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Nutrição Humana

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DIRETRIZES PARA UM PLANEJAMENTO


DIETÉTICO

Profª. Emille Colombo Dutra

Conceitos

Necessidades nutricionais: quantidade de energia e de


nutrientes disponíveis nos alimentos que um indivíduo
sadio deve ingerir para satisfazer todas as suas
necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de
deficiências.

Representam valores fisiológicos individuais que se expressam em


médias para grupos semelhantes da população

Recomendações nutricionais: quantidade de energia e de


nutrientes que devem conter os alimentos consumidos
para satisfazer as necessidades de quase todos os
indivíduos de uma população sadia.
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Exemplo
• Necessidade: 1,08 mg/dia x Recomendação: 8 mg/dia

• Fatores considerados na diferença:


Perdas basais;
Peso;
Biodisponibilidade do nutriente e
Perdas menstruais no caso das mulheres.

Definições das DRIs

• As DRIs são valores de referência de ingestão de nutrientes que


devem ser utilizados para planejar e avaliar dietas para pessoas
saudáveis.

• São divididas em 4 níveis de referência:


• Necessidade média estimada (EAR – estimated average
requirement)
• Ingestão dietética recomendada (RDA – recommended dietary
allowance)
• Ingestão adequada (AI – adequate intake)
• Limite superior tolerável de ingestão (UL – tolerable upper intake)

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Definições das DRIs

EAR – Estimated average requirement


(Necessidade Média Estimada):

• Representa o valor de ingestão de um nutriente, estimado para cobrir as


necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa
etária, estado fisiológico e sexo.

• É utilizado como base para estabelecer as RDAs e também para avaliar a


adequação e o planejamento de ingestão dietética de grupos
populacionais.

EAR – Estimated average requirement:

• Valor médio da ingestão de 1 nutriente estimado para cobrir as


necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada
faixa etária, estado fisiológico e sexo

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Definições das DRIs
RDA - Recommended dietary intake
(Ingestão diária recomendada):

• É o nível de ingestão dietética diária que é suficiente para atender as


necessidades de um nutriente de praticamente todos (97 a 98%) os
indivíduos saudáveis em determinada faixa etária, estado fisiológico e
sexo.

• Quando se conhece o DP da EAR e esta apresenta distribuição normal,


temos que:

RDA = EAR + 2 DP EAR (desvio padrão)

Definições das DRIs

RDA - Recommended dietary intake

• A RDA é um valor a ser usado como meta de ingestão na prescrição da


dieta para indivíduos saudáveis, não devendo ser utilizada para avaliação
da adequação de dieta e nem para o planejamento de cardápios de
grupos populacionais.

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Definições das DRIs

AI – Adequate intake (Ingestão adequada):


• É utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da
RDA. Baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente ou
em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de
indivíduos aparentemente saudável.

UL – Tolerable upper intake level (Nível de Ingestão Máxima Tolerada):


• É o valor mais alto de ingestão diária continuada de um nutriente que
aparentemente não oferece nenhum efeito adverso à saúde em quase
todos os indivíduos de um estágio de vida ou gênero. À medida que a
ingestão aumenta para além do UL o risco potencial de efeitos adversos
também aumenta. 9

UL – Tolerable Upper Intakes Levels


Nível de Ingestão Máxima Tolerada
LOAEL (Lowest observed adverse effect level) – Menor
consumo do nutriente que causa efeito adverso

NOAEL (No observed adverse effect level) – Consumo


mais alto do nutriente sem causar efeito adverso

UL - Não é um nível de ingestão recomendável!

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Ingestão Dietética de Referência (DRI)
• As DRIs incluem 4 conceitos de referência para consumo de nutrientes,
com definições e aplicações diferenciadas.

• As DRIs podem ser usadas para planejar dietas, definir rotulagem e


planejar programas de orientação nutricional.

• Elas diferem das antigas RDAs porque:

 Para a construção de seus limites, foram considerados também a


redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis

 Foram estabelecidos níveis superiores de ingestão de nutrientes


quando havia dados de risco de efeitos adversos à saúde

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Ingestão Dietética de Referência (DRI)


• Assim como as antigas RDAs, cada DRI refere-se a uma ingestão de
nutriente ao longo do tempo por indivíduos aparentemente saudáveis.

• Para sua determinação se considerou:

Informação disponível sobre o metabolismo de nutrientes em


diversas faixas etárias
A diminuição do risco de doenças, levando em consideração
variações individuais nas necessidades de cada nutriente
sua biodisponibilidade
os erros associados aos métodos de avaliação do consumo
dietético.

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Ingestão Dietética de Referência (DRI)
Importante:
• Essas recomendações foram estabelecidas para as populações
dos Estados Unidos e do Canadá, e para sua aplicação para a
população brasileira deve-se considerar os dados de ingestão
dietética com seu erro associado

- As interações possíveis nas dietas considerando os hábitos


alimentares das diferentes regiões
- O grau de morbidade da população
- As diferenças étnicas
- Os perfis antropométricos

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Aplicação da DRIs

 Avaliação e planejamento de dietas para grupos e


indivíduos

 Rotulagem de alimentos

 Programas de avaliação alimentar

 Desenvolvimento de novos produtos

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Avaliação dietética
 Quando um valor de EAR para um nutriente estiver disponível, este
é o valor que deve ser utilizado para fazer uma estimativa
quantitativa da adequação da ingestão habitual do nutriente.

A RDA deve ser a meta de ingestão individual, não é recomendado


seu uso para averiguar esta adequação.

É possível, também, determinar se a ingestão do nutriente excede a


UL.

 Se na avaliação da ingestão habitual do nutriente houver


indicações de inadequação, recomenda-se que sejam feitas avaliações
clínicas ou bioquímicas complementares do estado nutricional do
indivíduo.

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Adequação da ingestão alimentar

 Para avaliar a ingestão alimentar é necessário estabelecer a


ingestão individual.

 Sendo que a ingestão habitual é a quantidade de nutrientes


ingerida durante um grande período de tempo.

 A necessidade é definida como o menor valor de ingestão


continuada do nutriente que irá manter um nível definido de
nutrição em um indivíduo, para um dado critério de adequação
nutricional.

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Estimativa da ingestão alimentar

 Recordatório

Registro

 Freqüência

 A EAR é a melhor forma de avaliação da ingestão alimentar

 Deve-se observar o coeficiente de variação (CV) para ingestão


de cada nutriente que pode ser de 10% (niacina 15%).

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Recomendação de ácido fólico


Faixa Etária EAR RDA
0 a 6 meses AI 65mcg -----
7 a 12 meses AI 80mcg -----
1 a 3 anos 120mcg 150mcg
4 a 8 anos 160mcg 200mcg
Adolescentes 9 a 13 anos 250mcg 300mcg
Adolescentes 14 a 18 330mcg 400mcg
anos
Adultos > 18 anos 320mcg 400mcg
Gestantes 14 a 50 anos 520mcg 600mcg
Lactantes 14 a 50 anos 450mcg 500mcg

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UL para ácido fólico
Faixa Etária UL
0 a 12 meses Não determinado
1 a 3 anos 300mcg
4 a 8 anos 400mcg
9 a 13 anos 600mcg
Adolescentes 14 a 18 anos 800mcg
Adultos > 18 anos 1000mcg
Gestantes 14 a 18 anos 800mcg
Gestantes 19 a 50 anos 1000mcg
Lactantes 14 a 18 anos 800mcg
Lactantes 19 a 50 anos 1000mcg

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Avaliação da ingestão

Necessidade de Ingestão de nutrientes


nutrientes

Planejamento de
Avaliação de dietas
dietas

grupo indivíduo grupo indivíduo

EAR (AI) RDA (AI) EAR (AI) EAR (AI)


UL UL UL UL

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Tipo de uso individual grupo

Planejamento RDA- meta de ingestão EAR – utilizado em conjunto


AI - meta de ingestão com a medida de variedade de
UL - utiliza-se como um guia para limitar o ingestão do grupo para
consumo de nutrientes, uma vez que a estabelecer metas para o
ingestão crônica de quantidades elevadas consumo médio de uma
pode aumentar os riscos de efeitos população específica.
adversos.

Avaliação EAR – utilizado para verificar a possibilidade EAR – utilizado para estimar a
de inadequação do consumo observado; no frequência de ingestões
entanto a avaliação mais precisa do estado inadequadas em determinado
nutricional requer o uso de indicadores grupo.
bioquímicos e/ou antropométricos
AI – baixa probabilidade de adequação
UL –utiliza-se para verificar a possibilidade
do consumo excessivo.

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ESPECIFICIDADES DOS
MACRONUTRIENTES

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Carboidratos

• AMDR: 45 – 65 % do Valor Calórico Total (VCT)

• RDA: 130g/dia para adultos, baseado na quantidade MÍNIMA.

• Açúcares: não está definido a UL para açúcares totais ou de adição,


mas é sugerido um nível de ingestão máximo de 25% ou menos de
energia proveniente de açúcares de adição.

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Lipídeos

• AMDR: 20 – 35 % do Valor Calórico Total (VCT).

• Não foram estabelecidas AI, RDA, ou UL.

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Proteínas

• Fatores que determinam a qualidade da proteína da dieta:

• Perfil de aminoácidos
• Digestibilidade
• A relação proteico-energética
• A energia total da alimentação

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Nível Seguro de Ingestão de Proteína

Fonte: OMS, 1995.

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Proteínas

A FNB/NRC (1989) baseado na FAO/OMS (1985): 0,8g/kg/dia

A SBAN (1990) adaptou as recomendações nutricionais para a


população brasileira, considerando a digestibilidade (80 e 85%) e o
cômputo aminoacídico (90%) em relação ao padrão.

1,0 g/kg/dia para homens e mulheres com idade superior a 18 anos

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Proteínas

• O Institute of Medicine (IOM) publicou, em 2002, as ingestões dietéticas


de referência (DRIs) para proteínas, com base em análises cuidadosas de
estudos de balanço nitrogenado em humanos (ver recomendações na
tabela seguinte).

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Proteínas
Quantidades de Energia provenientes da Proteína da Dieta

FNB/NRC (1989) recomenda que a ingestão protéica máxima não


seja superior ao dobro das recomendações

SBAN (1990) oferta de proteínas de origem animal limitada em 30 a


35% do conteúdo protéico total

IOM (2002) faixa de distribuição aceitável de macronutrientes


(AMDR): 10 a 35% da ingestão energética.

DRI: 10 a 35%

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Recomendação de Nutrientes

Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR), de


acordo com IOM (2002):

• Carboidratos: 45 a 65%

• Proteínas: 10 a 35%

• Lipídios: 20 a 35%

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Recomendação de Nutrientes
Fibras

• DRIs:

– Homens: 19 a 50 anos 38g/dia


51 ou mais 30g/dia
– Mulheres: 19 a 50 anos 25g/dia
51 ou mais 21g/dia

Fonte: IOM/Food and Nutrition Board, 2002


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Materiais de apoio que devem ser estudados para complementar o


estudo do tema

Parte 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES:


Capítulo 2 - RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES

Cozzolino, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. rev. e


atual. Barueri, SP : Manole, 2016. (Biblioteca digital)

Artigo: Aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais (está anexado no Portal)

PADOVANI, R. M. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos


nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, 19(6):741-760, nov./dez., 2006.

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Materiais complementares para estudo do tema

Tabelas de Composição dos alimentos para utilizar nos cálculos dos nutrientes:

Philippi, Sonia Tucunduva. Tabela de composição de alimentos : suporte para


decisão nutricional. 5. ed. rev. e atual. Barueri, SP : Manole, 2016. (Biblioteca digital)

Pinheiro, Ana Beatriz Vieira, et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em
medidas caseiras. 4ª edição. Atheneu, 2004. (Anexo no portal)

TACO (Unicamp): http://www.nepa.unicamp.br/taco/tabela.php?ativo=tabela


(Anexo no portal)

TBCA (USP): http://www.tbca.net.br/

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Bibliografias de apoio

Ross, A. Catharine; et al. Nutrição moderna de Shils na saúde e na doença.


11. ed. Barueri, SP: Manole, 2016. (Biblioteca digital)

CARDOSO, Marly Augusto (Coord.). Nutrição humana. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2006.

MAHAN, L. Kathleen; RAYMOND, Janice L. Krause alimentos, nutrição e


dietoterapia. 14.ed. São Paulo: Roca, 2018.

VITOLO, M. R. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. 2ª ed. Rubia,


2014.

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Atividade para fixação do conteúdo

Obrigada!
Prof.ª Emille Colombo Dutra

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