Sobre o ensaio de Kracauer, deve se contextualizar acerca de seu processo
investigativo. O crítico que esteve em contato com a Escola de Frankfurt se mantém como um sujeito passivo das inúmeras ambiguidades existentes dos conceitos e é notável a influência de Marx para plano de estudo acerca das ferramentas e estratégias do controle capitalista dentro da cultura de massa. Nesse sentido, massa como um ornamento se desenvolve com a análise de uma força interna oculta que está dentro de produções desintelectualizadas e feitas para o entretenimento público fora do ambiente culto. Kracauer também caracteriza que o ornamento é composto por segmentos abstratos e matematizados que retira a unidade de corpos individuais e mantém uma integridade racional única e metafórica, referenciando padrões de condições de trabalhos existentes no surgimento do taylorismo e do capitalismo industrial como um todo.
Nesse sentido, o teórico se preocupa com os possíveis riscos interpretativos que se
desenvolve para crítica do que vai além de uma compreensão de uma indústria de massa; no entanto, os raciocínios se desenvolvem atenciosamente sobre os perversidades do capitalismo e tem se o detalhe nítido da compreensão de razão, natureza e da ratio capitalista na composição do ornamento em si. O esvaziamento racional apontado pelas críticas intelectuais se mantém no cerne da questão de sua ressignificação da força da natureza que contribui para a substituição de uma racionalidade pela ratio capitalista. Essa razão capitalista – que não é puramente razão – é intrínseca, subjetiva, oculta, mas é pela análise superficial da produção cultural popular é que contraditoriamente faz com que a questão se torne viva e entendida como fator fulminante do controle na cultura de massa (provável que Kracauer convivesse de perto, dentro do seu cotidiano, consumindo produções do ornamento da massa como as Tiller Girls). O ornamento se adequa na abstração que permite a composição técnica retirar essa capacidade individual única: essa capacidade se encontra como a força que necessariamente o capitalismo quer “adestrar” a seus níveis de produção para acúmulo de lucros. O abstrato como meio de negação à racionalidade no conceito de cultura de massa entrega a possibilidade do domínio capitalista sobre à razão do ser humano, que não tem contato com essa intelectualização e se mantém submisso à estrutura.
Em detalhe, o tema sobre cultura do corpo e regramento dos elementos corpóreos
que se minimizam em funções e algoritmos ritmados, idealizado pelo sistema taylorista e refletido no ornamento de massa abre o questionamento – a razão da falta de crítica racional da massa que consome das produções acerca desse regramento manipulador; todavia, Kracauer retoma a atenção sobre o cuidado da transformação dessas composições reimaginadas com um fator de representação mitológico, místico, mas falso, conclusão essa que se mantém distante da racionalidade crítica da massa. É necessário abraçar as forças da abstração que ainda tem como seu profundo sentimento a presença racional individual que é natural do ser humano e que lhe ocupa no espaço artístico e cultural, além do que uma força única capitalista exploratória.