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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
IEG-139 MINERALOGIA

PROF. DR. CLÁUDIO A. MILLIOTTI

DIFERENCIAÇÃO - CRISTALIZAÇÃO DE MINERAIS

Desde que a temperatura e pressão constituem ambientes físico-químicos favoráveis à formação


de determinados minerais, esses se associam para formar as diversas rochas magmáticas. Isso pode ser
evidenciado pelo diagrama de cristalização de BOWEN (Modificações de Barth):

Fig. 1 - DIAGRAMA DE CRISTALIZAÇÃO DE BOWEN

Série Descontínua Série Contínua

Olivina Anortita
(temperatura)

Piroxênio-Mg Bytownita

Piroxênio-Fe Labradorita

Hornblenda Andesina

Biotita Oligoclásio

Moscovita Albita

Quartzo Feldspatos Potássicos

Zeólitas

Soluções Ricas em H2O

Nas rochas ígneas, certos minerais estão normalmente associados, porque se cristalizam
aproximadamente na mesma temperatura. Por exemplo, a olivina e a anortita são associados típicos;
quartzo e microclina (FK); hornblenda e andesina. Por outro lado, alguns pares de minerais nunca são
vistos juntos, por exemplo: olivina e albita; moscovita e labradorita.
Estas relações indicam uma cristalização fracionada do magma que se resfria. A medida em que a
temperatura abaixa, há uma tendência à manutenção do equilíbrio entre as fases sólidas (minerais) e a
líquida do magma. Para manter esse equilíbrio, os primeiros minerais que se formam (denominados de
minerais precoces) reagem com o próprio líquido e mudam de composição. A reação pode ser
progressiva de modo que se produza uma série contínua de solução sólida homogênea. No caso dos pla-
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gioclásios, os cristais que se formam inicialmente são ricos em cálcio. Com a queda gradual da
temperatura, tornam-se progressivamente mais sódicos. Este tipo de transformação constitui uma série de
reação contínua. Ao contrário, os minerais ferromagnesianos transformam-se em outros minerais de
estrutura cristalina diferente, como o exemplo: a olivina pode se transformar em ortopiroxênio (piroxênio-
MG) ou a augita (piroxênio-Fe) em hornblenda (anfibólios). Essas mudanças bruscas constituem uma
série de reação descontínua.

Os minerais precoces de alta temperatura, de ambas as séries, cristalizam-se em geral juntos,


havendo obviamente a composição adequada do magma. Se a temperatura for mantida ± constante, isto é,
o magma não sofrer resfriamento brusco, formam-se as rochas gabróicas (rochas podendo conter
proporções diversas de olivina, piroxênios e plagioclásios cálcicos). O material resultante desta
cristalização (magma residual) irá formar outras rochas. Da mesma forma, os minerais de baixa
temperatura tendem a se formar juntos e pode-se observar a associação de quartzo, biotita e feldspatos
alcalinos (k e Na) nas rochas granitóides.

Pela mesma razão, certos minerais tendem a ser incompatíveis, como por exemplo quartzo e
bytownita; ortoclásio e anortita; quartzo e olivina. Quando a reação entre os cristais (fases sólidas) e o
líquido se completa, os minerais da rocha final são, obviamente, não os que se formaram primeiro, mas
precisamente os últimos. Mas se a reação não for completa, devido ao resfriamento excessivamente
rápido ou à outras razões, os minerais precoces de ambas as séries podem persistir como resíduos na
rocha final. É por isso que se observam cristais zonados e cristais de mineral ferromagnesiano envolvidos
por camadas de outro. Em algumas rochas anortosíticas, podem ser observadas as texturas denominadas
por coroas de reação, em que o núcleo do mineral é constituído por olivina, envolvida por camadas de
ortopiroxênio, clinopiroxênio e anfibólio respectivamente, imersos em cristais de anortita.

Fig. 2 - Principais rochas ígneas e respectivos minerais

ROCHAS MINERAIS
Dunitos Olivina ± Opx
Peridotitos Olivina + Opx + Cpx ± Plagio
Piroxenitos Opx + Cpx
Gabros Opx + Cpx + Labradorita ± Olivina
Dioritos Anfibólio + Andesina ± Quartzo
Granodioritos Quartzo + Oligoclásio + micas ± Fk
Granitos Quartzo + Fk + micas ± Oligoclásio
Quartzolitos Quartzo (±
± Fk)

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