717

Eventos de massa, desastres e Saúde Pública

artigo article
Mass gatherings, disasters and public health

Camilla Figueiredo de Castro 1


Dayane Carla Menezes Simões 1
Elizabete Vianna Delamarque 1
Vera Lucia Edais Pepe 1

Abstract Brazil has hosted mass gatherings Resumo O Brasil tem sediado eventos de massa
(MG) and participants are exposed to health (EM) e seus participantes estão sujeitos a riscos
risks. The scope of this paper is to systematize à saúde. Objetivou-se sistematizar as principais
the main relationships between MG and the oc- relações, de interesse da Saúde Pública, entre
currence of disasters of interest to Public Health. eventos de massa e ocorrência de desastres. Foram
Three methodological strategies were used: sys- realizadas três estratégias metodológicas: revisão
tematic search and review of the literature on da literatura de EM, com busca sistemática, sis-
MG; systematization of the main information tematização das principais informações sobre EM
on MG; and selection and systematization of the e seleção e sistematização das referências que tra-
references located for the theme of disaster in the tavam do tema desastre em suas palavras-chave,
search for key words, title or abstract. 28 referenc- título ou resumo. Foram selecionadas 28 referên-
es for MG were selected, mostly scientific papers, cias sobre EM, a maioria artigo científico, revisão
literature reviews, publications in 2012 and sports de literatura, de 2012 e de natureza esportiva. Os
events. The main subjects addressed were surveil- principais assuntos abordados foram sistemas de
lance systems and planning of MG. There was lit- vigilância e planejamento dos EM. Evidenciou-se
tle analytical information about MG, as well as a pouca informação analítica sobre os EM, bem
the importance of non-communicable events for como a importância de eventos não-transmissí-
the occurrence of disasters with emphasis on those veis para a ocorrência de desastres, com destaque
related to crowds. It is important to consider the aos relacionados à multidão. O risco de desastres
risk of disasters when planning MG to increase deve ser considerado no planejamento dos EM,
responsiveness. Strategic areas such as medical para aumentar a capacidade de resposta conside-
emergencies, surveillance of communicable dis- rando áreas estratégicas como emergência médica,
eases and vectors, food and health service security, vigilância de doenças transmissíveis e vetores, se-
1
Departamento de
Administração e environmental health and laboratories should be gurança alimentar e dos serviços de saúde, saúde
Planejamento em Saúde, considered. The importance of analytical research ambiental e laboratório. Ressalta-se a importân-
Escola Nacional de Saúde and registration of experience acquired in MG cia de pesquisas analíticas e de registro das expe-
Pública Sergio Arouca,
Fundação Oswaldo Cruz. should be stressed for disaster risk reduction. riências relacionadas aos EM, para a redução de
R. Leopoldo Bulhões 1480, Key words Mass gatherings, Public health, risco de desastres.
Manguinhos. 21.041-210 Health risk, Disasters Palavras-chave Eventos de massa, Saúde públi-
Rio de Janeiro RJ Brasil.
camillafcastro@gmail.com ca, Risco sanitário, Desastres
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Castro CF et al.

Introdução agudas, dermatites e erupções cutâneas. Sobre


prevenção e mitigação dos riscos e impactos des-
Eventos de Massa são reuniões de grande contin- se tipo de desastre, o estudo aponta como ações
gente de pessoas, em geral motivados por ativi- a serem adotadas a capacidade de avaliar rapi-
dades laborais, políticas, esportivas, religiosas ou damente as áreas afetadas, identificando impac-
lúdicas, que ocorre de forma pré-programada ou tos, riscos e necessidades sociais, ambientais e de
não, e que, em geral, acarretam consequências saúde da população afetada, além da capacidade
em diversos setores da sociedade, inclusive na de resposta do setor saúde, que inclui a vigilân-
Saúde Pública1,2. cia em saúde, controle de hospedeiros e vetores
A concentração de pessoas de origem nacio- de doenças, vacinações, atenção e cuidado, edu-
nal e internacional, de hábitos e culturas diferen- cação e conscientização em relação aos riscos e
tes, expostas a distintos fatores de risco à saúde problemas de saúde9.
e portadoras de enfermidades - que podem ser Os setores públicos e privados devem estar
potencializadas e disseminadas -, constitui-se fa- aptos para sediar os grandes eventos satisfatoria-
tor de risco à saúde e de danos ambientais, sendo mente e, para tal, devem seguir as recomendações
necessários planejamento e interação adequados da OMS de fortalecimento dos sistemas de gestão
de diversos setores, públicos e privados, na pre- de riscos de desastres e redução dos mesmos nos
venção, resposta e recuperação às possíveis emer- três níveis de gestão governamental (municipal,
gências e desastres3,4. estadual e nacional), e as de desenvolvimento das
Além de doenças transmissíveis, os partici- capacidades e aumento da resiliência dos siste-
pantes de eventos de massa estão sujeitos a in- mas de saúde ao lidar com múltiplas vítimas10,11.
fecções alimentares, aumento do consumo de O Brasil tem sido destino de turistas em even-
drogas lícitas e ilícitas, acidentes (como incên- tos de massa de diferentes naturezas, que fazem
dios, desmoronamentos, pisoteamentos e esma- parte do calendário nacional, como carnaval, ré-
gamentos), doenças respiratórias (como asma), veillon e festas típicas regionais. Além disso, uma
suicídios, picadas de animais e insetos, doenças série de eventos esportivos mundiais está progra-
relacionadas à temperatura e umidade (desidra- mada até o ano de 2016. O país tem desenvol-
tação, insolação, queimaduras solares, afecções vido iniciativas que vão desde a estruturação de
respiratórias e hipotermia), injúrias e lacerações, grupos de trabalho, regulamentações nacionais
doenças cardiovasculares5,6. A Organização Mun- e locais, até articulações inter e intrassetoriais,
dial da Saúde (OMS) também enumera algumas visando avaliação dos riscos, preparação e even-
ameaças à Saúde Pública, tais como doenças no- tual resposta aos acidentes que possam ocorrer
vas e emergentes, utilização de agentes químicos, durante os eventos de grande porte.
biológicos, radiológicos ou nucleares (QBRN), Este trabalho objetivou sistematizar as prin-
conflitos, desastres naturais ou antropogênicos7. cipais relações de interesse da Saúde Pública,
Nos grandes eventos, pode haver emergências entre a realização de eventos de massa e a ocor-
relacionadas à saúde dos participantes, e a ca- rência de desastres, identificadas em pesquisa de
pacidade de resposta a elas é fundamental para maior porte, que buscou caracterizar as ações
que não haja ocorrência de desastres. Esta última de Saúde Pública nos eventos de massa12. Desta
se relaciona, não apenas à exposição de grande maneira, acredita-se contribuir para o planeja-
número de pessoas vulneráveis a perigos, que po- mento e gestão de grandes eventos, minimizando
dem resultar em danos à saúde8, como também à a possibilidade de ocorrência de desastres a eles
baixa capacidade de recursos, da sociedade afe- relacionados.
tada, para lidar com a situação de emergência4,7.
Semelhante aos grandes eventos, a ocorrên-
cia de desastres exige capacidade de ação frente Materiais e métodos
às possíveis emergências e necessidades de saú-
de da população acometida. Estudo publicado A primeira estratégia metodológica se apoiou na
em 2012, sobre as enchentes (desastres naturais revisão de literatura, com busca sistemática, rea-
que ocorrem com grande frequência) e sua re- lizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2013.
lação com a Saúde Pública, apresentou como Utilizaram-se as bases de dados do Medical Lite-
consequências sobre a saúde diversas doenças, rature Analysis and Retrieval System Online (Me-
tais como diarreias e gastroenterites, cólera, fe- dline), da ScienceDirect, da Biblioteca Virtual em
bre tifoide, desnutrição, estados de estresse pós- Saúde (BVS), do World Health Organization Li-
traumático, conjuntivites, infecções respiratórias brary Information System (WHOLIS) e do World
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Health Organization Institutional Repository for entre o tema eventos de massa e desastres, que
Information Sharing (WHO IRIS). Os descrito- abordaram aspectos do planejamento e da ges-
res mass gathering, mass gathering medicine, pu- tão, foi considerada relação indireta. A associação
blic health, community health, health surveillance, propriamente dita entre eventos de massa, que
sanitary surveillance, event surveillance, health resultaram em desastres, foi considerada relação
protection, health promotion foram combinados, direta.
na sequência e com operadores booleanos, consi-
derando as características de cada base de dados.
Os critérios de busca adotados foram o período Resultados
de publicação (de 2000 a 2012), o idioma (portu-
guês, inglês e espanhol) e o acesso público eletrô- Eventos de massa e Saúde Pública
nico. As publicações foram selecionadas a partir
da leitura de título e resumo, sendo mantidas A busca bibliográfica recuperou 297 referên-
aquelas que se referiam a Saúde Pública e eventos cias, das quais 28 foram selecionadas. O maior
de massa. número de publicações selecionadas (28,6%)
Sistematizaram-se, num primeiro momento, pertencia ao periódico BMC Public Health. O ano
as informações referentes à literatura selecionada de 2012 concentrou 32% (9) das publicações; os
(nome do(s) autor(es), ano de publicação, perió- países/regiões de estudo mais abordados foram
dico, país/região do estudo (local de referência do Grécia e Reino Unido (17,8% cada), e Austrá-
estudo), tipo de publicação (artigo científico, co- lia (14,3%) (Quadro 1). Dezenove publicações
municação rápida, documento oficial, editorial, (67,8%) eram artigos científicos e a abordagem
estudo de opinião, livro, relatório) e assuntos utilizada, pela maior parte das referências sele-
abordados. cionadas, foi a de estudos de revisão da literatura
O tipo de publicação reflete as definições (25%). Apenas uma publicação abordou, de for-
assumidas nas respectivas referências seleciona- ma mais analítica, mudanças efetuadas no siste-
das. Os assuntos foram classificados em 18 cate- ma de monitoramento de doenças infecciosas14
gorias analíticas, com base na OMS, que foram: (Quadro 1).
laboratórios; controle e prevenção de infecções; No total das referências selecionadas, a prin-
serviços médicos de emergência e hospitala- cipal natureza dos eventos foi a esportiva (68%),
res; saúde do viajante (incluindo a capacidade seguida pelas referências que abordavam diferen-
de tratamento); portos, aeroportos e fronteiras; tes naturezas de eventos (18%) (Quadro 2).
promoção da saúde (condutas saudável, incen- Entre os assuntos abordados nas referências
tivo a atividades físicas, sexo seguro, redução do selecionadas, destacaram-se os temas sobre: sis-
consumo álcool e tabaco, entre outros); agentes temas de vigilância (17,5%), planejamento e
químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares; gestão (12,4%); alimentos e segurança alimentar
acidentes com múltiplas vítimas, desastres, ter- (9,3%); promoção da saúde (8,2%); controle de
rorismo e bioterrorismo; alimentos e segurança água (8,2%); saúde ambiental (8,2%); controle e
alimentar; controle da água; controle de vetores; prevenção de infecções (7,2%); serviços médicos
saúde ambiental; bens e produtos para saúde (ex- de emergência e hospitalares (6,2%); e aciden-
cetuando-se alimentos); controle de multidão; tes com múltiplas vítimas, desastres, terrorismo
informação, comunicação e sistemas de alerta; e bioterrorismo (6,2%). Ressalta-se que 71,4%
sistemas de vigilância; planejamento e gestão; e das publicações abordaram mais de um assun-
legado à saúde13. to. O Quadro 2 demonstra também que, das 28
A segunda estratégia metodológica baseou-se publicações selecionadas para o estudo, 21,4%
na leitura integral dos textos selecionados e bus- (6) relacionaram, de forma direta ou indireta, a
cou sistematizar as principais informações sobre realização de grandes eventos com a ocorrência
os eventos de massa: natureza do evento (espor- de desastres.
tivo, cultural, religioso e sociopolítico); local de
realização do evento; situações de risco à saúde, Eventos de massa e desastres
potencial ou diretamente, relacionadas a eventos
de massa. As quatro publicações que relacionaram de
Na terceira estratégia, as referências que tra- forma indireta eventos de massa e desastres abor-
tavam do tema desastre em suas palavras-chave, daram especialmente os aspectos de planejamen-
título, resumo ou de forma expressiva no texto, to, gestão, informação e capacidade de resposta
foram selecionadas e sistematizadas. A associação às emergências13,15-17. Nas duas publicações em
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Castro CF et al.

Quadro 1. Descrição dos autores, ano de publicação, país/região do estudo e tipo de publicação. Período de 2000
a 2012.

N° da Referência Autor(es) Ano de País/Região Tipo de Publicação


Bibliográfica Publicação do Estudo
1 Fapore et al.18 2000 EUA Relatório
2 Hanslik et al. 19
2001 França Artigo Científico
3 Jorm 20
2003 Austrália Artigo Científico
4 Hadjichristodoulou et al. 21
2005 Grécia Artigo Científico
5 Muscatello et al.22 2005 Austrália Artigo Científico
6 Coletta et al.23 2006 EUA Relatório
7 Soteriades et al.24 2006 Grécia Artigo Científico
8 Hadjichristodoulou et al. 25
2006 Grécia Artigo Científico
9 Tsouro e Efstathiou 13
2007 Grécia Livro (Guias e Diretrizes)
10 Yancey II et al. 15
2008 África do Sul Artigo Científico
11 Enock e Jacobs26 2008 NE Artigo Científico
12 Marano e Freedman27 2008 NE Estudo de opinião
13 Thackway et al.2 2009 Austrália Estudo de opinião
14 Badekas et al. 28
2009 Grécia Artigo Científico
15 Loncarevic et al. 29
2009 Sérvia Comunicação Rápida
16 McCartney et al. 30
2010 NE Artigo Científico
17 McCartney et al.31 2010 Reino Unido Artigo Científico
18 Lund et al.16 2011 Canadá Artigo Científico
19 WHO17 2011 NE Documento Oficial
20 Polkinghorne et al. 32
2012 Austrália Artigo Científico
21 Takla et al. 14
2012 Alemanha Artigo Científico
22 Tew et al.33
2012 Reino Unido Editorial
23 Carmont34 2012 Reino Unido Editorial
24 Severi et al.35 2012 Reino Unido Artigo Científico
25 Heinsbroek et al.36 2012 Reino Unido Artigo Científico
26 Soomaroo e Murray 37
2012 NE Artigo Científico
27 Tewari et al. 38
2012 Índia Artigo Científico
28 Soomaroo e Murray 39
2012 NE Artigo Científico
NE = Não Especificado

que a relação era direta, elencaram-se as lições organizadores de diferentes eventos. O comparti-
aprendidas com a ocorrência de desastres duran- lhamento de informações relevantes sobre even-
te os eventos de massa37,39. tos de massa configurou-se uma importante es-
Em 2009, na Itália, o Fórum Global sobre tratégia, uma vez que subsidiaria o planejamento
eventos de massa teve como objetivo a revisão de futuros eventos, aumentando a capacidade de
dos recursos e ferramentas necessárias para a organização e a segurança sanitária17. Além dis-
realização de eventos de massa por especialistas e so, considerou que a gestão de desastre deveria
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Quadro 2. Evento de massa, natureza, assuntos abordados e relação com desastres. Período de 2000 a 2012.

N° da Referência Eventos de Massa Abordados Natureza Assuntos Relação


Bibliográfica dos eventos abordados com
desastres

1 Rainbow Family of Living Light Annual Cultural 3; 5; 17 Não


Gathering, EUA (1999)

2 Copa do Mundo FIFA da França (1998) Esportivo 18 Não

3 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Sydney (2000); Esportivo 3; 5; 8;12; 15; Não


Sydney Gay and Lesbian Mardi Gras (2000); 18
Ano Novo, Austrália (1999-2000)
Olimpíadas e Paraolimpíadas de Los Angeles
(1984), de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996)

4 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Atenas (2004) Esportivo 3; 5; 15;18 Não

5 Copa do Mundo de Rugby, Austrália (2003) Esportivo 18 Não

6 Acampamento de jovens por 10 dias em Cultural 8;18 Não


Virgínia, EUA (Julho, 2005)

7 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Atenas (2004) Esportivo 14 Não

8 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Atenas (2004) Esportivo 3; 5; 15; 18 Não

9 Olimpíada e Paraolimpíada de Atenas (2004) Esportivo 1; 2; 3; 4; 5; 6; Indireta


7; 8; 9; 10; 12;
13; 14; 15; 16;
17; 18

10 Copa do Mundo FIFA da África do Sul (2010) Esportivo 1; 3; 11; 12; Indireta
17; 18

11 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Atlanta (1996), Esportivo 3; 5; 8; 9; 12; Não


de Sydney (2000) e de Londres (2012) 14; 15; 18

12 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Pequim (2008) Esportivo 8; 16; 18 Não

13 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Sydney (2000); Esportivo 3; 12; 14; 15; 18 Não


Copa do Mundo de Rugby, Austrália (2003);
Fórum da Cooperação Econômica da Ásia e do
Pacífico (APEC), Austrália (2007); Dia Mundial
da Juventude, Austrália (2008)

14 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Atenas (2004) Esportivo 17; 18 Não

15 XXV Universitária de Verão em Belgrado, Diferentes 8; 12; 16; 18 Não


Sérvia (2009); X Festival de Música EXIT em naturezas
Voivodina, Sérvia (2009) de evento

16 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 11 Não


(2012); Jogos Commonwealth, de Glasgow,
Escócia (2014); Grandes Eventos Esportivos
(entre 1978 e 2008)
continua
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Castro CF et al.

Quadro 2. continuação

N° da Referência Eventos de Massa Abordados Natureza Assuntos Relação


Bibliográfica dos eventos abordados com
desastres

17 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 11; 12; 14; 15 Não


(2012)

18 Olimpíada de Inverno em Vancouver, Canadá Diferentes 1; 12; 17 Indireta


(2010); naturezas
Jogos Mundiais dos Policiais e Bombeiros, de evento
Vancouver, Canadá (2009);
Copa do Mundo FIFA, campeonatos mundiais
de eventos esportivos, numerosas corridas,
festivais e concertos.

19 Expo 2010 Shanghai China (2010); Olimpíadas Diferentes 1; 12 Indireta


e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro (2016); naturezas
Hajj, Mecca, Arábia Saudita (2009); de evento

20 Festival de Música Country em Tamworth, Cultural 3; 5; 8; 12; 15; Não


Austrália (2011) 18

21 Copa do Mundo FIFA da Alemanha (2006) e Esportivo 18 Não


Copa do Mundo FIFA Feminino, Alemanha
(2011)

22 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 11; 14 Não


(2012)

23 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 11; 14 Não


(2012)

24 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 18 Não


(2012)

25 Olimpíadas e Paraolimpíadas de Londres Esportivo 18 Não


(2012)

26 21 eventos em massa que terminaram em Diferentes 1; 6; 12; 17 Direta


desastres documentados ao redor do mundo naturezas
de eventos

27 Peregrinação ao Festival Religioso Hindu Magh Religioso 14 Não


Mela no Norte da Índia (2011)

28 22 eventos em massa que terminaram em Diferentes 1; 5; 12 Direta


desastres documentados ao redor do mundo naturezas
de eventos
Obs: Classificação baseada em Tsouro e Efstathiou13. (1) Acidentes com múltiplas vítimas, Desastres, Terrorismo e Bioterrorismo;
(2) Agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares (QBRN); (3) Alimentos e Segurança Alimentar; (4) Bens e Produtos
para Saúde; (5) Controle de Água; (6) Controle de Multidão; (7) Controle de Vetores; (8) Controle e Prevenção de Infecções;
(9) Informação, Comunicação e Sistemas de Alerta; (10) Laboratórios; (11) Legado à Saúde; (12) Planejamento e Gestão; (13)
Portos, Aeroportos e Fronteiras; (14) Promoção da Saúde; (15) Saúde Ambiental; (16) Saúde do Viajante; (17) Serviços Médicos de
Emergência e Hospitalares e (18) Sistemas de Vigilância.
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compor o rol de elementos a serem considerados No que tange às questões relacionadas aos desas-
durante o planejamento de eventos de massa17. tres, os autores sugeriram definir os processos
As experiências e lições obtidas durante os psicossociais demandados para apoio às vítimas,
Jogos Olímpicos de Atenas 2004 evidenciaram seus familiares e os profissionais envolvidos com
uma série de aspectos relevantes, inclusive a ne- as primeiras etapas de resposta. Sugeriram tam-
cessidade de realizar planejamento e gestão de bém definir plano de apoio mútuo e assistência
desastres13. Alguns temas considerados impor- internacional para casos que ultrapassem as ca-
tantes foram os relativos a liderança, operações pacidades de resposta locais13.
e comando unificado e cooperação internacional Os autores ressaltaram que o plano de pre-
em Saúde Pública para grandes eventos e situa- paração e resposta para acidentes com múltiplas
ções emergenciais13. No que tange à saúde pro- vítimas deve estar em concordância com as legis-
priamente dita, foi sugerida a composição de lações e regulamentações vigentes. Recomenda-
grupos de caráter consultivo, com especialistas da ram estabelecer adequada cadeia de comando,
saúde, nos temas relativos a: prevenção de doen- controle e coordenação de ações, bem como pos-
ças, promoção da saúde, análise e gestão de riscos síveis transferências de responsabilidades entre
e segurança sanitária, vigilância e alerta, labora- comandos. Nas etapas pré-hospitalares, sugeri-
tório, serviços médicos, controle de infecções, se- ram que a autoridade responsável pelo comando
gurança da água e alimentos, desastres e resposta geral seja definida de acordo ao tipo de acidente
a emergências13,17. ocorrido. As ações pré-hospitalares, segundo os
Algumas áreas foram consideradas estratégi- autores, devem seguir protocolos pré-determi-
cas, tais como13: nados e incluem as etapas de descontaminação
1. Preparação da capacidade hospitalar, de das vítimas, triagem, tratamento no local do aci-
cuidados à saúde e de emergências médicas em dente, transporte seguro das vítimas e a comu-
acidentes com múltiplas vítimas; nicação coordenada entre os responsáveis pelos
2. Vigilância de doenças e resposta a surtos, serviços de atendimento médico-hospitalar, a
incluindo a vigilância epidemiológica e a respos- autoridade em comando no local do desastre e
ta às doenças transmissíveis, o departamento nacional envolvido, garantin-
3. Sistema de vigilância sindrômica, prepara- do que todas as necessidades sejam atendidas. É
ção e resposta da Saúde Pública a acidentes en- necessário assegurar a integridade dos corpos e
volvendo agentes explosivos, biológicos, quími- a supervisão dos profissionais envolvidos13, in-
cos e radiológicos e nucleares; cluindo o controle de acesso às áreas de guarda
4. Saúde ambiental e segurança alimentar, in- dos mortos13,15. Yancey II et al.15 sugeriram que os
cluindo temas sobre vigilância da saúde ambien- serviços de patologia forense, no caso de mortes
tal, qualidade da água, suporte laboratorial; e em massa, sejam acionados, para prestar apoio à
5. Monitoramento e controle de mosquitos e polícia e ajudar na identificação das vítimas.
vetores. O planejamento das etapas hospitalares, na
No enfrentamento dos desafios que se apre- resposta a acidentes com múltiplas vítimas, deve
sentam na realização de eventos de massa, além contemplar como componentes básicos a respos-
do planejamento, a avaliação dos riscos para a ta integrada entre as agências envolvidas, a logís-
Saúde Pública foi considerada importante15,17. tica e a cadeia de suprimentos (de medicamentos,
Yancey II et al.15 sugeriram a elaboração prévia materiais médico-hospitalares, banco de sangue,
de plano de preparação para desastres, e enfa- equipamentos de proteção individual – EPI, de-
tizaram a importância da atuação de diferentes tectores de radiação, entre outros), a segurança,
órgãos, que devem interagir na construção, de- os cuidados clínicos, os recursos humanos e as
bate e revisão de cada detalhe do plano, visando relações públicas13. Essas etapas incluem: a infor-
aumentar a capacidade de resposta do sistema mação das capacidades dos sistemas hospitalares
médico-hospitalar frente a esse tipo de situação. para a distribuição de pacientes; a designação de
Na elaboração de planos de resposta a aci- um centro de comando e controle no hospital; a
dentes com múltiplas vítimas, as etapas de avalia- adequada notificação do tipo de acidente ocor-
ção de necessidades e riscos podem elucidar peri- rido e suas demandas; os meios de comunicação
gos potenciais de áreas geográficas específicas, fa- interna e externa ao hospital; a segurança dos
cilitando a preparação por parte das instituições profissionais e equipamentos envolvidos; a pro-
interessadas, antecipando problemas, auxiliando teção da infraestrutura hospitalar (contemplan-
o processo de priorização das políticas a serem do os planos operacionais de resposta para con-
adotadas e evitando preparações desnecessárias13. taminação do sistema de ventilação, interrupção
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Castro CF et al.

do fornecimento de eletricidade, água, gases temporária das estruturas, inclusive sanitárias;


medicinais e outras funções críticas); a triagem, variabilidade de aspectos relativos à temperatura
descontaminação e tratamento de pacientes; a e umidade; necessidade de água potável; limita-
operacionalização das ações de médicos especia- ção orçamentária, de energia elétrica e de equipa-
listas, estudantes e voluntários; o apoio psicosso- mentos médicos; desafios para a comunicação; e
cial, mental e espiritual às vítimas, seus familiares necessidade de ação coordenada na resposta dos
e profissionais de saúde a curto e longo prazos e diferentes órgãos. Quanto aos recursos humanos,
o treinamento de pessoal, incluindo todos os ce- ambas contam com equipe interdisciplinar re-
nários e protocolos pré-definidos13. munerada ou não, trabalhando em ambiente não
Nos casos em que as necessidades demanda- familiar e com participação de voluntários, não
das ultrapassarem a capacidade de resposta de remunerados. Há variação na gravidade dos ca-
um único hospital, deve-se elaborar resposta re- sos a serem atendidos, o que faz da triagem uma
gional coordenada, estabelecer uma base de cui- prática importante. Finalmente, no que tange à
dados para pacientes menos graves próxima ao previsibilidade das necessidades, o planejamento
local do acidente, acionar cooperação nacional e da MEM e da MD baseia-se na experiência pre-
internacional quando demandada, contemplan- gressa e na literatura e o tempo dos eventos é, em
do o transporte de pacientes e um plano de co- geral, limitado de algumas horas a poucos dias.
municação em massa13. Algumas diferenças, entretanto, podem ocor-
Lund et al.16 consideram relevante a experiên- rer: a resposta aos desastres pode demandar aten-
cia adquirida por cidades que sediaram eventos dimento hospitalar a maior número de pessoas
de massa, mesmo quando surpreendidas pela afetadas. O diagnóstico e a definição da respon-
ocorrência de desastres. A disponibilidade de in- sabilidade do tratamento, por vezes, só podem ser
formações que visam contribuir para prevenção feitos no local dos desastres, e alguns membros
de riscos relacionados à concentração de grande passam a integrar a equipe pela proximidade em
número de pessoas subsidia a melhor capacida- que se encontram e de acordo com a demanda, e
de de preparação e resposta a desastres e ataques não por escolha, uma vez que é mais difícil prever
terroristas. Quanto maior for a experiência no as necessidades. Em MD, equipes de liderança no
planejamento, preparação e prestação de serviços local são de extrema importância e pode tornar-
relacionados com a saúde em eventos de massa, se necessário o suporte militar. Os autores ressal-
mais os profissionais de saúde tendem a fortale- tam que a Medicina dos Eventos de Massa encon-
cer sua prática na prestação de cuidados médicos. tra-se embrionária e a literatura existente ainda é
Os autores elencam questões que são aponta- muito descritiva, havendo necessidade de acesso
das como essenciais para o sucesso das ações mé- às informações mais analíticas sobre experiências
dicas em grandes eventos, tais como: a natureza similares cuja disponibilidade é escassa16.
do evento; o planejamento de ações pré e durante Há necessidade de integração entre a Saúde
o evento; a organização da equipe de profissio- Pública e a emergência médica, quando da elabo-
nais de saúde e seu processo de trabalho; a capa- ração do plano e definição dos recursos necessá-
cidade de resposta do sistema de saúde, inserin- rios à realização dos eventos de massa. Para evitar
do-se aqui os serviços de emergência estrutura- desastres e limitar as conseqüências de eventuais
dos no local do evento e fora dele. Eles também acidentes, os autores lembram alguns princípios
postulam que os eventos de massa e os desastres de prevenção, dentre eles: o controle da densida-
(sejam eles de origem natural ou antropogênica) de de espectadores com a ativação de um painel
possuem muitos pontos em comum, como por público orientando a dispersão, em caso de ul-
exemplo: os meios de comunicação que utilizam, trapassar o limiar previsto; a separação entre o
os limitados suportes e equipamentos médicos público e o campo com material projetado para
disponíveis, a necessidade de triagem para os absorver a pressão da multidão, de forma a evitar
atendimentos médicos, a ação coordenada de de- esmagamentos e asfixias em caso de competições
partamentos e agências de logística e operações, esportivas; a acessibilidade de todas as especiali-
transportes, atendimento médico de emergência, dades médicas para o atendimento imediato dos
entre outras semelhanças. feridos; triagem extraordinária e treinamento
Estes autores elencam as similaridades e di- prévio de todos os profissionais da emergência
ferenças entre o que denominam Medicina dos médica15.
Eventos de Massa (MEM) e Medicina de Desas- O plano de preparação e resposta a desastres
tres (MD)16. No que diz respeito à logística, as deve ter conteúdo que oriente como será reali-
similaridades são pela localização, geralmente zado o atendimento de emergência, com que
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recursos e em que prazos os recursos serão mo- que estejam disponíveis sistemas de alerta preco-
bilizados e disponibilizados. Não basta apenas a ce sobre o tempo e abrigos definidos, bem como
elaboração do plano. Os gestores e profissionais protocolo para evacuação do local, sendo impor-
que atuam na gestão, segurança, assistência mé- tante constar na programação e em folhetos as
dica no local do evento e nos hospitais, organiza- orientações sobre a evacuação e a segurança do
ção e realização do evento devem poder conhecer evento. Os problemas relacionados à água con-
e opinar sobre seu conteúdo. A revisão do pla- taminada referiram-se a casos de hepatite A por
no pela equipe de emergência é um importante água de fonte, de surto de legionelose após uso
elemento. Outros elementos são: a elaboração de piscina, de leptospirose por água de lago, de
de planos de emergência dos hospitais; acesso shigelose por consumo de tofu mal cozido, e de E.
seguro de ambulâncias no local do evento e res- Coli O157, resultante de contato com a pecuária
posta a acidentes adequadamente tratada com os local. Em Meca, foi relatado surto de cerca de 90
profissionais. Os autores orientaram ainda para a casos de doença meningocócica, com 14 mortes,
definição de papéis alternativos para quem atua o que resultou na recomendação, aos peregrinos,
na emergência médica, de forma que cada profis- da vacinação antes de viagem à Arábia Saudita37.
sional saiba sua função: triagem, atendimento de Uma segunda revisão direcionou-se à análise
urgência de acordo com a gravidade, atendimen- de desastres relacionados à multidão. Os autores
to no local do desastre ou no preparo e transpor- identificaram 156 artigos, a maioria descritiva, e
te de ambulâncias15. apenas 21 deles possuíam informação suficiente
Recentes estudos, oriundos de revisão siste- para a análise das lições aprendidas em eventos
mática da literatura, buscaram analisar desastres de massa de diferentes naturezas, identificados
ocorridos durante a realização de eventos de entre 1971 e 2011. O maior número de vítimas
massa, documentando as lições que podem auxi- letais foi por esmagamento em eventos religio-
liar na preparação de futuros eventos. Em ambas sos (1.426 em 1990 e 346 em 2010) em Meca, na
as revisões, os autores concluíram que os grandes Arábia Saudita, e em evento aquático, no Cam-
eventos possuem enorme potencial de tensionar boja, em 2010, onde morreram 347 pessoas. Na
o sistema local de saúde. Índia, 441 mortes ocorreram, em 1995, durante
Uma revisão dedicou-se a analisar, exclusiva- um casamento, após curto circuito em local com
mente, os desastres relacionados à temperatura insuficiente segurança contra incêndio39.
e ao ambiente, de 1988 a 2011. Os autores ca- Visando reduzir a morbidade e a mortalidade
tegorizaram os achados em doenças resultantes em eventos de massa, os autores sugeriram que o
de frio e calor, tempestades e raios, e ocorrência planejamento dos eventos de massa deve envol-
de surtos37. Indicaram que a desidratação e as ver os hospitais locais no que diz respeito à pre-
doenças relacionadas ao calor são ocorrências paração dos serviços médicos. Eles devem fazer
comuns, sendo interessante fazer a recomen- seu planejamento específico em caso de acidentes
dação aos participantes de que bebam líqui- com múltiplas vítimas, incluir um centro hospi-
do, procurem a sombra e saibam reconhecer os talar de comando, prever a forma de contato e
sintomas de desidratação37. Em ambientes frios, a organização dos profissionais de saúde, bem
problemas de saúde importantes são os respira- como prover o envolvimento da rede hospitalar
tórios e a hipotermia. Em locais onde pode ha- de maneira tempestiva39.
ver tempestade de neve há relatos de desastres Na resposta às emergências médicas, aspectos
devido ao desabamento de telhado e estruturas importantes foram elencados, como o tempo de
físicas sobre os participantes. Os autores adapta- resposta, a comunicação entre os organizadores e
ram o modelo preditivo de Hartman et al.40, que os serviços de emergência, bem como a triagem
se utiliza de alguns parâmetros (tempo, número dos casos no local. Neste sentido, os autores apon-
de participantes, consumo esperado de álcool, taram que o plano de emergência deve prever o
perfil do evento em termos de calmo a animado), treinamento em Medicina de Desastres da equipe
para classificá-los em de maior, intermediário ou no local do evento, de forma a poderem utilizar
menor consumo de recursos. No que tange às os métodos de triagem; sugeriram a análise do
questões relacionadas aos raios, foram relatados cuidado médico em grandes eventos, proposta
dois acidentes, a lesão de uma pessoa falando ao por Sanders et al.41; e oferta de cuidados básicos
telefone celular, em estádio, e a necessidade de em quatro minutos, suporte avançado de vida em
evacuação durante um jogo escolar. Os autores oito minutos e transferência para um centro mé-
sugeriram que, na possibilidade de ocorrência de dico em 30 minutos39. De acordo com as propos-
raios e tempestades, seja feita avaliação do local, tas de Hartman et al.42, os autores destacaram a
3726
Castro CF et al.

necessidade de recursos médicos para estádios de sidade de se planejar considerando a experiência


futebol durante a realização de eventos de mas- acumulada em eventos anteriores37,39. Zielinski43
sa e propõem: um profissional para primeiros corrobora essa visão quando afirma que a maio-
socorros a cada 1.000 participantes; provisão de ria dos estudos a respeito de doenças infecciosas
salas de atendimento de pronto-socorro no local, em eventos de massa constitui-se em artigos re-
em que o número e os equipamentos necessários lacionados à preparação dos eventos ou às análi-
sejam definidos pela autoridade local; um médi- ses teóricas, em contraste com uma minoria que
co treinado para prestar socorro avançado no lo- provê informações à respeito de eventos ocorri-
cal do evento, se for ultrapassado o total de 2.000 dos ou casos relatados.
pessoas; no mínimo uma ambulância totalmente As revisões sobre desastres ocorridos em
equipada, se a multidão esperada for maior que eventos de massa37,39, ainda que tenham identi-
5.000 participantes; e um veículo equipado com ficado uma centena de referências, também se
50 macas, cobertores e equipamentos médicos, depararam com a dificuldade de obtenção de in-
em caso de uma população participante maior formações mais completas sobre os eventos/de-
que 25.000 pessoas. sastres, o que fez com que a análise se restringisse
a cerca de vinte eventos de massa.
Em geral, os eventos de massa são avaliados
Discussão segundo suas características constitutivas, porém
muitas vezes negligencia-se a discussão sobre sua
Os eventos de massa distinguem-se pelas condi- potencialidade catastrófica30. Na literatura, es-
ções climáticas, duração do evento, idade e com- tudo afirma que grandes eventos internacionais
portamento da multidão, perigos específicos, uso promovem uma maior conscientização e interes-
de álcool e drogas, origem e número de partici- se por aspectos relacionados à capacidade de res-
pantes, distribuição espacial e atenção dos servi- posta às emergências, como forma de subsidiar
ços públicos dispensada aos mesmos. Tamanha a preparação e a resposta aos desastres, especial-
variabilidade acarreta diferentes escalas de pre- mente no que denominam de medicina de even-
paração de sistemas de Saúde Pública e prestação tos de massa e medicina de desastres30.
de serviços médicos14,16. Este estudo identificou, Diversas situações podem acarretar agravos
nas referências selecionadas, um maior número e mortes a um grande número de pessoas den-
de eventos de natureza esportiva (68%), o que li- tro de um mesmo espaço de tempo. De acordo
mita as informações necessárias sobre os demais com um estudo de revisão bibliográfica que teve
tipos de eventos. como foco o evento bioterrorismo, essa questão
O predomínio de estudos de revisão da li- tem sido objeto crescente de atenção da comuni-
teratura, em geral voltados aos aspectos rela- dade científica, de governantes e de militares, es-
cionados ao planejamento e gestão dos grandes pecialmente por sua letalidade indiscriminada e
eventos, encontrado neste estudo, vai, portanto, pela falta de controle sobre os agentes biológicos
ao encontro da preocupação com a etapa de pre- disseminados. Um elevado número de vítimas
paração dos eventos de massa. Alguns fatores, pode sobrecarregar os sistemas de saúde e gerar
considerados cruciais para o sucesso de eventos necessidade de aumentar o quantitativo de pro-
de massa foram observados: a pré-identificação fissionais qualificados para essas situações, além
de fatores críticos; a avaliação, mitigação e ges- da exigência de maior número de medicamentos,
tão de riscos; os estudos de avaliação de impacto; vacinas, materiais, equipamentos, informações e
o detalhamento dos planos de contingência; e o treinamentos apropriados44. Situações como esta
teste completo prévio de todos os planos estipu- indicam cenários de insegurança para popula-
lados26. A literatura evidencia a importância do ções e governantes e demandam capacidade de
planejamento e gestão, com elaboração de Planos resposta adequada para atender essas possíveis e
de Ação, que inclua a atuação em caso de aciden- inesperadas ocorrências.
tes e emergências médicas, com destaque, dentre Sun et al.45 relataram sobre o risco de desas-
outros, para: centros de comunicação e comando tres como elemento chave na gestão de eventos
em Saúde Pública; sistemas de vigilância, segu- de massa. Relacionam este tipo de evento a im-
rança e saúde ambiental; surtos de doenças in- pactos na Saúde Pública e na política, enfatizan-
fecciosas e implicações de condições climáticas13. do o potencial para ataques terroristas durante a
Ressalte-se que a pouca literatura analítica realização de Jogos Olímpicos. A relação eventos
encontrada sobre os grandes eventos é preocu- de massa, desastres e ataques terroristas é corro-
pação de alguns autores, que enfatizam a neces- borada por outros autores1,24.
3727

Ciência & Saúde Coletiva, 19(9):3717-3730, 2014


A opinião de que as experiencias nos grandes e funerais, bem como os não-tradicionais, como
eventos podem orientar (e devem contemplar) em shoppings e aeroportos48. A National Disaster
a atuação em desastres envolvendo grande con- Management Authority, da Austrália, considera
tingente de pessoas, em contextos diferenciados relevante o controle de multidão nos eventos de
como o de doenças infecciosas e de situações cli- massa, a tal ponto que a ele dedicou uma atenção
máticas adversas, é compartilhada pela Organi- especial49.
zação Mundial de Saúde1,17. A OMS propõe estratégias para que o setor
Outros fatores de risco descritos, nas revisões saúde possa construir sua capacidade de respos-
analisadas neste estudo37,39, como facilitadores ta a desastres. Uma das iniciativas consideradas
para a ocorrência de desastres, como alta concen- chave é a de avaliação do risco e do perigo, com
tração de pessoas, baixo controle de multidão, ênfase em dados retrospectivos de situações an-
insuficiente segurança contra incêndios, estru- teriores, que não se limitem a desastres, mas que
tura de atendimento médico local, comunicação contemplem acidentes ocorridos em eventos.
entre organização e equipe médica, condições de Para estes autores, o Plano Nacional de Gestão
temperatura adversas, insuficiência de saídas de de Eventos de Destruição em Massa inclui o es-
emergência e pontos de acesso ao evento, encon- tabelecimento de responsabilidades nacional, es-
tram ressonância na literatura1,46. taduais e municipais. Neste sentido, consideram
Este estudo pode identificar a importância importante a existência de planos para eventos
de unidade de coordenação de saúde pública e de massa de diferentes naturezas (esportiva, re-
de serviços médicos presentes interna e externa- ligiosa, cultural), uma vez que a ocorrência de
mente no local do evento, que vai ao encontro a acidentes de grandes proporções pode exceder
Sun et al.45, quando elenca aspectos que deman- a capacidade de resposta local50. Alguns autores
dam coordenação, como a avaliação e comunica- afirmam que muitas vidas poderiam ser salvas
ção do risco, a assistência médica, a vigilância de com um planejamento prévio efetivo, porém a
doenças e de vetores, a resposta laboratorial, as limitada preparação e a pequena capacidade de
imunizações, a educação em saúde, e a segurança reação da maioria das cidades ao redor do mun-
dos alimentos e da água. do acarretam grande prejuízo humano e mate-
No Brasil, a Lei n. 10.671, de 15 de maio de rial. Algumas cidades, após os desastres, não são
200347, que dispõe sobre o Estatuto de Defesa do capazes de fornecer suporte adequado para os
Torcedor, durante eventos esportivos, prevê que é sobreviventes8.
dever do organizador disponibilizar um médico Diferentes estudos convergem para a im-
e dois enfermeiros para cada dez mil torcedores e portância da participação e cooperação entre as
disponibilizar uma ambulância para cada dez mil diferentes esferas de governo, a interdisciplinari-
torcedores, recomendação aquém da sugerida dade, a intersetorialidade no planejamento e im-
por Hartman et al.42. Os organizadores respon- plementação de ações preventivas e de redução
dem solidariamente quando houver prejuízos ao de agravos à saúde. Apontam como essencial o
torcedor, decorrentes de falhas de segurança nos trabalho conjunto entre diversos setores da socie-
estádios. Pela norma brasileira, é direito do tor- dade, com vista a melhor capacidade de resposta
cedor a higiene e qualidade das instalações físicas às situações que comprometam a vida e saúde de
e dos produtos alimentícios vendidos no local do populações9,44.
evento, sendo os últimos verificados pela vigilân- No Brasil, uma das mais recentes normas, a
cia sanitária. Portaria GM/MS n° 1.139/2013, destaca a neces-
Foi possível destacar, em consonância com sidade de atuação coordenada entre os órgãos de
Steffen et al.48, que há importantes riscos à saúde, Saúde Pública das três esferas governamentais,
distintos da transmissão de doenças, cuja morta- bem como o fornecimento de serviços de saúde
lidade é maior, como é o caso da morte por esma- especiais conforme avaliação de ameaças, vulne-
gamentos, especialmente quando não há contro- rabilidades e riscos à Saúde Pública51.
le da multidão, hiperdensidade de participantes, De acordo com o Decreto 7.616 de 2011,
inadequada infraestrutura e planejamento. Estes situações de desastres são consideradas como
autores consideram importante que haja mais Emergência em Saúde Pública de Importância
pesquisas sobre os eventos de massa, os fatores Nacional. A Força Nacional do Sistema Único
de risco de agravos não transmissíveis e as boas de Saúde (FN-SUS) foi instituída pelo governo
práticas para mitigá-los. Além disso, ressaltam brasileiro e apresentada como programa que visa
a falta de informação sobre eventos de grande cooperar na execução de medidas de prevenção,
porte espontâneos, como manifestações políticas assistência e repressão a situações epidemiológi-
3728
Castro CF et al.

cas, de desastres ou de desassistência à popula- tanto em suas características constitutivas, como


ção52. Em 2013 foi registrada a possibilidade de em suas necessidades de preparação. Sugere-se,
atuação da FN-SUS no auxílio às situações de inclusive, que as ações e medidas adotadas para a
desastres naturais provocados pela temporada preparação de grandes eventos sejam estendidas
de chuvas. A disponibilização de medicamentos, ao contexto dos desastres a que estão suscetíveis.
insumos e estrutura para atuar em situações de Em geral, o planejamento das ações exige esfor-
emergência foram citadas como ações previstas. ço multidisciplinar e intersetorial, incluindo não
A FN-SUS também atuou na “tragédia de San- apenas a área da Saúde Pública, mas também seto-
ta Maria”, grande incêndio ocorrido em evento res de logística, segurança, transporte e hotelaria.
de massa cultural, realizado em uma boate com A atuação frente aos riscos e à ocorrência de
ambiente fechado, que resultou na morte de 242 doenças transmissíveis têm sido uma das mais
pessoas e deixou centenas de feridos53. valorizadas e referidas na literatura. Aspectos
O governo brasileiro tem anunciado medidas relacionados à alta concentração de pessoas, às
adotadas para a melhoria da estrutura de saúde condições climáticas, como raios e tempestades
do país durante e após a realização do evento e à temperatura, como calor e frio, devem ser
Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. A Portaria considerados para minimizar a ocorrência de de-
GM/MS nº 1.066, de maio de 2011 instituiu o sastres durante a realização de eventos de massa.
Grupo de Trabalho de Preparação das Ações de Algumas situações específicas foram observadas
Saúde para a Copa do Mundo FIFA 2014 – GT e merecem ser também contempladas. No que
Copa, que visa estabelecer diretrizes, ações estra- diz respeito à qualidade da água, além da verifi-
tégicas e metas, bem como acompanhar a prepa- cação da central de abastecimento, dos reserva-
ração das ações para a Copa do Mundo, realizan- tórios intermediários e da água fornecida para o
do encontros com as 12 cidades-sede do mundial consumo dos participantes, parece ser importan-
no Brasil. O planejamento das ações de saúde do te incluir a verificação daquela que será utilizada
GT-Copa relacionam-se a vigilância sanitária, a pelos frequentadores dos eventos de massa, assim
vigilância epidemiológica e a assistência à saúde como as de lagos, fontes e chafarizes próximos ao
e aos aspectos referentes à gestão e aos legados evento. As ações voltadas ao controle das multi-
do evento54. dões, durante a realização dos grandes eventos,
são também de suma importância para a redução
do risco de desastres.
Considerações Finais Os recentes eventos com grande aglomeração
de pessoas, como as manifestações populares, de
A concentração de estudos descritivos e de revi- caráter reivindicatório, ocorridas recentemente
são bibliográfica traz informações mais gerais, em todo Brasil, especialmente em capitais como
dificultando a caracterização de outros eventos São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, indicam
tão importantes como os de natureza esportiva. a necessidade de preparação urgente e elaboração
No Brasil, eventos culturais e religiosos têm sido de planos de ação com alta capacidade de respos-
realizados e estas experiências merecem maior ta para as possíveis emergências em saúde públi-
atenção e registro, de forma a subsidiar estados e ca oriundas dos mesmos, considerando situações
municípios a elaborarem seus respectivos planos de distintas naturezas e a possibilidade das ocor-
de ação. rências inesperadas.
Os riscos à Saúde Pública durante a realiza- Considerando a possibilidade de ocorrên-
ção de grandes eventos devem ser contemplados cia de emergências em saúde pública e desastres
nas etapas de planejamento e gestão das ações, durante a realização e após grandes eventos, é
especialmente no que diz respeito à gestão de importante que a preparação para tais eventos
emergências, evitando que os eventos danosos inclua a elaboração de plano de ação que con-
sejam de magnitude tal, que se transformem em temple a capacidade de resposta aos desastres.
desastres. A sistematização da produção biblio- As medidas necessárias para a redução dos riscos
gráfica publicada a respeito de eventos de massa sanitários em grandes eventos não se restringem
relacionados à Saúde Pública revelou-se uma fer- a consciência do potencial para ocorrência de
ramenta interessante, ao fornecer subsídios cien- desastres e outras situações que colocam vidas
tíficos a esse planejamento, contribuindo para a humanas e o meio ambiente em perigo. Essas
realização bem sucedida de tais eventos. medidas demandam investimentos, inclusive fi-
Durante o estudo foi possível perceber a inter nanceiros, na organização dos serviços e na assis-
-relação entre os eventos de massa e os desastres, tência à saúde.
3729

Ciência & Saúde Coletiva, 19(9):3717-3730, 2014


Colaboradores

CF Castro, DCM Simões, EV Delamarque e VL


Edais Pepe participaram igualmente de todas as
etapas de elaboração do artigo.

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ERRATA

p. 3717
onde se lê:
Mass events, disasters and public health

leia-se:
Mass gatherings, disasters and public health

onde se lê:
mass event (ME)

leia-se:
mass gatherings (MG)

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