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Revisores
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Diagramação e Design
JonhOliver
Sumário
A Rainha Loba Vol. 1 ..................................................................................... 6
A Rainha Loba Vol. II ................................................................................... 17
A Rainha Loba Vol. III .................................................................................. 24
A Rainha Loba Vol. IV ................................................................................. 33
A Rainha Loba Vol. V................................................................................... 41
A Rainha Loba Vol. VI ................................................................................. 47
A Rainha Loba Vol. VII ................................................................................ 51
A Rainha Loba Vol. VIII ............................................................................... 57
A Última Bainha de Akrash ......................................................................... 63
Biografia de Barenziah Vol. I ...................................................................... 70
Biografia de Barenziah Vol. II ..................................................................... 73
Biografia de Barenziah Vol. III .................................................................... 75
DE RERUM DIRENNIS .................................................................................. 80
O Luar de Lorkhan ...................................................................................... 86
A Rainha Loba Vol. 1
Por: Waughin Jarth
Escrito com a pluma do sábio Montocai, primeiro século da Terceira ERA

Ano 63 da Terceira ERA:

Ao chegar o outono, o príncipe Pelagius, filho do Príncipe Uriel, filho


da Imperatriz Kintyre, que, por sua vez é sobrinha do grande
imperador Tiber Septim, veio a Camlorn, cidade-estado de Pedra Alta,
para prestar homenagem a filha do Rei Vulstaed. Seu nome era
Quintilla, a mais bela princesa de Tamriel, qualificada em todas as
tarefas de uma donzela e nas artes de feitiçaria.

Viúvo há onze anos e com um filho chamado Antiochus, Pelágio


chegou a corte e viu que a cidade estava sendo aterrorizada por um
grande demônio lobisomem. Em vez de sair, Pelágio, juntamente com
Quintilla, uniram forças para salvar o reino. Com a espada dele e os
feitiços dela, aniquilaram o demônio, graças a seus poderes místicos,
Quintilla trancou a alma do monstro em uma pedra preciosa. Pelágio
mandou que fizessem uma aliança com a pedra e depois se casou
com Quintilla.

Se dizia que a alma do lobisomem permaneceria com eles até o


nascimento de seu primeiro filho.
Ano 80 da Terceira ERA

"O embaixador de Solitude chegou, Majestade", sussurrou Balvus,


o administrador.

"Bem no meio do jantar," murmurou o Imperador. "Diga-lhe para


esperar."

"Não, pai, é importante que você o veja", disse Pelagius enquanto


se levantava. "Você não pode fazê-lo esperar e em seguida dar as
más notícias. Esta forma de agir não é digna de um rei."

"Então não irei, você é mais dado à diplomacia do que eu.


Deveríamos juntar toda a família aqui", acrescentou o Imperador Uriel
II, observando a mesa vazia durante o jantar. "Onde está sua mãe?"

"Dormindo com o Sacerdote Supremo de Kynareth", teria


respondido Pelagius, mas, como disse seu pai, ele foi diplomático. Em
vez disso ele disse: "Rezando."

"E seu irmão e sua irmã?"

"Amiel está em Firsthold, se encontrando com o mestre supremo da


Guilda dos Magos. E Galana, embora não vamos dizer ao embaixador,
é claro, está se preparando para seu casamento com o Duque de
Narsis. Uma vez que o Embaixador espera que ela se case com seu
senhor, o rei de Solitude, digamos a ele que ela está no balneário para
que lhe removam um acúmulo de erupções pestilentas.
Digamos isso à ele, e ele não irá nos pressionar demais por causa
do casamento, por mais benéfico que possa ser politicamente,"
Pelagius sorriu. "Você sabe como são esses Nórdicos nojentos à
respeito de mulheres com verrugas."

"Mas esqueça dele, sinto que deveria ter alguém de minha família
por perto, assim não pareceria um velho tolo depreciado pelas
pessoas mais próximas e queridas," disse o Imperador rosnando,
suspeitando, com razão, que este era o caso. "E a sua esposa? Onde
está ela e os meus netos?"

"Quintilla está no quarto das crianças com Cephorus e Magnus.


Antiochus está, provavelmente, com alguma prostituta da cidade. Não
sei onde está Potema, certamente concentrada em seus estudos.
Pensei que não gostava de ter as crianças por perto."

"Gosto durante as minhas reuniões com os Embaixadores nas frias


salas de recepção", suspirou o Imperador. "Transmitem um ar, não sei,
civilizado e inocente. Ah, diga ao maldito Embaixador que entre", disse
a Balvus.

Potema estava entediada. Era inverno na província Imperial, a


estação chuvosa, e as ruas e jardins da cidade estavam
completamente alagadas. Não conseguia se lembrar da última vez que
não havia chovido. Faziam apenas alguns dias, ou já haviam passado
semanas ou meses desde que o sol brilhara pela última vez? Já não
havia como se perceber o tempo no cintilar constante das tochas nos
corredores do palácio.
Potema caminhava nos corredores de mármore e pedra, escutando
o barulho da chuva e só podia pensar no quanto estava entediada.

Asthephe, o seu tutor, deveria estar procurando por ela.


Normalmente, não lhe era um problema estudar. Sua memorização
rotineira era muito boa. Testava-se a si mesma enquanto caminhava
sozinha pelo deserto salão de bailes. Quando caiu Orsinium? No ano
de 980 da primeira ERA. Quem escreveu os Tratados de Tamriel?
Khosey. Quando nasceu Tiber Septim? No ano 288 da segunda ERA.
Quem é o atual rei da Daggerfall? Mortyn, filho de Gothlyr. E sobre
Silvenar? Varbarenth, filho de Varbaril. Quem é o senhor da guerra de
Lilmoth? Pegadinha: não era um senhor, e sim uma senhora, Ioa.

O que conseguirei sendo uma boa menina e não me metendo em


problemas, e meu tutor disse que sou uma boa aluna? Bem, meus
pais não vão cumprir sua promessa de me comprarem uma Katana
Daédrica e para se justificarem dirão não se lembrar dessa promessa
e que é um objeto muito caro e perigoso para uma garota de minha
idade.

Então ela ouviu vozes vindas da sala de recepção do Imperador.


Era seu pai, seu avô e um homem com sotaque estrangeiro, um
Nórdico. Potema retirou uma pedra frouxa de trás de uma tapeçaria e
ficou espiando escondida.
"Sejamos honestos, majestade Imperial", disse o Nórdico. "Meu
senhor, o rei de Solitude, não se importa que a princesa Galana se
pareça com um Orc. Ele quer uma aliança com a família Imperial e
você concordou em dar Galana ou devolver a fortuna em ouro que ele
lhe entregou para conter a rebelião khajiit em Torval. Esse é o acordo
que o senhor jurou por sua honra cumprir."

"Não me lembro de tal acordo", disse seu pai, "E você, meu
senhor?"

Potema ouviu um ruído estranho que supôs vir de seu avô, o velho
Imperador.

"Talvez devêssemos ir até o arquivo, devo estar perdendo a


memória", disse o Nórdico com tom sarcástico. "Eu me lembro muito
bem de seu Selo Imperial sobre o acordo antes de ser guardado. É
claro, posso estar tremendamente equivocado."

"Enviaremos um mensageiro para que traga esse arquivo ao qual


fazes referência," respondeu o pai de Potema, com o tom duro e
descontraído que sempre utilizava quando estava prestes a quebrar
uma promessa. Ela o conhecia muito bem. Colocou novamente a
pedra no local e rapidamente deixou o salão de bailes. Sabia quão
lentos eram os mensageiros, acostumados a levar mensagens de um
velho Imperador. Ela chegaria ao arquivo bem mais rápido que os
mensageiros.
A grande e maciça porta de ébano estava fechada, evidentemente,
mas ela sabia o que fazer. Um ano atrás, ela descobriu a empregada
de sua mãe, Bosmer, roubando algumas joias e em troca de seu
silêncio, obrigou a jovem mulher a ensinar-lhe como abrir fechaduras.
Potema retirou o arame de seu broche de diamante e introduziu na
primeira fechadura, mantendo sua mão firme enquanto tentava
memorizar os padrões dos ganchos e das ranhuras do mecanismo.

Cada fechadura era única.

A fechadura da despensa da cozinha: seis tranquetas livres, uma


sétima fixa e um parafuso solto. Ela havia executado esse
arrombamento só por diversão, só que se ela fosse uma
envenenadora, pensou ela com um sorriso nos lábios, a casa Imperial
inteira estaria morta a essa altura.

A fechadura da coleção secreta de pornografia Khajiit do seu irmão


Antiochus: apenas duas tranquetas livres e uma patética armadilha de
pena envenenada facilmente desarmada com pressão sobre o
contrapeso. Aquilo havia sido uma conquista lucrativa. Foi estranho
ver alguém como Antiochus, que parecia não ter vergonha de nada,
provar ser tão fácil de se chantagear. Afinal de contas, ela só tinha
doze anos, e as diferenças entre as perversões do povo felino e as do
povo de Cyrodiil pareciam uma questão puramente acadêmica. Ainda
assim, Antiochus teve que dar a ela o broche de diamantes que ela
tanto cobiçava.
Ela nunca havia sido pega. Nem quando arrombou o gabinete do
Arquimago e roubou seu livro de feitiços mais antigo. Nem quando ela
arrombou o quarto de hóspedes onde estava o Rei de Gilane, e
roubou sua coroa na manhã anterior à cerimônia oficial de Boas-
Vindas de Magnus. Havia se tornado fácil demais atormentar sua
família com esses pequenos delitos. Mas aqui havia um documento
que o Imperador queria, para uma reunião bastante importante. E ela
colocaria as mãos nele primeiro.

Só que essa, foi a fechadura mais difícil que ela já abriu.


Continuamente, ela massageou as tranquetas, empurrando para o
lado com delicadeza a pinça bifurcada que havia se enganchado em
seus grampos, tamborilando os contrapesos. Ela levou quase meio
minuto para arrombar a porta do Salão dos Registros, onde os
Pergaminhos Antigos estavam guardados.

Os documentos estavam bem organizados por ano, província e


reino, e Potema não demorou muito para encontrar a Promessa de
Casamento entre Uriel Septim II, pelas Graças dos Deuses, Imperador
do Império Sagrado Cyrodílico de Tamriel e sua filha a Princesa
Galana, e Sua Majestade o Rei Mantiarco de Solitude. Ela agarrou seu
prêmio e saiu deixando o salão com a porta bem trancada antes que o
pájem sequer aparecesse.
De volta ao salão de baile, ela soltou a pedra e ouviu com
entusiasmo a conversa que se sucedia lá dentro. Por alguns minutos,
os três homens (o Nórdico, o Imperador e seu pai) só falaram das
condições climáticas e de alguns entediantes detalhes diplomáticos.
Logo após, ouviu-se o som de passos e da voz de um jovem, o pájem.

"Sua Majestade Imperial, eu procurei o documento que me pediu no


Salão dos Registros e não consegui encontrar."

"Viu só?" disse o pai de Potema. "Eu disse que ele não existia."

"Mas eu o vi!" disse o Nórdico, com a voz furiosa. "Eu estava


presente quando meu senhor e o Imperador o assinaram! Eu estava
lá!!"

"Espero que não esteja duvidando da palavra de meu pai, o


soberano Imperador de toda Tamriel, não quando agora há evidências
de que você devia estar... equivocado," disse Pelagius, com a voz
baixa e ameaçadora.

"Mas é claro que não," admitiu com rapidez o Nórdico. "Mas o que
eu direi ao meu rei? Que ele não obterá a vinculação com a família
Imperial, e muito menos o ouro, que estavam estabelecidos no acordo
-- que ele e eu concordávamos existir?"
"Não queremos nenhum ressentimento entre o reino de Solitude e
nós," disse o Imperador, com a voz débil, porém clara o bastante. "E
se, ao invés disso, nós oferecêssemos ao Rei Mantiarco a nossa
neta?"

Potema sentiu o ar de desânimo de o cômodo desabar sobre sua


cabeça.

"A Princesa Potema? Ela não é jovem demais?" indagou o Nórdico.

"Ela tem treze anos de idade," disse o seu pai. "Está com idade
suficiente para se casar."

"Ela seria uma cônjuge ideal para o seu rei," disse o Imperador.
"Devo reconhecer que, em minha opinião, ela é muito tímida e
inocente, mas tenho certeza que ela rapidamente iria compreender
com rapidez os costumes do cortejo, afinal de contas, ela é uma
Septim. Eu acho que ela daria uma excelente Rainha de Solitude. Não
tão empolgante, porém nobre."

"A neta do Imperador não é tão próxima dele quanto sua filha,"
disse o Nórdico, miseravelmente abatido. "No entanto, não vejo
motivos para recusarmos a oferta. Notificarei o meu rei a respeito."

"Você tem a nossa permissão," disse o Imperador, e Potema pôde


ouvir que o Nórdico deixava o cômodo.
Lágrimas escorreram dos olhos de Potema. Ela já havia se
informado a respeito de quem era o Rei de Solitude. Mantiarco. Tinha
sessenta e dois anos de idade e era bastante gordo. E ela sabia quão
longe ficava Solitude, e quão fria era, no clima das regiões mais ao
norte. Seu pai e seu avô a estavam abandonando nos braços de
bárbaros Nórdicos. As vozes no cômodo continuaram o diálogo.

"Agiu bem, meu garoto. Agora, certifique-se de queimar aquele


documento," disse o pai dela.

"Perdão, meu Príncipe?" indagou o pájem, com uma voz lamentosa.

"O acordo entre o Imperador e o Rei de Solitude, seu tolo. Não


queremos que sua existência seja conhecida."

"Meu Príncipe, eu disse a verdade. Não consegui encontrar o


documento no Salão dos Registros. Ele parece estar desaparecido."

"Por Lorkhan!" rugiu o pai dela. "Por que é que tudo neste lugar
está sempre fora do lugar? Volte para o Salão e continue procurando
até encontrá-lo!"
Potema olhou para o documento. Milhões de peças de ouro foram
prometidas ao Reino de Solitude caso a Princesa Galana não se
casasse com o rei. Ela poderia levá-lo até o seu pai, e talvez, como
recompensa, ele não a obrigasse a se casar com Mantiarco. Ou talvez
não. Ela poderia chantagear seu pai e o Imperador com ele, e ganhar
uma considerável quantia em dinheiro. Ou poderia apresentá-lo
quando se tornasse Rainha de Solitude para encher seus cofres, e
comprar qualquer coisa que quisesse. Com certeza, algo mais caro do
que uma Katana Daédrica.

Eram tantas possibilidades, pensou Potema, que ela já não estava


mais entediada.
A Rainha Loba Vol. II
Por: Waughin Jarth
Escrito com a pluma do sábio Montocai, primeiro século da Terceira ERA

82 da Terceira ERA:

Um ano após o casamento de sua neta de 14 anos, a Princesa


Potema, com o Rei Mantiarco do reino nórdico de Solitude, o
Imperador Uriel Septim II faleceu. Seu filho Pelágio Septim II,
aclamado imperador, encontrou o tesouro empobrecido, graças à má
administração de seu pai.

Como nova rainha da Solitude, Potema enfrentou oposição das


antigas casas nórdicas, que a viam como uma estrangeira. Mantiarco
estava viúvo e amara muito sua ex-rainha falecida. Dela ficara um
filho, o príncipe Bathorgh, dois anos mais velho que a nova madrasta,
a quem detestava. Mas o rei amou sua nova rainha e sofreu com ela
aborto após o aborto, até seus 29 anos, quando enfim, deu a luz a um
filho.

97 da Terceira ERA:

"Faça algo que me ajude com a dor!" exclamou Potema,


arreganhando os dentes. Por um momento, Kelmeth, o curador,
pensou numa loba parindo, mas logo afastou a imagem da mente. Por
certo, seus inimigos a chamavam de Rainha Loba, mas não por
qualquer semelhança física.
"Majestade, não é um ferimento que se possa curar. A dor que
sente é natural e útil para o nascimento", ia adicionar mais palavras de
consolo, mas teve que interromper e se esquivar do espelho, que ela
lhe atirou.

"Não sou uma camponesa com nariz de porco!" rosnou, "sou a


Rainha de Solitude, filha do Imperador! Invoque um Daedra! Darei a
alma de cada um de meus súditos em troca de um pouco de conforto"!

"Senhora", disse nervosamente o curador, puxando as cortinas e


cobrindo o sol da fria manhã. "Não é sábio fazer tais ofertas, mesmo
em tom de brincadeira. Os olhos do Oblivion estão sempre observando
declarações imprudentes como esta."

"O que sabe do Oblivion um curador como você?" rosnou, mas com
voz mais calma e tranquila. A dor havia recuado. "Pode me dar o
espelho que arremessei em você?"

"Vai jogá-lo de novo, Majestade?" perguntou o curador com um


sorriso tenso, obedecendo.

"Muito provável", disse ela olhando o seu reflexo. "E da próxima vez
não vou errar. Mas estou assustadora. É Lorde Vhokken, ainda
esperando no corredor?"

"Sim, Majestade."
"Bem, diga-lhe que só preciso arrumar o cabelo e logo o receberei.
E nos deixe só. Grito por você quando a dor voltar".

Sim, Majestade."

Poucos minutos depois, Lord Vhokken entrou no quarto. Era um


enorme homem careca, cujos amigos e inimigos chamavam de Monte
Vhokken, quando falou foi como um baixo ressoar de trovões. A rainha
era das poucas pessoas que não se deixavam intimidar por ele, e
Vhokken o sabia, por isso lhe ofereceu um sorriso.

"Minha rainha! Como está se sentindo?", perguntou.

"Condenada. Mas quanto a você, parece que a Primavera chegou


ao Monte Vhokken. Pela alegre disposição, parece que tornou-se
chefe de guerra."

"Apenas temporariamente, enquanto o seu marido, o rei, investiga


as evidências por trás dos rumores de traição por parte de meu
antecessor, Lorde Thone."

"Se a plantou conforme instruí, ele a encontrará", Potema sorriu,


apoiando-se na cama. "Diga-me, o Príncipe Bathorgh ainda está na
cidade?"

"Que pergunta, Alteza", riu a montanha. “Hoje é o Torneio de


Stamina, você sabe que o príncipe jamais o perderia”. O sujeito cria
novas estratégias de defesa a cada ano, para mostrar durante os
jogos.
Não se lembra do ano passado, quando entrou na arena sem
armadura e após defender-se por vinte minutos de seis espadachins,
saiu dela sem nenhum arranhão? E dedicou essa luta à sua falecida
mãe, a rainha Amodetha."

"Sim, me lembro."

"Não é muito amigo, meu ou seu, Alteza, mas deve dar ao homem
o devido respeito. Ele se move como um raio. Quase não se nota, mas
sempre parece demonstrar inabilidade e usa isso como vantagem para
se livrar dos oponentes. Dizem que aprendeu o estilo com os Orcs do
sul. Dizem que aprendeu com eles a antecipar um ataque inimigo com
algum tipo de poder sobrenatural."

"Nada há de sobrenatural nisso", disse a Rainha, num murmúrio.


"Herdou isso de seu pai."

"Mantiarco nunca se moveu assim," sorriu Vhokken.{\r}{\n}{\r}{\n}"Eu


nunca disse que o fizesse", disse Potema. Fechou olhos e cerrou os
dentes. "A dor está voltando. Chame o curador, mas antes preciso lhe
perguntar outra coisa, a construção do novo palácio de verão já
começou?"

"Penso que sim, Alteza."


Não pense! gritou, enquanto agarrava os lençóis e mordia os lábios
com tal força que lhe correu um jorro de sangue pelo queixo. "Faça!
Certifique-se de que comece de uma vez, hoje! Seu futuro, meu futuro
e o futuro desta criança dependem disso! Vá!"

Quatro horas depois, o rei Mantiarco entrou no quarto para ver seu
filho. A rainha sorriu fracamente quando ele lhe beijou a testa. Quando
ela lhe entregou a criança, uma lágrima correu pelo seu rosto. Logo,
outra e mais outra.

"Meu Senhor", disse com carinho. "Sabia que é sentimental, mas


não tanto!"

"Não é só pela criança, embora seja bela, com todos os traços da


mãe", Mantiarco virou-se para sua esposa entristecido, as feições
envelhecidas torcidas em agonia. "Querida esposa, tenho problemas
no palácio. Na verdade, este nascimento é a única coisa a impedir que
o dia de hoje seja o mais negro do meu reinado".

"O que foi? Algo no torneio?" Potema ergueu-se na cama. "Algo


com Bathorgh?"

"Não, não é o torneio, mas se relaciona com Bathorgh. Eu não


deveria preocupá-la num momento como este. Você precisa de
descanso."

"Meu marido, diga-me!"


"Queria surpreendê-la com um presente pelo nascimento do nosso
filho, então decidi renovar completamente o Antigo Palácio de Verão.
É um belo lugar ou pelo menos eu achava. Pensei que você gostaria.
Na verdade, foi ideia de Lorde Vhokken. Era o lugar favorito de
Amodetha. "A voz do rei encheu-se de amargura." Agora entendi o
porquê."

"E o que você entendeu?" perguntou calmamente Potema.

"Amodetha enganava-me lá, com meu confiável chefe de guerra,


Lorde Thone. Havia cartas entre eles, as coisas mais perversas que já
li. E isso não é o pior."

"Não?"

"As datas nas cartas correspondem à época do nascimento de


Bathorgh. O menino que criei e amei como um filho", Mantiarco tinha a
voz enbargada de emoção. "Ele é filho de Thone, não meu."

"Meu querido", disse Potema, quase sentindo pena do pobre


homem. Evolveu-lhe o pescoço com os braços, enquanto ele soluçava
sobre ela e seu filho.

"A partir de agora", disse ele calmamente "Bathorgh já não é o meu


herdeiro. Vou bani-lo do reino. Esta criança nascida hoje crescerá para
governar Solitude".

"E talvez mais", disse Potema. "Ele também é neto do Imperador."


"Vamos chamá-lo de Mantiarco, o Segundo".

"Meu querido, eu adoraria isso", disse Potema, beijando-lhe o rosto


molhado de lágrimas. "Mas posso sugerir Uriel, nome do avô, o
Imperador que nos uniu em casamento?"

O Rei Mantiarco sorriu para a esposa, concordando com a cabeça.


Então, bateram na porta.

"Meu Senhor," disse Monte Vhokken. "Sua Alteza, o Príncipe


Bathorgh terminou o torneio e o aguarda para receber seu prêmio. Ele
resistiu com êxito o ataques de nove arqueiros e um escorpião gigante
trazido de Hammerfell. A multidão está gritando seu nome. Estão
chamando-o de Homem Inatingível."

"Vou vê-lo", disse o Rei Mantiarco tristemente, e deixou o quarto.


"Oh, ele pode ser atingido sim", disse Potema, cansada. "Mas precisa
alguma preparação antes."
A Rainha Loba Vol. III
Por: Waughin Jarth
Escrito com a pluma do sábio Montocai, primeiro século da Terceira ERA

Ano 98 da Terceira ERA:

O Imperador Pelagius Septim II morreu poucas semanas antes do


final do ano, em 15 da Estrela Vespertina durante o festival de Oração
Ventos do Norte, que era considerado um mau presságio para o
Império. Ele tinha governado durante difíceis dezessete anos. Para
preencher o Tesouro falido do Império, Pelagius exonerou o Conselho
ancião, forçando-os a recompra de suas posições. Vários bons
conselheiros, mas pobres, tinham sido perdidos. Muitos dizem que o
Imperador morreu envenenado por um ex-membro vingativo do
Conselho.

Seus filhos vieram para assistir ao seu funeral e a coroação do


Imperador seguinte. Seu filho mais novo Príncipe Magnus, 19 anos de
idade, chegou de Almalexia, onde ele tinha sido um vereador da corte
real. O Príncipe Cephorus, 21 anos de idade, chegou de Gilane com
sua noiva Redguard, Rainha Bianki. Príncipe Antiochus aos 43 anos
de idade, o filho mais velho e provável herdeiro, tinha ficado com o pai
na Cidade Imperial. O último a aparecer foi a sua única filha, Potema,
chamada Rainha Loba de Solitude. Trinta anos de idade e de beleza
radiante, ela chegou com uma comitiva magnífica, acompanhada por
seu marido, o idoso rei Mantiarco e seu filho, Uriel.
Todos esperavam que Antiochus assumisse o trono do Império,
mas ninguém sabia o que esperar da Rainha Loba.

Ano 99 da Terceira Era

"Lord Vhokken vem trazendo vários homens para a câmara da sua


irmã ao anoitecer, todas as noites desta semana", disse Spymaster.
"Talvez, seu marido devesse ser avisado..."

"Minha irmã é uma adoradora dos deuses Reman e Talos, não da


deusa do amor, Dibella. Ela está tramando com esses homens, e não
tendo orgias com eles. Aposto que já dormi com mais homens do que
ela" riu Antiochus, ficando sério em seguida. "Ela está por trás do
atraso do conselho em oferecer-me a coroa, eu sei. Seis semanas
agora. Eles dizem que precisam atualizar os registros e preparar a
coroação. Eu sou o Imperador! Coroem a mim e a Oblivion com as
formalidades!"

"Sua irmã certamente não é amiga sua, sua majestade, mas há


outros fatores em jogo. Não se esqueça de como seu pai tratou o
Conselho. São eles que precisaram seguir e se necessário, ser
convincentes”, acrescentou o Spymaster, com um golpe sugestiva de
sua adaga.

"Faça-o, mas mantenha seu olho na maldita Rainha Loba também.


Você sabe onde me encontrar."
"Em que bordel, sua alteza?" perguntou o Spymaster.

"Hoje é Sexta, vou estar no Gato Duende."

O Spymaster notou em seu relatório que nesta noite Potema não


teve visitantes, pois estava jantando no Jardim Imperial, no Palácio
azul com sua mãe, a Imperatriz Quintilla. A noite estava quente para o
inverno e surpreendentemente clara, mesmo que o dia tivesse sido
tempestuoso. O solo saturado não poderia absorver mais água, então
parecia que os jardins tomaram forma de água cristalina. As duas
mulheres beberam vinho no terraço com vista para os jardins.

"Eu acredito que você está tentando sabotar a coroação do seu


meio-irmão", disse Quintilla, sem olhar para a filha. Potema viu como
os anos não tinham enrugado sua mãe, embora tenha a descolorido
como uma pedra ao sol.

"Não é verdade", disse Potema. "Mas será que te incomodaria


muito, se fosse verdade?"

"Antíochus não é meu filho. Ele tinha onze anos quando me casei
com seu pai e nunca fomos íntimos. Acho que ser um provável
herdeiro atrapalhou seu crescimento. Ele é velho o suficiente para ter
uma família com filhos jovens, mas ainda gasta todo o tempo em
devassidão e prostituição. Suponho que não será um imperador muito
bom”, suspirou Quintilla e então se virou para Potema. "É ruim para a
família semear discórdia. É fácil dividirem-se, e muito difícil unirem-se
novamente. Eu temo pelo futuro do Império."
"Tudo isso soa só como palavras... Mãe, por acaso, não está
morrendo?"

"Eu li os presságios", disse Quintilla com um sorriso leve e irônico.


"Não se esqueça, eu era uma feiticeira conhecida em Camlorn. Vou
morrer em poucos meses e menos de um ano depois, seu marido
morrerá também. Só lamento não viver para ver seu filho Uriel...
assumir o trono de Solitude".

"Você viu se...?" Potema parou, não querendo revelar muito sobre
seus planos, mesmo para sua mãe moribunda.

"Se vai ser Imperador? Sim, eu sei a resposta para isso também,
filha. Não tenha medo: Você vai viver para ver a resposta, de uma
forma ou de outra eu tenho um presente para ele quando for maior de
idade. “A Imperatriz viúva retirou um colar com uma joia única, grande,
amarela em volta do pescoço”. “É uma Pedra da Alma, infundida com
o espírito de um grande lobisomem que seu pai e eu derrotamos em
batalha há trinta e seis anos atrás”. Eu a encantei com magias da
Escola de Ilusão, tanto para seu charme quanto o que ele quiser
escolher. Uma importante habilidade para um rei”.

"E um imperador", disse Potema, tendo o colar. "Obrigado, mãe".

Uma hora mais tarde, passando os ramos negros dos arbustos


esculpidos nos muros, Potema notou um vulto escuro, que
desapareceu nas sombras quando ela se aproximou. Ela havia
também notado pessoas que a seguiram antes: era um dos perigos da
vida na corte imperial. Mas este homem estava muito perto de seus
aposentos. Ela colocou o colar em volta do pescoço.

"Venha aonde possa lhe ver", ordenou.

O homem emergiu das sombras. Um sujeito moreno de meia-idade,


vestido com couro de cabra tingido de preto. Seus olhos estavam
fixos, congelados sob seu feitiço.

"Para quem você trabalha?"

"O príncipe Antiochus é meu mestre", disse ele com uma voz morta.
"Eu sou seu espião."

Rapidamente formou um plano. "Está o príncipe em seu estúdio?"

"Não, senhora."

"E você tem acesso?"

"Sim, senhora."

Potema sorriu amplamente. Ela o tinha pegado. "Mostre-me o


caminho".

Na manhã seguinte, a tempestade reapareceu em toda sua fúria. O


som da chuva batendo nas paredes e no teto eram uma agonia sem
fim para Antiochus, descobriu que já não tinha mais imunidade juvenil
para suportar noite em claro e bebedeiras. Empurrou com força a
prostituta Argoniana na sua cama de encontro a parede.
"Seja útil e feche a janela", resmungou.

Assim que a janela foi fechada, houve uma batida na porta. Era
Spymaster. Sorriu para o príncipe e lhe entregou uma folha de papel.

"O que é isso?" Antiochus perguntou, apertando os olhos. "Ainda


devo estar bêbado. Parecem Orcs."

"Acho que isso será útil, sua majestade. Sua irmã está aqui para lhe
ver."

Antiochus considerou vestir-se rápido e botar sua colega de cama


pra fora, mas pensou melhor. "Vamos escandalizá-la."

Se Potema se escandalizou, não demonstrou. Envolta em seda


laranja e prata, entrou na sala com um sorriso triunfante, seguida por
um homem que mais parecia uma montanha, Lord Vhokken.

"Querido irmão, falei com minha mãe ontem à noite, e ela


aconselhou-me muito sabiamente. Disse-me que não deveria lutar
com você em público, para o bem da nossa família e do Império.
Portanto", disse ela, tirando das dobras de seu vestido um pedaço de
papel. "Estou lhe oferecendo uma escolha."

"Uma escolha?" disse Antiochus, retornando o seu sorriso. "Isso


soa tão simpático."
"Abdique do seu direito ao trono Imperial, voluntariamente, e não
haverá necessidade de mostrar isto ao Conselho," disse Potema,
entregando-lhe a carta. "É uma carta com seu selo sobre ela, dizendo
que sabia que seu pai não era Pelagius Septim II, mas sim o
administrador real Fondoukth. Agora, antes de negar a veracidade da
carta, você não poderá frear os rumores, nem evitar que o Conselho
Imperial acredite que seu pai, um velho tolo, seria capaz de aceitar a
traição. Se é verdade ou não, ou se a carta é uma farsa ou não, o
escândalo que isso acarretaria, arruinarão suas chances de ascender
ao trono."

A cara de Antiochus ficou branca de fúria.

"Não tenha medo irmão", disse Potema, pegando de volta a carta


de suas mãos trêmulas. "Vou garantir para que tenha uma vida muito
confortável e todas as prostitutas que seu coração, ou qualquer outro
órgão de seu corpo desejarem."

De repente, Antiochus riu. Ele olhou para seu Spymaster e piscou.


"Lembro-me quando você invadiu meu quarto e me chantageou a
pegar minha literatura erótica Khajiit. Isso foi perto de vinte anos atrás.
Temos fechaduras melhores agora, você deve ter notado. Deve ter te
matado não poder usar suas próprias habilidades para conseguir o
que queria."

Potema apenas sorriu. Não importava. Ela o tinha em suas mãos.


"Deve ter encantado uma de minhas servas para trazê-la aqui e
usar meu selo", Antiochus sorriu. "Um feitiço, talvez de sua mãe, a
bruxa?"

Potema continuava a sorrir. Seu irmão era mais esperto do que ela
pensava.

"Sabia que magias de charme, mesmo as poderosas, só duram


certo tempo? Claro, que não. Você nunca gostou de magia. Deixe-me
dizer-lhe, um salário generoso é uma forte motivação para manter um
funcionário a longo prazo, irmã," Antiochus pegou sua própria folha de
papel. "Agora eu tenho uma escolha para você."

"O que é isso?" disse Potema, com um sorriso vacilante.

"Parece absurdo, mas se você souber o que está procurando, é


muito claro, principalmente sua caligrafia tentando imitar a minha. É
um bom trunfo que você tem. E me pergunto se você já não teria
usado antes... feito isso antes, imitar a escrita de outra pessoa. Uma
carta foi encontrada com a mulher morta de seu marido dizendo que
seu primeiro filho era um bastardo. E pergunto-me se você escreveu
aquela carta. E pergunto-me se, mostrar essa evidência de seu "dom"
a seu marido, se ele acreditará que você escreveu aquela carta. No
futuro minha cara Rainha Loba, não utilize da mesma estratégia duas
vezes."

Potema balançou a cabeça, furiosa, incapaz de falar.


"Dê-me a falsificação e vá dar um passeio na chuva. E então mais
tarde, você vai cancelar qualquer outra falcatrua que arrisque minha
coroação." Antiochus fixou os olhos em Potema. "Eu serei o
Imperador, Rainha Loba. Agora vá."

Potema entregou a seu irmão a carta e saiu da sala. Por alguns


momentos, no corredor, ela não disse nada. Simplesmente olhou para
os pingos de água da chuva escorrendo numa rachadura na parede de
mármore, pequena e invisível.

"Sim irmão, você vai,", disse ela. "Mas não por muito tempo."
A Rainha Loba Vol. IV
Por: Waughin Jarth
Escrito com a pluma do sábio Montocai, primeiro século da Terceira ERA

Ano 109 da Terceira ERA:

Dez anos após ser coroado imperador de Tamriel, se Antiochus


Septim causara alguma impressão nos seus súditos, fora pela
enormidade do seu desejo carnal. De sua segunda esposa, Gysilla,
teve uma filha no ano 104, à qual deu o nome de Kintyra,
homenageando sua Tri-tetra-tia-avó, a Imperatriz. Gordíssimo e
marcado por cada doença venérea conhecida dos curandeiros,
Antiochus passou pouco tempo na política. Seus irmãos, ao contrário,
distinguiam-se neste campo. Magnus casou-se com Hellena, a rainha
Cyrodíllica de Lilmoth, após a execução do rei-sacerdote Argoniano,
representava admiravelmente os interesses imperiais no Pântano
Negro. Cephorus e sua esposa Bianki foram governar o reino de
Gilane em Hammerfell, com uma saudável ninhada das crianças. Mas
ninguém era mais politicamente ativo que Potema, a Rainha-Loba, do
reino de Solitude em Skyrim.

Nove anos após a morte de seu marido, o rei Mantiarco, Potema


ainda governava como regente de seu filho, Uriel. Sua corte tinha-se
tornado moda, principalmente entre os governantes que sentiam
algum rancor contra o imperador.
Todos os reis da Skyrim visitavam o Castelo Solitude regularmente
e ao longo dos anos, emissários das terras de Morrowind e Pedra Alta
também. Alguns convidados vinham ainda de mais longe.

110 da Terceira Era:

Potema estava no porto e viu o barco de Pyandonea chegar. Contra


a espuma cinza das ondas quebrando, onde via tantas embarcações
fabricadas de Tamriel, parecia menos exótico. Parecia um inseto, com
suas velas membranosas e robusto casco de quitina, mas ela já vira
barcos semelhantes, se não idênticos, em Morrowind. Não fosse a
bandeira, marcadamente estrangeira, ele não se distinguiria dos
demais navios no porto. Com a névoa salgada crescendo à sua volta,
ela estendeu a mão em boas-vindas aos visitantes da outra ilha
império.

Os homens a bordo não eram apenas pálidos, eram completamente


sem cor, como se fossem feitos de geleia branca, mas disso já a
tinham avisado. Ao chegarem o rei e seu tradutor, ela os olhou
diretamente nos olhos apagados e ofereceu sua mão. O Rei fez uns
ruídos.

"Sua Grande Majestade, o rei Orgnum", disse o tradutor, hesitante.


"Manifesta seu prazer por sua beleza. E agradece por abrigá-lo destes
mares tão perigosos."

"Você fala Cyrodílico muito bem", disse Potema.


"Eu sou fluente nas línguas dos quatro continentes", disse o
tradutor. "Posso falar com os habitantes de meu próprio país,
Pyandonea, bem como com os de Atmora, Akavir, e aqui de Tamriel.
O seu é o mais fácil, realmente. Estava ansioso por esta viagem."

"Por favor, diga a sua alteza que ele é bem-vindo aqui e que estou
inteiramente à sua disposição", disse Potema, sorrindo. E então
acrescentou: "Entendeu o contexto? Que estou apenas sendo
educada?"

"Certamente", disse o tradutor e depois fez vários ruídos ao Rei que


reagiu com um sorriso. Enquanto eles conversavam, Potema olhou
para o cais e viu homens, com as capas cinzas agora familiares,
olhando-a enquanto falavam com Levlet, o homem de Antiochus. A
Ordem Psijic da Ilha Summerset. Muito incômodos.

"Meu emissário diplomático Lorde Vhokken irá mostrar-lhe seus


quartos", disse Potema. "Tenho alguns outros convidados, que
também exigem a minha atenção. Espero que sua majestade
entenda."

Sua Grande Majestade, o Rei Orgnum, entendeu e Potema fez


arranjos para jantar com os Pyandoneanos naquela noite. O encontro
com a Ordem Psijic iria requerer toda a sua atenção. Vestiu-se com
seu mais simples robe preto e dourado e foi para a sala de audiências
preparar-se. Seu filho, Uriel estava no trono, brincando com Joughat,
seu mascote.
"Bom dia, mamãe".

"Bom dia, querido", disse Potema, levantando seu filho no ar com


esforço fingido. "Por Talos, como você está pesado. Nunca conheci
um menino de dez anos tão pesado.

"Provavelmente é porque tenho onze", disse Uriel, conhecedor dos


truques de sua mãe. "E você vai dizer agora, que tendo onze anos,
provavelmente eu deveria estar com meu tutor."

"Na sua idade eu era fanática pelos estudos", disse Potema.

"Eu sou o rei", disse Uriel petulante.

"Mas não se satisfaça com isso", disse Potema. "Por todos direitos,
deveria ser o imperador, você entende isso, não é?"

Uriel anuiu com a cabeça. Potema ficou um momento se


maravilhando com a semelhança com os retratos de Tiber Septim. A
mesma testa cruel e queixo poderoso. Quando fosse mais velho e
perdesse a gordura infantil, seria a imagem perfeita de seu tetra-tetra
tio-avô. Atrás dela, ouviu a porta se abrindo e um porteiro introduziu
vários capas cinzentas. Ela endureceu um pouco e Uriel no momento
certo, saltou do trono e deixou a sala de audiências, parando para
cumprimentar o mais importante dos Psijics.

"Bom dia Mestre Iachesis" disse ele, pronunciando cada sílaba com
um acento real que fez o coração de Potema saltar. "Espero que tenha
aprovado seus alojamentos no Castelo Solitude".
"Aprovei, Rei Uriel, obrigado", disse Iachesis, feliz e encantado.

Lachesis e seus Psijics entraram na câmara e a porta fechou-se


atrás deles. Potema sentou-se por um momento no trono antes de sair
do tablado e cumprimentar seus convidados.

"Sinto muito tê-los feito esperar", disse Potema. "E considerando a


distância navegada desde as Ilhas Summerset, não deveria deixá-los
esperando por mais tempo. Devem me perdoar."

"Não foi uma viagem tão longa", disse um dos mantos cinzentos
raivoso. "Não tanto quanto se tivéssemos navegado desde
Pyandonea."

"Ah. Você viu meus hóspedes mais recentes, Rei Orgnum e sua
comitiva", disse Potema jovialmente. "Suponho que acha inadequado
que os receba, quando sabemos que Pyandonea planeja invadir
Tamriel. Vocês estão, suponho, neutros nesta, como em todas outras
questões políticas?"

"Certamente", disse Iachesis orgulhosamente. "Nada temos a


ganhar ou perder com a invasão. A Ordem Psijic precedeu a
organização de Tamriel sob a dinastia Septim e certamente
sobreviveremos seja qual for o regime político."
"Assim como uma pulga sobrevive junto a qualquer vira-lata, não
é?" disse Potema, apertando os olhos. "Não superestime sua
importância Iachesis. Sua ordem-filha, a Guilda dos Magos, tem o
dobro da sua força e está inteiramente a meu favor. Estamos
elaborando a construção de um acordo com o Rei Orgnum. Quando
Pyandonea cumprir sua parte e eu assumir meu lugar como Imperatriz
do continente, então você deverá saber o seu devido lugar na ordem
estabelecida.

Com um passo majestoso, Potema retirou-se, deixando os manto-


cinzentos olhando um para o outro.

"Devemos falar com Lorde Levlet", disse um deles.

"Sim", disse Iachesis. "Talvez devamos."

Levlet foi rapidamente encontrado em seu local habitual na taverna


Lua e Náusea. Ao entrarem os três capa-cinzentas, com Iachesis à
frente, a fumaça e o barulho pareceram morrer à sua passagem.
Mesmo o cheiro de tabaco e Flin dissiparam-se no seu rastro. Ele
levantou-se e conduzindo-os a um pequeno quarto no andar superior.

"Você reconsiderou", disse Levlet com um largo sorriso.


"Vosso Imperador", disse Iachesis, logo se corrigindo. "Nosso
Imperador inicialmente pediu o nosso apoio na defesa da costa oeste
da Tamriel da frota Pyandoneana em troca de doze milhões de
moedas de ouro. Oferecemos nossos serviços por cinquenta. Mas,
após refletir sobre os perigos acarretados por uma invasão
Pyandoneana, aceitamos sua oferta anterior."

"A Guilda dos Magos tem generosamente...".

"Talvez possamos fazê-lo por dez milhões", disse Iachesis


rapidamente.

No decorrer do jantar, Potema prometeu ao rei Orgnum através do


intérprete, liderar uma insurreição contra seu irmão. Ficou encantada
ao descobrir que sua capacidade de mentir funcionava em muitas
culturas diferentes. Naquela noite Potema compartilhou sua cama com
o rei Orgnum, como parecia ser educado e diplomático fazer. Afinal,
ele revelou-se um dos melhores amantes que já tivera. Deu-lhe umas
ervas antes do começo, que a fizeram sentir como se flutuasse na
superfície do tempo, consciente apenas dos gestos de amor e depois
se dando conta de fazê-los ela mesma. Sentiu-se imersa numa névoa
refrigerante, que extinguia o fogo do seu desejo mais e mais e mais
uma vez.

Pela manhã, quando ele a beijou no rosto e disse com seus vazios
olhos brancos que estava saindo, ela sentiu uma pontada de remorso.
O navio deixou o porto naquela manhã, a caminho das Ilhas
Summerset e das invasões iminentes. Ela acenava para o mar quando
ouviu passos atrás de si. Era Levlet.

"Eles vão fazer por oito milhões, Alteza", disse.

"Graças a Mara", disse Potema. "Preciso de mais tempo para uma


insurreição. Pagarei do meu tesouro, e depois irei à Cidade Imperial
recolher os doze milhões de Antiochus. Teremos um bom lucro com
esta jogada, e você, claro, terá a sua parte."

Três meses depois, Potema foi informada de que a frota


Pyandoneana fora totalmente destruída por uma repentina tempestade
próxima à Ilha de Artaeum, porto de origem da Ordem Psijic. O Rei
Orgnum e todos seus navios foram totalmente aniquilados.

"Às vezes, conseguir o ódio das pessoas", disse ela aconchegando


seu filho Uriel, "Resulta num bom lucro".
A Rainha Loba Vol. V
Por: Waughin Jarth

Escrito com a pluma de Inzolicus, Sábio do Segundo Século e estudante de Montocai

119 da Terceira ERA:

Por vinte e um anos, O Imperador Antiochus Septim governou Tamriel, e


provou ser um líder capaz, apesar de sua baixa autoestima. Sua maior vitória foi
na Guerra da Ilha no ano 110, quando a frota Imperial e as marinhas reais da
Ilha Summerset, juntamente com os poderes mágicos da Ordem Psijic,
conseguiram destruir a invasão armada Pyandoneana. Seus irmãos, o rei
Magnus da Lilmoth, rei Cephorus de Gilane e Potema a Rainha Loba de
Solitude, governaram bem e as relações entre o Império e os reinos de Tamriel
foram muito melhoradas. Ainda assim, séculos de negligência não tinham
reparado todas as cicatrizes que existiam entre o Império e os reis de Pedra Alta
e Skyrim.

Durante uma rara visita de sua irmã e de seu sobrinho Uriel, Antiochus, que
sofrera várias doenças durante seu reinado, entrou em coma. Durante meses,
ele permaneceu entre a vida e a morte, enquanto o Conselho Ancião preparava
a ascensão de sua filha Kintyra de quinze anos ao trono.

120 da Terceira Era:

"Mãe, eu não posso casar com Kintyra", disse Uriel, mais entretido com a
sugestão do que ofendido. Ela é minha prima de primeiro grau. E, além disso,
acredito que ela está noiva de um dos senhores do conselho, Modellus.
"Você é tão sensível. Há um tempo e um lugar adequado para isso", disse
Potema. "Mas você está completamente correto sobre Modellus, não devemos
ofender um Ancião do Conselho neste momento crítico. Como se sente sobre a
princesa Rakma? Você passou uma boa parte do tempo na sua companhia em
Farrun."

"Ela está bem", disse Uriel. “Não me diga que quer ouvir todos os detalhes
sujos."

"Por favor, poupe-me o seu estudo de anatomia", Potema fez uma careta.
"Mas você vai se casar com ela?"

"Suponho que sim."

"Muito bom. Então vou fazer os arranjos a seu tempo", Potema fez uma nota
para si mesma antes de continuar. "Rei Lleromo tem sido um aliado difícil de
manter e um casamento político deve manter Farrun do nosso lado.
Precisaremos deles. Quando é o funeral?"

"Que funeral?" perguntou Uriel. "Você quer dizer do tio Antiochus?"

"É claro", suspirou Potema. "Que outra pessoa importante morreu nos últimos
dias?"

"Havia um monte de crianças Redguard agora pouco correndo pelos


corredores, então eu acho que Cephorus chegou. Magnus chegou à corte ontem,
então deve ser a qualquer momento."

"É hora de abordar o Conselho", disse Potema, sorrindo.


Ela se vestiu de preto e não seu habitual colorido. Era importante olhar pelo
lado da irmã de luto. Sobre si mesma no espelho, sentiu que ela olhou todos os
seus cinquenta e três anos. Uma tiara de prata serpenteava pelos seus cabelos
ruivos. Os invernos longos, frios e secos no norte de Skyrim tinham criado
algumas rugas, finas como uma teia de aranha em seu rosto. Ainda assim, ela
sabia que quando sorria, ainda poderia conquistar corações e quando franzia a
testa, ainda poderia inspirar medo. Foi o suficiente para seus propósitos.

O discurso de Potema ao Conselho Ancião talvez seja útil aos estudantes do


discurso público.

Ela começou com bajulação e auto-humilhação: "Meus amigos mais augustos


e sábios, membros do Conselho Ancião, sou apenas uma rainha provincial e
posso somente supor trazer uma questão, na qual vocês já devem ter-se
ponderado."

Ela continuou a elogiar o Imperador anterior, que tinha sido um governante


popular, apesar de suas falhas: "Ele era um Septim verdadeiro e um grande
guerreiro, destruindo (com o seu conselho) a invencível armada de Pyandonea."

Mas pouco tempo foi desperdiçado, antes dela chegar a seu ponto: "A
Imperatriz Gysilla, infelizmente, não fez nada para moderar o espírito lascivo de
meu irmão. Na verdade, nenhuma prostituta da cidade passou em tantas camas
quanto ela. Se ela tivesse atendido os seus deveres no quarto de dormir imperial
com mais fidelidade, teríamos um verdadeiro herdeiro do Império, e não a
imbecil e bastarda menina que se diz filha do Imperador. A menina chamada
Kintyra, acredita-se ser filha de Gysilla e do Capitão da Guarda, ou seja, a filha
de Gysilla e do rapaz que limpa a cisterna. Nunca poderemos saber com certeza.
Não tão certo quanto sabemos a linhagem de meu filho, Uriel, o filho mais
velho de verdade da Dinastia Septim. Meus senhores, os príncipes do Império
não tolerarão que uma bastarda ocupe o trono, isso pode assegurar”.

Terminou suavemente, mas com uma chamada à ação: "A Posteridade irá
julgá-los. Vocês sabem o que deve ser feito."

Naquela noite, Potema entretia seus irmãos e as esposas deles no quarto do


Mapa, o seu favorito das câmaras do jantar Imperiais. As paredes eram
salpicadas de brilhantes, desvanecendo-se representações do Império e de
todas as terras conhecidas além, Atmora, Yokunda, Akavir, Pyandonea e Thras.
Acima, o teto de cúpula de vidro grande, molhada pela chuva, exibia imagens
distorcidas das estrelas. Relâmpagos a cada minuto, lançando estranhas
sombras fantasmagóricas nas paredes.

"Quando você vai falar ao Conselho", perguntou Potema quando o jantar foi
servido.

"Nem sei se eu vou", disse Magnus. "Não acredito que tenho algo a dizer."

"Vou falar com eles quando anunciarem a coroação de Kintyra", disse


Cephorus. "Simplesmente como uma formalidade para mostrar o seu apoio e o
apoio de Hammerfell."

"Você pode falar por todos de Hammerfell?”, “Perguntou Potema, com um


sorriso maroto”. “Os Redguards devem te amar muito.”

“Temos uma relação única com o Império em Hammerfell”, disse a esposa de


Cephorus, Bianki. “Desde o tratado de Stros M'kai, tem sido entendido que
somos parte do Império e não súditos".
"Entendo que você já tenha falado com o Conselho", disse a esposa de
Magnus, Hellena, severamente. Ela era uma diplomata por natureza, mas como
governante de um reino Cyrodílico Argoniano, sabia como reconhecer e
enfrentar as adversidades.

"Sim, falei", disse Potema, fazendo uma pausa para saborear uma fatia de
faisão assado. "Dei-lhes um breve discurso sobre a coroação nesta tarde."

"Nossa irmã é uma excelente oradora pública", disse Cephorus

"Você é muito gentil", disse Potema, rindo. "Eu faço muitas coisas melhor do
que falar."

"Como?", Perguntou Bianki, sorrindo.

"Posso perguntar o que você disse em seu discurso?", Perguntou Magnus,


suspeitosamente.

Houve uma batida na porta da câmara. O mordomo sussurrou algo para


Potema, que sorriu em resposta e se levantou da mesa.

"Eu disse ao Conselho que eu daria todo o meu apoio para a coroação, desde
que proceda com sabedoria. O que poderia ter de sinistro sobre isso?" Potema
disse, e levou o copo de vinho com ela para a porta. "Se me desculparem, minha
sobrinha Kintyra deseja ter uma palavra comigo."

Kintyra ficou na sala com a Guarda Imperial. Ela era apenas uma criança,
mas no reflexo, Potema percebeu que com sua idade, ela já era casada a dois
anos com o Mantiarco. Havia uma semelhança, certamente. Potema podia se ver
em Kintyra como uma rainha jovem, com olhos escuros e pele lisa, pálida e firme
como o mármore. A raiva brilhou nos olhos de Kintyra, momentaneamente ao ver
sua tia, mas a emoção saiu, substituída por uma calma presença Imperial.

"Rainha Potema", disse ela serenamente. "Informaram-me que minha


coroação será em dois dias. Sua presença na cerimônia não será bem-vinda. Já
dei ordens aos seus servos para ter seus pertences embalados e uma escolta irá
acompanhando-a de volta ao seu reino esta noite. Isso é tudo. Adeus, tia."

Potema começou a responder, mas Kintyra e seu guarda viraram-se e


voltaram ao corredor. A Rainha Loba assistiu-os ir e em seguida, reentrou na
Sala do Mapa.

"Cunhada", disse Potema, abordando Bianki com maldade profunda. "Você


perguntou o que eu faço melhor do que falar? A resposta é: guerra."
A Rainha Loba Vol. VI
Por: Waughin Jarth

Escrito com a pluma de Inzolicus, Sábio do Segundo Século e estudante de Montocai

Ano 120 da Terceira ERA:

A Imperatriz Kintyra Septim II de 15 anos, filha de Antiochus, foi coroada no


terceiro dia da Primeira Semeadura. Seus tios Magnus, o rei de Lilmoth e
Cephorus, Rei de Gilane, estiveram presentes, mas sua tia Potema, a Rainha
Loba de Solitude, fora banida da corte. Tendo voltado a seu reino, ela começou a
montar uma rebelião, que seria conhecida como a Guerra do Diamante
Vermelho. Todos reis e nobres descontentes, que se tinham aliado ao longo dos
anos, uniram forças com ela contra a nova Imperatriz.

Os ataques iniciais contra o Império, foram totalmente bem sucedidos. Ao


longo de Skyrim e norte de Pedra Alta, o exército imperial encontrou-se sob
ataque. Potema e suas forças caíram sobre Tamriel como uma praga, incitando
motins e rebeliões onde quer que chegassem. Neste mesmo outono, o leal
Duque de Glenpoint, da costa de Pedra Alta, enviou um urgente pedido de
reforços ao Exército Imperial e Kintyra, para inspirar resistência à Rainha Loba,
conduziu o exército ela mesma.

Ano 121 da Terceira ERA:

"Não sabemos onde estão", disse o duque, profundamente envergonhado.


“Enviei batedores por todo o campo”. Só posso supor que se retiraram para o
norte ao ouvir a chegada do seu exército.
"Odeio dizer isso, mas esperava por uma batalha", disse Kintyra. "Gostaria de
empalar a cabeça da minha tia e fazê-la desfilar por todo o Império. Seu filho
Uriel e seu exército estão bem na borda da Província Imperial, zombando de
mim. Como podem ser tão bem sucedidos? São assim tão bons em batalha ou
meus súditos realmente me odeiam?"

Estava cansada, depois de tantos meses de luta na lama do outono e


inverno. Cruzando as Montanhas Rabo de Dragão, seu exército quase caiu
numa emboscada. Uma forte nevasca, no normalmente tépido Baronato de
Dwynnen, foi tão inesperada e grave, que certamente foi lançada por um dos
Magos aliados de Potema. Para onde se voltava, sentia o toque de sua tia. E
agora, a oportunidade de enfrentar a Rainha Loba fora frustrada. Era quase
demais para suportar.

"É pura e simplesmente medo," disse o duque. "Esta é sua melhor arma."

"Preciso perguntar", disse Kintyra, esperando que sua voz não demonstrasse
o medo de que o Duque falava. "Você viu seu exército? É verdade que ela
convocou a ajuda de uma força de guerreiros mortos-vivos?"

"Na verdade, não é um fato confirmado, mas certamente ela estimula esse
boato. Seu exército ataca à noite por razões estratégicas, mas em parte para
reforçar temores como este. Ela não tem ao que sei, nenhuma ajuda
sobrenatural além dos Magos de Batalha e lâminas noturnas, normais em
qualquer exército moderno."

"Sempre à noite", disse Kintyra pensativa. "Suponho que seja para disfarçar
os seus números."
"E posicionar suas tropas antes de estarmos conscientes delas", acrescentou
o duque. "Ela é mestra no ataque furtivo. Se ouvir uma marcha ao leste, esteja
certa que seu ataque virá do sul. Mas venha, discutiremos tudo isso amanhã de
manhã. Preparei os melhores quartos do castelo para você e seus homens."

Kintyra sentou-se em seus aposentos na torre e à luz da lua e de uma


solitária vela de sebo, escreveu uma carta ao seu futuro marido, Lorde Modellus,
na Cidade Imperial. Pelo verão, esperava casar-se com ele no Palácio Azul, tão
amado por sua avó Quintilla, mas provavelmente a guerra não permitiria isso.
Enquanto escrevia, olhou pela janela para o pátio, vendo as apavorantes árvores
desfolhadas pelo inverno. Dois de seus guardas estavam nas ameias, a vários
metros de distância um do outro. Assim como Modellus e Kintyra, pensou, e
começou a dissertar sobre a metáfora em sua carta.

Uma batida na porta interrompeu sua poesia.

"Uma carta de Lorde Modellus, Sua Majestade," disse o jovem mensageiro,


entregando-lhe o bilhete.

Era curto, e ela o leu rapidamente, antes do correio ter a chance de se retirar.
"Estou confusa com algo. Quando ele escreveu isso?"

"Uma semana atrás", disse o correio. “Disse ser urgente e que a entregasse o
mais rápido possível, enquanto ele mobilizava o exército”. Imagino que já
deixaram a cidade.

Kintyra dispensou o mensageiro. Modellus dizia ter recebido uma carta dela,
solicitando urgentemente de reforços para a batalha em Glenpoint. Mas não
houve batalha em Glenpoint, e ela acabara de chegar hoje. Então, quem
escrevera a carta com sua caligrafia e por que queriam Modellus trazendo um
segundo exército da Cidade Imperial para Pedra Alta?
Sentindo um frio no ar da noite pela janela, Kintyra se virou para fechá-la. Os
dois guardas não estavam mais nas ameias. Teve a atenção atraída pelo som de
uma luta surda atrás de uma das árvores desfolhadas e não ouviu a porta abrir-
se.

Quando se virou, viu a rainha Potema e Mentin, Duque de Glenpoint, na sala


com um grupo de guardas.

"Fique onde está, tia", disse ela após um momento de pausa. Virou-se para
Duque e disse: "O que fez você alterar sua lealdade ao Império? Medo?”.

"E ouro", respondeu o duque simplesmente.

"O que aconteceu ao meu exército?" perguntou Kintyra, olhando Potema


firmemente no rosto. "A batalha terminou tão rápido?"

"Todos seus homens estão mortos", sorriu Potema. "Mas não houve batalha
alguma. Apenas assassinato eficiente e silencioso. Porém haverá batalhas à
frente, contra Modellus nas Montanhas Rabo de Dragão e contra os
remanescentes do Exército na Cidade Imperial. Vou mantê-la informada sobre o
progresso da guerra."

"Então, estou sendo mantida aqui como sua refém?" perguntou Kintyra, sem
rodeios, de repente consciente das solidas pedras e da grande altura do quarto
na torre. "Maldita seja, olhe para mim! Sou a sua Imperatriz!"

"Pense assim e farei de você uma mártir de primeira categoria, a partir de


uma governante de quinta", respondeu Potema com uma piscadela. "Mas
entenderei se não quiser me agradecer por isso."
A Rainha Loba Vol. VII
Por: Waughin Jarth

Escrito com a pluma de Inzolicus, Sábio do Segundo Século

Ano 125 da Terceira ERA

Especula-se muito sobre a data exata da execução da Imperatriz Kintyra


Septim II na torre do castelo Glenpoint. Se bem que alguns creem que fora
assassinada pouco depois de sua prisão no ano de 121, outros afirmam que a
mantiveram com vida, sequestrada, até pouco antes de seu tio Cephorus, Rei de
Gilane ter reconquistado a parte ocidental de Pedra Alta no verão do ano 125.
Com a morte de Kintyra, muitos se opuseram a Rainha Loba Potema e seu filho,
que havia conquistado o trono com o nome de imperador Uriel Septim III quatro
anos antes, quando invadiu a desprotegida cidade Imperial.

Cephorus concentrou seu exército na guerra de Pedra Alta, enquanto seu


irmão Magnus, Rei de Lilmoth, conduziu sua tropas Argonianas através de
Morrowind até Skyrim, para combater Potema em sua própria província. As
tropas reptilianas lutaram com bravura durante os meses de verão, mas durante
o inverno, se retiraram em direção ao sul para reagruparem-se e atacar
novamente quando o clima estivesse mais apropriado. Nestas condições, a
guerra se prolongou durante mais dois anos.

Assim mesmo, no ano 125, a esposa de Magnus, Hellena, deu a luz ao seu
primeiro filho, um menino que acabou por ser batizado com o nome Pelágio, em
honra ao imperador pai de Magnus, Cephorus, do último Imperador Antíocus e
da temível Rainha Loba de Solitude.
Ano 127 da Terceira Era

Potema, sentada sobre macias almofadas de seda na grama quente em


frente a sua tenda, observava o nascer do sol que começava a iluminar os
bosques escuros no outro lado dos prados. Era uma manhã especialmente
bonita, típica do verão de Skyrim. Os insetos zumbiam ao seu redor e o céu
estava coberto de centenas de pássaros multicolores que voavam realizando
múltiplas acrobacias. A natureza desconhecia a iminente batalha, que
aconteceria na Estrela do Falcão.

"Alteza, chegou uma mensagem do exército localizado em Hammerfell", disse


uma de suas servas, acompanhada de um mensageiro. Sua falta de ar, assim
como o suor e o barro que cobriam seu corpo, evidenciavam a longa e
apressada viagem que havia realizado em cima de seu cavalo por quilômetros e
quilômetros.

"Minha Rainha", disse o mensageiro, com a cabeça abaixada, "trago trágicas


notícias a respeito de seu filho, o Imperador. Encontrou com o exercito de seu
irmão, o Rei Cephorus, em Hammerfell, no interior de Ichidag e ali travaram uma
batalha. Deveria sentir-se orgulhosa, pois, lutou com bravura, mas finalmente, o
exército Imperial foi derrotado e seu filho, nosso Imperador, capturado. O Rei
Cephorus vai levá-lo a Gilane".

Potema escutou as noticias, carrancuda. "Esse pobre ignorante!", disse ela


finalmente.
Potema levantou-se e deu um passeio pelo acampamento, onde os homens
se armavam para a batalha. Fazia tempo que os soldados tinham compreendido
que sua senhora não era muito cerimoniosa e que preferia que estivessem
trabalhando em vez de saudá-la. Lord Vhokken estava à frente dela, junto com o
comandante dos Magos de Batalha, analisando uma estratégia de última hora.

"Minha Rainha", disse o mensageiro, que a estava acompanhando. "O que


você ira fazer?"

"Irei ganhar esta batalha contra Magnus, apesar de sua posição ser mais
vantajosa, por conseguinte, conquistar as ruinas do Castelo Kogmenthist", disse
Potema. "E quando souber o que Cephorus pretende fazer com o Imperador,
responderei de acordo. Se pedir um resgate, pagarei; se deseja trocá-lo por mim,
assim será. Agora, por favor, tome um banho e descanse e tente manter-se
longe da guerra".

"Não é o cenário ideal", disse Lord Vhokken quando Potema entrou na tenda
do comandante. "Se atacamos o castelo pelo oeste, seremos presas fácil para
seus magos e arqueiros. Se viermos pelo leste, teremos que atravessar os
pântanos e os Argonianos defendem-se melhor nesse tipo de terreno que nós.
Muito melhor".

"E o norte ou o sul? Só há montanhas, não é mesmo?"

"Sim, alteza e são muito altas", disse o comandante. "Deveríamos enviar


arqueiros nesta zona mas seremos muito vulneráveis se enviamos a maior parte
de nossas forças".

"O mesmo ocorreria nos pântanos", disse Potema e acrescentou,


pragmaticamente: "A menos que nos retirássemos e esperássemos que eles
viessem para começar a batalha".
"Se esperarmos, Cephorus trará seu exército desde Pedra Alta e estaremos
encurralados entre os dois exécitos inimigos", disse Lord Vhokken. "Não
desejamos que isso ocorra".

"Informarei as tropas", disse o comandante. "Prepararmo-nos para o ataque


nos pântanos".

"Não", disse Potema. "Eu falarei com eles".

Completamente equipados para batalha, os soldados se reuniram no centro


do acampamento. Era um grupo de homens e mulheres muito variados:
Cyrodílicos, Nórdicos, Bretões, Dunmers, jovens e veteranos, meninos e
meninas nobres, comerciantes, servos, curandeiros, prostitutas, agricultores,
acadêmicos, aventureiros... Todos eles sob a bandeira do Diamante Vermelho, o
símbolo da família Imperial de Tamriel.

"Amigos", disse Potema, cuja voz ressoou pela calma neblina da manhã.
"Lutamos juntos em muitas batalhas, sobre montanhas e praias, em bosques e
desertos. Presenciei atos de valentia de cada um de vocês, os quais enchem de
orgulho meu coração. Também fui testemunha de confrontos sem piedade,
ataques pelas costas, atos de violência cruéis e gratuitos, que me satisfazem por
igual, pois, todos são atos guerreiros".

Cheia de entusiasmo, Potema andou entre as filas de soldados, olhando os


olhos de cada um deles: “A guerra está em seu sangue, cérebros e músculos,
em tudo que pensam e fazem”. Quando esta guerra chegar a seu fim, quando as
forças que tentam negar o trono ao autêntico imperador, Uriel Septim III forem
derrotadas, é possível que deixem de serem guerreiros.
Talvez voltem a ter a vida que tinham antes, em suas fazendas e cidades, e
mostrando suas cicatrizes e contando as façanhas que realizaram aos seus
vizinhos. Mas hoje, não se enganem! Hoje vocês são guerreiros! Hoje são a
guerra"!

Ela via que suas palavras surtiam efeito. A seu redor, os olhos sedentos por
sangue se concentravam na iminente carnificina e os braços tremiam segurando
as armas. Continuou, gritando com tudo que podia: "Avancem pelos pântanos
como se uma força imensurável da parte mais escura do Oblivion desse-lhes
força e arranquem as escamas desses repteis do castelo de Kogmenthist. São
guerreiros e não devem apenas lutar, mas devem vencer. Devem vencer!"

Em resposta a essas palavras, os soldados gritaram, espantando os pássaros


que se alojavam nas árvores que rodeavam o acampamento.

Desde uma posição estratégica nas colinas ao sul, Potema e Lord Vhokken
tinham uma vista privilegiada dos acontecimentos da batalha. Pareciam como
nuvens de insetos de duas cores que se moviam ao redor de um ponto negro,
que eram as ruínas do castelo. De vez em quando, explosões de fogo e nuvens
de ácido provocadas pelos magos que estavam em meio a batalha e hora após
hora, a luta nada mais era que caos.

"Se aproxima um cavaleiro", diz Lord Vhokken, quebrando o silêncio.

Uma jovem Redguard trajando o Emblema de Gilane, mas estava com uma
bandeira branca. Potema deixou que ela se aproximasse. Da mesma forma do
mensageiro daquela manhã, estava esgotada de viajar.

"Sua alteza", disse ela sem folego. "Envia-me seu irmão, meu senhor o Rei
Cephorus, para transmitir-lhe más notícias. Seu filho Uriel foi capturado em
Ichidag, no campo de batalha, e foi levado a Gilane".
"Já me informaram sobre isso tudo", disse Potema com desdenho. "Disponho
de mensageiros próprios. Diga a seu senhor que quando ganhar esta batalha
pagarei o resgate que peça por sua liberdade".

"Alteza, uma multidão enfurecida cruzou-se com a caravana de seu filho


antes de chegar a Gilane", disse a cavaleira rapidamente. "Seu filho está morto.
Queimaram-no dentro de sua carruagem. Está morto".

Potema virou a cara para a jovem e fixou seus olhos na batalha. Seus
soldados estavam prestes a vencer. O exército de Magnus estava em retirada.

"Tenho outra noticia mais, Alteza", disse a cavaleira. "O Rei Cephorus será
proclamado imperador".

Potema nem olhou para a jovem. Seu exército estava celebrando a vitória.
A Rainha Loba Vol. VIII
Por Waughin Jarth

Escrito com a pluma de Inzolicus, Sábio do Segundo Século

Ano 127 da Terceira ERA:

Após a batalha de Ichidag, o Imperador Uriel Septim III foi capturado e, antes
que pudessem levá-lo ao castelo do seu tio no reino Gilade de Hammerfell,
encontrou a morte nas mãos da multidão enfurecida. Esse tio, Cephorus, se
autoproclamou Imperador e se dirigiu à Cidade Imperial. As tropas anteriormente
leais ao imperador Uriel e sua mãe, a Rainha Loba Potema, juraram lealdade ao
novo Imperador. Em troca de seu apoio, a nobreza de Skyrim, Pedra Alta,
Hammerfell, a ilha Summerset, Valenwood, Black Marsh, e Morrowind
demandaram e receberam um novo nível de autonomia e independência do
Império. A Guerra do Diamante Vermelho chegou ao seu fim.

Potema continuava a lutar uma batalha perdida. Sua área de influência


diminuía cada vez mais até que somente o reino de Solitude continuava sob seu
comando. Ela invocou os Daedra para que lutassem por ela, fizeram seus
necromantes ressuscitarem seus inimigos caídos como guerreiros mortos-vivos e
organizou ataque após ataque contra as forças de seus irmãos, o imperador
Cephorus Septim I e o rei Magnus de Lilmoth. Seus aliados começaram a
abandoná-la conforme sua loucura crescia e seus únicos companheiros
acabaram sendo os zumbis e esqueletos que havia acumulado ao longo dos
anos. O reino de Solitude se tornou uma terra de mortos. Histórias de uma antiga
Rainha Loba servida por hordas de esqueletos putrefatos e organizando planos
de guerra com generais vampíricos sempre aterrorizaram seus súditos.
Ano 137 da Terceira ERA:

Magnus abriu a pequena janela de seu quarto. Pela primeira vez em


semanas, escutou os sons da cidade: carruagens rangendo, o trote dos cavalos
sobre as pedras e uma criança rindo em algum lugar. Ele sorriu enquanto
retornava para próximo de seu leito para lavar o rosto e terminar de se vestir.
Chamaram à porta com uma batida familiar.

"Entre, Pel", disse ele.

Pelagius entrou no quarto. Era óbvio que ele estava acordado há horas.
Magnus ficou maravilhado com a sua energia e se perguntou a quão mais longa
seriam as batalhas se fossem lideradas por garotos de doze anos.

"Você já viu lá fora?", perguntou Pelagius. "Todos os moradores voltaram! Há


lojas, uma guilda de Magos e, lá embaixo no porto, vi centenas de lojas por todos
os lados!".

"Não há mais nada a temer. Tomamos conta de todos os zumbis e fantasmas


que costumavam vagar pelas vizinhanças e agora sabem que é seguro voltar".

"Tio Cephorus vai se tornar um zumbi quando morrer?", perguntou Pelagius.

"Eu não ficaria surpreso", riu Magnus. "Por que pergunta?".

"Tenho ouvido algumas pessoas dizerem que ele está velho e fraco", disse
Pelagius.

"Ele não é tão velho" disse Magnus. "Ele tem sessenta anos. São só dois a
mais que eu".

"E quantos anos tem a tia Potema?", perguntou Pelagius.


"Setenta", disse Magnus. "E sim, isso é velho. Se tem mais perguntas, terá de
esperar. Agora tenho que me encontrar com o comandante, mas podemos
conversar durante a ceia. Consegue se entreter sem se meter em problemas?".

"Sim, senhor", disse Pelagius. Compreendeu que seu pai devia continuar a
manter o certo no castelo da tia Potema. Depois de o terem conquistado e a
encarcerado, deixaria a pousada e se mudariam para o castelo. Pelagius não
gostava da ideia. A cidade toda tinha um odor estranho, adocicado, cheiro de
mortos, mas não podia nem chegar perto do fosso do castelo sem engasgar com
o mau cheiro. Poderiam espalhar milhões de flores pelo lugar que não faria a
menor diferença.

Caminhou pela cidade por horas, comprando algo para comer e uns laços de
cabelo para suas irmã e mãe, que estavam em Lilmoth. Pensou sobre a quem
mais deveria comprar presentes e ficou perplexo. Todos seus primos, filhos do
tio Cephorus, do tio Antiochus e tia Potema morreram durante a guerra, alguns
em batalha e outros devido à fome, pois grande parte das culturas foi incendiada.
Tia Bianki morreu ano passado. Só restavam ele, sua mãe, sua irmã, seu pai e
seu tio, o Imperador. E tia Potema. Mas ela não contava.

Quando chegou a guilda dos Magos cedo daquela manhã, decidiu não entrar.
Esses lugares sempre o assustavam com toda aquela fumaça estranha, cristais
e livros velhos. Dessa vez, ocorreu a Pelagius que ele poderia comprar um
presente para seu tio Cephorus. Um suvenir da guilda dos Magos de Solitude.

Havia uma anciã tendo problemas com a porta da frente, então Pelagius a
abriu.

"Obrigada!", disse ela.


Certamente era a coisa mais velha que ele já havia visto. Seu rosto se
parecia com uma velha maça podre circundada por um espiral de cabelos
brancos. Instintivamente, se afastou de sua garra retorcida quando ela começou
a acariciá-lo na cabeça, mas havia uma pedra em torno de seu pescoço que o
fascinou de imediato. Era uma joia brilhante e amarela, mas quase parecia como
se tivesse algo preso dentro dela. Quando refletiu a luz das velas, se viu a forma
de um animal quadrúpede andando.

"É uma Pedra da Alma", disse ela. "Contém o espírito de um grande demônio
lobisomem. Foi encantada há muito, muito tempo com o poder de enfeitiçar
pessoas, mas ando pensando em dá-la outro encanto. Talvez algo da Escola de
Alteração como abrir fechaduras ou como escudo". A anciã fez uma pausa e
olhou cuidadosamente para o garoto, com seus olhos claros e remelentos. "Você
me parece familiar, garoto. Qual o seu nome?".

"Pelagius," disse ele. Normalmente teria dito "príncipe Pelagius", mas foi
instruído para não atrair atenção para si enquanto estiver na cidade.

"Eu conheci alguém chamado Pelagius", disse a velha senhora, sorrindo


lentamente. "Está aqui sozinho, Pelagius?".

"Meu pai está... com o exército, atacando o castelo. Mas ele voltará quando
as paredes forem derrubadas".

"Atrevo-me a dizer que não tardará", suspirou a anciã. "Nada, por mais bem
feito que seja dura para sempre. Vai comprar algo na guilda dos Magos?".

"Quero comprar um presente para meu tio", disse Pelagius. "Mas não sei se
tenho ouro suficiente".
A velha mulher deixou que o garoto desse uma olhada nas mercadorias
enquanto ia ao encantador da guilda. Era um jovem nórdico, ambicioso e novo
no reino de Solitude. Lhe custou um pouco de persuasão e muito ouro para
convencê-lo a remover o feitiço da Pedra da Alma e introduzir uma poderosa
maldição, um lento veneno que drenaria a sabedoria de quem o usasse, ano
após ano, até que ele ou ela perdesse a razão. Também comprou um anel
barato de resistência ao fogo.

"Por ser tão amável com uma velha senhora, lhe darei isto", disse ela
entregando o anel e o colar. "Você pode dar o anel ao seu tio e dizê-lo que foi
encantado com um feitiço de levitação, então se algum dia precisar pular de
lugares muito altos, ele irá protegê-lo. A Pedra da Alma é para você".

"Muito obrigado", disse o garoto. "Mas isso é muita bondade sua".

"Não há nada de bondade nisso", disse ela com sinceridade. "Olhe, eu estive
no Salão dos Arquivos no Palácio Imperial uma ou duas vezes e li sobre você
nas profecias dos Pergaminhos Antigos. Um dia será Imperador, meu jovem, o
Imperador Pelagius Septim III. Com a ajuda desta Pedra da Alma, você e seus
descendentes serão sempre lembrados no futuro".

Com essas palavras, a anciã desapareceu por um dos corredores da guilda


dos Magos. Pelagius procurou por ela, mas não lhe ocorreu procurar atrás de
uma pilha de pedras. Se o tivesse feito, haveria encontrado um túnel sob a
cidade ligado ao centro do castelo de Solitude. E se tivesse se adentrado por ali,
teria encontrado o quarto da rainha, depois de passar por mortos-vivos
cambaleantes e os restos do que um dia foi um grande palácio.
Nesse quarto, teria encontrado a Rainha Loba de Solitude em repouso,
ouvindo os sons de seu castelo em colapso. E teria visto um crescente sorriso
banguela enquanto dava seu último suspiro.

Da pena de Inzolicus, sábio do segundo século:

Ano 137 da Terceira ERA:

Potema Septim depois de um mês de cerco ao seu castelo. Em vida havia


sido a Rainha Loba de Solitude, filha do imperador Pelagius II, esposa do rei
Mantiarco, tia da imperatriz Kintyra II, mãe do imperador Uriel III e irmã dos
imperadores Antiochus e Cephorus. Em sua morte, Magnus nomeou seu filho,
Pelagius, como governante de Solitude sob orientação do conselho real.

Ano 140 da Terceira ERA:

O Imperador Cephorus Septim morreu ao cair de seu cavalo. Seu irmão foi
proclamado Imperador Magnus Septim.

Ano 141 da Terceira ERA:

Pelagius, rei de Solitude, foi descrito como "ocasionalmente excêntrico" nos


anais do Império. Se casou com Katarish, duquesa de Vvardenfell.

Ano 145 da Terceira ERA:

Morre o imperador Magnus Septim. Seu filho, que seria conhecido como
Pelagius o Louco, é coroado.
A Última Bainha de Akrash
Por Tabar Vunqidh

Durante vários dias do caloroso verão de ano 407 da terceira ERA, uma bela
jovem Dunmer coberta com um véu, visitou um dos mestres armeiros da cidade
de Tear. Os locais presumiram que deveria ser jovem e bela por sua figura e por
sua postura, mesmo que não tenham visto em nenhum momento o seu rosto. O
armeiro e ela então, se recolhiam para os fundos da tenda, ele encerrava o
trabalho e davam algumas horas de tempo livre para seus aprendizes. Depois,
no meio da tarde, ela se ia, para no dia seguinte retornar exatamente no mesmo
horário. Os rumores começaram a se espalhar pelo vilarejo, mesmo que fosse
bobagem, o que um velho faria em sua tenda com uma bem vestida e atraente
mulher. Várias semanas depois, as visitas cessaram e a vida voltou ao normal
nos bairros baixos de Tear.

Tiveram que passar um ou dois meses desde que a ultima visita aconteceu,
para que em uma das muitas tavernas da vizinhança, um jovem alfaiate local,
que havia bebido além da conta, perguntasse ao armeiro, "Então o que
aconteceu com a sua mocinha? Você quebrou o coração dela?”.

O armeiro ciente dos rumores, simplesmente respondeu, “Ela é uma moça


decente e de boa família. Não há nada entre nós".

"E por que então, ela ia todos os dias a sua tenda?", perguntou um jovem
taberneiro que aguardava ansiosamente que o assunto viesse à tona.

"Já que lhes interessa tanto, estou lhe ensinando o meu ofício", disse o
armeiro.
"Você esta debochando da gente," riu o alfaiate.

“Não, a jovem tem uma fascinação particular pela minha arte peculiar,” disse
o armeiro, com uma pontada de orgulho antes de começar a sonhar acordado.
Concretamente lhe ensinei a reparar espadas que haviam sofrido todo o tipo de
desgaste ou rupturas e fissuras muito finas, ou cujas empunhaduras estivessem
danificadas. Quando começou a fazer pela primeira vez, não tinha ideia de como
encaixar a empunhadura à alça da espada... claro que ela estava iniciando,
como não estaria? Mas não estava com medo de sujar as mãos. Ensinei-lhe a
recompor as pequenas incrustações da prata e as marcas d'agua que se pode
encontrar em boas espadas, lhe ensinou também a dar brilho a todas, ao ponto
que se podia ver o rosto refletido, parecendo que haviam acabado de ser
preparadas em bigorna feita pelos Deuses.

O taverneiro e o alfaiate então se puseram a rir. Não importa a desculpa que


o armeiro criasse, ele falava do treinamento dessa jovem como um homem fala
de um longo amor perdido.

Outros clientes da taverna também estariam prestando atenção na história


patética do armeiro, se não houvesse surgido um assunto mais importante
naquele momento. Outro comerciante de escravos havia sido assassinado.
Encontraram-no eviscerado no centro da cidade. Já se contavam seis mortos em
apenas duas semanas. Alguns chamavam o assassino de "o libertador" ainda
que esse tipo de entusiasmos abolicionistas fossem raros entre as camadas
mais humildes. Eles preferiram chamá-lo de "O Podador", já que muitas das
primeiras vitimas haviam sido decapitadas. Mesmo que outras vítimas também
tivessem sido perfuradas, fatiadas, ou evisceradas, se optou por conservar o
irônico codinome original de "O Podador".
Enquanto isso, os baderneiros locais faziam apostas sobre as condições do
corpo do próximo comerciante de escravos, várias dezenas de sobreviventes
deste tipo de negócio se congregaram na casa senhorial de Serjo Dres
Minegaur. Minegaur era um membro de segunda classe na Casa Dres, ainda
que fosse um dos mais importantes da fraternidade do comércio de escravos.
Seus melhores anos como comerciante já haviam ficado no passado, mas seus
associados continuavam contando com ele devido a sua sabedoria.

"Necessitamos reunir toda a informação de que dispomos sobre o tal


"podador" e buscar dar base a ela", afirmou Minegaur, que se encontrava
sentado de frente para sua opulenta lareira. "Sabemos que sente um ódio
irracional tanto pela escravatura quanto pelos comerciantes de escravos e que é
habilidoso com a espada. Deduzimos que é sigiloso e cuidadoso, visto que
conseguiu executar irmãos que estavam seguros em casas bem protegidas.
Parece-me que tem que ser um aventureiro, um forasteiro. Provavelmente
nenhum morador de Morrowind lutaria contra nós dessa forma".

Os comerciantes acenaram de forma positiva com a cabeça dando-lhe razão.


A ideia de que era um forasteiro era o que mais se encaixava no problema.
Sempre era o mais provável.

"Se eu fosse cinquenta anos mais jovem, arrancaria minha espada Akrash da
bainha", disse Minegaur fazendo um gesto expondo o brilho da espada, "e me
uniria a vocês para perseguir esse assassino. Procurem por ele nas tavernas,
nas Guildas... Depois deem a ele um pouco de seu próprio veneno".

Os comerciantes de escravos deram um riso educado.


"Suponho que não nos emprestaria sua espada para executá-lo? Ou estou
enganado, Serjo?", perguntou com entusiasmo Soron Jeles, um jovem
escravista adulador.

"Seria uma tarefa interessante para Akrash", apontou Minegaur. "Porem jurei
que nos aposentaríamos juntos".

Minegaur chamou sua filha Peliah para servir mais Bourbon aos escravistas,
mas estes o dispensaram dizendo que não era conveniente no momento. Essa
noite seria dedicada a levantar a vida do podador e beber não solucionaria seus
problemas. Minegaur admirou de todo coração sua abnegação, especialmente
devido ao valor que estava custando a bebida.

Quando o último escravista havia ido embora, o ancião encostou sua cabeça
em sua filha e deu mais uma última olhada de admiração a Akrash, e dirigiu-se
cambaleando a sua cama. Peliah então pegou a espada de seu suporte e saiu
sorrateiramente em direção ao campo que se encontrava detrás da mansão.
Sabia que Kazagh a estava esperando há horas no estábulo.

Saiu das sombras na direção dela e a envolveu com seus fortes e peludos
braços, dando-lhe um longo e doce beijo. Finalmente se separaram, recebendo
ele a espada. Ele avaliou sua lâmina.

"Nem o melhor armeiro Khajiit poderia afiar uma lâmina com tamanha
precisão", comentou, olhando orgulhoso para sua amada. "Eu irei fazer uns
bons cortes com ela".

"Faça isso", disse Peliah, "porém parece que irá ter que cortar couraças de
ferro".
"Os escravistas agora estão tomando precauções", respondeu. "Do que
falaram durante a reunião?"

"Creem que se trata de um aventureiro forasteiro", riu. "A ninguém ocorreu


que um escravo khajiit teria as habilidades necessárias para cometer todas
essas podas".

"E seu pai não suspeita que sua querida Akrash esteja atravessando o
mesmo coração da opressão?"

"Por que haveria de suspeitar, se a cada manhã ela se encontra tão reluzente
quanto o dia anterior? Agora devo retornar antes que alguém de falta de mim.
Minha ama às vezes vem me perguntar algum detalhe do casamento, como se
minhas opiniões tivessem alguma relevância no assunto".

"Te prometo", disse Kazagh muito sério, "que não terás que se casar
obrigada para consolidar a dinastia escravista de sua família. A última bainha
que descansará Akrash será o coração de seu pai. E quando for órfã, poderás
libertar os escravos e se mudar para uma província mais avançada, aonde
poderá contrair matrimonio com quem desejar".

"Me pergunto que será o escolhido, o provocou Peliah antes de sair correndo
dos estábulos.

Justo antes de amanhecer, Peliah despertou e saiu sigilosamente ao jardim


onde encontrou Akrash escondida em um arbusto. A lâmina no entanto estava
relativamente afiada, ainda que em sua superfície houvessem aparecido
arranhões verticais. Desta vez alguém foi decapitado, pensou, limando
pacientemente as marcas com uma lima e uma solução de sal e vinagre.
Quando estava novamente pronta, seu pai entrou no salão disposto a tomar seu
café da manhã.
Quando então chegaram noticias que havia encontrando a Kemillith Torom, o
futuro marido de Peliah, fora do território do condado, com a cabeça empalada a
poucos metros de seu corpo, ela não pretendia ficar chateada. Seu pai sabia
disso já que ela demonstrava não querer o casamento.

"É uma pena", comentou seu pai. "O garoto era um bom escravista, ainda que
haja muitos jovens que valorizam uma aliança com nossa família. O que me diz
Soron Jeles?"

Duas noites depois, Soron Jeles recebeu a visita do "Podador". A luta não
durou muito. No entanto, Soron, levava escondida em uma de suas mangas uma
pequena arma para se defender, uma agulha que havia mergulhado com uma
seiva de planta venenosa. Após receber a estocada mortal, ele conseguiu se
desvencilhar e encravar a agulha na panturrilha de Kazagh. Quando regressou a
mansão, já estava morrendo.

Mesmo com a vista embaçada, escalou até a o beiral do quarto de Peliah.


Bateu, porem Peliah não atendeu de imediato já que estava em um sono
profundo e agradável, dormia sonhando em um futuro junto a seu amante khajiit.
Golpeou mais forte dessa vez, o que provocou que não apenas despertasse
Peliah, como também a seu pai que estava em casa.

”Kazagh”!", gritou abrindo a porta da varanda. A pessoa seguinte que entrou


no quarto foi Minegaur.
Quando viu seu escravo, que era sua propriedade, estava a ponto de
arrancar a cabeça de sua filha, que era sua propriedade, com sua espada, que
também era sua propriedade. Foi de imediato, com a energia de um jovem ,
lançou-se em direção ao moribundo Khajiit arrancando-lhe a espada. Antes que
Peliah conseguisse detê-lo, seu pai já havia atravessado vigorosamente o
coração de seu amante.

Na agitação, o ancião arrancou a espada e se dirigiu a porta para chamar a


guarda. Depois lhe ocorreu que deveria checar se sua filha estava ferida e de
que não seria necessário chamar um curandeiro. Minegaur se voltou para ela.
Por um momento se sentiu simplesmente desorientado, notou a força do golpe
porem não a espada que o havia atravessado. Então foi quando viu o sangue e
sentiu a dor. Antes de desfalecer no chão, pode ver que foi sua própria filha que
o havia apunhalado com a Akrash. Finalmente, a espada encontrou sua bainha.

Uma semana depois, uma vez realizadas as investigações oficiais,


enterraram o escravo em uma tumba anônima de um cemitério secundário,
enquanto Serjo Dres Minegaur desfrutou de seu descanso eterno em uma
modesta esquina do opulento mausoléu familiar. Uma grande multidão de
curiosos assistiram ao funeral do nobre escravista que levou uma vida secreta, a
de "Podador" que assassinava selvagemente a seus concorrentes. Os que ali
estavam reunidos se mantiveram em silêncio, guardando respeito, embora
ninguém conseguisse deixar de imaginar os últimos momentos daquele homem.
Em sua loucura, atacou a sua própria filha, defendida afortunadamente por um
leal e desafortunado escravo antes que Minegaur lhe crivasse a própria espada.

Entre os presentes se encontrava um ancião armeiro, que viu pela última vez
a jovem dama oculta atrás de um véu, antes de desaparecer para sempre de
Tear.
Biografia de Barenziah Vol. I
Por: Stern Gamboge, Escrivão Imperial

Em fins da segunda Era, nascia a menina Barenziah, filha dos monarcas de


Mournhold, que é hoje a província Imperial de Morrowind. Até os cinco anos,
foi criada cercada de todo o luxo e segurança próprios de uma herdeira do trono
dos Elfos Negros. Neste período, Sua Excelência Tiber Septim I, primeiro
imperador de Tamriel, ordenou que os decadentes governantes de Morrowind
iniciassem as reformas imperiais. Confiando no poder de sua famosa magia, os
Elfos Negros recusaram as ordens mesmo com as tropas de Tiber Setim
estacionadas na fronteira. Fragilizados pelas perdas, foram forçados a assinar
um armistício depois de diversas batalhas como a que devastou Mournhold,
hoje chamada de Almalexia.

A pequena princesa Barenziah e sua ama foram encontradas entre os


escombros. O general Imperial Symmachus, um Elfo Negro, sugeriu a Tiber
Septim que a menina poderia lhes ser útil no futuro, assim sendo designaram
um tutor real recentemente aposentado do Exército Imperial.

Sven Advensen acabara de receber o título de conde após sua aposentadoria


e habitava numa pequena vila chamada Darkmoor que se encontrava no centro
de Skyrim. O conde Sven e sua esposa criaram a princesa como se fosse sua
própria filha e trataram de educá-la como corresponde a sua linhagem, com
especial cuidado em incutir-lhe virtudes imperiais como obediência, discrição,
lealdade e piedade.
Dito em poucas palavras, sua formação deveria fazer dela uma autêntica
mandataria de Morrowind.

Com o tempo, Barenziah foi adquirindo beleza, graça e inteligência. De


caráter doce, era a alegria de seus pais adotivos e dos cinco filhos mais novos
dos mesmos, que a viam como uma irmã mais velha. Apesar de seus modos
graciosos, se distinguia do resto das meninas de sua classe, pela sua grande
identificação com a natureza e sua tendência em abandonar seus afazeres para
passear nos bosques e nos campos.

Barenziah esteve feliz e contente até os dezesseis anos, quando um perverso


rapaz órfão, ao qual adquiriu amizade por compaixão, contou-lhe que havia
escutado sobre uma conspiração entre seu tutor Sven, e um Redguard, com o
propósito de vendê-la como concubina em Rihad, já que nenhum nórdico nem
bretão casaria com ela pela sua pele negra e nenhum Elfo-Negro devido a sua
educação estrangeira.

O que devo fazer? Perguntou-se a menina entre choros e temores, tão


inocente e ingênua que jamais lhe ocorreu que seu amigo, o rapaz manipulador,
pudesse estar mentindo.

O ardiloso rapaz de nome Straw, disse que ela deveria fugir para preservar
sua estimada virtude e ele iria acompanhá-la a fim de protegê-la. Infelizmente,
Barenziah concordou com o plano e na mesma noite disfarçou-se como um
rapaz para fugir com Straw até Whiterun, a cidade mais próxima.
Depois de permanecerem alguns dias na localidade, conseguiram trabalho
como seguranças de uma caravana mercante. A caravana dirigia-se por
caminhos secundários, para evitar os pedágios impostos pelo Império. Desta
forma, seguiram viagem até chegarem à cidade de Riften, onde cessaram a
viagem por um tempo. Sentiram-se seguros em Riften, devido à proximidade
com Morrowind, fazendo com que a visão dos Elfos Negros ficasse cada vez mais
comum.
Biografia de Barenziah Vol. II
Por: Stern Gamboge, Escrivão Imperial

O primeiro volume desta serie contou a história de Barenziah, herdeira do


trono de Mournhold até seu pai rebelar-se contra Sua Excelência Tiber Septim I,
o que trouxe a ruína à província de Morrowind. Graças em grande parte a
benevolência do Imperador, a menina Barenziah não foi morta junto com seus
parentes, mas criada pelo Conde Sven de Darkmoor, um leal servidor do
Império. Bela e piedosa, ela cresceu confiante nos cuidados de seu tutor. Essa
confiança, no entanto, foi explorada por um perverso cavalariço órfão da
propriedade do Conde Sven, que com mentiras e maquinações a convenceu de
fugir de Darkmoor com ele aos dezesseis anos. Após muitas aventuras pelo
caminho, eles se estabeleceram em Riften, uma cidade de Skyrim próxima das
fronteiras de Morrowind.

O cavalariço, Straw, não era de todo mau. Amava Barenziah à sua maneira
egoísta e achava que a enganando, ela acabaria sendo sua. Ela, é claro, sentia
apenas amizade por ele, mas ele tinha esperanças de que ela iria mudar
gradualmente. Ele queria comprar uma pequena fazenda e se estabelecer num
casamento confortável, mas no momento seus ganhos mal davam para
alimentá-los e abrigá-los.

Após algum tempo em Riften, Straw conheceu um audacioso e vil ladrão


Khajiit chamado Therris, que propôs que eles roubassem a casa do Comandante
Imperial na parte central da cidade.
Therris disse ter um cliente, um traidor do Império, que pagaria bem por
qualquer informação que pudessem reunir lá. Barenziah acabou ouvindo o plano
e ficou estarrecida. Fugiu de seu quarto e caminhou pelas ruas de Riften
desesperada, dividida entre sua lealdade para com o Império e o amor por seus
amigos.

No final, a lealdade ao Império prevaleceu sobre a amizade pessoal, e ela se


aproximou da casa do Comandante, revelou sua verdadeira identidade e
advertiu-o do plano de seus amigos. O Comandante ouviu sua história, elogiou
sua coragem e assegurou de que nada de mal aconteceria a ela. Ele não era
outro senão o General Symmachus, que vinha vasculhando o interior em busca
dela, e acabara de retornar a Riften. Ele a levou sob sua custodia e a informou
que longe de ser vendida, ela seria reintegrada como Rainha de Mournhold
assim que completasse dezoitos anos. Até aquele momento, ela teria de viver
com a família Septim na recém-construída Cidade Imperial, onde aprenderia
algo sobre governar e seria apresentada à Corte Imperial.

Na Cidade Imperial, Barenziah fez amizade com o Imperador Tiber Septim


durante os anos intermediários de seu reinado. Os filhos de Tiber,
principalmente seu filho mais velho e herdeiro Pelagius, chegou a amá-la como
uma irmã. As baladas de sua época exaltam sua beleza, castidade, sagacidade e
aprendizagem. Em seu décimo oitavo aniversário, toda a Cidade Imperial saiu às
ruas para ver o desfile de despedida no retorno a sua terra natal.

Apesar da tristeza por sua partida, todos sabiam que ela estava pronta para
seu glorioso destino como soberana do reino de Mournhold.
Biografia de Barenziah Vol. III
Por: Stern Gamboge, Escrivão Imperial

No segundo volume desta série, foi dito que Barenziah foi gentilmente
convidada para a recém-construída Cidade Imperial, pelo Imperador Tiber
Septim e sua família que a trataram como a uma filha há muito perdida
durante a sua estadia de um ano e pouco. Depois de vários meses felizes,
aprendendo seus deveres como rainha vassala sob o Império, o general
Imperial Symmachus a escoltou para Mournhold onde ela tornou-se Rainha
de seu povo sob sua sábia orientação. Aos poucos, apaixonaram-se e
casaram-se em uma cerimônia esplêndida que foi oficializada pelo próprio
Imperador.

Depois de várias centenas de anos de casamento, um filho, Helseth,


nasceu ao casal real, em meio a celebrações e alegres orações. Embora não
tenha sido publicamente conhecido na época, pouco antes desse evento
abençoado, o Cajado do Caos tinha sido roubado de seu esconderijo nas
profundezas das minas de Mournhold por um inteligente e enigmático bardo
conhecido apenas como Nightingale.

Oito anos após o nascimento de Helseth, Barenziah teve uma filha,


Morgiah, em homenagem a avó paterna. E a alegria do casal real parecia
completa. Infelizmente, pouco depois, as relações com o Império
misteriosamente deterioraram, levando à agitação civil em Mournhold.
Após investigações infrutíferas e tentativas de reconciliação, em
desespero, Barenziah pegou seus filhos pequenos e viajou para a Cidade
Imperial, na derradeira tentativa de falar com o Imperador Uriel Septim VII.
Symmachus permaneceu em Mournhold para lidar com os camponeses e a
nobreza bastante irritados e fazer o que pudesse para evitar a insurreição
iminente.

Durante sua audiência com o Imperador, Barenziah, através de suas artes


mágicas, veio a perceber com horror que tinha diante de si a um impostor,
ninguém menos que o bardo Nightingale, o ladrão do Cajado do Caos.
Exercendo grande autocontrole, dissimulou e não permitiu que ele
desconfiasse. Naquela mesma noite, chegaram notícias de que Symmachus
havia caído em batalha ante os camponeses revoltados de Mournhold e que
o reino havia sido tomado pelos rebeldes. Barenziah, neste momento, não
sabia onde procurar ajuda, ou de quem.

Os deuses, naquela noite fatídica, parecem que foram condescendentes


com sua perda. O rei Eadwyre de Pedra Alta, um velho amigo de Uriel Septim
e Symmachus, veio em visita de cortesia. Ele a consolou demonstrando sua
amizade e confirmou suas suspeitas de que o Imperador era de fato uma
fraude, ninguém menos que Jagar Tharn, o Mago de Batalha Imperial, um dos
vários disfarces do bardo Nightingale. Ao que parece, Tharn afastou-se dos
afazeres públicos, delegando-os à sua assistente Ria Silmane. Posteriormente
ela foi incriminada em circunstâncias suspeitas e executada sumariamente.
No entanto, o fantasma dela havia aparecido a Eadwyre em um sonho e
lhe revelou que o verdadeiro Imperador havia sido sequestrado por Tharn e
preso numa dimensão alternativa. Tharn tinha então usado o Cajado do Caos
para matá-la quando ela tentou avisar o Conselho Ancião de seu plano
nefasto.

Juntos, Eadwyre e Barenziah conspiraram para ganhar a confiança do falso


Imperador. Enquanto isso, outro amigo da Ria, conhecido apenas como o
Campeão, que aparentemente possuía inexplorado potencial, estava preso
nas masmorras Imperiais. No entanto, ela apareceu em seus sonhos e disse-
lhe para esperar pelo momento certo até que pudesse elaborar um plano
que teria como desfecho, a sua fuga. Então, ele poderia começar a sua
missão de desmascarar o impostor.

Barenziah continuou a encantar e, finalmente, tornou-se amiga do falso


Imperador. Através de um artifício para ler seu diário secreto, ela soube que
ele tinha quebrado o Cajado do Caos em oito pedaços e os escondera em
distantes locais espalhados por toda Tamriel. Ela conseguiu também a chave
para a cela do amigo de Ria e subornou um guarda para deixá-la lá como que
por acidente. O campeão, cujo nome era desconhecido por Barenziah e
Eadwyre, fez sua fuga com a mudança de guarda escapando pelos cantos
obscuros da masmorra Imperial. O Campeão, finalmente liberto,
imediatamente começou a trabalhar.
Barenziah demorou mais alguns meses para descobrir os esconderijos de
todas as oito partes, através de trechos de conversa ouvidos e olhadas
rápidas no diário de Tharn. Uma vez, teve uma informação vital e comunicou-
se imediatamente com Ria, que por sua vez repassou-a ao campeão, ela e
Eadwyre não perderam tempo. Fugiram para Wayrest, seu ancestral reino na
província de Pedra Alta, de onde passaram a repelir os esforços esporádicos
dos capangas de Tharn para levá-los de volta à Cidade Imperial, ou ao menos
obter vingança. Tharn, o que mais poderia ser dito dele, não era nenhum
imbecil e concentrou a maior parte de seus esforços para rastrear e destruir
o campeão.

Como sabemos o corajoso, incansável e sempre desconhecido Campeão


foi bem sucedido em reunir os oito pedaços quebrados do Cajado do Caos.
Com isso, ele destruiu Tharn e resgatou o verdadeiro Imperador, Uriel Septim
VII. Depois do que veio a se chamar de "Restauração", a cidade Imperial foi
testemunha das grandes honrarias prestadas a Symmachus por seus serviços
prestados a dinastia Septim.

A amizade entre Barenziah e o Rei Eadwyre, surgiu durante as peripécias e


atribulações passadas e decidiram casar-se no mesmo ano, logo após sua
fuga da Cidade Imperial. Os dois filhos de seu casamento anterior com
Symmachus permaneceram com ela e um regente foi nomeado para
governar Mournhold em sua ausência.
Até o presente momento, a rainha Barenziah tem estado em Wayrest com
o príncipe Helseth e a princesa Morgiah. Ela pretende voltar à Mournhold
após a morte de Eadwyre. Como ele já era idoso quando eles se casaram, ela
sabe que, infelizmente, isto não poderia estar longe, como os Elfos já haviam
previsto. Até que isto suceda, ela participa em ações do governo do reino de
Wayrest com o marido, e parece feliz e contente com a sua calma vida.
DE RERUM DIRENNIS
Por: Vorian Direnni

Tenho seiscentos e onze anos. Nunca tive meus próprios filhos, mas tenho
muitos sobrinhos e sobrinhas e primos que foram criados nas tradições do nosso
antigo, ilustre e notório Clã, Direnni. Poucas famílias em Tamriel podem gabar-se
de tantas figuras ilustres, tendo tanto poder sobre o destino de tantos. Nossos
guerreiros e reis são coisas de lenda e corre de boca em boca que foram
convertidos em lendas.

Eu mesmo nunca peguei uma espada ou redigi uma lei importante, mas sou
parte de uma tradição Direnni menos conhecida, mas ainda importante: o
caminho do feiticeiro. Minha própria autobiografia seria de pouco interesse para
a posteridade (embora os meus sobrinhos, sobrinhas e primos vivam me pedindo
que lhes conte sobre a vida selvagem na caótica Segunda Era de Tamriel), pois
tenho poucos antepassados cujas histórias devam ser contadas. Eles podem ter
mudado a história como a conhecemos, tão drasticamente como os parentes
mais conhecidos, mas seus nomes estão em perigo de serem esquecidos.

Mais recentemente, Lysandus, o Rei de Daggerfall, foi capaz de conquistar


seus antigos inimigos de Sentinela, em parte graças à sua feiticeira, Medora
Direnni. Seu avô Jovron Direnni foi um Mago Imperial na corte da Imperatriz
Dunmer de Tamriel, Katariah e ajudou-a a criar a paz num momento de
turbulência. O tetraneto de Jovron, Pelladil Direnni, teve um papel semelhante
com o primeiro Soberano, encorajando a criação das Guildas, sem as quais não
teríamos todas as organizações profissionais que temos hoje. Sua ancestral, a
bruxa Raven Direnni, que com seus mais conhecidos primos Aiden e Ryain,
trouxe um fim à tirania do último Império Alessiano.
Antes dos Psijics de Artaeum, diz-se, ela criou a arte do encantamento,
ensinando como vincular uma alma a uma joia e usar isso para encantar todas
as formas de armamento.

Mas é a história de um ancestral ainda mais antigo que Raven que quero
contar.

Asliel Direnni remonta aos primórdios humildes do nosso clã, na pequena


aldeia agrícola de Tyrigel, nas margens do rio Caomus que era então chamado
Diren, daí o nome da família. Como todos na Ilha Summurset naqueles dias, ele
era um simples agricultor dos campos. Enquanto outros só evoluiram o suficiente
para sustentar seus parentes, mesmo os primos distantes de Dirennis
trabalharam juntos a ele. Decidiriam que trabalhando em grupo, teriam os
melhores campos de trigo, pomares, vinhas, gado ou apiários, e que assim,
sempre teriam melhor rendimento que qualquer fazendeiro trabalhando sozinho,
fazendo o melhor possível com o que tinham.

Asliel tinha uma fazenda agrícola particular, mas estava cheia de ervas
daninhas, o solo era ácido e havia muitas pedras, sendo assim imprópria para o
cultivo. Por necessidade se tornou especialista em todas os tipos de erva. A
maior parte, é claro, era usada como condimentos de cozinha, mas como você
sabe quase toda a planta que cresce na superfície do nosso mundo tem algum
potencial mágico.

Mesmo assim há muito tempo já existiam bruxas. Seria ridículo que eu


sugerisse que Asliel Direnni inventou a alquimia. O que ele fez (e todos nós
devemos ser gratos) foi criar uma ciência a partir de uma arte.
Não havia bruxas em Tyrigel e é claro, há milhares de anos não havia ainda
Guildas de Magos, então as pessoas vinham a ele para cura. Asliel aprendeu por
si mesmo a fórmula exata para combinar líquen negro e restolho para criar uma
cura para todas as formas de veneno e a quantidade de anteras de salgueiro
para esmagar e misturar com ervas estrangulantes para curar doenças.

Havia poucas ameaças maiores em Tyrigel naqueles dias pacíficos do que a


doença ou intoxicações acidentais. Sim, havia algumas forças obscuras no
deserto, trols, quimeras, fadas malévolas e fogos fátuos, mas mesmo os mais
jovens e tolos Altmerianos sabiam como evitá-los. Houve, no entanto, algumas
ameaças incomuns que Asliel ajudou a derrotar.

Um dos contos aos quais eu credito veracidade, é aquele onde lhe foi trazido
uma jovem sobrinha que sofria de uma doença desconhecida. Apesar de seus
cuidados, ela ficava mais fraca a cada manhã. Finalmente, lhe deu uma bebida
de sabor amargo e na manhã seguinte, as cinzas foram encontradas ao redor de
sua cama. Um vampiro vinha alimentando-se da pobre menina e a poção de
Asliel fez com que seu sangue ficasse muito venoso, sem machucá-la.

Pena que esta fórmula se perdeu com o passar do tempo!

Isto teria sido o suficiente para fazer dele uma figura menor, mas significativa
nos anais de nova Summurset, mas naquele ponto da história, uma tribo de
bárbaros chamada Locvar tinha encontrado um caminho ao rio Diren e Tyrigel
era conhecida como um alvo rico para invasão e saque. Os Direnni, não sendo
ainda guerreiros, mas apenas simples agricultores, eram impotentes e só podiam
fugir e assistir os Locvar tirarem o melhor de suas colheitas, invasão pós-
invasão.
Asliel, no entanto, estava fazendo experimentos com cinzas de vampiros, e
chamou seus primos, pois tinha um plano. Quando os Locvar foram avistados no
Diren, correu o boato de que os mais fortes deveriam ir ao laboratório de Asliel.
Quando os bárbaros chegaram em Tyrigel, encontraram as fazendas desertas e
assumiram que todos tinham fugido, como de costume. À medida que
começaram a saquear, de repente se viram sob ataque de forças invisíveis.
Acreditando que as fazendas Direnni estavam assombradas, fugiram
rapidamente.

Ainda tentaram invadir mais algumas vezes, pois sua ganância superava o
medo, mas a cada vez, foram atacados por seres que não podiam ver. Mesmo
bárbaros como eram, não eram estúpidos e eles mudaram de ideia sobre a
origem da sua derrota. As fazendas não poderiam ser fossem mal-
assombradas, pois as culturas ainda estavam sendo cuidadas e colhidas e os
animais não pareciam mostrar medo. Os Locvar decidiram enviar um olheiro
para a fazenda na tentativa de descobrir seus segredos.

Este informou aos Locvar, que nas fazendas Direnn, havia Altmerianos de
carne e osso. Mantiveram-se observando, o resto de sua tribo cercada pelo rio e
perceberam os velhos e as crianças fugindo para as montanhas, enquanto os
agricultores fortes e suas esposas foram para o laboratório de Asliel. Viram-nos
entrar, não viram ninguém sair.

Como de costume, os Locvar foram repelidos por forças invisíveis, mas os


seus olheiros logo lhes disseram o que aconteceu no laboratório.
Na noite seguinte, dois dos Locvar aproximaram-se da fazenda de Asliel
muito sorrateiramente e conseguiram raptá-lo sem alardes. O chefe Locvar,
sabendo que os agricultores já não podiam contar com o alquimista para torná-
los invisíveis, considerou um ataque imediato nas fazendas. Mas isto era uma
espécie de vingança, por sentir que tinha sido humilhado por esses simples
agricultores. Um plano ardiloso surgiu em sua mente. Os Direnni sempre viram a
sua tribo sendo cercada por bárbaros, o que aconteceria se pela primeira vez
não os vissem? Imagine a mortandade, se ninguém tivesse a chance de fugir.

O olheiro tinha dito que Asliel usara as cinzas de um vampiro para tornar os
agricultores invisíveis, mas não tinha certeza dos outros ingredientes usados.
Descreveu um pó incandescente que Asliel adicionara. Asliel, é claro, se recusou
a ajudar os Locvar, mas eles eram especialistas em tortura, assim como em
pilhagem e ele sabia que teria que falar ou morrer.

Finalmente, depois de horas de tortura, ele concordou em dizer-lhes que era


o pó incandescente. Não sabia o nome, mas lhe chamava "Pó de Brilho", o resto
de um fogo fátuo morto. Lhes disse que precisaria de uma quantidade grande
para tornar toda a tribo invisível para a invasão.

Os Locvar reclamaram que não era só encontrar e matar um vampiro para


pegar suas cinzas, mas encontrar e matar vários fogos fátuos para obter os
ingredientes. Em poucos dias, eles voltaram com os ingredientes de que o
alquimista pediu. O chefe, não sendo um completo idiota, fez Asliel saborear a
primeira poção. Ele fez como lhe foi dito e ficou invisível, demonstrando que isto
realmente funciona. O chefe pediu a produção de mais. Ninguém,
aparentemente, percebeu que, quando tomou a poção, ele estava mordiscando
líquens negros e robulhos.
Os Locvar tomaram as poções que ele distribuía e em breve, mas não tão
cedo, com uma dor agonizante, estavam todos mortos.

Aparentemente, o explorador tinha pensado que o Pó de Brilho do laboratório


pertencia ao segundo ingrediente da poção, nada muito longe da realidade. O
segundo ingrediente não era outro além de malta vermelha, uma das plantas
mais comuns em Tamriel. Ao torturarem Asliel para que contasse o que era esse
Pó de Brilho, ele recordou que numa de suas experiências tinha obtido um
veneno muito poderoso com Pó de Brilho e a cinza de vampiro. Foi bem simples
roubar um pouco de malta vermelha dos bárbaros e adicioná-lo à mistura da
cinza do vampiro e do Pó de Brilho para obter, assim, a invisibilidade. Após ter
feito e tomado o remédio que neutralizou o veneno, deu a poção envenenada
aos bárbaros.

Os Locvar, estando mortos, nunca mais invadiram as fazendas e não tendo


outros inimigos, foram capazes de crescer prósperos e poderosos. Gerações
mais tarde, deixaram Summurset e começaram suas aventuras históricas no
continente de Tamriel. Asliel Direnni, por causa de sua excelência como um
alquimista, foi convidado a Artaeum e se tornou um Psijic. Não se sabe mais
quantas das fórmulas comuns que conhecemos hoje foram inventadas por ele,
mas não tenho nenhuma dúvida, a ciência e a arte da alquimia como a
conhecemos hoje não existiriam sem ele.

Sua história perde-se no passado. As inovações de Asliel, como as


conquistas Direnni durante toda a história, foram apenas um trampolim para as
maravilhas que virão no futuro. Eu gostaria de poder estar lá para testemunhá-
las, mas só posso compartilhar algumas do passado com os filhos de Direnni e
os filhos de Tamriel, então vou considerar minha vida bem vivida.
O Luar de Lorkhan
Por: Fal Droon

Vou comentar sobre os mais variados fatos acontecidos na Torre


Adamantina, não vou relacionar isto à Guerra das Metáforas Manifestas, que
tornaram essas histórias incapazes de se ajustarem à maioria das qualidades
de "narrativa". Todos nós temos nossa história favorita de Lorkhan e nosso
motivo de Lorkhan favorito para a criação de Nirn, assim como nossa história
favorita sobre o que aconteceu com o Seu Coração. Mas a teoria Lunar de
Lorkhan é digna de uma nota especial.

Resumindo, as luas eram e são as duas metades da "parte-divina" de


Lorkhan. Sendo o descanso dos deuses, Lorkhan era um plano/planeta, que
participava da Grande Construção... Exceto onde os Oito emprestaram partes
de seus corpos celestiais para criar o plano/planeta mortal, onde Lorkhan foi
dividido em pedaços, tendo sua luz divina caída em Nirn como estrelas
cadentes, “para impregná-lo com a essência de sua existência e uma
quantidade razoável de egoísmo”.

Masser e Secunda, portanto, são as personificações das dicotomias, as


"Dualidades de Cloven", segundo Artaeum, às quais, são muitas vezes
criticadas nas lendas de Lorkhan: ideias de desânimo e animo, bom e mau, ser
e não ser, da poesia do corpo, da garganta e o gemido contra o silencio como
frustração, entre outros. Estas luas no céu da noite trazem uma forte lembrança
de Lorkhan para que seus descendentes mortais não tenham dúvidas sobre o
seu dever. Os seguidores desta teoria, afirmam que todas as outras "Histórias
do Coração" são degradações míticas da verdadeira origem das luas (e não
precisa ser dito que se referem à "teoria da crescente nova" também).

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