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https://docs.google.com/presentation/d/1DmTOtU42GX2P9SNcyCwbs6VpWjqwC4FzEPPXa0MK0l
U/edit#slide=id.g600bf18af6_0_5
No enfoque epidemiológico, não só interessa a descrição dos eventos em saúde e a quem atinge, onde
e quando, senão, também, está orientado para procurar explicações do porquê acontecem esses
eventos. É o processo de busca da causalidade que permite essas aproximações, com a finalidade de
orientar as medidas de intervenção adequadas e a posterior avaliação de sua efetividade.
TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA
🡪 HOSPEDEIRO:
- Os fatores do hospedeiro são os que determinam a exposição de um indivíduo, sua suscetibilidade e
capacidade de resposta e suas características de idade, grupo étnico, constituição genética, gênero,
situação socioeconômica e estilo de vida.
- O hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente;
- Para que a interação aconteça é necessário que o hospedeiro seja suscetível.
● Fatores de suscetibilidade humana são determinados por uma variedade de fatores, incluindo os
biológicos, genéticos, nutricionais e imunológicos.
🡪 AMBIENTE:
- Os fatores ambientais englobam o ambiente social, físico e biológico.
- O meio ambiente é o conjunto de fatores que interagem com o agente e o meio ambiente.
- O meio ambiente, conjunto de fatores que mantêm relações interativas entre o homem e o agente
etiológico, pode ser classificado em biológico, social e físico:
● Meio ambiente biológico: inclui reservatórios de infecção, vetores que transmitem as doenças
(moscas, mosquitos, triatomíneos), plantas e animais.
● Meio ambiente social: é definido em termos da organização política e econômica e da inserção
do indivíduo dentro da sociedade.
● Meio ambiente físico: inclui situação geográfica, recursos hídricos, poluentes químicos,
agentes físicos e ambientais, que são os seus componentes.
- Temperatura, umidade e pluviosidade são variáveis climáticas que mais de perto se
relacionam com as doenças.
🡪 VETOR:
- Os vetores de doenças, como os mosquitos, os carrapatos, entre outros, são frequentemente
envolvidos neste processo
Outros grupos populacionais, no mesmo município, por questões relacionadas às iniquidades sociais,
ao viverem em áreas de favelas, ao mesmo tempo em que se encontram expostos aos determinantes
ambientais do grupo I, poderão, por questões relacionadas ao tráfego de veículos, bem como
proximidade de zonas industriais e áreas contaminadas, vivenciar situações de exposições, riscos e
efeitos sobrepostos.
Ambos os grupos populacionais, poderão ainda estar expostos aos riscos e as efeitos dos
determinantes ambientais presentes no grupo III, através de enchentes, secas e temperaturas extremas,
que resultam das mudanças ambientais impulsionadas pelas forças motrizes e pressões e que afetam de
modo mais grave as populações com mais vulnerabilidade social em razão de suas condições precárias
de acesso à saúde, renda, educação, emprego, habitação e transporte.
HELMINTOS (vermes):
- São animais metazoários (organismos pluricelulares), de vida livre ou parasitas de plantas e animais,
incluindo o homem.
- Compreendem três ramos ou filos do reino animal:
1. Platyhelminthes: vermes achatados, em forma de folha ou fita, com tubo digestivo ausente ou
rudimentar
2. Nemathelminthes: vermes cilíndricos, com tubo digestivo completo
3. Annelida: não são parasitas.
Diversos protozoários (organismos unicelulares, filo Protozoa) são parasitas do trato gastrointestinal
do homem (enteroprotozoários): ameboides como a Entamoeba histolytica (sub-filo
Sarcomastigophora, classe Sarcodina); flagelados como a Giardia lamblia e Dientamoeba fragilis
(sub-filo Sarcomastigophora, classe Mastigophora) e até ciliados, como o Balantidium coli (tabela 2)
Enterobius vermicularis
Strongyloides stercoralis
Ancilostomídeos
Larva migrans
- Ancylostoma duodenale:
Em ambientes de boa oxigenação (p. ex., terrenos arenosos), umidade (superior a 90%) e temperatura
(27-32°C para N. americanus e 21-27°C para Ancylostoma spp.) o embrionamento e a eclosão da L1
ocorrem em 12 a 24horas, a muda de LI para L2 em 3 a 4 dias e, a muda para L3, após 5 dias. O
homem adquire a infecção pela penetração na pele (N. americanus, A. duodenale e A. ceylanicum) ou
pela ingestão (A. duodenale e A. ceylanicum) da larva de terceiro estádio. A possibilidade do
parasitismo após a ingestão por L3 de N. americanus é relatada pela invasão do epitelio bucal
Ao entrar em contato com o ser humano, as larvas são estimuladas por sinais térmicos e químicos
derivados do hospedeiro e continuam o seu desenvolvimento a partir da expressão gênica diferenciada
que culmina na produção de produtos de secreção e excreção (majoritariamente constituído por
enzimas) que, junto com a movimentação (contração e extensão) da larva, auxiliam na penetração de
tecidos do hospedeiro.
O processo de penetração dura cerca de 30 minutos e as L3, após liberação da cutícula externa no meio
externo, migram pela circulação sanguínea ou linfática até alcançar os pulmões. Em seguida
atravessam os capilares do pulmão para a luz dos alvéolos pulmonares, onde ascendem para os
bronquíolos, brônquios e traqueia, auxiliadas pela movimentação de cílios da árvore brônquica e pelo
carreamento em muco e produtos de secreção do hospedeiro. Nos pulmões, estimuladas pela alta
oxigenação, ocorre a mudança para o estádio de L4, que apresenta uma cápsula bucal provisória. Ao
atingir a laringe, as L4 podem ser expectoradas ou deglutidas. Neste caso, as larvas entram no trato
gastrointestinal e migram até chegar ao intestino delgado. No intestino delgado, as L4 já exercem a
hematofagia e, transcorridos 15 dias da infecção, mudam para formas adultas jovens, que darão origem
a vermes adultos sexualmente maduros em mais alguns dias.
Após a reprodução sexuada entre casais, as fêmeas depositam ovos na luz intestinal que são liberados
ao meio exterior junto com as fezes. A hematofagia e a consequente perda de sangue do hospedeiro
ocorre antes da produção de ovos e continua por toda a vida do parasito. Ancilostomatídeos podem
viver por anos no intestino humano (3-10 anos para N. americanus e 1-3 anos para A. duodenale e A.
ceylanicum). O período pré-patente para N. americanus é de 42 a 60 dias; de 35 a 60 dias para A.
duodenale e de 21 a 35 dias para A. ceylanicum. Parasitos da subfamília Ancylostomatinae podem
infectar o homem por via oral, pela ingestão de L3 em alimentos ou água contaminada. Nesta via de
infecção, as L3 deglutidas perdem a cutícula no estômago e migram para o intestino delgado (região
do duodeno), onde pene tram na mucosa intestinal e mudam para L4. As L4, após emergirem na luz
intestinal e iniciarem a hematofagia, mudam para adultos jovens e, posteriormente, para adultos
sexualmente maduros. O período pré-patente para infecção por via oral é menor, de 30 dias para N.
americanus e A. duodenale e de 15 dias para A. ceylanicum.
Patogenia:
Após a penetração das L3 pela pele, o primeiro sin toma é o aparecimento imediato de erupções
papulovesiculares pruriginosas eritematosas. A gravidade das erupções pode variar de acordo com a
infecção primária ou reinfecção, desde o aparecimento de simples pápulas eritematosas até o
surgimento de pápulas vesiculadas, com edema generalizado e inchaço de linfonodos locais. Os sinais
e sintomas sequenciais são decorrentes da migração larval inicial, geralmente observados pela tosse,
inflamação na garganta e febre, ou pela presença do parasito no pulmão, que pode desencadear febre
transiente em 2 a 4 semanas após a infecção. Durante a migração no trato respiratório, sinais e
sintomas incluindo coriza, faringite, laringite, sensação de obstrução da garganta e dor ao falar e
deglutir foram descritas na ancilostomose. Já na migração no trato gastrointestinal, é relatada dor
epigástrica relacionada com a presença das L3 e, em razão da presença e do desenvolvimento do
verme adulto, podem ocorrer diminuição do apetite, indigestão, cólicas, náuseas, vômitos, flatulência e
diarreia e, em casos mais graves, ulceração intestinal e colecistite.
Após o estabelecimento no hábitat final, a laceração da mucosa e da submucosa pelos aparatos bucais
cortantes dos vermes adultos, acompanhados por sucção e secreção de enzimas hidrolíticas e agentes
anticoagulantes, resultam em uma intensa perda de sangue intestinal. As principais mani festações
clínicas da ancilostomose são consequentes da perda crônica de sangue, acarretando em anemia por
defi ciência de ferro e hipoalbuminemia. A anemia microcítica e hipocrômica e a eosinofilia coincidem
com o estabeleci mento dos vermes adultos no intestino e são proeminentes durante a infecção. A
hipoalbuminemia estaria associada à diminuição da capacidade de síntese da albumina no fígado, à
perda de plasma durante a hematofagia e à desnutrição do hospedeiro.
Indivíduos com baixa carga parasitária (de acordo com a Organização Mundial de Saúde, infecções
com carga entre 1 e 1.999 ovos por grama de fezes) são usualmente assin- tomáticos, infecções
moderadas (entre 2.000 e 3.999 ovos por grama de fezes) e altas (carga parasitária acima de 4.000 ovos
por grama de fezes) resultam em dores epigástricas recorrentes, náusea, dispneia, palpitações, dores no
esterno e juntas, dor de cabeça, fadiga e impotência. Alguns indivíduos podem desenvolver a
alotriofagia (também conhecida por síndrome de Pica) que consiste em um apetite compulsivo por
substâncias não nutritivas ou não alimentares como solo, argila, tijolos ou areia. Finalmente, anemia e
subnutrição podem afetar a produtividade e a capacidade de trabalho de indivíduos doentes, com
potencial perda de função assalariada e aumento do desequilíbrio social.
Epidemiologia: Estimativas recentes indicam que a ancilostomose acomete cerca de 440 milhões de
pessoas distribuídas principalmente nas regiões dos trópicos e subtópicos do mundo. Uma estimativa
da prevalência mundial da ancilostomose causada por N. americanus e A. duodenale, ambas de caráter
antroponótico, é representada na Figura 30.3. A ancilostomose causada por A. ceylanicum, uma
zoonose transmitida por cães e gatos, parece ter importância epidemiológica restrita à Ásia. A despeito
da melhora das condições econômicas e sociais nas áreas endêmicas onde ocorre a ancilostomose. nos
dias atuais, esta parasitose ainda remete à uma desigualdade social exacerbada, diretamente
relacionada com a prevalência de diversas doenças tropicais negligenciadas. Muitos países afetados
pela ancilostomose experimentaram um crescimento econômico considerável nos últimos anos em
parte pela extensão dos recursos naturais encontrados nessas regiões (petróleo, gás natural, depósitos
minerais e commodities agrícolas). A marginalização social observada em indivíduos em pobreza
extrema e também na população indígena ainda apresenta profundo impacto no controle das doenças
tropicais negligenciadas e demonstra a necessidade de implementação e mudança de políticas de saúde
pública, especialmente nos países da América latina.
Profilaxia: Como para as demais helmintoses, o uso de medi das preventivas para controlar a
ancilostomose deve ser baseada na implementação e na melhora das condições socioeconômicas da
população afetada. Acesso à infraestrutura sanitária e ao atendimento básico em saúde, além de
condições mínimas de alimentação, educação e habitação seriam pré-requisitos para estabelecer o
controle da doença. A negligência acerca da prevalência da ancilostomose, sobretudo nas populações
que vivem no meio rural ou em comunidades periféricas urbanas, ainda determina a presença da
infecção nos dias atuais. Além das condições socioeconômicas, a educação em saúde visando a
prevenção da infecção por L3 pode ter papel primordial no controle da infecção. Assim, para a
prevenção é recomendado ações educativas para hábitos de higiene, defecar em locais apropriados
(privadas, acesso à fossas ou rede de esgoto), lavar mãos antes das refeições e do manuseio de
alimentos, lavar alimentos crus, beber água filtrada ou fervida, uso de calçados ou equipamentos de
proteção individual (que impeça o contato com solo contaminado) e alimentação rica em ferro e
proteínas.
- Strongyloides stercoralis:
Apresenta uma complexa biologia com dois ciclos de vida distintos: o ciclo direto, ou
parteno-genetico, e o indireto, sexuado ou de vida livre, ambos monoxênicos. As fêmeas parasitos
podem produzir, simultaneamente, três tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditoides:
1) larvas rabditoides que se diferen ciam em larvas filarioides infectantes, completando o ciclo direto;
2) larvas rabditoides que originam as fêmeas de vida livre; e 3) larvas rabditoides que evoluem para
macho de vida livre, em que as duas últimas completam um ciclo indireto.
A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições semelhantes às dos ancilostomídeos: solo
arenoso, umidade alta, temperatura entre 25° e 30°C e ausência de luz solar direta. No ciclo direto as
larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perianal, após 24 a 72 horas, transformam- se em
larvas filarioides infectantes. No ciclo indireto as larvas rabditoides produzem fêmeas ou machos de
vida livre. Ocorre somente um ciclo de vida livre, pois os ovos originados do acasalamento das formas
adultas de vida livre uma vez que as larvas rabditoides originadas evoluem para larvas filarioides
infectantes. As larvas filarioides não se alimentam e graças à ausência de bainha, são menos resistentes
que as larvas filarioides dos ancilostomídeos, podendo permanecer no solo durante quatro semanas.
Os ciclos direto e indireto se completam pela pene tração ativa das larvas L3 na pele ou em mucosas
oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Essas larvas secretam metaloproteases, que as auxiliam,
tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos, que ocorre em uma velocidade de 10
cm/h. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que alcançam as circulações venosa
e linfática e através desses vasos seguem para o coração e os pulmões. Chegam aos capilares
pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e, por meio de migração
pela árvore brônquica, chegam à faringe. Podem ser expelidas pela expectoração ou deglutidas,
chegando ao intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas que depositam
poucos ovos por dia na mucosa intestinal. Nesse local, as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz
intestinal e são eliminadas com as fezes do paciente, constituindo a forma diagnostica visualizada em
microscopia óptica. O período pré-patente, isto é, o tempo decorrido desde a penetração da larva
filarioide na pele até que ela se tome adulta e comece a eliminar ovos larvados e eclosão das larvas no
intestino, é de aproximadamente 15 a 25 dias.
Trasnmissão: Hetero ou primoinfeccão: Larvas filarioides infectantes (L3) penetram usual mente
através da pele (não tendo preferência por um ou outro ponto do tegumento) ou, ocasionalmente, pelas
mucosas, principalmente da boca e do esôfago. Em con dições naturais, a infecção percutânea
realiza-se de modo idêntico à dos ancilostomídeos. Nas pessoas que não usam calçados, a penetração
ocorre pela pele dos pés, particu larmente nos espaços interdigitais, e lateralmente, uma vez que a
superfície plantar muito espessa pode constituir uma barreira. Esse modo de transmissão parece ser o
mais frequente.
Autoinfecção interna ou endógena: Larvas rabditoides, ainda na luz intestinal de indi víduos
infectados, transformamse em larvas filarioides, que penetram a mucosa intestinal (íleo ou cólon). Esse
mecanismo pode cronificar a doença por vários meses ou anos. Em casos raros, nesse tipo de
autoinfecção, podem ser encontradas fêmeas partenogenéticas nos pulmões. Essa modalidade pode
ocorrer em indivíduos com estron- giloidose e constipação intestinal devido ao retardamento da
eliminação do material fecal. Em pacientes com ou sem retardo de eliminação das fezes, mas com
baixa de imuni dade (uso de substâncias imunossupressoras, radioterapia, indivíduos imunodeprimidos
por neoplasias, transplantes, síndrome nefrótica, portadores do vírus da imunodeficiên cia humana
[HIV], síndrome da imunodeficiência adqui rida [AIDS], infecção pelo vírus linfotrópico T humano I
[HTLV-I], tuberculose, gravidez, desnutrição proteico-caló- rica, alcoolismo crônico e idade
avançada), pode ocorrer a autoinfecção interna com presença de Ll, L2 e L3 em diferentes órgãos.
Cutânea: Em geral é discreta, ocorrendo nos pontos de penetração das larvas infectantes, tanto na pele
como nas mucosas, com reação celular apenas em tomo das larvas mortas que não conseguiram
alcançar o sistema circulatório. Nos casos de reinfecção, há reação de hipersensibilidade com
formação de edema, eritema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias.
Pulmonar: caracterizada por tosse, com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes
decorrentes das larvas filarioides e, ocasionalmente, de fêmeas, que aí podem alcançar a maturidade,
produzindo ovos e larvas rabditoides. A travessia das larvas do interior dos capilares para os alvéolos
provoca hemorragia, infiltrado inflamatório constituído de linfócitos e eosinófilos, que podem ser
limitados, ou em casos mais graves, provocar broncopneumonia, síndrome de Lõeffler, edema
pulmonar e insuficiência respiratória.
- Enterobius vermicularis:
É do tipo monoxênico e apresenta peculiaridades rela cionadas principalmente com as características
biológicas da fêmea grávida e dos ovos do parasito, as quais fazem que o ciclo de vida do E.
vermicularis seja bastante inte ressante e diferente do de outros helmintos intestinais de importância
em parasitologia humana. Depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e
morrem. As fêmeas grávidas de E. vermicularis, em vez de liberar os ovos diretamente no lúmen do
tubo digestivo, o que possibilitaria que eles alcançassem o meio exterior junto ao material fecal,
desprendem-se do ceco, passam por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente
externo. Em vez de uma migração puramente ativa, tal evento parece ser desencadeado por mudanças
morfofisiológicas que naturalmente ocorrem durante a vida das fêmeas do parasito.
Cada uma das fêmeas grávidas contém em média 11 mil ovos, os quais são normalmente liberados
como massas de ovos unidos pela substância pegajosa que os recobre. No entanto, acúmulo de ovos na
vulva de algumas dessas fêmeas pode também ser observado. Os aglomerados de ovos são vistos
aderidos não apenas à região perianal, mas muitas vezes também no períneo, podendo ser encontrados
a mais de 5 cm do ânus do hospedeiro. A estreita proximidade desses ovos, já embrionados, com a
superfície de mucosas e/ou pele do sujeito parasitado faz tornarem-se infectantes em até 6 horas,
quando, presume-se, duas mudas larvais já ocorreram. Esse tempo tende a ser maior no solo, onde a
temperatura é mais variável e com médias usualmente menores. Os ovos podem resistir até três
semanas no ambiente.
Após a ingestão dos ovos do parasito pelo hospedeiro, larvas do tipo rabditoide eclodem no duodeno,
passam pelo jejuno e pelo íleo, alcançando então o ceco. Nesse trajeto, realizam duas novas mudas e
transformam-se em vermes adultos. A longevidade exata dos machos não é conhecida, entretanto,
como mencionado, parece basicamente restrita à realização da cópula, sendo, portanto, curta. Já as
fêmeas são encontradas no ânus e na região perianal entre 45 e 60 dias após a infecção. Não havendo
reinfecção, o parasitismo extingue-se aí (Figura 33.2).
Transmissão:
Pode ocorrer por diferentes mecanismos:
• Heteroinfecção: quando ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam novo
hospedeiro (também conhecida com o primoinfecção).
• Indireta: quando ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam o mesmo
hospedeiro que os eliminou.
• Autoinfecção externa ou direta: o próprio indivíduo parasitado, após coçar a região perianal, leva os
ovos infectantes até a boca. É mais frequente em crianças do que em adultos, sendo o principal
mecanismo responsável pelos casos mais duradouros da infecção. • Autoinfecção interna: as larvas
eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando- se em vermes adultos. E
considerado um processo excepcional. • Retroinfecção: as larvas eclodidas na região perianal do
hospedeiro readentram o sistema digestivo pelo ânus, ascendem pelo intestino grosso até chegar ao
ceco, onde se transformam em vermes adultos.
Morfologia: Embora o E. vermicularis apresente nítido dimorfismo sexual, há caracteres comuns aos
dois sexos: cor branca, corpo filiforme e cutícula finamente estriada em sentido transversal. Na
extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se expansões vesiculares da cutícula muito típicas,
chamadas “asas cefálicas”. A boca é pequena, com três pequenos lábios retráteis. Segue um esôfago
também característico, claviforme e relativamente musculoso, o qual termina em um bulbo cardíaco.
Patogenia:
A patogenicidade do E. vermicularis é usualm ente baixa, o que é ilustrado pela ausência de
sintomatologia ou por m anifestações clínicas leves na m aior parte das pessoas infectadas. Admite-se
que, quando uma quantidade maior de vermes está presente, as consequências negativas para o
hospedeiro, bem como o quadro clinico, tendem a ser m ais significativos, em bora a intensidade da
infecção pelo parasito tenha sido analisada em poucos estudos. Ao se abordar a patogênese da infecção
pelo parasito pode-se, didaticamente, relacionar as características pato lógicas e clínicas observadas na
enterobiose aos seguintes mecanismos: • Alterações causadas pelos vermes dentro do intestino. •
Lesões anais e perianais resultantes da presença de fêmeas grávidas e da deposição de ovos no local. •
Lesões decorrentes do parasitismo ectópico (i.e., extraintestinal). • Eventos secundários a esses
processos. Não há usualmente alterações macroscópicas e histológicas no ceco e adjacências
associadas a E. vermicularis, sendo poucas as evidências que indicam a invasão de tecidos do
hospedeiro pelo oxiurídeo como algo habitual. De fato, além de irritação local, lesões intestinais
causadas pelo verme, quando presentes, são minimas, podendo haver erosões e discreta inflamação.
Ulcerações de mucosa ou abscessos de submucosa são resultantes, na maioria das vezes, de infecções
bacterianas secundárias. Assim, efeitos diretos do parasito sobre a mucosa intestinal, geralmente, não
resultam em sintomatologia importante. Contudo, há casos nos quais o número de oxiurídeos é muito
elevado e um a inflam ação catarral na região ileocecal pode ocorrer, havendo, nessas situações,
manifestações gastrointestinais comuns àquelas observadas em outras infecções helmínticas, em
especial náusea, vômito, dores abdominais pouco características, alterações na frequência evacuatória
e nas características das fezes. Dentre os relatos de casos atípicos de enterobiose disponíveis na
literatura, ressalta-se o de um paciente com parasitismo intraintestinal apresentando dor abdominal,
diarreia e melena no qual se constatou enterocolite eosinofílica. O deslocamento das fêmeas grávidas
do parasito pela mucosa anal e pela pele da região perianal do hospedeiro é frequentemente
relacionado com a gênese do prurido local, a manifestação clínica mais prevalente na enterobiose (ver
item “Diagnóstico”), cuja exacerbação observada no período noturno tem sido relacionada com o calor
do leito e a consequente maior ativação do nematódeo. Entretanto, há também sugestões de que o
contato de antígenos oriundos dos ovos e espécimes adultos de E. vermicularis, particularmente de
fêmeas mortas, com áreas de mucosa e pele tenham relação com o prurido, coexistindo fenômenos de
hipersensibilidade que o intensificam. A mucosa pode revelar-se edemaciada. congesta, com pontos
hemorrágicos e recoberta de muco, às vezes sanguinolento, sendo ovos, fêmeas grávidas inteiras e
fragmentos de parasitos observados localmente. A intensidade do prurido é de tal modo intensa que
leva o indivíduo infectado a coçar, persistentemente, o próprio ânus e a região perianal. Esse
comportamento, além de agravar a irritação anal, pode resultar em ferimentos, inclusive escoriações e
sangramento. Sintomas compatíveis com proctite. incluindo tenesmo, podem ser observados, e a
associação com infecção bacteriana é relativamente comum pela ocorrência de soluções de
continuidade. Epidemiologia: A enterobiose apresenta distribuição mundial, sendo o seu aspecto
cosmopolita evidenciado pelos vários estudos epidemiológicos existentes, os quais indicam ocorrência
e prevalências significativas da infecção por E. vermicularis em diferentes localidades, climas e
populações. Como exemplo dessa abrangência, há desde registros do parasitismo em ameríndios
andinos a esquimós e aleútes. As taxas de prevalência entre diferentes países e tam bém entre regiões
de um mesmo país são bastante variadas e de difícil comparação pela falta de padronização dos
métodos amostrais e diagnósticos nos levantamentos parasitológicos. O E. vermicularis é o helminto
de importância clínica mais prevalente em países da Europa, na Australia e nos EUA, onde a
prevalência total média foi estimada em 11,4%. A idade do hospedeiro é um fator que influencia o
parasitismo por E. vermicularis, sendo as crianças em idade escolar as mais parasitadas. Estima-se que
a prevalência na população infantil como um todo é pelo menos o dobro da observada em adultos.
Ademais, a intensidade de infecção média em crianças de até 10 anos de idade mostrou-se cerca de
quatro vezes maior que a observada em indivíduos de 11 a 16 anos de idade. No entanto, em um
levantamento feito na índia, a prevalência da infecção foi semelhante em todos os grupos etários. O
tipo de clima tem também sido relacionado com mudanças no padrão de ocorrência do parasito, sendo
reiterado que a prevalência da enterobiose em climas temperados é maior do que nos trópicos. Gênero,
etnia e mesmo classe social são variáveis nâo diretamente associadas à infecção por E. vermicularis.
Por outro lado, como o parasito é transmitido de uma pessoa para outra por mãos, roupas e/ou fômites
contaminados, t enterobiose é frequente entre indivíduos vivendo em contato próximo.
Profilaxia: Além de impedir reinfecções, buscar a prevenção da transmissão para outros indivíduos da
família ou coletividade. Dadas as peculiaridades desse helminto, os métodos profiláticos
recomendados, mais ou menos específicos, são os seguintes:
• Manejo adequado de vestes, roupas íntimas e de cama usadas pelo indivíduo infectado, as quais não
devem ser “sacudidas” pela manhã, mas enroladas e lavadas diariamente em água fervente.
• Corte rente das unhas e lavagem frequente das mãos, sobretudo após o uso do banheiro e antes das
refeições.
• Banho diário, preferencialmente em chuveiro, ao levantar-se.
• Desestímulo ao ato de coçar a região perianal.
• Combate ao mau hábito de levar a mão à boca, incluindo onicofagia.
• Limpeza doméstica com aspirador de pó, quando possível. • Tratamento de todas as pessoas
parasitadas da família ou outra coletividade.
4. DEFINIR:
Fonte: UFMG, Endemias e epidemias: dengue, leishmaniose, febre amarela, influenza, febre maculosa e leptospirose
A. ENDEMIA E AS PRINCIPAIS DE MARINGÁ
ENDEMIA:
- Ocorrência de um agravo dentro de um número esperado de casos para aquela região, naquele
período de tempo, baseado na sua ocorrência em anos anteriores não epidêmicos.
- A incidência de uma doença endêmica é relativamente constante, podendo ocorrer variações sazonais
no comportamento esperado para o agravo em questão.
B. EPIDEMIA
- Representa a ocorrência de um agravo acima da média (ou mediana) histórica de sua ocorrência.
- O agravo causador de uma epidemia tem geralmente aparecimento súbito e se propaga por
determinado período de tempo em determinada área geográfica, acometendo frequentemente elevado
número de pessoas.
- Quando uma epidemia atinge vários países de diferentes continentes, passa a ser denominada
pandemia.
- No Brasil, o incremento de casos de dengue no período chuvoso do ano é comum, mas em alguns
locais ocorre aumento excessivo de casos, resultando em uma situação epidêmica.
Esse levantamento pode ser feito pela própria equipe de Saúde da Família por meio de uma análise de
registros da Unidade Básica de Saúde ou então pode ser feita uma consulta à vigilância epidemiológica
do município que possui bancos de dados específicos como, por exemplo, aquele relacionado ao
sistema nacional de agravos de notificação (SINAN).
Feito esse levantamento, pode-se utilizar o número absoluto de casos para avaliação da situação
epidemiológica do município, mas o mais adequado é dividir o número de casos novos pelo total da
população, obtendo--se a denominada taxa de incidência.
CONCLUSÃO:
Pandemia: a doença descontrola-se, atingindo diversos países e continentes, causando inúmeras
mortes.
Epidemia: a doença contagiosa é transmitida para outros locais, infestando diferentes regiões.
Endemia: quando a doença afeta apenas uma localidade, mantendo-se concentrada na região.
Maringá e Sarandi:
Dentre os parasitos observados na cidade de Sarandi os helmintos mais prevalentes foram o Enterobios
verminculares (3%) e Ascaris lumbricoides (2%), enquanto que na cidade de Maringá 8% dos
resultados positivos foi para Enterobios vermiculares.
Brasil:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que nos países em desenvolvimento como o Brasil, o
crescimento das taxas de morbidade e mortalidade tem sido cada vez mais relacionadas às parasitoses
intestinais, com altas frequências de protozoários e helmintos motivadores de danos às funções do
organismo ou carência de nutrientes. Dentre enteroparasitas mais comuns no Brasil, podemos destacar:
entre os helmintos, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomideos; entre os protozoários,
Entamoeba histolytica e Giardia lamblia que são patogênicos;